Passados e um Milagre escrita por Sweet CupCake


Capítulo 1
Capítulo 1, Bênção


Notas iniciais do capítulo

Boa noite c:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671223/chapter/1

Aquela simplesmente era a vista mais bonita que já tinha visto. Fechou os olhos e sentiu como a brisa batia levemente em suas bochechas enquanto assoprava os teus cabelos gentilmente. O calor do sol já estava fraco, porém ainda conseguia senti-lo um pouco, era como o aconchego dos braços de sua mãe quando era mais novo.

Sentando-se na areia quente perto do mar, observou como os pássaros voavam tranquilos ao redor daquele brilho tão ofuscante e belo do pôr do sol. Rabiscou primeiramente as ondas amigáveis, para depois começar com o céu que tinha mais detalhes e, por fim, o sol, que estava maravilhosamente incrível àquela tarde.

Deixou o caderno, o lápis e os óculos de leitura de lado, apoiando-se com os cotovelos sobre a areia, contemplando os minutos que ainda restavam para o fim do dia e o começo da noite. Iria fechar os olhos, porém algo o acertou na cabeça. Uma bola, estranhou. Olhou ao redor e tomou um susto quando um garotinho apareceu a seu lado. Era Thomas, um dos meninos de um orfanato que visitava de vez em quando para dar aulas de desenho. Ele é mudo.

- Tom, o que faz aqui? – Indagou, um pouco preocupado.

- Estou matando um passeio. – Respondeu com libras, rindo em silêncio, apontando para uma freira que o procurava e chamava.

- Não pode fazer isso! Sabe que é perigoso! – Repreendeu e Thomas baixou a cabeça. – Venha, eu te entrego. – Levantou e pegou suas coisas, indo em direção à freira. – Irmã Íris! – Saudou.

- Santa mãe. – Fez a cruz. – Graças a Deus você está bem, querido! – Puxou-o para si. – Boa tarde, Aiden! Como vai? – Estendeu a mão, recebendo de volta o cumprimento.

- Vou bem e vocês?

- Também. Quase todas as crianças estão sendo adotadas e isso é de muita satisfação e alegria, não acha? – Riu alegre. – E a faculdade?

- Está indo bem. Logo irão nos dar um trabalho para nos formar, ainda não fora dito o que, mas receio de que não será fácil. – Riu.

- Tenho certeza de que conseguirá, Aiden! Tenha fé. – Sorriu. – Bem, temos que ir. Dê tchau, Tom.

- Tchau, Aiden. – Despediu-se com as libras, por fim o abraçando e sorrindo antes de partir.

O maior teve acervo de alegria ao receber aquele carinho tão sincero de Tom. Observando-o partir com as outras crianças, não soube descrever o que sentiu. Pensou um pouco e enfim foi para casa, amanhã seria dia de avaliação final e nunca que poderia faltar ou chegar sonolento.

. . .

O dia começou bem cedo para Aiden. Queria se preparar logo para conseguir pegar o ônibus antes que todos e ainda dar tempo de tomar seu café. Ligou para sua mãe e a desejou um ótimo dia. Como a velhinha já estava em precariedade, tentava ser ainda mais presente em sua vida para não ter o risco de ela partir sem pestanejar.

Suspirou nervoso e seguiu caminho afora. Mesmo estando cedo, o sol já estivera acordado há um tempo e a maioria de Malibu também. Respirando fundo até o ponto, não se despercebeu por sua vista que um garoto aparentemente mais jovem estava sentando na calçada, com expressão de poucos amigos. Tentando ser amigável, saudou-o com um caloroso bom dia.

O garoto virou o rosto em câmera lenta, aparentando estranhamento, e respondeu ao cumprimento suavemente, com outro bom dia, limpando as lágrimas que por seu rosto corria. Um silêncio fúnebre impregnou-se no ar e Aiden não conseguiu conter sua nota de preocupação, sentando ao lado do mais novo.

