Will Not Be Easy escrita por Swiper


Capítulo 9
Estranho


Notas iniciais do capítulo

Oi, aqui estou eu de novo.
Esse capítulo, realmente, demorei mais do que eu pretendia para postar, mas saiu.
Eu quis trazer nesse capítulo um forma bem Stiles e Claire de interagir, mesmo em momentos mais tensos. Espero que tenha conseguido.
Boa leitura!



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Claire ainda estava sentindo uma sensação ruim nela quando os três entraram no velho jipe de Stiles. Ela ainda era nova naquele mundo sobrenatural, mas sabia que estar com um demônio dentro de si não devia ser bom

Ela não sabia o que falar e muito menos pensar. Se sentia atordoada demais com a notícia para pensar, só o que queria era entender tudo aquilo direito.

O humano parou em frente a clínica veterinária a qual Claire foi informada que trata mais do que casos de gatos e cachorros.

Eles entraram e Scott chamou pelo seu chefe. Logo um homem de jaleco apareceu.

— Olá, Scott. Hoje recebi um caso de uma cadela que foi atropelada, você poderia...

— Deaton, eu sei que está no meu horário, mas eu preciso de algumas respostas antes.

O homem olhou curioso para Scott e depois seu olhar recaiu sobre Claire.

— E seria você a nova druidisa da cidade?

— Ahn, eu acho que sim.

— É um prazer conhece-la- ele avançou para frente e estendeu sua mão para Claire - Sou o doutor Alan Deaton.

A menina correspondeu ao aperto, mas logo Scott interrompeu.

— Olha, eu sei que ela também vai precisar de uns conselhos, mas, por enquanto, não é exatamente por isso que viemos.

Depois que toda a história foi contada e todas as suspeitas foram postas, Deaton apenas continuou olhando para Stiles.

— Então você acha que o demônio que estiveram planejando colocar em Claire, agora pode estar em você.

— Isso.

— Bem, é uma possibilidade.

Claire viu com um ligeiro olhar que Stiles pareceu estar mais pálido ainda. Provavelmente ele queria que Deaton dissesse que aquilo era um engano, que não tinha problema aparente e que só o que ele precisava era de descanso e uma sopa quente.

— Está sentindo alguma dor?

— Não nesse momento

Então Deaton ficou apenas refletindo olhando para o garoto. Parecia estar pensando em mil coisas ao mesmo tempo e isso parecia estar incomodando Stiles.

— Então – o menino começou – Eu sei mais ou menos o que significa estar possuído, só não sei exatamente a gravidade. O que vai acontecer comigo?

— Sinceramente? Eu não sei Stiles.

— O quê? – o garoto perguntou alarmado.

— Já disse a vocês que tudo o que tenho são relatos que, por acaso, são bem antigos. O que sei é que essa marca agora está ligando você aos demônios. Sabemos que eles usam essa marca nos sacrifícios usados, mas não sei a que extensão ela o afetará.

— Será que esse mal estar que senti esses dias foi esse tal demônio acordando?

— É possível.

Stiles tentava esconder, mas todos ali percebiam o quanto o humano estava assustado.

— Calma Stiles – disse Scott colocando a mão no ombro do amigo – Nós vamos dar um jeito.

— Eu só peço que tenham cuidado – Deaton pediu – Alguns desses demônios podem estar na sua escola. É o começo do ano letivo certo?

— Sim – disse Scott.

— Então é melhor tomarem cuidado, principalmente com os novatos.

— Tomaremos.

Então um silêncio desconfortável se instalou. Scott ainda encarava seu chefe parecendo determinado, Stiles estava branco feito papel, com medo do que poderia acontecer, e quanto a Claire, não conseguia encarar nenhum de seus amigos enquanto descobria que aquela sensação em seu estômago era culpa.

O que você fazia quando um dos garotos que você mais detestava acaba levando uma maldição por você? Mesmo que sem querer.

O clima estava tão pesado dentro daquela clínica que Claire levou um susto quando seu celular tocou em seu bolso.  Era seu pai.

Ela se afastou um pouco deles e atendeu.

— Oi pai.

Oi filha, eu já cheguei em casa. Cadê você?

— Ah eu estou com Scott e Stiles. Daqui a pouco eu volto.

Então venha logo, porque eu não quero você por aí depois do toque com tantos crimes ocorrendo.

— Pode deixar, pai, eu estou segura – Claire disse com a maior veracidade. Ela estava com um lobisomem em uma clínica rodeada de segurança sobrenatural.

Ok, eu vou desligar. Venha logo.

— Tá bom, pai, tchau.

Tchau minha filha.

A menina desligou a chamada e colocou o celular de volta no bolso.

— Era seu pai? – Scott perguntou.

— Sim – ela voltou para os amigos – Ele está com medo de todos esses crimes, quer que eu vá logo para casa.

— Ah, esqueci – Scott coçou sua nuca – Stiles, você pode deixar a Claire em casa? Tecnicamente eu ainda tenho que trabalhar.

