Immortal Star - Segunda Saga escrita por Sandaishiro


Capítulo 6
Guilda sem aliados


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo, a Guilda Immortal Star se encontra com um problema que pode os levar a ruína se não resolvido seriamente



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671622/chapter/6

 

Deu para entender que não era só Riven que estava passando por problemas. O reino em si estava sendo afetado negativamente por todos os lados, mas parecia que tudo que jazia em seu território começou a absorver esse azar.

A Immortal Star foi colocada em uma situação arriscada. Inicialmente, todos os membros tinham sido ordenados para saírem na cidade e ajudarem no que for preciso. A Líder não estava pensando em ganhar fama ou tinha algum interesse obscuro por trás dessa ordem. Na verdade, mesmo que ela não tivesse falado nada, alguns membros iriam agir sozinhos, pois eles não eram pessoas que ficavam com os braços cruzados enquanto sua cidade pega fogo. Mas então teve a situação da tentativa de assassinato do Rei...

Claro que essa não era a única preocupação que a Guilda teria que enfrentar. Invasão de outros reinos que se juntaram com algumas guildas muito poderosas e perigosas fazia daquele início de guerra ser visto como um verdadeiro terror. Imagine quantas pessoas normais que moravam na cidade e que tinham uma vida pacata e tranquila acabaram tendo que fugir para o mais longe possível, deixando todos os seus pertences e até alguns familiares para trás? Não importava qual seria o resultado dessa guerra, ela com toda certeza traria só desastres para a maior Capital do mundo.

E isso porque a Immortal Star, que estava no meio de tanta desgraça, estava prestes a descobrir que teriam um certo inimigo que não seria fácil de se enfrentar.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~xXx~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Andar pulando telhados não era uma tarefa fácil de ser realizada quando você tem que carregar uma adolescente nas costas. Mas San não parecia estar com cara de quem iria reclamar desse fato. Ele, levando Victoria ainda desmaiada em suas costas, corria rapidamente atrás de Mana, que escolhia o caminho mais rápido e mais seguro em direção a Base da Guilda. Eles fizeram muitas voltas para evitar o fogo vivo que corroia muitos telhados e muitos monstros voadores que faziam rasantes assassinas pelas ruas mais largas. Mas os dois assassinos passaram a vida toda tendo esse tipo de corrida, seja para fugir ou para perseguir um alvo. Então mesmo com os atrasos, eles conseguiram chegar na Base sem terem maiores complicações.

Mas a maior complicação estava prestes a acontecer. Mana percebeu, antes mesmo de se aproximar da Base, que haviam algumas tropas do Exército Real de Riven marchando por uma das ruas que levaria à Guilda. Isso até não seria tão estranho... Se não fosse o fato de que atrás das tropas havia uma catapulta e um aríete. Para deixar a situação ainda mais estranha, San falou que tinha outra tropa do mesmo tamanho que aquela vindo de outra direção, e que estava trazendo as duas armas de cerco consigo.

Estranhando a situação, San falou para que eles não fossem diretamente para a Base. Eles subiram uma torre de uma pequena catedral que ficava a alguns metros de distância da Base e ficaram observando as tropas. Lá em cima e com uma visão mais ampla de toda a área, eles avistaram ainda mais tropas vindo de outros locais, todas indo para um só lugar.

— Eles estão indo para a Base? — perguntou Mana, sem tirar os olhos do movimento das tropas mais a frente.

— É o que parece... — respondeu San, colocando Victoria sentada e apoiada na torre, com cuidado. — Agora a pergunta que deveríamos fazer é: por quê?

— Eles estão armados e estão seguindo os Capitães de Tropas. Não parecem estar indo lá para fazer algum agradecimento.

A mente humana é uma ferramenta incrível. Antes de qualquer coisa que o corpo pretende fazer, o cérebro já fez antes, mandando a ordem logo em seguida. Ela também fazia todos os cálculos, analisava as possibilidades e controlava suas emoções. Alguns tinham uma mente mais treinada, mais afiada. Então é fato de que muitas pessoas conseguiam se sair melhor em certos trabalhos ou tarefas do que outras. Certas pessoas tinham uma mente tão mais ativa que a pessoa conseguia fazer previsões logo depois de fazer pequenos cálculos, podendo agir antecipadamente para melhorar algo ou até mesmo para evitar o mesmo.

E uma dessas mentes era a de San. Ele estreitou os olhos logo que sua parceira terminou sua última frase, fazendo uma rápida análise. Ele olhou para as tropas da frente. Olhou para trás e viu mais tropas. Ficou em pé e conseguiu ver, vindo mais a direita, mais tropas. Seu cérebro entrou em estado de multifuncionamento. Olhou a Base da Guilda. Ela estava com todas as janelas fechadas, não havia ninguém na porta de entrada, que também estava fechada. E parece que todas as pessoas da rua haviam simplesmente sumido. Algum tipo de "resultado" foi criado na mente acelerada do assassino.

— Mana, pegue Victoria e leve-a para sua casa. — disse San, com uma voz séria. — Se ela acordar, avise-a para que não saia de casa de maneira alguma, e principalmente, que não vá a Base até que a situação esteja sob controle.

— O quê? Por quê? O que está acontecendo? — perguntou a assassina, voltando a atenção para seu parceiro que geralmente lhe causava dores de cabeça.

— Riven vai querer nos deter. — respondeu ele, sem esperar. — Alguma coisa aconteceu que fez o Rei ou os Generais ordenarem essas tropas nos cercarem e nos impedirem. Provavelmente eles vão querer nos levar para a prisão, já que eu estou vendo muitas Algemas de Restrição Mágica.

San apontou para a tropa que estava mais próxima. Ele apontava especificamente para os últimos soldados da tropa, que carregavam um tipo de caixa meio aberta. Os dois assassinos conheciam bem aquela caixa, que era onde se era guardada as tais algemas.

— O que você vai fazer? — foi a pergunta que a garota fez. Ela poderia perguntar muitas outras coisas naquela situação, tipo: "Como você sabe disso tudo?", mas Mana já conhecia San o suficiente para saber como a mente do garoto funcionava.

— Vou me aproximar mais e ver qual vai ser a primeira ação que os soldados vão tomar. — respondeu San, arrumando as luvas. — Se Any ainda estiver na Base, é ela que vai sair e recepcionar as tropas. Então quero ver qual vai ser a conversa que vai se seguir daí.

— Tudo bem. — Mana se aproximou de Victoria e a colocou nas costas. A garota parecia estranhamente leve. A assassina sabia que isso era por causa do seu próprio corpo, que já estava recheado de adrenalina, deixando seus músculos mais rígidos. — San, você não pretende fazer nenhuma loucura, não é?

— Loucura? Eu? — disse San, deixando um sorriso totalmente sarcástico sair. Ele olhou para sua parceira e percebeu que ela o encarava de maneira furiosa. Algo que ele já estava acostumado. — Fique tranquila, não vou fazer nada que vá destruir todo esforço que tivemos para criar nossa Guilda.

Aquelas palavras foram impactantes para a Assassina. Ela já conhecia San por muito tempo. Tinha o desprazer de poder afirmar que ela o conhecia melhor do que ninguém. Mas mesmo com todo esse tempo, ele ainda conseguia lhe surpreender. Mas havia algo de errado. Havia um pressentimento ruim pairando no ar. Para Mana, aquelas palavras pesaram no seu subconsciente, como se tivesse desequilibrando uma balança. E um dos lados da balança, o que estava pendendo, era o "caos absoluto".

Quando Mana deu o primeiro pulo para longe, ela sentiu que não estava deixando o parceiro só por alguns minutos. Mana pousou no telhado da grande casa que havia no lado e olhou para trás. Ela viu San sumir de sua visão, provavelmente dando um salto para o chão. Mas não foi o que pareceu. Por um segundo, Mana sentiu como se ele estivesse pulando de um precipício sem fundo. O que era aquela sensação? E pior: por que ela tinha quase certeza de já ter sentido algo assim antes, e que acabou sendo uma coisa extremamente ruim? Tentando não pensar mais nisso, ela se virou novamente e partiu.

Enquanto corria, Mana sentiu que havia outro problema. Ela sabia que estava sendo observada. Seus instintos de combate estavam apurados, e por isso ela sabia bem que havia alguém se escondendo nas sombras e a seguindo. Ela também conseguia analisar minuciosamente só pelo sentimento. Dava para dizer que, seja lá quem estava a seguindo, era bom. Um profissional, no caso. Estava conseguindo esconder a aura muito bem e até mesmo o instinto assassino não era perceptível. O problema foi quando Mana sentiu MAIS de uma presença.

A assassina desceu do telhado e voltou a correr pelo chão. Ela já estava bem próxima a casa de Victoria. Mas agora não dava para ir lá. Mana não podia levar possíveis inimigos para a residência de sua aprendiz, principalmente porque o pai dela tinha um cargo alto no Exército da Capital. Então em vez de continuar reto, Mana entrou em um beco e acelerou. Ela ainda sentia as presenças. Virou outra esquina e foi parar no início da parte comercial da cidade. Ela entrou em uma feira fechada de legumes, verduras e frutas, que estava obviamente vazia e abandonada, com todos os produtos ainda em exposição. Muitos alimentos jaziam espalhados pelo chão e pelas barracas, e por algumas dessas mesmas barracas estarem destruídas, dava para perceber que alguns monstros vieram fazer um "lanche" por ali.

Mana foi até uma das barracas que ainda estavam inteiras e deixou Victoria deitada em cima de um saco grande e fechado de batatas. Não era a melhor almofada que alguém poderia querer, mas era melhor do que dormir no chão sujo de comida mastigada e cuspida por monstros. Ela desembainhou sua kodachi e deu alguns passos para longe. Ela sabia que, seja lá quem estivesse a seguindo, iria entender que aquilo era um basta.