- Perdoe-me pela intromissão, mas. . . – Procurou as palavras certas. - . . . Porque da dor? – O outro visou Aiden de cima a baixo e virou o rosto novamente, respondendo sem delongas.

- Algo muito ruim ocorreu ontem. – Deu pausa. – Meus pais morreram em um incêndio na nossa casa. Os corpos foram encontrados, porém inconscientes. Os médicos levaram-nos para exames no hospital, porém não sobreviveram. Um médico me examinou também e descobriu que minha depressão voltou, pois meus pai brigavam muito e meu pai havia voltado a beber. Todos suspeitam de que esta fora a razão para a morte deles e, com esse fato, minha doença vai piorar. – Relatou. Estava tão sóbrio que não era possível acreditar no tal. Como algo tão deplorável podia deixá-lo sério, assim? Eu já estaria desabando., pensou Aiden. Mesmo de coração partido, quis saber.

- Sem querer ofendê-lo, poderia lhe fazer uma pergunta? – Hesitou.

- Sim. – Respondeu simplesmente, secando mais lágrimas.

- Como consegue estar de tal forma diante de. . . T-Tudo isso? – Sentiu um ligeiro queimar em suas bochechas.

- . . . – Ficou sem palavras. Queria muito colocar todo o teu sentimento para o exterior, mas se o fizesse, ficaria ainda pior. - . . . P-Porque. . . – Tua voz já não se era ouvida como antes, estava trêmula e melancólica.

- Perdão. – Pediu Aiden. – Sei que fui duro em fazer esta pergunta. Não precisa me responder, afinal, acabamos de nos conhecer. – Sorriu docemente, levantando-se para subir no ônibus que acabara de chegar. – Lamento por tua perda. Se necessário, estarei aqui para ajudá-lo no que for preciso. – Acenou suavemente e subiu, mas antes de seguir estrada, decidiu falar. – A propósito, meu nome é Aiden. – E assim partiu.

. . .

Em algumas horas, havia saído da faculdade. O trabalho era algo inusitado e novo para todos os formandos presentes. Eles deveriam tratar e tentar curar um paciente com uma doença crônica enquanto faziam uma redação sobre esse tempo até o final do ano. A princípio, Aiden não soube definir o que faria, porém, lembrou-se do garoto do ponto de ônibus e um sorriso leve surgiu em teus lábios.

Pensou nisso enquanto ia até o orfanato de Thomas para rever a todos os moradores de lá. Seria dia de lecionar, mas algo lhe dizia que seria talvez a última aula que daria por lá, vendo que apenas três crianças acenavam para um garotinho que estava por partir do orfanato.

- Irmãs! – Acenou simpático e irmã Íris o cumprimentou com alegria, seguida de Thomas, que fora correndo abraçar o mais velho. – Como vai, amigo? – O pegou no colo e bagunçou seus cabelos cor de mel.

- Muito bem! Estou tão feliz de vê-lo, Aiden! – Expressou com gestos tão alegres, que era como se este tivesse voz.

- Eu também estou, Tom. – Sorriu. – Estou feliz de ver todos vocês.

- Nota que há bem menos crianças do que da última vez, senhor? – Irmã Íris contava feliz enquanto o guiava para dentro.

- Percebi. – Sua voz não estava tão feliz.

- O que há de errado, Aiden? – Perguntou a beata, demonstrando preocupação.

- Estás a sofrer? – Perguntou Tom com um bico, fazendo o mais velho rir levemente.

- Não. Será que. . . Poderíamos conversar a sós, irmã? – Fez sinais à Íris que concordou, então entregou Thomas à outra freira e foram até sua sala.

O lugar tinha cada centímetro organizado como se um anjo sempre estivesse por ali, vigiando e organizando. Haviam muitos armários com portas de vidro e muitos livros guardados. Pelas estantes, terços, anjos e santos. Era tão bonito. Quem entrava por ali sentia-se suave e reconfortado, porém Aiden não conseguia mais sentir-se assim com o que poderia acontecer.

