Com as malas arrumadas sobre a cama, Daenerys pedia para que tudo fosse enviado para sua carruagem, havia chegado a hora de ir embora para Winterfell. Jon disse que seria um bom ponto para arregimentar formas de obliterar o avanços dos White Walkers e assim iniciar uma batalha. Era hora de mostrar porque era uma rainha digna de seu povo, que era uma Targaryen desta terra e não de terras distantes e desconhecidas.

Jon entrara com seu rosto cansado, muito mais pela dor da partida, do que pelos preparativos daquela noite. Beijou-a e a abraçou. Lágrimas dos olhos dela correram de saudades do que deixaria. Jon aninhou a cabeça da esposa em seu peito e a embalou por algum tempo, no silêncio, nada era mais eloquente que aquela dor. A dor de uma mãe.

Tyrion buscou as crianças em ambos os quartos e as levou para o quarto do rei e da rainha, precisavam de um tempo para se despedir adequadamente dos pais.

Eles entraram com olhares tão chorosos que partiam o coração dos pais. Os pais também choraram e os quatro se abraçaram. Por longos momentos ficaram ali com os filhos, imaginando como seria voltar pra casa e encontrá-los de novo, e nunca mais se separarem. A vida era por eles, tudo era por eles e mais ninguém. Jon beijou cada um dos filhos e olhou nos olhos de cada um deles tão fixamente, que seus filhos se acalmaram.

— Mamãe e eu, voltaremos. - Precisam me prometer com o coração de vocês, que cuidarão um do outro.

— Prometemos. - Disseram as crianças em uníssono, com a voz chorosa e pesarosa.

— E não se preocupem, Viserion ficará aqui para proteger vocês, assim se sintam seguros e nada de ruim acontecerá. Certo? - Dany sorriu em meio às lágrimas, passou as mãos nos cabelos dos filhos.

— Creio que esteja na hora de irmos dormir. - Disse Jon, afinal. - Eu e mamãe fazemos questão de dormirmos todos juntinhos. - Antes do amanhecer teriam que ir embora e seria essa a noite para dormir com as crianças em sua cama.

— Sim, vão colocar seus pijamas e venham para a cá para que possamos dormir abraçadinhos. - Ela apressou os filhos que foram correndo.

—Não comeram essa noite e nada pode convencê-los de que deveriam jantar. - Disse Tyrion com um suspiro.

—Poderia pedir um lanche aqui no quarto, por favor? - Disse a rainha ao intendente ao lado de Sua Mão.

—Daqui dois dias devem encontrar Sansa Stark, em Winterfell. Todo o estoque de proventos e provisões para os próximos meses ou anos. A viagem está guarnecida fortemente e por favor, voltem para a casa com urgência, essas crianças me deixarão certamente maluco em poucos dias. - Os pais riram para amenizar a dor.

Depois de lancharem maravilhosamente bem, e dormiram todos juntos, estavam abraçados uns aos outros e em família.

Não demorou muito para que Dany e Jon precisassem partir, a com a visão dos filhos que dormiam um sono profundo, os beijaram, sussurraram palavras de amor e carinho e se foram entre prantos. O caminho parecia mais frio que o de costume, ela se amparava no abraço do marido, tentando conter o coração partido. Entraram na carruagem, e aos poucos, foram deixando a cidade. O coração de Daenerys pareceu se apagar. Lembrou-se de quando chegou ali, tirando Cercei do poder, de quando começara a trabalhar o carinho do povo, quando conheceu o marido e alcançou a paz. Seus filhos, pelos deuses, amava-os de todo o coração e estava os deixando. Olhou para o marido com os olhos marejados, e mesmo na penumbra da carruagem, ele percebeu e foi até a pequena cama, para tomá-la nos braços.

— Não chore, não te quero triste. Sabe que voltaremos, porque está chorando pelo que não vai perder? - Ele disse suavemente.

— Jon, tenho tanto medo. - Ela soluçava. Ele poderia sentir a dor nas palavras, a incerteza. Nunca tivera medo de morrer, nem na hora da sua morte real. Ele depois de um tempo, não sentira a dor, e certamente não como a que sentia agora.

— Eu estarei aqui quando tiver medo, meu amor e sei que estará por mim quando eu tiver. - Ele levantou seu rosto com o queixo. - Seremos atalaia um do outro, sim? - Ele juntou sua testa na dela e fez uma prece breve, porém cheia de significado, por amor a aquela que lhe fez realmente voltar a viver, ainda não sentisse que jamais achasse que tinha vivido antes, pelo menos não uma vida tão cheia de sentido.

— Sempre e para sempre. - O beijou com fervor e reforçando o voto de ser sua esposa, sua companheira, salvariam juntos todo o reino, pois sabia que era o seu destino e estava destinada à Jon, destinada a lutar junto dele.

— E afinal tenho certeza que temos filhos lindos e bem criados, são as melhores crianças que alguém pode conhecer e os melhores filhos que poderíamos ter. E obrigada por me fazer um pai e um marido.

— Jon, foi você quem me deu as coisas mais importantes da minha vida, você me deu um lar quando eu tinha um país, apenas. Até eu realmente saber o que isso significava, percebi que não tinha um trono a perder, entendi que havia muito mais que isso e muito mais do que não ter o poder. - Ela ficou nariz com nariz com o marido, por um breve silêncio, olhando-o apaixonada, sentindo-o perto. - Como poderia ter isso sem você? Sem que tivesse quase invadido o meu castelo e meu coração?

— Eu não tinha a intenção de me apaixonar, eu acreditava que o amor machucava, até que eu a conheci e eu soube que queria você. - Ele a beijou. - Vamos voltar, e vivermos como você quiser, é minha rainha e o mundo será como você decidir que ele será. - Beijou-a apaixonadamente como que quisesse aplacar as incertezas com o calor dos gestos, mais do que as palavras.

A viagem seria longa, porém tentariam encontrar um ao outro o descaso no conforto um nos braços do outro naquela noite cheia de dúvidas que viviam. O amor precisaria prevalecer sobre o medo do inverno e o medo de perderem tudo o que tanto amavam.