A assassina da Immortal Star não precisou clamar para seus perseguidores aparecerem. Menos de um minuto depois de se preparar, duas pessoas caíram mais a sua frente. Mana as reconheceu imediatamente.

Se tratava de duas mulheres negras, muito parecidas uma com a outra. Na verdade, elas eram gêmeas, mas elas se aprontavam de uma forma específica para ficar diferente da outra. Então para melhor descrever, vamos começar dizendo que elas eram duas assassinas profissionais da Guilda Bloodhounds, uma Guilda do Submundo com muitos membros espalhados por todo o mundo. Elas não tinham um Título Único, mas eram conhecidas como "As Gêmeas Ceifadoras" no submundo. Elas se vestiam igualmente. Usavam roupas apertadas, negras. Uma camisa sem manga e que ia até acima do umbigo e uma calça que parecia extremamente elástica, sem bolsos. Não usavam botas e tinham faixas nos pés. Nas mãos e no pescoço, as mesmas faixas. Na cintura elas tinham um tipo de cinta de tecido que fazia umas três voltas em seu corpo. Tudo da cor negra. A única coisa que diferenciava uma da outra era o cabelo. Uma tinha um cabelo comprido e muito encaracolado, amarrado em um rabo de cavalo. A outra tinha um cabelo mais curto, também cacheado, mas ele era todo penteado para cima. Elas não usavam batom, nem brinco ou qualquer outro tipo de acessório.

Mana as conhecia bem. Ela já as encontrou em outra ocasião, enquanto ainda trabalhava para a Dead Blade. Foi em um dia bem estranho, onde três guildas diferentes tinham o mesmo alvo. Mana não tinha lutado diretamente com elas, mas tinha sido por muito pouco.

— Vocês tiveram o trabalho de me seguir até aqui. — começou Mana, já com uma expressão fechada. — Imagino que não vieram com boas intenções.

— Sabíamos que não conseguiríamos nos esconder da Lâmina Sanguinária por muito tempo. — disse a que tinha cabelo mais comprido.

— E sua intuição também é tão boa quanto sua percepção. — falou a outra, a de cabelo mais curto. Essa tinha uma voz mais fina e mais chata de se ouvir. — Nos trouxe para uma área maior, mas com poucas rotas para fugir. Acho que deveria ter pensando melhor enquanto corria com sua filha nas costas.

— Vocês entenderam errado. — respondeu Mana. E claro que ela ficou quase sem reação quando ouviu a palavra "filha". Mana não tinha idade para ter algum filho que tivesse metade da idade de Victoria. — Eu pensei muito bem e escolhi esse lugar de propósito. Assim fica mais difícil para meus inimigos fugirem quando estiverem próximos da morte.

— Ah! Como você está confiante! — disse a de cabelo comprido, mostrando sua arma e deixando sair suas intenções assassinas. A arma era uma espada de tamanho médio, ligeiramente fina e totalmente reta. Era uma espada usada em perfurações e se chamava "Jian", uma arma usada nos Templos de Artes Marciais do Oriente.

— Parece que não vamos poder conversar. — falou Mana, afastando as pernas e colocando a kodachi na frente do rosto. — Eu adoraria saber quais motivos uma guilda do submundo teria para vir atrás de mim no meio de uma confusão como essa.

— Assassinos sempre tem seus motivos, você sabe bem disso. — foi a outra, com a voz fina, que falou. Ela também mostrou sua arma e era idêntica a de sua irmã. — Só imagine que você deu muito azar de acabar sendo nosso alvo primário.

— Eu vou avisar só uma vez. — começou Mana, liberando sua aura. O que era uma coisa um pouco assustadora para alguém despreparado, pois a aura dela exalava morte e desespero. As duas oponentes sentiram um rápido choque correndo por seus corpos. — Se vocês entrarem em uma batalha contra mim, vão acabar morrendo da forma mais dolorosa que pode existir nesse mundo.

— É um belo blefe. Mas ninguém que entrou em combate sozinho contra nós duas possui histórias para contar. — falou a de cabelo comprido, sorrindo. — Sem o seu namorado, o que você pretende fazer?

— Namorado? — Mana foi mais uma vez pega de surpresa pelas palavras das assassinas gêmeas. Mas não demorou muito para ela entender do que elas poderiam estar se referindo. — Meu namorado morreu faz alguns meses e agora descansa em um lugar calmo e pacífico. Que não é para onde vocês irão assim que essa luta terminar!

O ar mudou naquele mesmo instante. Tudo ficou mais silencioso misteriosamente. Os gritos e tilintares de metal batendo ao redor da cidade pareciam ter sido completamente apagados. A pressão atmosférica também tinha sido intensificada. E isso tudo enquanto as 3 assassinas se olhavam, deixando suas intenções de morte exalarem de seus corpos. E logo em seguida, começou.

As três pularam umas contra as outras ao mesmo tempo. Ia ser uma batida de frente e provavelmente mortal, logo de início. Mas houve um movimento que não havia sido previsto. Uma das assassinas, a de cabelo mais curto, mudou o trajeto de seu avanço, passando pelo lado esquerdo de Mana e indo diretamente para trás. A assassina da Immortal Star arregalou os olhos, mas não poderia perder a concentração. A outra gêmea partiu para cima, atacando com um golpe de ponta na altura do pescoço. Mana aparou o golpe e as duas ficaram trancadas em um duelo de força.

A outra continuou correndo. Não demorou nada para que Mana soubesse que aquilo não era uma estratégia para tentar pegá-la pelas costas. A outra assassina corria na direção de Victoria!

— Sabemos que ela também é um membro da sua Guilda. — disse a assassina que ainda empurrava sua espada contra Mana. — Não achou que faríamos uma luta justa com você, não é?

Mana não respondeu. Ela não tinha tempo para isso. Ela afrouxou o braço e logo em seguida deslizou sua kodachi pela espada da oponente, fazendo-a perder o equilíbrio por um segundo. Segundo suficiente para aplicar um chute no peito da garota. A assassina da Bloodhound deu vários passos para trás, retomando o equilíbrio perdido. Mas Mana não queria saber dela. Ela retirou uma adaga especial que tinha em sua bolsa traseira e, quase sem mirar, atirou contra a outra assassina que corria na direção da tenda que Victoria descansava. A adaga viajou mais rápido do que a velocidade da assassina, mas não foi o suficiente para acertá-la.

A assassina que corria conseguiu se jogar para o lado e esquivar da adaga voadora, que foi enterrada em um poste de madeira que sustentava uma das várias tendas de legumes por lá. Ela olhou para trás e sorriu, querendo fazer escárnio da tola tentativa de impedi-la. Tudo que Mana tinha conseguido era um segundo a mais para a pequena garotinha respirar. Foi quando essa assassina percebeu os olhos fixos de Mana. Ela não estava com pesar por ter errado o golpe. Por quê?

JAKE, ATRÁS!

O grito da gêmea que tinha levado o chute conseguiu salvar sua irmã de algo desastroso. Assim que a faca terminou seu trajeto se enterrando no poste de madeira, Mana fez um movimento de puxar, e a faca se soltou e voltou na mesma direção que veio. A adaga estava com o cabo enrolado em m fio de ferro extremamente fino, que sem prestar muita atenção, conseguia ficar praticamente invisível. Jake, a assassina de cabelo curto, tentou se virar com o susto, e a adaga arranhou seu rosto do lado direito. Sangue logo pintou sua face daquele lado, como se fosse uma tatuagem de guerra. Uma bem dolorida.

Assim que Mana pegou a adaga e a colocou na bolsa de trás de qualquer jeito, ela tomou impulso e correu na direção de Jake. Essa assassina, por sua vez, vendo que não era inteligente dar as costas para uma outra assassina e talvez, por causa de sua nova raiva vinda de seu rosto dolorido, partiu contra Mana. As duas trocaram um ataque horizontal rápido, arrastando as duas lâminas. Mana foi a primeira a voltar a atacar, usando um movimento rápido para atacar duas vezes no mesmo lugar. Jake aparou o primeiro golpe e, com um passo para trás, se esquivou do segundo. Com um novo passo para frente, Jake aplicou um outro golpe rápido e de ponta na altura do coração da assassina que usava kodachi. Mana usou sua arma para defletir o ataque e aplicou um chute na região do estômago da oponente. Jake levantou a perna e defendeu o golpe.

E agora era que começava a verdadeira luta. A outra assassina tinha chegado e entrou na luta já usando um golpe assassino pelas costas de Mana. Essa mulher conseguiu se esquivar por pouco, tendo sua malha do peito rasgada pelo golpe. Mana se virou com um corte diagonal vindo de cima, que fez a outra assassina dar um salto para trás. Mas ela logo avançou de volta, e dessa vez foi mais complicado, pois ela conseguiu aplicar um golpe ao mesmo tempo que Jake. O ataque duplo atingiu Mana na perna, pois ela não conseguiu se livrar de um dos golpes enquanto defendia outro. As duas assassinas não esperaram e logo atacaram ao mesmo tempo novamente. Um na altura da cabeça e outro na altura do abdômen, os dois golpes de ponta. Mana se movimentou para o lado, defendendo o golpe que vinha mais em cima, mas o outro acabou lhe arranhando a lateral do corpo. Os ataques eram rápidos demais e por serem aplicados ao mesmo tempo, Mana não teria como se defender perfeitamente daquela forma.