Sentou-se à frente da mesa do escritório e suspirou pesadamente, organizando algumas coisas sobre esta. Irmã Íris fechou a porta e, reparando no que o mais novo fazia, repreendeu de supetão.

- Aiden! Você já havia melhorado muito! – Guardou os lápis que o outro organizava quase que doentio.

- Perdão. – Seu olhar baixou e, sem perceber, deixou teus sentimentos se escaparem em meio a um choro. Sentia-se sozinho. Irmã Íris fora correndo para seu lado, o abraçou carinhosamente.

- Aiden. . . Querido, você não fez mal. – Reconfortou docemente.

- Não é por isso que estou assim. . . Há tanto acontecendo que apenas guardei minha dor e agora. . . Não consegui mais segurar. – Respirou fundo. – Minha mãe pode morrer logo, irmã. E Thomas. . . E Thomas pode ficar sozinho para sempre!

- Acalme-se, acalme-se, Aiden. Tudo vai dar certo. Sua mãe já está em um estado péssimo, tenho certeza de que não terá forças para machucar Tom. – Sorriu.

- Porém, tia, é que se ela teve coragem de abandoná-lo dentro de uma caixa imunda com apenas um mês, tem coragem para matá-lo! – Despercebeu seu tom de voz e logo sentiu-se mal. – Perdão, irmã. E-Eu. . . E-Eu acho que é melhor eu ir embora. Com licença. – Secou as lágrimas com as mangas da blusa e fora saindo do orfanato.

- Por que ele saiu assim, irmã? – Perguntou Tom, decepcionado, ao ver Íris descer as escadas apressada. A mesma apenas olhou para o menor incerta do que dizer.

. . .

No dia seguinte, Aiden continuava pensando na discussão que tivera com Íris. Estava tão triste, incerto, inseguro, confuso. . . Ele podia não saber, mas a freira levava sempre em conta o passado do rapaz, que fora tão difícil, que ainda sofre todo o dia com isso, mesmo tendo passado tantos anos.

Seu coração doía cada vez mais profundamente, fazendo-o sentir vontade de chorar mais uma vez. Bufou de angústia e chutou uma lata qualquer que entrou no seu caminho, levando-o a um depressivo todo machucado.

- Ei, o que houve!? – Perguntou, deixando teus problemas de lado.

- Fui seguido por uns maus colegas da minha escola e. . . E-Eles me bateram, socaram e me humilharam. – Gemeu o menor.

- P-Puxa, não pude deixar de reparar o quão está magro! Não pode ficar aí jogado no chão!

- Para onde eu mais iria? A-Aqui é minha casa. – Apontou.

- Pior ainda. Agora esses valentões sabem onde mora. – Um silêncio se formulou e Aiden tivera uma ideia. – Venha, já sei onde pode ficar, eu te ajudo. – Levantou. Tentou ajudá-lo a se erguer, porém este não tinha forças e o jeito fora levá-lo no colo mesmo.

O maior estava sendo muito mais prestativo do que costumava ser, tinha total certeza de que este tempo a passar com o rapaz seria de total produtividade e responsabilidade afinal, ele não tinha mais ninguém com quem contar. Talvez Aiden fosse seu único amigo enfim.

- Chegamos. – Anunciou o mais velho.

- É-É a sua casa? – Perguntou o outro com voz rouca.

- Sim, é. Mas agora é a sua, por enquanto. – Sorriu, gostando da ideia.

Entraram em silêncio e Aiden levou seu hóspede para o devido quarto, onde este ficaria. Era aconchegante. Havia uma varandinha com portas de correr de vidro, uma cama de casal com roupas de cama em tons esverdeados e claros, criados-mudos nos ambos lados da cama com abajures sobre, uma cômoda de madeira escura com espelho sobre na parede e um banheiro ao lado da porta de correr.

