Cartas para Adélia escrita por Nina Strain


Capítulo 1
Prólogo — Simplesmente Adélia.


Notas iniciais do capítulo

Apenas um pouco sobre Adélia e o seu primeiro desafio. Agradeço a todo apoio das pessoas do grupo do Nyah! :3



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Era impossível negar a beleza de Paris, principalmente ao anoitecer, afinal, as luzes de diversas colorações davam ainda mais vida para aquele lugar maravilhoso. A torre Eiffel, como sempre estava com sua magnífica iluminação dourada, mas naquela noite, algo diferente a deixava ainda mais bela, as lanternas. Mas, nós não iríamos falar sobre algum casal feliz ou sobre uma nerd que esbarra com o popular e se apaixona, para ser franco com você a nossa pessoa “tema” não estava entre as pessoas que soltavam as lanternas, ela nem ali estava; pois, naquele exato momento, a nossa garota foco apenas visualizava aquilo tudo da janela de seu apartamento, no escuro que recebia a fraca iluminação do festejo que ocorria, com os ombros protegidos por um cobertor branco que era segurado pela mão canhota, ela expressava cansaço, e sua única companhia no momento era um gato negro que estava próximo a suas pernas.

Bem, conheça a nossa amada protagonista, Adélia Ainsworth.

Sábado, Cafeteria Le Fumoir, 09:31 AM.

A mesa? Impecável. O dia? Estava perfeito. O horário? Havia chegado lá no horário em ponto, ao contrário daquele que lhe chamará para tomar um café. A morena fitava a tela do celular em um momento, e no outro fitava a entrada, enquanto fazia movimentos nervosos com a mão. O motivo do nervosismo? Até o momento desconhecido, afinal, nem ela sabia o porquê de estar tão nervosa, era só mais um encontro com seu irmão. Seus fios castanhos estavam presos em um coque, com algumas madeixas a frente de sua face alva, havia escolhido uma camisa branca, sem mangas, mas de tecido fino, enquanto o de sua saia azul marinho já era mais grosso, e por fim uma sapatilha bege para finalizar tudo.

E, quando desviou o olhar para a entrada pela última vez, finalmente o encontrou com o olhar. O albino sorria para si, acenando e logo caminhando em sua direção, e logo se sentando, pondo seu sua jaqueta no banco disponível ao seu lado.

— Adélia! — Falou, curvando-se um pouco para frente e beijando a testa da morena. — Bom dia.

— Bom dia, Lysandre. — Timidamente falou a morena, arqueando os lábios em um sorriso. — O que queria falar comigo de tão urgente que precisou de minha presença aqui? — Perguntou, ainda o olhando.

— Sim! Agradeço por me lembrar, mas antes quero saber como estás e quero fazer os nossos pedidos. — E o sorriso estampado na face de Lysandre pareceu não querer sair, já que até chamando a atenção do garçom ele sorria. — Dois croissant de chocolate e dois cappuccinos, por favor.

O garçom anotou, e logo retirou-se após uma breve reverência.

— Como foi a virada do ano? — Perguntou o albino, pondo os cotovelos sobre a mesa e curvando-se um pouco mais para frente. Adélia revirou os olhos apenas com a pergunta.

— Eu não fui a festa com o Nathan. Eu fiquei em casa. — E Lysandre teve sua vez de revirar os olhos. — Lysandre, eu não gosto do Nathan, não pode me obrigar a sair com ele toda vez que ele pedir!

— Não é nem pra eu te convencer a ir ou forçar você, Adélia, você deveria ir pro vontade própria! O Nathan é legal, te trata bem, e já fez de tudo para mostrar que gosta de você! Sabe quantas garotas do colégio fariam de tudo para ter o Nathan em mãos? — Repreendeu o albino, desfazendo o sorriso e fitando seriamente a Adélia. — Adélia, você já vai completar dezessete, eu sei, tem uma vida pela frente, tem os estudos que ama, e que não vai se casar agora. Mas já pensou em enfrentar tudo com alguém ao seu lado? Um namorado, vamos dizer.

— E por que eu preciso enfrentar a vida com um namorado quando posso muito bem enfrentar sozinha? — Adélia soltou um suspiro após a sua fala. — Lysandre, eu apenas não encontrei o rapaz certo.

— Mas o Nathan é o certo! Nossos pais gostam dele, a família dele gosta de você, e se nossas famílias juntarem negócios os lucros vão crescer cada vez mais! — Adélia arregalou os olhos pela forma qual seu próprio irmão dizia aquilo, parecia tão comum.

— Então eu devo me casar por dinheiro? É isso?! — Adélia não aumentou o tom de voz, proferiu as palavras com seriedade, enquanto ainda o encarava.