Foi por isso que o próximo movimento dela foi dar um pulo para trás, se afastando das duas. Seus danos não tinham sido sérios, mas ela não poderia ficar levando aqueles golpes vindo de duas direções diferentes. Ela não olhou para trás, mas sabia que estava muito próxima de Victoria naquele momento. O fato de ter que lutar a protegendo também era uma desvantagem horrível. Não melhorou nada a situação quando as duas assassinas inimigas avançaram ao mesmo tempo.

Mana defletiu o golpe duplo feito pelas oponentes, e logo em seguida atacou a oponente a esquerda, que era Jake. Essa se defendeu, e a outra aproveitou para aplicar um novo golpe. Mana teve muito pouco tempo para reagir, mas ainda conseguiu se defender do golpe diagonal. E agora Jake que atacava. Um golpe rápido na altura da perna. Mana se movimentou para trás, se esquivando desse golpe, mas não conseguiu fazer nada contra um golpe escondido da assassina a sua direita. Mana levou um corte mediano no braço direito, e esse ferimento poderia trazer novas complicações para aquela luta. Claro, as coisas só estavam começando.

ESTOCADA DUPLA!

Essa magia poderia ser lembrada por qualquer pessoa que a visse pelo fato de que as duas assassinas usam ela juntas. As duas gritavam o nome do golpe ao mesmo tempo, chegando a parecer sinistro. A magia era bem simples, na verdade. As duas mulheres puxavam seus braços com a espada para trás, passavam uma certa quantidade de energia para a lâmina de suas armas e depois aplicavam um golpe de ponta. A diferença disso para um golpe normal? A velocidade.

Mana percebeu o perigo daquele golpe e tentou evitá-lo a todo custo. Mas ela não estava rápida o suficiente. Ela conseguiu, de fato, defender um dos golpes usando sua kodachi virada para o lado. Mas o outro golpe lhe acertou de cheio, no lado direito do peito. A dor logo passou um choque por todo seu corpo, mas a assassina manteve a calma e fez a adrenalina ficar ainda mais ativa. Mana deu mais um pulo para trás, não deixando o ferro da lâmina entrar mais em seu corpo.

Assim que caiu praticamente a menos de um metro de distância de onde Victoria repousava, Mana caiu com um dos joelhos no chão. Sangue pintava seu corpo na parte direita, já pingando aos poucos no chão. Sua respiração começou a ficar rápida, mas ela não se sentia cansada. Nem poderia. Ela não estava lutando só para sobreviver. Sua discípula necessitava que houvesse a vitória para o lado da Immortal Star naquela luta. Se Mana perdesse...

A emanação de energia de Mana aumentou. As duas assassinas inimigas deram um passo para trás. Foi automático, descontrolado. Uma gota de suor desceu pelo rosto de Jake. Os braços de Mana vibraram e suas duas luvas negras, que subiam até além do cotovelo, se rasgaram dando visão para as armas lendárias da Lâmina Sanguinária. As katars liberaram sua energia única e uma nova aura rodeava o campo de batalha. Era possível saber que aquele mercado com frutas e verduras estava prestes a se tornar um cemitério com corpos e sangue.

Juri, é essa a Arma Especial que nos avisaram? — perguntou Jake, sem tirar os olhos da oponente.

— Sim, as Katars Duplas da Morte. — respondeu Juri, a irmã que não conseguia tirar os olhos da emanação que a arma liberava. — Elas são mais belas do que eu imaginava. E elas serão minhas!

  Outra explosão aconteceu. Mana foi a primeira a agir dessa vez, partindo diretamente para as duas assassinas, que ainda estavam de prontidão. Elas não esperaram sua atacante chegar. Também deram um pulo para frente, avançando com sua sede de sangue ligada. Mas não teríamos um embate direto das três assassinas.

Um segundo antes delas se chocarem, Jake deu um pequeno salto para o lado direito e depois outro impulso grandioso para a frente. Ela passou voando pelo lado de Mana, que não pôde nem tentar pará-la, pois Juri não tinha parado sua corrida e investiu um ataque rápido contra a cabeça de Mana. A assassina da Immortal Star aparou o golpe ainda no ar, fazendo um impacto forte das duas armas. A estratégia das Assassinas Gêmeas não tinha mudado: elas ainda estavam mirando em Victoria, que permanecia desacordada e indefesa.

Mas algo foi diferente dessa vez. Mana não se virou e correu atrás de Jake. Em vez disso, ela forçou as armas contra Juri, que não estava aguentando a força revitalizada de sua oponente e estava sendo empurrada. Juri, que estava rindo antes, perdeu o sorriso quando começou a estranhar o fato de Mana ter "abandonado" Victoria. E foi aí que ela viu. O sorriso. Os olhos. O plano. Mana não estava nem um pouco preocupada com sua colega de Guilda. Por quê? E a resposta veio com o aumento de emanação da energia dela.

— JAKE, É UMA ARMADILHA!!! — gritou a irmã, ainda forçando os braços para aguentar a força de Mana.

GÊISER DE ESPINHOS!

Era tarde demais para a outra assassina que ainda avançava reagir. Jake estava a um metro de distância da garotinha dorminhoca quando Mana liberou sua magia especial. Antes de descrever como era a magia em si, é bom deixar claro que Mana utilizou algo que não fazia há muito tempo: uma magia do tipo armadilha ativa por um "link" de longa distância. Antes de ativar suas katars, Mana percebeu que estava muito próxima de Victoria e que era uma distância ideal para montar uma armadilha que protegeria a garota ao mesmo tempo em que pegaria uma das assassinas de surpresa. Então quando ela ainda estava de joelhos, ela tocou no chão e colocou um pouco de energia mágica naquele ponto, que serviria para a marcação. Com isso, ela poderia usar uma magia que sairia daquele ponto, mesmo estando um pouco longe. Claro que essa magia tinha duas desvantagens: ela consumia um pouco mais de energia mágica e o usuário tinha um limite de distância para poder usar.

Mesmo assim, Mana conseguiu utilizar com maestria. Assim que clamou por sua magia, o ponto marcado brilhou, um segundo antes de Jake pisar no local. A magia fez com que um círculo arcano aparecesse no chão e que disparasse para cima uma quantidade considerável de espinhos feitos do material de onde a marcação havia sido feita. Nesse caso, foram espinhos de terra e pedra.

Tudo que Jake conseguiu fazer no momento da magia foi colocar os dois braços para frente, protegendo a cabeça. Os espinhos saíram do chão e a atingiram por todo o corpo, fazendo a mulher gritar e dar vários passos bêbados para trás. Sua irmã fraquejou ao ouvir o grito, e isso lhe custou caro. Mana percebeu o enfraquecimento dos braços da oponente, e fez um movimento para cima, quebrando a defesa de Juri. O próximo movimento de Mana foi dar um ataque cruzado no peito de sua oponente. O ataque atingiu o alvo, mas não causou todo o dano porque Juri ainda conseguiu dar um passo para trás, se livrando da morte certa.

E como uma verdadeira assassina de sangue frio, Mana não iria dar chance para nenhuma das duas se recuperarem. Ela se virou e deu um impulso para frente, indo na direção de Jake que permanecia caída e se remexendo para tirar os espinhos. Jake sentiu a aproximação da inimiga, mas não teria tempo para se levantar e provavelmente se defender daquela investida. Ela teria que contar com sua irmã.

ESTOCADA LASER!

A velocidade de reação muda de pessoa para pessoa. Algumas são mais rápidas e perceptivas desde pequenas. Algumas acabam melhorando esse fator por causa de sua vivência, de onde moram e de como lidam com o dia a dia. E claro, todos as classes guerreiras treinavam sem parar todos os dias, para estarem cada vez mais aptos a reagirem no campo de batalha. Mas o que fez Juri forçar todos os nervos do corpo, ignorar completamente a nova dor no peito, correr o máximo que conseguia ao mesmo tempo em que juntava energia, era algo completamente novo: preocupação familiar. Ao perceber que sua irmã corria perigo, ela simplesmente começou a correr sem parar e atacou Mana pelas costas, antes da assassina atacar Jake.

A magia de Juri se tratava de algo bem simples. Ela passava energia mágica para a ponta da lâmina de sua espada e depois atirava um raio fino negro e concentrado na direção do oponente, usando um movimento de perfuração para "jogar" a magia para frente. Essa magia conseguia perfurar escudos e armaduras, e geralmente era mirado no coração.

Não estava nos planos de Mana ter o coração perfurado. Ela pressentiu a súbita aparição de energia vindo de suas costas, então em vez de continuar correndo com a intenção de finalizar Jake, ela se virou e passou energia para a lâmina da katar direita, batendo no feixe negro e o desviando para o lado. O raio atingiu três barraquinhas de frutas, atravessando uma atrás da outra, fazendo duas delas desabarem ao chão.

Juri conseguiu chegar ao lado de sua irmã, dando-lhe tempo para retirar os últimos espinhos e se levantando. Ela arfava tentando reganhar o ar perdido durante a corrida, e mantinha a mão esquerda em cima do machucado no peito. Jake ainda tremia e sangrava, mas não estava fora de combate ainda. Agora de pé, ela conseguiu sentir que a estratégia que elas utilizavam não estava surtindo efeito.

— Essa oponente é diferente, Jake. — começou Juri, limpando a mão suja de sangue e se concentrando novamente. — Não podemos dar as costas para ela novamente ou uma de nós vai perder a vida.

— Sim, eu já percebi que é inútil tentar matar aquela criança. — Jake retirou o último espinho, que estava travado em seu braço esquerdo. — Vamos nos concentrar em acabar com ela primeiro, e depois matamos a outra.