O menor, mesmo sem forças, parecia animado com o quarto. Tão lindo e aconchegante que era quase inacreditável. Naquele momento, Aiden se parecia muito com um anjo para este, sendo possível duvidar um pouco.

- E então? Gostou? – Perguntou alegre, ainda o segurando.

- É. . . Incrível. Não posso ficar, irei dar trabalho. . . Nós nem nos conhecemos!

- Qual é o seu nome?

- Brian. – Respondeu rouco.

- Agora nos conhecemos. – Gargalhou. – Não tente escapar, Brian. Você está doente, machucado, desnutrido e sozinho. É o mínimo que devo fazer. Agora venha, irei lhe dar banho.

- O-Oque? – Ruborizaram-se suas bochechas.

O maior nada disse, apenas o levando para o banheiro da suíte. Tirou primeiramente sua blusa, depois fora a calça e cueca, por fim abrindo a água da banheira e o colocando dentro. Aiden o ajudou com tudo, porém o menor sempre tentava fazer sozinho por vergonha e também pelo fato de o mais velho não ser totalmente um conhecido.

Acabando o banho, Aiden o enrolou numa toalha e carregou até a cama, onde deixou até pegar algumas roupas suas para que se vestisse. A parte da troca fora por conta do teimoso Brian. O maior deixou que se trocasse e fora cuidar de preparar um almoço reforçado para o rapaz, logo após cuidando dos seus ferimentos.

. . .

Aiden e Brian jantavam juntos como se fossem velhos amigos. Riam de piadas bobas e contavam histórias estranhas de poucos momentos alegres de seus passados. Comiam juntos na cama para que o menor se sentisse mais confortável. Em meio a uma última risada, um silêncio se impregnou no ar.

- Brian, eu tenho um pedido para lhe fazer, porém não sei se pode aceitar. Vai achar que estou fazendo isso apenas por causa do que vou dizer. – Comentou o ruivo, brincando com a comida, repentinamente desanimado.

- Pode pedir. Nada mais me ofende. – Fitou o mais velho, que ficou um pouco tímido.

- B-Bem, é que minha faculdade já está no último ano e, o nosso professor nos deu um trabalho para que tratássemos ou curássemos um paciente até o final do ano e ainda fazer uma redação sobre este período. – Esperou receoso pela resposta do menor.

- Está bem, serei seu paciente. – Disse enfim com seriedade. Aiden se assustou.

- N-Nossa, rápido. – Riu de canto. Percebendo que o moreno já não estava mais de papo. – Certo. . . Hora de recolher os pratos. – Ia os pegando quando Brian resolveu quebrar o silêncio.

- Aiden, podemos conversar um pouco? – Perguntou este, tão suave que o reconfortava de alguma forma.

- Claro. C-Claro que podemos. – Sorriu e colocou os pratos sobre a cômoda, sentando na cama.

- Porque se interessou tanto por minha doença?

- Ora, me identifiquei com você. Nossa história é parecida, encantei-me logo que te ouvi contá-la. São tristes, porém superáveis. Vê como estou, quase não aparento dor ou rancor. – Disse singelo, um pouco chateado.

- Mesmo? Pois eu vejo seu rancor sempre que miro sua face. – Ressaltou, surpreendendo Aiden. – Seus olhos são dourados como o mel, mas sua alma sóbria como a solidão. – O ruivo parecia encantado com tais palavras deste. – Pode sentir-se melhor após desabafar, talvez. Assim como eu fiz. – Recordou.