Claire gelou no mesmo instante. Não, ela mais do que qualquer vez na sua vida não queria ir para canto nenhum sozinha com aquele garoto. Principalmente quando a culpa se contorcia desconfortavelmente dentro dela.

Já Stiles apenas encarou Scott. Claire imaginou que ele fosse dizer não, que ela já tinha causado um grande problema para ele, mas Stiles apenas deu de ombros.

— Nos falamos depois – Scott se despediu dos amigos enquanto Stiles rumava em direção a porta de saída.

 - Tchau – Claire se despediu do amigo lobisomem e seguiu Stiles.

Ela saiu e ficou se perguntando se não deveria falar alguma coisa para o garoto. Stiles estava agindo como se não se importasse, mas Claire queria garantir a ele que apesar dela não gostar tanto dele, ela nunca desejaria que um demônio entrasse nele. Ela não desejaria isso a ninguém.

Então antes que ela pudesse pensar, ela puxou levemente a blusa xadrez de Stiles enquanto ele estava procurando a chave nos bolsos. Ele se virou curioso para a menina.

— Que foi?

Só depois Claire percebeu o que tinha feito. “Droga, agora vou ter que falar”

Mas ela não sabia o que dizer. Ficou apenas remexendo suas mãos enquanto tentava encontrar as palavras.

— Que foi, sua maluca? - Stiles perguntou de novo – Está me deixando assustado.

— Eu só – sua voz saiu estranha e ela pigarreou – Eu só queria... você sabe... uhn, pedir desculpas pelo o que houve.

Ela estava a uns bons passos distantes dele e não o estava encarando, mas mesmo naquela situação ela pôde perceber que Stiles tinha ficado surpreso. Afinal, em nenhuma vez dentro dos 11 anos que se conheciam, um nunca pediu desculpas ao outro.

— Você sabe – ela tentou fazer a situação menos desconfortável – Quando vocês dois foram lá na escola me procurar, você provavelmente não esperava acabar sendo possuído por um espírito.

— É, não esperava – ele disse.

— Eu sei que se você soubesse dessa possibilidade faria as coisas um pouquinho diferente e...

— Espera, espera, espera – Stiles levantou sua mão, a interrompendo. Confusa, Claire levantou o olhar pela primeira vez.

Stiles estava com uma cara estranha. Ainda estava bem pálido, mas seu olhar estava duro e as sobrancelhas estavam unidas.

— Você está querendo dizer que seu eu soubesse que isso aconteceria eu teria me acovardado? – ele perguntou aquilo quase como se estivesse ofendido.

— Ahn – Claire balbuciou – Bem, é que...

— Eu fui lá para te salvar, sua idiota, e fiz meu trabalho, não fiz?

— É, acho que de certo modo...

— Então? Nós dois sabíamos dos riscos quando fomos para lá. Espera aí, você acha que eu te culpo?

Dessa vez Claire não respondeu nada, até abriu a boca para tentar falar, mas nada saiu.

— Pelo amor de Deus, que tipo de pessoa você acha que eu sou! – Stiles reclamou.

Ele revirou os olhos e saiu depressa daquela conversa indo abrir o carro.

Claire, por sua vez, não andou nenhum passo.  Não esperava aquela reação dele. Esperava que ele concordasse com ela, que aquilo foi por culpa dela e aceitasse suas desculpas, em um pior cenário que ele brigasse com ela por agora estar possuído. Ela com certeza não esperava uma conversa tão curta e que ele ficasse ofendido por ela ter imaginado aquilo dele.

Ficou estática ainda tentando entender aquilo.

Stiles ligou o carro e entrou. Quando percebeu que a menina ainda estava do lado de fora, buzinou.

— Vai ficar aí parada? Se quiser eu te deixo aí.

Claire saiu daquele leve transe, se lembrando de que seu pai queria que ela chegasse logo. Ela ainda estava bem confusa, mas, ao menos, aquela sensação de culpa dentro de si parecia ter amenizado.

Ela entrou no carro e Stiles deu a partida.

O trajeto foi feito em um silêncio bem estranho, os dois se sentiam um pouco envergonhados depois daquela conversa. Por algum motivo novo para ela, Claire não conseguia olha-lo diretamente e fez o máximo possível para não fazer. Ficou o tempo todo olhando a paisagem pela janela de vidro até sentir seu pescoço doer e mesmo assim, não se virou. Assim, quando chegou em casa, não disse nenhuma palavra de despedida para Stiles e saiu do carro.

— Oi filha – seu pai a saudou quando ela entrou.

John Roberts estava na cozinha fazendo alguma coisa que cheirava bem.

— Que cheiro bom – a menina comentou – Tem para mim?

— Tem sim. Ah e recebi boas notícias hoje de tarde.

— O quê? – a menina largou sua mochila no sofá e sentou-se em uma das cadeiras da cozinha.

— Seus irmãos vão vir no próximo fim de semana.

— Sério?! – a menina sorriu. Fazia bastante tempo desde que não via aqueles dois.

— Sim, eles terminaram as últimas provas do semestre e vão ter alguns dias de folga.

— Que bom.