Com o objetivo claro em suas mentes, a aura assassina das duas voltou a se intensificar. Mana sabia que agora viraria o alvo principal. Mas ela estava contente. Era isso que ela esperava. Se ela conseguisse se concentrar totalmente em eliminar as irmãs, a batalha não iria durar muito mais. Lutas entre assassinos geralmente eram curtas e sangrentas, mesmo quando haviam vários oponentes a serem enfrentados.

Decididas, as três assassinas pularam mais uma vez umas contra as outras e um novo embate se iniciou. E esse seria o mais intenso de todos.

A cidade ainda estava barulhenta. Explosões por todos os lados. Casas, edifícios e tudo o mais sendo destruído e indo ao chão. Pessoas gritando era o que mais se ouvia. As vezes os gritos eram por causa de uma batalha, mas na maioria eram gritos de terror, de pessoas fugindo ou pelo menos tentando se salvar de outras pessoas e de monstros. Ou até mesmo de coisas desabando ao seu lado. Mas em frente a base da Immortal Star, um silêncio místico havia sido criado e não havia sido imaculado ainda.

O exército de Riven havia cercado totalmente a base, mas ainda mantinham uma considerável distância. Eles sabiam como tratar Guildas. Sabiam que as Matrizes eram sempre as construções mais bem protegidas e cheias de armadilhas espalhadas em cada janela, em cada porta e até mesmo em cada telhado. Mesmo que a Immortal Star seja uma guilda nova, os Capitães das tropas do maior exército do mundo não relaxariam, principalmente numa hora daquelas.

Nesse exato momento, a porta dupla de entrada da base havia sido aberta. Cinco segundos atrás, uma das Capitãs havia se aproximado um pouco e demandado aos gritos para que o responsável pela Guilda aparecesse. A mulher estava com uma armadura brilhante, com capacete e uma grande capa azul clara nas costas. Claramente alguém de patente maior.

Atendendo ao pedido, Any saiu sozinha pela porta e deu alguns passos em direção à Capitã. Ela vestia seu traje de Líder, com o grande casaco de pelos, com o símbolo da Guilda costurado nas costas.

— Eu sou Any, atual Líder da Immortal Star! — falou ela, em um tom forte, sem demonstrar nenhum medo ou insegurança. Ela já tinha prática nisso desde quando era Vice-Líder de sua antiga guilda. — O que o Exército Imperial de Riven tem a tratar com a nossa Guilda?

— Meu nome é Martha Jahendro Oliart, Capitã da Oitava Divisão do Exército Estacionário de Riven! — a voz da mulher também era imponente, e ela falava com a cabeça erguida. Sem sombra de dúvida, era um soldado orgulhoso que iria até o fim do mundo pelo seu Reino. — Estamos aqui para levar você e todos os membros da Guilda sob custódia pela tentativa de assassinato do Rei Julius Ferdinand Di Solter XII, Lorde dessa Nação!

Any já esperava alguma coisa absurda. Ela forçou a não demonstrar tamanha preocupação e manteve o rosto estático, tirando o fato de que seu olhar se tornou tão afiado quanto a espada de um samurai. Quando lhe avisaram que um grande número de soldados marchava em direção a base, a Líder deu a ordem para que todos ficassem dentro da Base em alerta, prontos para agirem caso acontecesse algo extremo. Só agora ela percebeu o quão certo essa ordem tinha sido.

Assassinato contra o Rei? Sério? Isso era tão irreal que parecia uma piada de mal gosto. Todos os membros da Immortal Star sabiam que fazer qualquer coisa que fizesse o povo de Riven ter maus olhos para a Guilda seria impensável. Eles eram uma guilda nova, precisavam mostrar quão "úteis" e "confiáveis" eles eram desde já. Todos os membros estavam se esforçando ao máximo para terminarem as missões em perfeição, e até aquele dia, não havia nenhuma missão falhada.

Não era só por causa de sua extrema confiança nos membros da Guilda, mas Any sabia que essa tentativa de assassinato era algum tipo de "culpa forçada". Algum plano bolado para culpar a Immortal Star e destruí-la, ou para distrair a atenção do Rei e dos soldados para outro lado, enquanto o real perigo se aproxima. Tanto um quanto o outro era extremamente horrível para a Guilda recém-criada. Eles não tinham muitos contatos e nenhum grande histórico para colocarem em pauta e se defenderem da acusação. E era exatamente por ESSE motivo que, seja lá quem estava por trás desse plano, decidiu usar a Immortal Star.

— Acredito que vocês não irão nem pedir nossas provas para podermos limpar nosso nome dessa acusação absurda? — perguntou Any, ainda forte.

— Lamento muito, mas temos a única ordem de levá-los para o Castelo. — disse Martha, e logo continuou. — Vocês terão que se explicar diretamente para o Rei quando houver a sessão no Tribunal Imperial. Até lá, todos os membros devem permanecer na prisão especial do Castelo.

— Eu que lhe peço desculpas, Capitã. Eu não posso deixar que levem meus companheiros sem nenhuma prova de que vocês estejam falando a verdade, principalmente porque essa acusação é um absurdo. Nenhum membro da Guilda seria louco o suficiente para fazer algo contra Riven, em nenhuma situação.

— Vocês não têm escolha. — respondeu Martha, apertando a mão esquerda que estava na bainha de sua espada, presa em sua cintura. — Nossas ordens são específicas. Ou levamos vocês sem resistência para serem tratados como Prisioneiros Temporários, ou levaremos vocês a força caso resistam, e daí serão tratados como Prisioneiros de Guerra. Eu humildemente peço para que se entreguem pacificamente e juro que todos serão tratados com gentileza até o dia do julgamento.

— Não, você não entendeu. — respondeu Any, demonstrando uma certa agressividade no olhar. — Eu não vou deixar com que nenhum membro da Guilda seja preso nem agora, nem depois. As ordens dos Generais e nem as do Rei são suficientemente grandes para que eu abandone qualquer membro da guilda para uma acusação de algo obviamente criado para nos prejudicar.

— Eu não gostaria de fazer isso... — falou Martha, abaixando levemente a cabeça. Ela sabia que algo desse tipo poderia acontecer, mas estava colocando todas as fichas na aposta de que a Guilda não seria maluca o suficiente para resistir ao exército de Riven. — Eu vou dar esse último aviso. — ela se virou para trás e fez um movimento horizontal com o braço. —CATAPULTAS! PRIMEIRA CARGA, FOGO!!!

Elas estavam longe, mas o sistema de comunicação de soldado para soldado conseguia fazer com que a ordem chegasse aos encarregados das armas de cerco em uma velocidade impressionante. Cordas foram cortadas e um barulho estranhamente parecido com o atirar de uma flecha reverberou pelas ruas daquela parte da cidade. Aliás, quatro barulhos. Não demorou nada para que quatro enormes bolas de fogo cortassem o céu já enegrecido e viessem diretamente para a base da Guilda.

Como a Capitã disse, ela não queria ter que chegar a esse ponto. Aquele era o clássico "tiro de aviso", quando, em uma guerra, um reino está preste a invadir o outro, eles atiram uma só vez de vários ângulos e esperam pela rendição do inimigo, assim diminuindo as perdas e desastres. Martha tinha total certeza que aquela Líder de Guilda que permanecia parada em sua frente sabia bem o que aquilo era. Mas então... Por que ela não parecia preocupada?

RITUAL DO OCTAGRAMA DIVINO, CÚPULA DE VIDRO!

A voz veio de muito acima das duas mulheres que se enfrentavam com o olhar. Martha olhou para cima com susto e viu um brilho intenso ser criado e imediatamente ser espalhado por volta da base. O mais visível foram as linhas mágicas que apareceram bem na frente da base, dançando livremente pelo chão enquanto se ligavam e se espalhavam muito próximas à parede de pedra da base. Elas estavam desenhando algo grande. E poderoso.

Tudo aquilo demorou no máximo três segundos. As grandes bolas de fogo atiradas pelas catapultas voaram violentamente contra a parte mais alta da guilda e exatamente trinta centímetros antes de se chocarem com a estrutura, elas explodiram no ar. Mas houve um grande impacto. Elas bateram em algo! Algo invisível e resistente!

— Uma barreira!? — exclamou a Capitã, realmente aturdida com a visão. — Vocês formaram uma barreira grande o suficiente para proteger toda a base?

— Acredita mesmo que nós deixaríamos vocês destruírem a nossa casa? — perguntou Any, apertando as duas mãos. Ela estava tentando se controlar, já que não esperava um ataque tão violento como "aviso". Ela agradeceu mentalmente Tabatha, que tinha ficado de prontidão em cima do telhado da base, preparada para lançar um ritual de defesa poderoso caso algo desse errado. A velocidade de reação também foi magnífica. — Eu já lhes aviso: vocês não podem fazer nada contra nossa barreira. Ninguém pode entrar ou sair, e vocês nunca irão conseguir destruí-la. — Any deu mais alguns passos, ficando bem próxima da Capitã. Agora a maga olhava diretamente no fundo dos olhos da mulher. — Eu lhe aconselho a bater em retirada antes que eu me irrite mais por vocês tentarem destruir a minha casa e ferir meus companheiros!

Já fazia muito tempo que Martha tinha se sentindo tão rebaixada por um inimigo. Any tentava amedrontá-la, e por causa da aura imponente da maga, ela estava conseguindo! Isso era um ultraje! Martha mordeu o lábio inferior com tanta força que um filete de sangue desceu pelo seu queixo. Ela não podia fraquejar em frente a tantos soldados! E ela não era a única pessoa com a patente de Capitão que estava por ali. Ainda haviam outros três Capitães que permaneciam nos pontos estratégicos junto com suas respectivas tropas, só esperando para atacar caso isso fosse necessário. Ela tinha ficado com o trabalho principal, que era o de ir diretamente para a porta da guilda e prendê-los! Não havia maior honra em ser a pessoa que sempre ficava à frente! E aquela mulher agora queria acabar com toda a reputação que Martha tinha construído por anos? Nunca!

