Instituto Para Jovens Bruxos Descendentes de Salem escrita por Jack Lightwood, CrazySweety, garotainvisivel13


Capítulo 6
Confusão




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Leticia estava no automático. Ela colocava um pé na frente do outro, inspirava e expirava sem pensar. Sua mente estava focada em não destruir o ambiente ao seu redor e, mesmo com toda a sua concentração, as luzes pelas quais as duas garotas passavam piscavam freneticamente. Ela precisava se controlar. Era esse o único motivo para ela estar ali. Não se importava em saber de onde aquela maldição veio, ou por que justo ela tinha de carregar aquele fardo. Ela era uma aberração. Não havia nada mais a ser discutido. No entanto, ela precisava aprender a controlar. Ela jurara que nunca repetiria o incidente de anos atrás. Mas estava ficando difícil disfarçar. Ela precisava de ajuda, mesmo que nunca fosse admitir em voz alta.

— Não se concentre. — A voz doce da garota ao seu lado murmurou baixinho.

— Como? — Ela retrucou com a voz seca, surpresa com o comentário.

— Você está se concentrando demais. Isso não vai te ajudar. Tente clarear a sua mente, ou pensar em outra coisa qualquer. Quanto mais você focar no medo que sente, mais difícil é de controlar.

— Eu não estou com medo! — A morena grunhiu — E eu não pedi sua ajuda.

— Tudo bem, desculpa. Eu só... Eu sei como é irritante. Me desculpe.

Sarah abaixou a cabeça e continuou a andar, dessa vez alguns passos à frente. Leticia não se sentiu culpada pela forma como tratou a outra garota. Ela raramente sentia culpa pelo seu jeito de falar ou agir. Mas ainda assim não pode tirar os olhos da expressão da outra. Os cabelos estavam mais ruivos nessa luz e tampavam um pouco seus olhos, que a morena ainda não conseguira decidir qual cor usar para descrever. Ela era um pouco mais alta, talvez tivesse 1,67 ou algo assim, e escondia o corpo magro com um casaco maior do que o necessário. Leticia torceu os lábios. Se ela não estava com remorso, então por que não conseguia desviar o olhar da outra garota?

— Você esta me encarando. — Constatou, com um pouco de dificuldade para pronunciar a ultima palavra — Tem algo errado?

— Hãn? Não. Eu não sei por que eu... Ah, esquece. — Le quis se bater mentalmente. Desde quando ela gaguejava? — Inglaterra? — Tentou mudar de assunto o mais rápido possível para disfarçar.

— O quê? — A mais alta perguntou.

— Seu sotaque. Com certeza não é daqui. Parece ser da Europa. Me lembra um pouco a voz dos filmes britânicos.

— Ah, sim. Europa. Alemanha, na verdade. — Ela bufou fazendo as bochechas rosadas inflarem — Dá pra perceber tanto assim?

— Só quando você tenta falar alguma palavra com “r”.

— Deus! Mesmo depois de três anos eu ainda não consigo falar como vocês. Isso é frus... Hãn, frus...

— Frustrante? — Sugeriu

— É. Eu vim pra cá com 12. Foi bem difícil pra mim no começo. Acho que ninguém fala alemão por aqui, então tive que tentar me virar com o pouco de inglês que sabia.

— 12 anos? Por que você veio pra tão longe de casa?

— Bem, eu era diferente. No começo não era nada muito forte, mas as coisas foram piorando. Depois de um tempo meus tios descobriram esse lugar e compraram uma passagem só de ida pra mim.

— E seus pais concordaram com isso?

— Não acho que eles teriam concordado. — A ruiva deu um sorriso triste — Eles morreram quando eu tinha cinco anos. Acidente de carro, nada muito especial, mas o suficiente pra que eles e meu irmão mais novo não sobrevivessem. Desde então éramos só eu e meus tios.

— Sinto muito. — A morena respondeu sincera. Sabia como era perder as pessoas que amava e ninguém merecia uma dor como aquela — A vida não é justa às vezes.

— Tudo bem — Ela deu os ombros — Meus tios realmente gostavam de mim. Só que... Pode ser difícil para as pessoas nos compreenderem. Acho que essa foi a melhor parte de vir para cá. Conhecer pessoas como eu.

As duas finalmente pararam em frente a uma porta do mesmo material que a da de entrada. Havia uma flor entalhada no centro e a maçaneta era em forma de folha. Sarah a estendeu uma chave com a mesma flor desenhada no topo e a mais velha colocou-a no buraco da fechadura, abrindo a porta em seguida. No centro do quarto havia uma cama de casal coberta com uma colcha verde água. Uma estante larga com todos os livros clássicos e DVDs de suas series favoritas ocupava toda uma parede. Na outra havia um armário que, quando aberto, revelou todas as roupas da mais baixa já organizadas. Uma das paredes também era composta de vários pôsteres de filmes antigos e bandas que ela amava. Para completar, um pequeno jardim improvisado com alguns vasos com cactos e flores.

— Como é que... — Ela estava chocada. O quarto reunia todas as coisas que ela mais amava — Como vocês sabiam do que eu gostava? Esses livros... Como?

— Incrível né? A diretora nunca conta como ela consegue, mas nossos aposentos sempre são incríveis. Você precisava ter visto a minha cara quando eu entrei pela primeira vez no meu. Eu quase me joguei em cima da coleção de CDs da Taylor Swift que tinha na minha estante.

— Espera, você gosta de Taylor Swift? — Leticia olhou a garota de cima a baixo. Ela estava vestida totalmente de preto e seu moletom tinha um broche do My Chemical Romance preso. Além disso, um lápis preto demarcava com força o contorno dos olhos multicoloridos — Você não parecia ser do tipo que gostaria dela.

— Só porque eu uso preto? As pessoas podem gostar de mais de um estilo musical, você sabe né?

— É claro. Eu só fiquei surpresa.

— Algum problema com eu gostar dela? — A mais nova cruzou os braços.

— O quê? Não. Pra falar a verdade eu também curto algumas músicas. — Admitiu — É até um pouco fofo que você seja fã dela.

— Fofo? — A morena gelou quando se deu conta do que falara. Merda. Desde quando ela fazia elogios para garotas aleatórias? — Oh, obrigada? Eu acho. Você não parecia ser do tipo gentil. — Brincou.

— Eu não sou! Foi só... Uma constatação. Esquece.

— Tudo bem. — Ela sorriu perante a frustação da outra — Bem, eu vou deixar você ajeitar melhor as suas coisas. Qualquer coisa meu quarto é do outro lado do corredor.

Assim que ela saiu, Leticia se jogou na cama macia por cima da colcha. Ela fechou os olhos e bufou. O que diabos acabara de acontecer? Desde quando alguém usava a palavra “gentil” para descrevê-la? Ela não era gentil. Ela era curta e grossa com as pessoas. Impaciente, fria, indiferente, todas essas palavras serviriam para descrevê-la. Mas gentil? Quem essa garota pensava que era para chama-la disso...?


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