— Não Adélia, eu fiz apenas uma suposição! — Ele suspirou, levando sua palma destra até os olhos, os esfregando. — Nathan me pediu para te convencer a ir passar o final de semana com ele e a família dele, na casa de verão. Eu não vou aceitar um não como resposta!

Adélia semicerrou os olhos, e no exato momento em que ia reclamar, o garçom se aproximou, pondo os pedidos sobre a mesa, e logo em seguida se retirou.

— Por favor Adélia, eu peço para que apenas tente conhecer um pouco do Nathan, ele é inteligente, curte música clássica, gosta dos mesmos livros que você. Vocês tem os mesmos gostos, tenho certeza de que se entenderiam. — Proferiu Lysandre, mais calmo novamente fitando a irmã.

— Vai parar de me atormentar? — Adélia falou, arqueando uma sobrancelha, enquanto Lysandre abria um sorriso. — Eu vou. — Falou por fim, pegando a xícara de cappuccino, levando-a até os lábios.

— Agora posso te contar o que realmente vim dizer. — Lysandre falou, pegando a xícara com a palma canhota. — Eu vou pedir Juliet em casamento.

Naquele momento, foi como se tudo ao redor de Adélia paralisasse, ela arregalou os olhos novamente, enquanto manteve seu olhar fixo ao do seu irmão.

— O que disse?

Segunda-feira, colégio Warren, 07:23 AM.

— O Lysandre enlouqueceu?! Ele só namora a Juliet a três anos! E ela é chata pra caramba!

Falou a ruiva sentada na mesa ao lado de Adélia, poucos alunos já se encontravam dentro da sala mesmo faltando poucos minutos para o início das aulas. Era o primeiro dia de aula do ano, é comum que maioria deles fossem novatos. Adélia estava com a face encostada na palma da mão, com os olhos fechados, aparentava cansaço. Ao seu lado estava uma ruiva de cabelos curtos, seus cabelos alaranjados formavam pequenos cachinhos em suas pontas, e sua face estava cheia de sardas, que junto de suas íris esmeraldas deixavam-na ainda mais bela.

— Eu sei, tentei convencer ele a desistir, mas ele disse que vai pedir ela assim que terminar a faculdade esse ano, por acaso vai ser no dia da nossa formatura. Que último ano colegial feliz... — Em desânimo a morena proferiu, enquanto a ruiva permaneceu inquieta na cadeira. — Clarie, cadê o Erik?

— Ele ta na turma dele, a Yolanda pediu que ele fosse mais cedo e acompanhasse ela. — Falou Clarie, dando ombros. — Nossos irmãos dão na mesma merda.

Adélia permaneceu calada, com os olhos fechados, quase caindo de sono ali mesmo. Clarie suspirou, levantando-se e desviando o olhar para a porta, qual foi aberta por um homem alto, com pastas em mãos.

— É o Bellark. — Murmurou Clarie, deitando o rosto em sua mesa.

— Que começo de ano maravilhoso. — Ambas falaram em uníssono.

Segunda-feira, colégio Warren, 11:45 AM.

— Adélia, não vem com a gente? — A ruiva perguntou, e a morena apenas fez um movimento de negação com a cabeça. — Até amanhã então! — Falou a ruiva, acenando.

O corredor estava literalmente vazio com a ausência de Clarie e com exceção do rapaz encapuzado a sua frente, Adélia caminhava calmamente, passou pelo rapaz sem nem se importar de olhar sua face, ela só tinha um destino, e ali parou, em frente ao seu armário. Com o braço direito, apoiava os livros contra o seu peito, e com a destra a abriu, e quando o fez uma carta caiu. Ela se agachou, com expressões curiosas em sua face, mas pegou a carta branca, qual seu nome estava escrito por belas letras.

Para Adélia. — Leu, pondo os livros de volta ao armário, fechando a porta, ainda a lendo. Ela abriu o envelope assim que teve ambas as mãos livres, retirando de dentro o papel.

“ A hora chegou.
O mesmo relógio que bate
Acaba de sumir
Mas será que notou
Que algo falta ali?
Provavelmente não
Digo eu por si
Pois só agora notou
Que seu colar não está mais ai.
Quer recuperá-lo?
Lhe proponho um desafio.
Vá até o parque,
E se lembre de alguém
Bem presente em sua infância.

Afinal, minha cara Adélia, para vivenciar o presente é necessário que reviremos o passado algumas vezes.

De seu admirador amado secreto.”

— Colar...? — Se perguntou, olhando para o pescoço, e seguidamente para o espelho dentro do armário. — Mas onde está?! — Exclamou assim que notou a falta do colar de sua mãe em seu pescoço. — Mas eu o coloquei hoje de manhã... E caminhei por corredores movimentados, por isso o coloquei no armário... Aquele garoto!

Falou, soltando a carta naquele mesmo momento e correndo até o fim do corredor, por mais inútil que fosse.


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