Para a sorte de Martha, Any tinha cometido dois erros que lhe custariam sua vida, tecnicamente falando. O primeiro erro foi de ter comentado sobre a barreira. Ela disse que "ninguém podia entrar ou sair". Logo, nem os membros que estavam lá dentro poderiam sair para batalharem. O segundo erro da maga foi ter se aproximado tanto.

Martha não era Capitã por ser uma nobre ou filha de alguém da Alta Patente dentro do exército. Ela era habilidosa e poderosa. Saiu vitoriosa em dois grandes combates onde, em um deles, salvou a vida de muitos de seus camaradas. Foi condecorada pelo próprio Rei em uma grande cerimônia. Prometeu sempre manter suas habilidades refinadas para proteger Riven e seu povo. E estava na hora de mostrar para aquela Guilda o que alguém com amor pelo Reino pode fazer.

A Capitã sabia que não era inteligente entrar em combate direto contra um Líder de Guilda. Geralmente, eles eram os membros mais poderosos de toda a Guilda, mas mesmo quando não eram, tinham um poder grande o suficiente para aguentarem uma luta contra uma pequena tropa. Então a ideia de Martha não era "lutar". Any tinha se aproximado o suficiente para que Martha conseguisse atingi-la em um só golpe. Um golpe rápido, horizontal ao desembainhar a espada. Mirar no pescoço. Isso serviria como aviso para que ninguém nunca contrarie Riven e seu Exército! Martha firmou a mão e estralou os dedos. Iria atacar.

— Não me culpe por seu mau julg-...

ESTILO DO TIGRE, QUEDA DO PREDADOR!

A educação ao redor do mundo não era muito diferente quando se tratava de "coisas que você aprende com seus pais". Todo pai e mãe ensina muitas coisas aos filhos que eles não precisam aprender nas academias. Ser respeitoso com os mais velhos, por exemplo. Não falar palavrões. Bater em uma porta antes de entrar. E para os homens, existia uma bem específica: tratar todas as mulheres com delicadeza. Era um tipo de cavalheirismo que não era necessário você ser rico, diplomata ou nobre para querer seguir. Infelizmente para Martha, nunca haviam ensinado isso para San.

O garoto cabeludo estava observando tudo de cima de uma das lojas de joias que ficava do outro lado da rua, mas em frente à base. Como as duas mulheres falavam em um alto tom, ele conseguiu ouvir tudo tranquilamente. Mas ele sentiu que a conversa tinha chegado ao fim quando Any se aproximou da Capitã. Ele estava pronto para agir, e sabia que aquela troca de olhares entre as duas não iria dar bons resultados. Então ele concentrou sua energia vital nas duas pernas e deu um pulo preciso.

A magia de San era algo que ele mesmo não utilizava muito, mas continha um poder destrutivo fora de série. San pulava o mais alto que podia, mandava toda a energia para as duas pernas, deixando-as retas e com os pés juntos. Depois era só "cair" em cima do inimigo e fazer com que o peso multiplicado pela queda mais o poder destrutivo alimentado com energia fizesse o resto.

San "pousou" exatamente em cima do capacete de Martha. O peso fez ela ir ao chão para beijá-lo, mas a coisa foi um pouquinho mais intensa do que isso. San enterrou a cabeça da mulher no chão de pedra, com capacete e tudo. A cena foi tão absurda que ninguém conseguiu falar qualquer coisa, mantendo aquele antigo silêncio misterioso que cercava a base da guilda.

—... San? — mesmo Any não esperava aquela aparição repentina e ainda se mantinha em choque ao ver o sangue escorrer pelo chão, vindo do local onde era para estar a cabeça de Martha.

— Sim? — perguntou San, se levantando e limpando a poeira da calça, como se nada tivesse acontecido.

— Você... Você acabou...

— De matar uma Capitã do Exército Imperial de Riven que ia te atacar sem o menor escrúpulo? Sim.

— Me atacar? Como você sabe que ela iria me atacar? Você não sabe que acabou de nos fazer inimigos de todo o Reino!? — Any aumentou a intensidade da voz, nervosa com a falta de emoção nas palavras de San.

— Você se aproximou demais de uma guerreira que usa uma espada como arma principal. Se ela não fosse tentar te matar, ela com certeza tentaria te subjulgar. De uma forma ou de outra, eu não poderia deixar isso acontecer. — San respondeu e depois olhou a movimentação dos soldados da tropa de Martha, que ainda pareciam em choque. Eles pareciam perdidos e olhavam uns para os outros. — Além disso, foram eles que nos atacaram primeiro. Assim como você, eu prometi proteger essa Guilda com a minha vida, se fosse necessário. E assim como você, eu também não posso perdoá-los por tentar destruir nossa casa.

— Mas San, estamos protegidos pela barreira de Tabatha! Eles nunca iriam conseguir destruir essa barreira! Se não fizéssemos nada, eles acabariam desistindo e indo embora, provavelmente para tentar trazer reforços, o que nos daria tempo o suficiente para nos organizarmos melhor!

— Eu confio no poder das barreiras de Tabatha. — começou San, olhando para cima. Ele tinha visto a maga lá em cima dos telhados e sabia que ela estava pronta para proteger a base. — Mas não se esqueça de que Tabatha utilizou uma Magia Ritualística. Isso faz com que a magia em si fique muito mais potente, mas ao mesmo tempo, o usuário precisa manter uma ligação constante de energia mágica para manter o ritual. O exército poderia tentar derrubar a barreira apenas utilizando o tempo ao seu favor.

Era difícil discutir com San. Quem mais falava isso era Mana, mas todos os membros da Guilda geralmente desistiam de conversar com o garoto. Na maioria das vezes, nem DAVA para conversar com ele, já que San era o membro que ficava mais tempo desaparecido. Era preocupante porque ele era o Estrategista da Guilda. Mas Mulkior mesmo falava que tinha certeza que San aparecia sempre que a Guilda fosse se meter em um grande conflito.

Por mais que Any gostaria de enrolar naquela conversa, ela sabia que San tinha razão. Ela sabia que não havia como evitar um conflito. Mas ela queria fazer isso sozinha! Ela queria ter uma chance de que toda a culpa caísse nela, e não na guilda! A aparição de San simplesmente destruiu essa possibilidade. E agora as coisas ficariam ainda mais complicadas.

— O Exército vai agir e nos atacar. — disse a Líder da Guilda, olhando para os lados e percebendo mais movimentações. — Muitos dos membros saíram da Base e devem estar lutando pela cidade e duvido muito que eles voltarão tão cedo. Ou seja: estamos sozinhos contra vários esquadrões armados e prontos para nos matar. — Any tentou sorrir sarcasticamente ao olhar para San. — Espero que você tenha um plano brilhante para nos tirar dessa enrascada.

— Tenho. — respondeu o garoto caolho, sem esperar. — Eu vou segurar todas as tropas aqui, atraindo a atenção deles. Enquanto isso, você dá a volta por trás e destrói as catapultas. Eu vi quatro delas, mas podem haver mais.

— Você ficou maluco!? — Any tinha demorado três segundos para absorver a informação. A reação dela foi previsível. — Que tipo de pessoa faz essa brincadeira retardada em uma hora como essas?

— Eu gostaria de responder: "eu". — disse San, deixando sua energia fluir. — Mas isso não foi uma brincadeira.

San fez algo que Any nunca mais esqueceria. Aliás, desde a aparição dele até agora, ele SÓ FEZ coisas que a marcariam para o resto da vida. Mas dessa vez, San segurou no braço de Any com força, movimentou o próprio corpo para girá-lo e depois jogou a pobre Maga de Luz para cima. A cena foi mais cômica do que séria. E mais perigosa do que engraçada.

Não demorou nada para que muitos soldados avançassem ao mesmo tempo, rodeando San. Todos mantinham uma certa distância que eles consideravam seguras, pois quem viu a morte de Martha ainda estava se segurando para não sair gritando para longe dali.

— Garoto, você sabe o que fez aqui? — disse um homem barbudo, que deu um passo a mais para frente. Ele se vestia da mesma forma que Martha. Provavelmente outro Capitão.

— Sim. — começou San, estralando os dedos da mão e logo em seguida, colocando-as nos bolsos. — Protegi a Líder da minha Guilda e agora estou prestes a enfrentar algumas tropas do Exército Imperial de Riven.

— Você deve estar de brincadeira! — disse outro soldado, também vestindo uma bonita armadura combinada e capa azul. Esse era mais novo e carregava duas espadas já desembainhadas em suas mãos. — Acredita mesmo que pode fazer alguma coisa contra essa quantidade de soldados?

— Sozinho? Bom... — San olhou ao redor, parecendo contar a quantidade de soldados que o rodeavam. Não é necessário comentar que era impossível saber quantos haviam. — É, seria complicado, mas dava pra fazer muitas coisas. Mas você deve ter entendido errado. — disse ele, olhando para o Capitão de duas espadas. — Desde que eu me tornei membro dessa Guilda, eu nunca mais estou "sozinho". — San sorriu e olhou para cima. — NÃO É MESMO?