- Está bem, eu conto. – Suspirou. – Quando minha mãe e minha tia eram moças, meus avós lhe mostraram com orgulho as gerações passadas no álbum de fotografias, onde a maioria dos homens se tornava padre e as mulheres freiras, não podendo gerar filhos, mas sim, adotar. Minha tia, com alegria, mesmo antes de ver o álbum, já se encantava com a ideia de ser freira, sempre muito fiel a Deus. Já minha mãe, teimosa, resmungava e berrava, tentando fugir das aulas de freira. Vestia-se como uma vadia para provocá-los e vivia burlando as regras, logo crescendo e indo à várias boates sem permissão. Certo dia em especial, acabou conhecendo meu pai, que a levou para o mau caminho, engravidando-a. Meus avós, sabendo do indevido, tiveram um enfarto e acabou minha tia, mesmo sendo mais nova, a responsável por minha mãe. Depois de uns quatro meses, minha mãe passou a usar drogas e a beber, incentivada por meu pai. Chegava sempre bêbada em casa, completamente irritada. Minha tia aguentou, teve paciência, orou, porém teve uma noite em que saiu do limite e expulsou minha mãe de casa, nunca mais se falando. Louca da vida, minha mãe continuou a não seguir as normas de boa moça, passando-se nove meses em precária. Quando eu já estava prestes a nascer, meu pai sumiu de vez, não querendo cumprir seu papel paternal. Acabei nascendo em casa mesmo, sem nenhum cuidado médico, porém saudável apesar de todas as consequências. Mesmo quando nasci, minha mãe continuou sendo má e irresponsável, me abandonando diversas vezes para sair, fumar e beber. Passei anos vivendo sem mãe, esperando-a chegar bêbada, suja e ainda me bater antes de dormir. Chorei todas as noites até os sete para enfim encontrar uma luz. Quando voltava da escola, passei em frente a igreja e ouvi alguém cantar baixinho alguma música religiosa, mas como o eco era alto, podia-se ser ouvido. Perguntei se podia entrar e a mulher sentada lá na frente me convidou para orar com ela, era minha tia. Desde aí que aprendi a ter fé e a confiar em Deus, que nem conhecia até então. Todo o dia depois da escola, passei a frequentar a igreja até o anoitecer e só descobri quem era a mulher após completar quatorze anos. – Ficou em silêncio.

- Puxa. . . Sua história é bem mais triste do que a minha. – Comentou Brian.

- Nem tanto. Tudo pode ser superado. E há ainda mais que não sabe, mas que porém vai descobrir. – Sorriu.

- M-Melhor dormimos agora. – Gaguejou o menor, ajeitando-se na cama.

- Está bem. Quer que eu fique aqui e. . . Espere você dormir? – Sugeriu Aiden.

- N-Não! – Gritou, logo se envergonhando. – Q-Quero dizer. . . N-Não precisa. Acho que não posso morrer dormindo. – Riu sem-graça.

- Hum, tudo bem. Então eu volto mais tarde ou você me chama, certo? – Sorriu acolhedor e Brian assentiu com a cabeça de leve.

. . .

Daquele dia, você se lembra bem. Véspera do seu aniversário, após o jantar, todos dormindo, você acordado e um pai amoroso. Desde aquele dia, cometemos o pior erro de nossas vidas e foi quando tudo começou a piorar. Lembro-me bem do que fazia quando adentrei o quarto. Lia um livro qualquer sobre ficção, atento à história. Tanto que nem me viu chegar.

Usava um short curtinho branco e uma camisa de mangas compridas de pijama na cor azul claro. Arrastei-me pelo chão e subi discreto na cama, deitando nela. Abri lentamente suas pernas e deitei a cabeça sobre seu colo.

- Oi pai. – Ironizou.

- Oi! – Rimos.

- O que está fazendo aqui? Não devia estar dormindo? – Me repreendeu.

- Eu que devo perguntar o porque de estar acordado! – Retruquei. – Enfim, vim vê-lo. Deixe este livro de lado, pois tem algo bem mais divertido para fazermos. – Tirei o livro de sua mão, colocando no criado-mudo.

- O que fazer às. . . – Olhou em seu relógio na parede. – 01:00 da manhã? – Arqueou uma das sobrancelhas.

