Odeio o jeito como fala comigo

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A primeira vez que eu a vi, foi em um sábado. Mas não era um sábado qualquer, era um sábado diferente. A começar com o fato de eu ter algo para fazer, já que, na maioria das vezes, neste dia, eu ficava em casa; não que eu fosse para um lugar especial, não. Longe disso. Eu estava indo para a escola.

Bem, você deve estar se perguntando o que alguém faz na escola em pleno sábado, às oito horas da manhã. A resposta é muito simples. Eu queria créditos. Acontece que sou um nerd, o melhor aluno da sala, aquele que é sempre trancafiado no armário ou de cabeça para baixo dentro da lixeira. E como todo bom nerd, eu adorava ter as melhores notas. Afinal, tirar notas boas era uma das únicas coisas interessantes que eu fazia da minha vida - eu também tinha uma coleção de gibis, e, pasmem, muitos são edição limitada -, mas isso não vem ao caso. O que interessa aqui é o fato de eu estar na escola em pleno sábado, quando todos os alunos estavam em suas casas, dormindo.

Estava frio, já que era inverno, mas, para minha sorte, não estava nevando. Minha mãe me deixou em frente à escola, e, antes de partir, me deu um beijo na testa.

- Tem certeza que quer ficar aqui? - ela perguntou, ao que eu respondi com um “sim”. Ela me deu um daqueles sorrisos, que apenas mães sabem dar, e partiu.

Já eu fiquei parado em frente à escola, observando a falta de movimento. Um vento cortante logo me fez entrar.

Como já mencionei, ninguém estava na escola. Bem, para não dizer que não tinha ninguém, eu vi o zelador, o senhor Sarutobi, e, também, a diretora, a severa - e peituda - senhora Tsunade.

- Ora, Sasuke. Que bom que já chegou. - ela me cumprimentou, assim que apareci em sua sala.

Eu tinha medo dela, assim como metade da escola, mas ela gostava de mim - provavelmente porque eu nunca arrumava confusão, e era inteligente. Ainda assim, até mesmo o sorriso simpático dela me dava arrepios.

Ela me disse para esperar na sala de detenções, me explicou os procedimentos - eu tinha me candidatado para ficar de olho nos alunos em detenção, coisa de otário, eu sei. No entanto, eu adorava fazer aquilo. Todos os dias, aquelas mesmas pessoas que iam em detenção, infernizavam a minha vida de todas as maneiras possíveis. Então, vê-los na situação onde eu infernizo a vida deles é realmente agradável. Eu sei que é errado e mesquinho, mas eu era adolescente. Queria ser um pouco inconsequente.

Enfim, Tsunade me explicou tudo o que eu teria que fazer, o que consistia em vigiar os detentos e esperar que eles terminassem a redação que tinham que fazer. O tempo de detenção era de quatro horas, muito pouco na minha opinião. Mas a escola não podia manter os alunos na escola em um dia não letivo. Portanto, somente os alunos “barra pesada” iam para a detenção nesse dia.

Sai da sala de Tsunade, com um envelope que continha a redação em mãos, e o nariz para o alto. Naquele dia, eu era o rei. Ao chegar na sala indicada, a de número 10, a avistei.

Ela era a única naquela sala, e estava sentada com as pernas em cima da mesa, e com fones de ouvidos. Era uma garota estranha, e eu não me lembrava de tê-la visto pela escola. Era magricela - dava para se ver pelas pernas finas, abraçadas por uma calça extremamente apertada e cheia de rasgões -, e não parecia muito alta. Tinha um rosto em formato de coração, e sua face estava cheia de maquiagem. Não entendia como alguém conseguia colocar tanta maquiagem àquela hora da manhã, mas não disse nada. Não pude ver seus cabelos, pois ela usava o capuz do grande moletom que usava.

Raspei a garganta, chamando sua atenção. E os olhos verdes pintados de negro me fitaram.

- E aí?