Duas figuras deram um salto e caíram bem perto daquela massa misturada de tropas que cercavam o garoto. As duas figuras pareciam levemente feridas e com as roupas bem rasgadas e desgastadas. Mas pareciam estranhamente contente. Traziam um fogo selvagem no olhar. Pareciam que estavam prontos para enfrentar um gigante invencível, mas que só eles tinham a arma especial que o derrotaria. Uma das figuras, um homem bem encorpado e vestindo sua armadura cinza e inseparável, deu mais um passo para frente e falou:

— Muito bem-dito, San! — disse ele, abrindo uma pequena bolsa que ficava em sua cinta, nas costas e retirando algo pequeno e cinza.

— Desculpe a demora! — disse a outra figura, uma mulher de longos cabelos lisos e negros, que incendiou as duas mãos e deixou sua grande aura envolver todo aquele novo campo de batalha.

A aterrissagem de Any não foi algo que ela gostaria de lembrar pelo resto de seu histórico como Líder de Guilda. San a arremessou para cima e para frente, mas ela não foi tão longe assim. A maga caiu em cima do telhado da loja de equipamento para caça, onde Reita tinha feito uma grande amizade com o dono. Por sorte, Any não caiu com muita força, então a queda não havia lhe machucado muito. Mas que ela estava furiosa... Ah isso sim.

Depois de se virar e recuperar o fôlego, ela engatinhou lentamente até a ponta do telhado e olhou para baixo. Conseguiu ver San ser cercado por todos os lados, por uma quantidade considerável de soldados armados e provavelmente pronto para tirar a vida do rapaz. San era um assassino de Capitães, e mesmo que as ordens fossem de levar os membros da guilda para a prisão, os outros Capitães não iriam deixar barato a morte de um "irmão de armas".

Mesmo nervosa, Any nunca iria abandonar um companheiro sozinho e deixá-lo morrer. Mas então ela conseguiu olhar diretamente para o rosto do seu colega "Arremessador de Pessoas". San estava com o olhar sério e não parecia preocupado ou abalado. Esse era o plano dele? Era verdade aquilo deles se dividirem para que ela destruísse as catapultas enquanto ele atraia a atenção deles? Aquilo era loucura! Any não iria aceitar essa tática de jeito nenhum! Ela iria descer e atacar com tudo que tinha.

Mas daí elas "os" viu. Os dois membros que tinham saído para fazer uma missão há alguns dias atrás. Eles acabaram de aparecer e parecem que já perceberam toda a situação em um só olhar. Se os três se juntassem, era óbvio que nem o dobro daquele número de soldados iria conseguir dar conta. Any sorriu e engatilhou para o outro lado. O peso da consciência havia sido retirado. Agora ela precisava fazer aquilo que podia para salvar sua nova Guilda e sua nova família.

O plano até que estava se saindo relativamente fácil. Any viu que onde as catapultas haviam sido deixadas não estava com tantos soldados assim. Eles não achavam que alguém iria conseguir passar por todo o esquadrão e chegar ali, mas claro que alguns soldados ficariam por lá para caso houvesse um ataque vindo de trás.

Não foi exatamente o que aconteceu, pois o ataque de Any não veio de trás. Ele veio de cima. A maga sabia que precisava agir rápido, então não adiantava perder tempo com os soldados. Ainda em cima dos telhados, ela carregou energia nas mãos e disparou uma magia destrutiva contra a própria catapulta, explodindo ela em centenas de pedaços. Os soldados mais próximos, como os que manejavam a grande arma, acabaram sendo pegos no meio da explosão, mas nenhum havia levado danos mortais.

A Líder não esperou pelos soldados correrem até ela depois de destruir a catapulta. Ela deu as costas e correu em direção a próxima. Ela não era muito boa para correr por cima dos telhados, então depois de pular algumas casas, ela achou uma maneira fácil para descer e ir contornando pelos becos, correndo pelo chão. Não demorou muito para chegar até a segunda catapulta e destruí-la da mesma forma.

Mas então a sorte dela havia terminado. Depois de correr, contornar mais becos e ruas e chegar até a terceira catapulta, ela deu de cara com uma cena macabra. É melhor começar dizendo que ela percebeu um cheiro forte antes mesmo de chegar no local. Quando chegou mais perto ainda, percebeu que havia um tipo de névoa esverdeada que corria livremente pelo chão. Any já tinha experiência em muitas invasões e defesas de Reinos, e felizmente para ela, aquele tipo de névoa era algo que ela mesmo já havia lidado antes.

Quando chegou na grande rua onde a catapulta estava estacionada, ela viu que a névoa vinha de lá. Todos os soldados estavam caídos de costas no chão, com suas bocas e olhos abertos, com uma expressão de desespero. Um líquido verde escorria dos ouvidos, da boca e dos olhos. Any não precisava se aproximar deles para saber que estavam todos mortos. Ela tirou a capa que vestia, a enrolou e colocou em volta do rosto como se fosse um cachecol enorme. Isso faria com que ela não respirasse aquele veneno tenebroso, pelo menos por enquanto.

— Demorou muito para chegar aqui, Líder da Immortal Star. — disse uma voz masculina e ligeiramente fina. Any procurou pela rua e encontrou a pessoa ao lado da catapulta. Era um homem alto e muito magro, com cabelo curto e todo penteado para cima, na cor castanho claro. Suas feições eram duras e seu rosto demonstrava algum tipo de maldade. Ele não tinha sobrancelhas, o que tornava a visão ainda mais estranha. Estava vestindo um grande jaleco branco totalmente fechado e de mangas compridas, uma calça branca apertada e botas de couro marrom. Os únicos acessórios que tinha eram luvas de borracha amarelas e óculos de proteção grossos. Por fim, havia um brasão costurado em seu jaleco com as letras "MH". — Eu estava precisando levar uma dessas catapultas comigo, mas os soldados não quiseram me "emprestar", então...

— Você... — disse Any, com a voz bem tremida. — Ronan Paracelsius!

— Ah, você sabe meu nome? Que honra! — disse Ronan, fazendo uma rápida reverência enquanto sorria. — Parece que a fonte de informação de sua Guilda não pode ser subestimada, mesmo que vocês tenham criado a Guilda a pouco tempo.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou Any. Ela estava achando estranho Ronan saber que ela era a Líder da Immortal Star, mas parecia que ele não tinha a reconhecido. Isso significa que a mudança de visual realmente foi efetiva.

— Eu já disse, estou aqui pela catapulta. — respondeu ele, dando dois tapinhas na arma de cerco. — Vou precisar dela pra atacar o castelo. Mas claro, estava pensando em testá-la antes... E sempre quis saber como minhas bombas especiais se sairiam contra barreiras de energia.

A fúria imediatamente invadiu o ser da maga. Ronan era maluco, e isso não é de hoje. Os dois trabalhavam na mesma Guilda. Ronan era um Alquimista de renome que depois de ter reprovado em seu teste final no Cento de Pesquisas Mágicas de Teslakar por ter explodido um quarteirão inteiro com seu experimento, se juntou a Diamond Wall prometendo que usaria suas mais poderosas armas para levar a Guilda a vitória.

Isso foi verdade... Até aquele dia fatídico em Aurais. Ronan tinha dito ter construído a "Arma Suprema" e que iria testar naquele dia. Deu tudo errado. O experimento falhou, os frascos onde estavam guardados o componente foram destruídos e muitos companheiros foram queimados até a morte. O Líder da Guilda tinha proibido Ronan de continuar a pesquisa daquele componente, o que deixou o alquimista ainda mais louco.

Como pessoa, Ronan era impossível de se lidar. Ele não aceitava ajuda de ninguém quando estava em seu laboratório, e proibia qualquer um de entrar no local. Sempre era grosso quando conversava com alguém e nunca cumprimentava de maneira alguma. Sempre tinha um olhar sinistro, sempre procurando coisas perigosas ou ideias macabras. Sempre fazendo experimentos desastrosos e destrutivos, que ele mesmo dizia ser o real motivo dele estar vivo.

E a coisa que ele era apaixonado em fazer era "experimentos em campo". Quando ele tinha terminado uma poção nova ou algum outro componente, ele saia para testá-lo, e sua personalidade ficava ainda mais sinistra. Teve até um dia que ele testou um novo componente em um aliado da Guilda, que por pura sorte, não fez o coitado explodir em mil pedaços. Any nunca gostou dele, mas o aturava pelo bem da Guilda.

E vendo-o agora, ela tinha a total certeza de que ele não havia mudado nada. Sua última frase foi uma clara ameaça para a Immortal Star, e Any conseguiu ver o brilho negro no olhar do alquimista ao dizer aquilo. Ele iria MESMO atacar a base usando algum de seus experimentos. E como Any já tinha visto do que ele era capaz, era bem possível que a barreira de Tabatha não aguentasse por muito mais tempo.

CANHÃO DE LUZ!

Pelo bem da Guilda, Any aprendeu a agir rápido e decididamente. Ela concentrou uma certa quantidade de energia mágica nas mãos rapidamente, apontou para o alquimista e a catapulta e disparou seu cone massivo de energia luminosa. A magia atingiu Ronan de frente, o jogando a muitos metros para trás, além de destruir a parte traseira da catapulta, fazendo-a desabar ao chão. O canhão de energia também espalhou aquela névoa verde para todos os lados, mas Any não podia dar o luxo de respirar aquele ar diretamente ainda.

Algo se mexeu. Os escombros de onde era para estar o corpo do alquimista foram espalhados e o homem se levantou. Ele tossiu três vezes seguidas e limpou a boca. Olhou com uma raiva infinita para a mulher que o tinha atacado. Sua aura cresceu exponencialmente. Any se surpreendeu com o fato de que Ronan ainda conseguiu ficar de pé depois de receber um ataque direto daqueles. Mas ao mesmo tempo, lembrou de algo que só ele conseguia fazer.