- Ora, há muitas coisas que um pai e um filho podem fazer para passar o tempo! Tipo assistirem algo juntos, jogar algum jogo ou. . . – Sorrindo maldoso, subi mais por seu corpo e passei as mãos por baixo de sua camisa, depois as deslizando para dentro de seus short e por baixo de sua cueca, esfregando um dedo em sua entrada, o ouvi gemer.

- P-Pai. . . I-Isso é. . . I-Isso é errado. . . Hmm. . . – Gemeu. Sentia seu coração acelerar e seu corpo tremer, realmente sentia-se assustado e isso estava começando a me excitar. Não sei o que havia dado em minha cabeça para fazer aquilo, eu só tive vontade e então levei adiante.

- Calma, você vai gostar, confia em mim. – Lambi meus lábios. Vendo que seu membro começava a endurecer, decidi passar logo para o mais excitante. Tirei seu short e cueca rapidamente e comecei a masturbá-lo. Ele dava leves gemidos e se contorcia.

- P-Por favor pai. . . Para, eu não quero fazer isso! – Suplicou. – Eu imploro, por favor! – Lágrimas escorriam por seu rosto e eu apenas ri, tampando sua boca.

- Eu sempre esperei por isso, filho. E agora, não consegui me segurar. Você acha que ligo para o que pensa? O que eu quero é me satisfazer com um garoto de poucos anos, pois não pode fazer nada que me complique. E como está malcriado, terá agora o que merece. – Tirei sua camisa e a amarrei por entre seus dentes. Me despi completamente em um único estalo e posicionei meu membro por entre suas pernas, ordenei que cavalgasse.

Obedecendo-me, começou com leves movimentos de vai e vem com os quadris, logo aumentando e ainda murmurando súplicas. Com meu membro semi-rijo, ajoelhei-me no colchão e posicionei sua bunda sobre minhas pernas, colocando as dele por ambos os lados dos meus quadris.

Sem preparo, nem rodeios, comecei as estocadas. Eu ia fundo sem me preocupar com a sua dor ou seu sangue. Ele ainda era novo, muito novo e havia uma pequena parte de mim querendo parar para não feri-lo, porém a grande parte queria se satisfazer e se divertir um pouco. Meu membro grande para sua pequena entrada, a rasgava com precisão. Meu menino gritava com desespero e agonia, eu não sentia pena dele e muito menos dos lençóis manchados. Sempre tive o desejo de transar com ele após completar seus cinco anos, ele sempre fora ingênuo, então tirei proveito da situação.

Quando chegamos ao ápice, ele não aguentou e desmaiou. Já estava cansado e fraco, eu apenas o vesti e saí do quarto, como se nada houvesse acontecido.

. . .

- MEU Deus! – Acordou desesperado. Via-se pelo relógio que ainda eram-se quatro e meia da manhã. Seu coração estava acelerado, seu corpo trêmulo e os cabelos molhados de suor. Respirando fundo, observou lá fora que o mar estava tranquilo.

As ondas iam e vinham com certa graça que o chamou para o lado de fora. A areia estava quente e a água normal, dando para o de cabelos castanhos sentar-se ao pé da maré. As estrelas brilhavam como pequenos anjos o observando dos céus. Visto que uma estrela cadente passava, fechou os olhos com cuidado e pediu que Deus espantasse seu passado e trouxesse a sua felicidade. De repente, alguém vem e o beija na bochecha.

- Foi isso o que desejou? – Gargalhou o ruivo.

- Você é louco, quase me matou do coração. Eu já estou muito assustado por hoje. – Comentou amargamente.

- O que houve, Brian? – Perguntou o maior, sentando a seu lado.

- Tive um pesadelo horrível com o meu pai. Que aconteceu realmente, fora uma lembrança muito ruim que fiz de tudo para que não voltasse a me incomodar, porém tudo foi em vão e. . . Eu não aguento mais! – Explicou exasperado, indo mais fundo no mar.