O resto do dia para Claire foi o mais normal possível. Jantou, fez seus deveres de casa e ficou assistindo tevê. Sempre evitando pensar naquela conversa esquisita dela com Stiles, mas assim que chegou o dia seguinte, sabia que não podia fazer aquilo para sempre. 

Apesar de fazer questão de acordar cedo, para seu pai não ligar para Stiles pedindo carona, ela se arrumou para a escola decidida a encarar aquele problema.

Vestiu sua roupa e colocou seu uniforme dentro da mochila para o treino.

Quando desceu as escadas, seu pai foi o primeiro a estranhar a atitude.

— Acordada e arrumada tão cedo sem eu ameaçar? Quem é você e o que fez com a minha filha?

— Engraçadinho – disse Claire se servindo de torradas e suco – Apenas acordei cedo.

— Ok, então.

— Hoje eu tenho treino viu, vou ficar até mais tarde.

— Tá bom, tome cuidado na volta e se puder volte com o Scott.

— Ai, pai, ele tem o emprego dele se esqueceu? Não pode vir me deixar a qualquer hora.

— Então venha com Stiles.

— De jeito nenhum.

Seu pai suspirou.

— Que menina birrenta.

Mas Claire não tiraria sua decisão da cabeça. Ela escovou os dentes depois de comer e foi para a escola a pé.

Realmente era mais rápido indo de carro ou moto, mas também não era impossível indo a pé. Além disso, Claire gostava da sensação de caminhar pelo ar frio da manhã, a fazia relaxar. E agora mais do que nunca ela precisava relaxar.

Enquanto caminhava viu carros e ônibus passando por ela, mas não viu o jipe do Stiles. O que era um mínimo alívio. Ela preferia encarar o garoto depois que tivesse chegado a escola.

Passados mais vinte minutos, ela finalmente chegou ao colégio. Os alunos conversando, guardas a postos, os carros estacionando e a barulheira deixaram Claire mais desperta e corajosa. Ela gostava da escola, apesar de tudo, gostava da energia dali.

Foi até o seu armário e encontrou Amanda parada ali.

— Oi – disse Claire.

— Já chegou? – Amanda se surpreendeu – Nossa, eu estava esperando você chegar, tipo, daqui a uns quinze minutos.

— Uau, é incrível essa visão que você e meu pai têm sobre meus atrasos. Só acordei mais cedo que o costume, acho que fiquei ansiosa pelo treino.

— Hum.

Claire pegou seu livro de matemática do armário e colocou na mochila

— Você fez toda a tarefa de matemática? Teve uns exercícios que eu não consegui fazer.

— Acho que fiz tudo – disse Claire – Não me lembro direito, estava com pressa para terminar.

— Ai, ai, o ano apenas começou e já estou perdida. Você vai marcar um dia para ir me ensinar.

— Ok, mas esse fim de semana não vai dá.

— Por que?

— Meus irmãos vão ir lá para casa, eles tiraram uns dias de folga da faculdade.

— Ah, ok.

— Pode ser amanhã se a treinadora Ruby não pedir um treino extra.

— Então está combinado. Ah, olha lá os meninos.

Claire se virou e viu Scott e Stiles se aproximando. No mesmo instante ela quis sair de fininho dali, mas resolver ficar e tentar tirar aquela sensação ruim dela. Ela sentia vergonha, mais exatamente um tipo de vergonha ruim, quando se lembrava da conversa do dia anterior. Afinal, não era como se ele tivesse dizendo que Stiles era um total covarde, não era aquilo que ela queria dizer.

Eles chegaram mais perto e Scott cumprimentou as meninas.

— Oi Claire, Amanda.

— Oi Scott, como vai o time de lacrosse.

— Ah, está tudo legal, vamos ter o próximo jogo logo.

— É, nós também logo vamos jogar contra outra escola. Mas enquanto não chega o jogo, tenho é que me preparar para matemática. Eu estava fazendo Claire me ensinar, mas parece que ela não quer.

— Mentira!

Amanda riu da indignação da amiga

— Pelo menos ela não pensa mal de você – disse Stiles baixinho.

— O quê? – Claire se virou para o garoto.

— O quê?

Ele arqueou as sobrancelhas, como se não tivesse provocado a agarota, mas Claire tinha ouvida a frase muito bem. A exatamente um dia atrás, ela teria brigado com ele na mesma hora, mas ao se lembrar que naquele momento ele carregava muito mais que insultos dela,  ela se calou. Apenas se dignou a revirar os olhos.

Os três ficaram meio surpresos pela reação dela

— Está de bom humor Claire? – Scott perguntou. Ele tinha ouvido o que Stiles havia dito, apesar de não ter entendido muito bem o motivo, e achava que a menina iria brigar. Mas não.

Claire novamente revirou os olhos – Eu vou para classe antes que mais alguém me provoque.

Ela jogou sua mochila nos ombros e saiu dali.

Com aquela pequena e provocativa conversa, Claire sentiu um pouco daquele ar estranho sumir entre ela e Stiles. Com certeza eles logo voltariam a se alfinetar. Ao menos, ela esperava.


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Notas finais do capítulo

E aí??



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