— Maldita seja! — dizia Ronan, em um tom mais baixo, enquanto dava curtos passos para frente, com o corpo meio encurvado. — Essa magia de luz... Eu conheço uma mulher maldita que tinha essa mesma magia! PESTE ESCARLATE! Então é você!? — gritou ele, deixando sua fúria sair.

— Parece que o sentimento de um para o outro entre nós é idêntico, Ronan! — Any deu mais passos para frente, já concentrando energia mágica nas mãos novamente. Ela tinha se lembrado que a resistência mágica de Ronan era absurda graças as poções químicas que ele mesmo produzia e bebia. — Eu devia ter te acertado com mais força!

— Ahahahahahahahahah! — riu escandalosamente o alquimista. — Mas eu não posso acreditar na minha sorte! Quando me pediram para tratar todos os membros da Immortal Star como inimigos, eu não estava muito cooperativo. Mas você está na Guilda... — Ronan segurou o rosto com a mão direita, a apertando. Ele estava se machucando de propósito, como se fosse um beliscão que nos damos para saber se estamos mesmo acordados. — E é a Líder, ainda por cima! Parece que você não conseguiu engolir o fato da nossa Guilda ter sido desfeita!

— Espere! Como assim mandaram você nos tratar como inimigos? Esse "MH" na sua roupa... Você entrou na Monster Hunter? Por que eles querem ser nossos inimigos?

— Monster Hunter? Ahahahahahah! — Ronan continuava rindo altamente, como se tivesse acabado de ganhar uma grande promoção. — Acha mesmo que eu me aliaria a um bando de caçadores de monstros que trabalham para "manter a paz dos humanos"? — ele abriu o jaleco, colocou a mão direita dentro da roupa e logo a trouxe de volta, retirando um frasco pequeno e transparente que reagiu com a liberação de energia do usuário. — COMPONENTE 001, DINAMITE!

Ronan passou sua energia mágica para o pequeno frasco, que vibrou em sua mão e ganhou uma coloração diferente, além de magicamente se encher com um líquido marrom escuro. Sua próxima ação foi atirar o frasco na direção de Any, que sabia exatamente o que aquilo era e o que fazia. A maga de luz não esperou aquilo se aproximar. Correu para o lado e se jogou com tudo.

Onde o vidro caiu, uma explosão de médio porte aconteceu. Engoliu tudo o que estava ao redor, incluindo dois corpos de soldados que estavam caídos ali por perto. Uma cratera ficou no local, demonstrando a potência daquela explosão. Any se virou e ficou em pé rapidamente, olhando para o buraco. A explosão tinha ficado ainda mais potente desde a última vez que ela viu.

DISCO DE LUZ!

COMPONENTE 010, ELIXIR DA VELOCIDADE!

Any sabia que não podia enfrentar as magias destrutivas de Ronan por muito tempo. Uma explosão daquelas era o suficiente para acabar com qualquer ser humano, por mais resistente que fossem. Ela levantou a mão e passou energia mágica em forma de círculo para sua palma, criando um disco feito de luz que rodeava acima de sua mão. No segundo seguinte, ela atirou o disco na direção do oponente.

Mas mais rápido do que Any esperava, Ronan já tinha outro frasco de vidro na mão e já passava energia mágica para ele. Assim que clamou por sua magia, um líquido misterioso da cor marrom clara com amarelo foi criado dentro do frasco. Ronan bebeu o líquido e um tipo de cota de energia o rodeou imediatamente. Assim que o disco que viajava em uma velocidade tremenda se aproximou dele, o alquimista simplesmente se esquivou com maestria. O disco entrou dentro de uma casa e causou certa destruição que nenhum dos dois combatentes teria tempo para analisar.

Ronan colocou a mão para trás e mostrou sua faca grossa que sempre carregava. A faca de combate tinha uma lâmina em um só lado e era cheia de pequenos furos. Any sabia que era uma faca especial que podia ser carregada de veneno sem afetar o fio da lâmina. Mas a faca não era o problema primário de Any, e sim, a velocidade absurda de Ronan.

Com um só salto para frente, Ronan conseguiu chegar até Any, a atacando com um movimento vertical. A maga levantou o cajado e bloqueou o ataque, quase não aguentando o impacto. Ronan não era forte fisicamente falando, mas Any também não era muito boa em luta corpo a corpo. Ela deu um salto para trás, tentando se afastar, mas Ronan se aproximou novamente em um piscar de olhos e a atacou de novo. O novo golpe arranhou a garota na altura no estômago, mas ela conseguiu aguentar a dor.

RAIO DE LUZ!

A Líder da Immortal Star apontou a mão direita para o oponente e disparou seu raio de energia concentrada. Esse golpe, assim como todos os outros de Any, era rápido e quase indefensável. Mas Ronan tinha tomado sua poção que aumentava sua velocidade. E acreditem: aquilo dava uma diferença mais do que gritante. Assim que o raio disparou, o alquimista se abaixou, deixando o feixe passar por cima de sua cabeça, quase raspando seu cabelo. Como ainda estavam muitos próximos um do outro, Ronan se levantou com um ataque, cortando a perna direita da maga. Any cambaleou dois passos para trás, mas não perdeu o equilíbrio. Não que isso faria Ronan parar seu avanço.

O alquimista aplicou mais dois golpes. Um lateral que foi defendido pelo cajado de Any, e outro que acabou a cortando na altura do ombro esquerdo. Any não estava conseguindo seguir a velocidade do alquimista, e ela sabia que a duração das poções dele eram longas. Não adianta esperar para o efeito terminar. Ela precisar dar um jeito de afastá-lo e atacar com tudo.

BRILHO OFUSCANTE!

Any criou uma esfera de energia na mão direita e a fez explodir logo em seguida, liberando um grandioso flash de luz para todos os lados. Por estar perto demais, Ronan não conseguiu reagir rápido o suficiente, ficando cego com a luminosidade.

Era agora ou nunca. Peste Escarlate pulou para trás e concentrou o máximo de energia mágica que conseguia em pouco tempo. Ela precisava dar um golpe muito forte para derrotá-lo de uma só vez, mas isso tinha um custo. Ainda sim, era melhor do que apostar toda a Guilda. O problema era que Any não era a única pessoa com uma boa percepção mágica ali.

COMPONENTE 001-F, BOMBA DE FUMAÇA!

Ronan, mesmo cego, sentiu o acúmulo rápido de energia de sua oponente. A estratégia dela era boa, mas essa batalha não iria acabar assim tão rápido. Ronan puxou mais um vidro vazio de sua roupa e passou um pouco de energia mágica para ele, fazendo um tipo de gosma cinzenta tomar conta do interior do objeto. No segundo seguinte, o alquimista atirou o vidro no chão, que se quebrou e imediatamente criou uma fumaça acinzentada que cresceu e se espalhou magicamente por toda a rua.

Any imediatamente entendeu a ideia do antigo colega de Guilda. A fumaça fez o alquimista desaparecer de sua visão, e tornou inútil a utilização da magia que ela planejava. Ronan iria usar o tempo que estava "invisível" para ter sua visão de volta. Ele ria enquanto esfregava os olhos, pensando em como era prazeroso destruir uma estratégia de alguém.

EXPLOSÃO DE LUZ!

O problema era que isso não destruiu estratégia nenhuma de Any. Para ser mais exato, a maga simplesmente tinha mais de uma alternativa para atacá-lo. Verdade seja dita, ela não podia mirar em algo que não pode ver... Mas isso só se aplica quando você quer atingir um alvo singular. O que Any fez foi atingir toda a "área".

A maga criou uma outra esfera de energia na mão, mas essa era diferente. Ela era um pouco maior e não brilhava com a mesma intensidade de suas outras magias. Dentro da esfera, havia uma mistura de trovões e chamas, algo que não tinha uma forma específica. Mas parecia ser mais intensa. Assim que criada, a esfera foi atirada para cima e para frente. Any mirou quase no centro daquela fumaça toda, o que foi um tiro certeiro.

Essa magia, por mais que ela seja intensa, não foi feita para aplicar muitos danos nos oponentes. Any usava isso para afastar tropas ou até mesmo empurrá-las para lados opostos ou até mesmo precipícios. Quando a esfera carregada caiu no chão a quase um metro de distância de Ronan, ela liberou uma corrente de energia que parecia eletricidade e em seguida explodiu, limpando toda aquela área. A fumaça se dispensou e Ronan foi jogado para o lado esquerdo, caindo e rolando pelo chão até quase bater no portão de uma das casas que havia por ali.

O alquimista estava tonto e chamuscado, mas não tinha se ferido tanto. Ele tentou se levantar, mas sua cabeça ainda via o mundo girando. Seu braço direito ardia por ter arrastado no chão, mas a sua maior preocupação era com o fato de que sua oponente não tinha acabado de atacar ainda.

CANHÃO DE LUZ!

Dessa vez o impacto foi direto. Any não iria esperar ele se levantar e se recuperar. Aquele homem maluco precisava ser detido, nem que ela precisasse matá-lo. No mundo das guerras, você sempre precisa estar com a mente feita para atacar todos aqueles que levantam a mão contra você, já que a magia era uma coisa normal e qualquer criança tinha o poder de matar alguém. E por ter passado por muitas dificuldades desde pequena, a Peste Escarlate aprendeu a nunca dar chance para o azar.

O cone de energia concentrado atingiu Ronan ainda no chão, o jogando para muito mais longe. O corpo do alquimista bateu com tudo no portão de ferro de uma casa, estourando o mesmo. O alquimista desapareceu da visão de Any, mas a Líder de Guilda sabia que nada era fácil quando se tratava daquele homem sinistro.

