Odeio principalmente o fato de não conseguir te odiar,

Nem de perto,

Nem mesmo um pouco,

De jeito nenhum.

~♥~

Depois de Sakura sair, fiquei ainda alguns minutos na sala, encarando o nada. Era estranho como, em apenas quatro horas, seu mundo pode virar de cabeça para baixo, dar uma volta de 360º, virar ao contrário. Jamais esperava sair de casa em um sábado, para ir à escola por falta do que fazer em casa, e, assim, encontrar o meu primeiro amor. Era isso o que eu achava que Sakura era.

Peguei sua redação, e vi que ela tinha escrito apenas algumas linhas. Curioso, li o que estava escrito.

“Andar à deriva, sem afetos, sem ambições, como uma estrela errante no sistema planetário Úrsula”

Essa era a resposta dela a pergunta “O que deseja fazer depois a escola?” proposta pela senhora Tsunade. Era tão a cara de Sakura, que não pude deixar de sorrir. Aquela menina era realmente louca.

Naquele dia, voltei para casa como uma pessoa mudada. Afinal, apenas em quatro horas, fiz coisas que nunca tinha feito em dezesseis anos. Eu não tinha muitas perspectivas de vida, achava que acabaria a escola, faria uma faculdade, mudaria de casa, teria uma família, e, assim, morreria. No entanto, agora eu queria apenas me encontrar com Sakura novamente. Queria poder abraça-la, beija-la, conhece-la melhor e, finalmente, apresenta-la para minha família - apesar de ter certeza de que minha mãe olharia feio para seus piercings. Queria dançar com ela, observar as estrelas e comer um lanche bem gorduroso.

Queria coisas simples, mas impossíveis.

No outro dia, procurei Sakura por toda a escola, mas não a encontrei. Nem no dia seguinte, ou no próximo. Não a vi na formatura, nem depois desta.

Sakura tinha sumido, como disse que queria fazer, e eu nunca mais a vi ou ouvi notícias suas. Era como se ela jamais tivesse existido, como se fosse fruto de minha imaginação.

No entanto, tinha certeza que não.

Sakura existira, e fora meu primeiro amor.

E para sempre será.