Ela é minha... escrita por Prih


Capítulo 2
Onde eu estou.


Notas iniciais do capítulo

Então galera espero que gostem desse cap.
Lembrando que não acaba aqui.



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—  Ola Elsa! – Estava com uma animação muito maior que meu normal. – Me escute. – disse me aproximando dela, claro que ela não me escutava, claro que ela não em entendia. Estava morta. Eternamente como uma pedra de gelo. Mas eu precisava dizer isso, precisava me enganar, acreditar que ela podia me ouvir. Porque meu corpo precisava dela, ao menos da falsa ilusão que eu criava da presença dela.

Hoje era seu aniversário de 312 anos, mas não era só isso que me deixava feliz. Eram as décadas de angustias e aflições que finalmente consegui vencer e também finalmente descobri algo que ela precisava saber, que precisava dizer. Decidi começar a falar pelo grande ato heroico:

— Ontem foi a pascoa e eu salvei o mundo. – Gargalhei com meu exagero, não era para tanto, nunca fui grande coisa e agora sabia disso desde antes. – Sabe eu venci Breu, aquele bicho papão que eu te contei uma vez, o venci com minha magia. – Balancei meu cajado enquanto eu planava ao seu lado. – Não a magia de gelo, mas a magia de diversão... eu venci o Breu!

Parei de falar e gargalhar ao me lembrar daquela proposta na antártica. Quão egoísta e idiota eu sou? Claro que não foi eu quem o venceu, foi ela. Sempre ela, sempre a luz da minha lua que me guiava.

— Na verdade Elsa, eu só venci porque prometi nunca juntar forças com o medo. Se não fosse isso talvez eu agora tivesse me tornado um... Black... – Estremeci só com a possibilidade. – Nunca me esqueci daquela promessa, nem de você. – Desejei que meu coração morto batesse ao invés de permanecer naquele eterno oco. – Tem outra coisa para te contar. Meu nome completo é Jackson Overland Frost. Consegui minhas lembranças de volta, sabe de antes deu ser Jack Frost. Nem sabia que tinha uma vida antes... – Respirei fundo e continuei com um grande sorriso que surgiu em meu rosto. – Eu Tinha uma família, uma irmã... e eu salvei ela morte! – Inflei meus pulmões cheios de orgulho, se havia algo que eu podia dizer que era “Eu”, esse algo era ter dado minha vida para proteger Mary*.

Olhava para o rosto gélido de Elsa, esperei algum tempo, acho que minutos ou horas, já nem sei como se mede o tempo. Mas foi um longo período, esperando que Elsa esboçasse alguma reação, por menor que fosse, um leve abrir de olhos ou mover de dedos, mas nada. Sentei-me ao seu lado apoiando minha cabeça no cajado. Quanta falta ela me fazia, uma falta que antes eu nem tinha me tocado. Precisei continuar minhas histórias.

— Pode parecer estranho o que vou falar, mas agora eu sou um guardião. Jack Frost o Guardião da diverção. Soou estranho né? Não tão estranho quanto eu ser amigo do canguru. – Ri novamente, mas minhas emoções divertidas aos poucos sumiam. – Pois é, sempre culpei eles pela sua morte. Mas o grande culpado foi eu... – imaginei a sua voz severa dizendo que não havia culpados mas ignorei. – O coelhão me explicou um pouco sobre seus poderes. Ele não me explicou muito, mas o suficiente.

Sabia que um chocolate não seria capaz de curar ela, que o coração era o mais difícil de se convencer, que sua magia aumentou ao ponto de congela-lo e que só um grande sentimento poderia aplacar aquele poder.

— Eu morri Elsa, para salvar minha irmã. Morri com 14 anos e você 22 anos. – Não tinha mais animo algum em minha voz, nem em mim, mas me esforcei em sorrir para ela. – Diferença grande não?  Sempre me incomodei em ver você crescer e virar mulher e eu continuar com esse corpo. Preso no tempo. – Fiz uma pequena conta mental. – 8 anos... se bem que quando eu te encontrei você tinha 12 o que me faz ser o mais velho... mas de qualquer maneira...

Fechei meus olhos e lembrei como era o bater de um coração, certamente não seria com essa mesma frequência que bateria ao lado dela. Mas ousei-me imaginar como seria. Batidas loucas e frenéticas, quem sabe até borboletas no estomago? Abri meus olhos para encarar a realidade. Eu um espirito do inverno, ela uma pedra de gelo. O golpe dessa realidade foi pior que golpe que cair de um prédio, e eu posso compara isso.

— Devia ter dito isso a muito tempo. – Levantei-me, quis ser um pouco humano, ter um pouco daquelas emoções loucas que todos têm. Firmei meus pés descalços ao chão sentindo a terra húmida espalhar-se entre meus dedos. – Devia ter notado o que sentia por você antes.

Inclinei-me aproximando meu rosto do dela. Não emanava calor como quando ela dormia em seu quarto e eu a visitava, não sentir seu calor doía, em meu peito sem coração. Não deveria doer daquela maneira, eu acho, mas doía, rasgava-me em dois.

—  Eu...Eu te amo. – Beijei seus lábios sólidos e gélidos, esse beijo arrancou o resto de paz que tinha em mim, o resto de dúvida de minha cabeça. Eu a amava, amava desde antes, desde quando a vi crescer. O sorriso cheio de luz, os olhos azuis como a imensidão do céu, cheio de vida. Afastei-me a alguns centímetros a encarando, torcendo que ela descongelasse e me olhasse espantada, com raiva ou com repudio, qualquer coisa que pudesse significar sua vida, igual aqueles contos de fadas.  Mas não sou um príncipe encantado, sou um menino estúpido que perdeu a mulher que sempre amou por não ter um coração.

Me rendi completamente, perdi todas a minhas esperanças. Não havia mais o que fazer, nunca ouve. Todas as coisas que eu pensei e bolei eram ilusão, sonhos que esquecemos quando acordamos.

Jeg elsker deg.*— Beijei-a uma última vez, com todo amor que eu um garoto morto, guardião das crianças e espirito da neve poderia sentir. Um intenso segundo, que não fiz durar muito, o tempo que eu permanecia ali ligado aquele beijo,me fazia uma nada. Eu estava em uma situação irremediável, me perdendo e imergido no meio desse vale de emoções de platônicas e remorso. – Espero que me perdoe...

Precisei sair daquele lugar, o ar estava sufocante, mesmo que eu não precise mais respirar. O clima parecia me matar de novo. E me matava, parte de mim já estava morto com ela e a outra metade morria aos poucos enquanto permanecia ao seu lado.

 


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Notas finais do capítulo

*Mary> vide minha fanfic fractais e A minha lua
*Jeg elsker deg> Eu te amo em Norueguês

vamos la galera... Usar o poder do comentario e da favoritassão, vocês não tem ideia da potencia dos reviews