Any correu e adentrou o portão recém destruído. Ela não tinha percebido ainda, mas se tratava de uma grande mansão de três andares, com um imenso jardim na frente, envolta de muros de dois metros de altura. Era a residência de algum dos nobres de Riven, mesmo que isso não fosse importante agora. A garota procurou com os olhos, vislumbrando o local. O jardim era magnífico e muito bem cuidado. Flores de poucas cores faziam contornos e desenhos pelo chão, criando uma beleza típica de quadros. A única coisa que estragava a visão, era um rastro de destruição que Ronan tinha criado com o próprio corpo.

Por mais que o cenário fosse maravilhoso, o ar estava impregnado. Any parou e ficou de prontidão quando sentiu um frio na espinha, como se alguém respirasse um ar gelado em sua nuca. Parecia que a própria Morte estava cutucando seu dedo esquelético nas costas da maga. Mas a sensação não vinha da trás. Mais a frente, em um canteiro com flores amarelas e laranjas, Ronan estava de pé, corcunda. Ele respirava lentamente e pesadamente. Estava claramente ferido e sangue corria pela sua boca. O que também chamou a atenção da Maga de Luz, foi o frasco borbulhante que o alquimista segurava. Aquilo...

— Foi um golpe e tanto, Peste! — disse Ronan, levantando a cabeça e demonstrando olhos que não eram mais humanos. — Tinha força o suficiente para matar. Ahahahahah!

— Ronan, seu maldito... — Any não falou com voz muito alta. Ela tinha percebido que a loucura do alquimista havia chegado a um novo patamar. — Eu sabia que você tinha uma resistência mágica fora do comum, mas não achei que sobreviveria a isso!

— Sobreviver? Ahahahahah! — ria ele, escandalosamente. Ele ficou ereto novamente e abriu os dois braços, olhando para cima. — Eu nunca me senti tão vivo! Sua última magia foi quase como se me curasse!

— Enlouqueceu de vez!?

— Não tem como você entender. Mas não se preocupe... — disse Ronan, concentrando uma densa quantidade de energia na mão que segurava o frasco. — Eu vou fazer você entender em qual patamar eu consegui chegar por não ficar mais acorrentado pelas leis da nossa antiga guilda! COMPONENTE 010-X, ELIXIR DA MORTE!

A aura do alquimista explodiu, fazendo plantas e flores voarem para todos os lados em um tornado multicolorido. Ronan bebeu o líquido borbulhante que teve um efeito visual catastrófico. Assim como os outros elixires dele, o efeito era sempre imediato. Sempre davam um benefício a mais em algum atributo. Mas por que ele tinha começado a sangrar mais depois de tomar?

As unhas de suas mãos caíram. Esse foi o primeiro efeito. Três dentes foram ao chão. Sangue começou a verter de suas pernas e de seus braços, mas não haviam cortes ou feridas desses locais. Alguns cabelos começaram a cair. Ronan tossiu duas vezes, cuspindo mais sangue. Mas ele sorriu. Desdentado, maluco, ferido. Mas estava rindo. E se fortificando. A energia mágica dele subiu de uma maneira inimaginável. Any olhava boquiaberta para a cena. Ela nunca tinha visto esse componente, e também nunca tinha visto alguém ganhar tanto poder em tão pouco tempo.

O próximo acontecimento? A Líder da Immortal Star voou na velocidade da luz contra uma árvore que tinha no canto do jardim, batendo com tanta força que suas costas não sairiam inteiras. Any caiu no chão sentada, cuspindo. E não entendendo nada. O que tinha acontecido? E por que sua lateral estava doendo tanto quanto as costas?

Ronan estava lá. Era como sempre estivesse. Agarrou a garota pela garganta e a levantou como se ela pesasse tanto quanto um pedaço de bambu. Any começou a perder o ar enquanto era estrangulada. Ainda confusa, tudo o que ela conseguia fazer era se debater inutilmente, agarrando o braço de Ronan. Que força era aquela? O que estava acontecendo?

Any apontou para o rosto de seu oponente e tentou concentrar energia mágica. Ronan riu mais uma vez, achando graça da fútil tentativa de ela reagir a grandiosidade de seu novo Componente. O Elixir da Morte era uma mistura perigosa de líquidos químicos com energia mágica que fazia o corpo triplicar de poder em todas as qualidades, mas em troca, o usuário sofria com um atrofiamento e envelhecimento do mesmo. Ainda era um componente em experiência... Mas novamente, experimentar coisas era a maior paixão de Ronan.

O alquimista jogou Any para longe mais uma vez. Ela voou como uma pedra e entrou dentro da mansão por uma das janelas da frente, a estraçalhando. Any caiu no chão de madeira repleta de vidro e ainda sem ar. Rolou algumas vezes e depois caiu novamente. Ela não tinha percebido que tinha caído em cima da mesa de jantar da mansão.

— O que achou, Peste Escarlate, Líder da Immortal Star? — gritou Ronan, com uma voz ainda mais estranha. Não dava pra saber se isso era efeito do componente ou da falta de dentes. — Esse é o poder proibido que eu tanto sonhei! Ele só precisa de mais alguns ajustes e esse Elixir vai ficar perfeito! Ahahahahah!

Any tossia sem parar, tentando ganhar o fôlego de novo. Na verdade, ela não tinha entendido nada do que Ronan tinha acabado de falar. Ela se virou e forçou os braços para sair do chão. Percebeu uma dor angustiante na mão direita, e quando viu, percebeu que havia um pedaço do vidro enterrado lá. Ela puxou o vidro e deu um grito de dor. Agora ela ouviu Ronan rindo novamente, provavelmente se deliciando da agonia que ela passava.

Uma coisa era certa: Any sabia que sua vida estava por um fio. Ela não sabia como, mas aquele último componente que Ronan bebeu tinha o deixado com uma velocidade, força e energias sobre-humanas. Não dava para enfrentar alguém assim tentando se afastar para atacar. Magias mais fracas não iriam danificá-lo. Magias mais simples não iriam acertá-lo. Então só restava uma solução. Só existia a carta final.

—Você me deixou sem escolhas, Ronan. — disse Any, usando uma das cadeiras de madeira rica que estava ali do seu lado para se levantar. Ela se jogou na grande mesa, respirando rapidamente. A força nas pernas ainda não havia voltado. — Você vai me fazer lutar com tudo o que eu tenho, mesmo não querendo.

— AHAHAHAHAHAHAH! — acreditem se quiser, a risada dele nesse momento foi AINDA mais alta. — Acha que eu nunca vi o seu poder total, Maga de Luz? Quantas batalhas você acha que enfrentamos juntos? Não tente ser uma heroína, Peste! Não invente frases que não são do seu feitio! Ou o desespero já tomou conta de sua mente?

— Eu não sei como você está tão nervoso com isso, Ronan. Você não ama experimentos? Então eu vou fazer você experimentar um pouco do que minha magia é capaz!

O chão tremeu. O ar sumiu. Ronan, que ainda estava do lado de fora da mansão, conseguiu ver que a terra estava rachando em alguns pontos. Ele olhou novamente para Any, que agora estava com a mão apontada para ele. Mais uma magia direta? Sério? Depois de todo aquele papo ela só iria disparar outra de suas magias de ataque frontal? Era para gargalhar mesmo!

Um barulho oco foi ouvido quando algo bateu sem força na cabeça de Ronan. Sem entender, o alquimista procurou pelo redor e logo encontrou um pedaço de madeira que girava, indo na direção de Any. A maga segurou com sua mão machucada, e daí que Ronan entendeu que era o cajado da maga. Ela devia ter puxado ele de longe com magia, e como o alquimista estava no caminho entre os dois...

Mas era isso? O grande truque era puxar o cajado de longe? Não. Any segurou o cajado com as duas mãos e o encostou no meio da testa. Fechou os olhos e se concentrou. É importante dizer que Ronan estava tão curioso que não conseguiu atacar novamente. Assim que a Líder de Guilda terminou sua concentração, todo o seu corpo e o seu cajado começaram a brilhar intensamente. Mas o que aconteceu depois foi o verdadeiro espetáculo: o cajado da maga se desfragmentou no ar em pequenas esferas de luz que começaram a circula-la. Agora havia um tornado de energia em volta da maga, parecendo centenas de vagalumes em uma dança sem música.

MARCA DIVINA, BENÇÃO DO DEUS SOL!

Do nada, todas as esferas luminosas avançaram para o corpo de Any, que parecia as absorvê-la. As aparências não enganam. Assim que tocavam no corpo da maga, as esferas corriam por seu corpo, a pintando. Pareciam tatuagens vivas. Mesmo por debaixo das roupas, ainda era possível ver as linhas que as esferas faziam, de tão luminosas que eram. Por fim, na sua testa, um símbolo circular com pontas apareceu, lembrando vagamente o desenho de um sol.

A imagem final era parecida com quando San usava suas luvas, só que aqui as linhas eram muito mais grossas e laranjadas. Ronan estava mais paralisado com a liberação absurda de energia que agora fluía do corpo de sua ex colega, do que com a imagem luminosa e cheio de linhas brilhosas que estava a poucos metros a frente.

— Agora Ronan... — falou Any, com uma voz que reverberou por toda a sala de jantar. Ela apontou o dedo indicador da mão esquerda, que soltou uma faísca, para o alquimista, o deixando com uma péssima sensação. — Você vai experimentar o poder de um Deus!

E foi assim que uma mansão imensa de três andares simplesmente desapareceu do mapa.    


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E no próximo capítulo, começam as conclusões das lutas inicialmente começadas.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Immortal Star - Segunda Saga" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.