- Não seu culpe, Brian. Isso só vai piorar! Você já anda para baixo, melhor se preocupar menos. Aonde está indo?

- Me desfazer daqui. É o único jeito de eu não sofrer mais. – De longe só se via a metade do seu tronco. – Foi esse o meu pedido. – Corou ao pensar no que o outro pudera ter imaginado.

- O QUE!? Ficou maluco!? - Berrou, correndo para perto do outro.

- Não me impeça, Aiden. Será até melhor! Um peso a menos para a sua vida. – Por sua voz percebia que estava chorando.

- Você está piorando dizendo isso! Eu quero muito te ajudar, Brian! E-Eu. . . E-Eu te amo! – Gritou sem pensar, fazendo o menor parar já com a água até a metade do braço.

- Como pode me amar sendo que nem me conhece direito? – Indagou choroso.

- Eu não sei! Só que sinto que posso confiar em você. Sua história parecida com a minha me encantou e encanta a cada segundo mais. Seu jeito tão triste e doce de ser ao mesmo tempo. . . São tão bonitos. . . – Confessava com lágrimas nos olhos. - . . . Se você morrer. . . Eu também vou. Nunca tive um amigo que fosse tão ligado assim em mim como você. Podemos nos ajudar.

- Perdão, mas terei que te magoar. – Dito isso, Brian se jogou no fundo da água, soltando a respiração. Aiden por sua vez mergulhou rapidamente e o pegou nos braços, levando para a areia. Mesmo sendo poucos segundos, havia aspirado muita agua e por isso estava inconsciente. Mesmo sem saber como, Aiden o fez respiração boca a boca, tentando tirar a água de seus pulmões, logo o menor acordou cuspindo água e tossindo bastante.

- Sabia que ia te salvar. – Riu o ruivo, dando um beijo terno no rapaz, que logo adormeceu.

. . .

Passaram-se os dias e não fora apenas um adormecer de Brian. Este já não acordava havia uma semana e Aiden estava sofrendo muito. Para piorar ainda mais as coisas, certa manhã que lamentava ao lado do menor, sentiu seu celular vibrar, recebendo uma ligação da irmã Íris. Saiu do quarto para a sala se estar.

Atendendo-a, não acreditou na notícia que a mais velha o contava. Sem conseguir dizer uma palavra sequer, jogou o celular através do vidro da varanda e tombou os cotovelos no sofá, chorando entre as mãos. Porque a vida estava o maltratando tanto? Esqueceu-se de visitar sua mãe por conta de toda a correria e acabou que a senhora havia morrido em meio a uma oração que fazia com sua tia.

Abalado e sem esperanças, pegou Brian no colo e o colocou no banco de trás do carro, indo para o orfanato. Tudo na rua estava parecendo triste como tudo o que acontecia com ele. Um passado tormentoso, mortes, um amor talvez impossível. As lágrimas escorriam por seu rosto enquanto dirigia angustiado, avermelhando seus olhos e embaçando sua vista.

Enfim chegam. O ruivo posiciona o espelho em direção ao menor e se entristece com sua visão adormecida. Descendo do carro sem alegria, tocou a campainha. Irmã Íris, saindo da porta, ao ver o rosto avermelhado do mais novo, o abraçou reconfortante, fazendo que este voltasse a chorar.

Adentraram a sala e tudo estava tão vazio e silencioso. . . Aparente todas as crianças haviam sido adotadas, menos. . .

- C-Cadê o Tom? – Perguntou trêmulo, sentado ao sofá.

- Bem. . . Ele estava sentindo-se enjoado há um tempo e então. . . Vômitos contínuos e persistentes começaram a surgir de repente. Logo também começou a apresentar sinais de languidez e a ter convulsões. – Explicou pacientemente, parecendo chateada.

- E. . .? – Aiden estava assustado.

- Pensamos ser apenas uma virose, então o demos remédios para enfermos virais e apenas piorou. Quando já estava fraco o suficiente para que não conseguisse levantar, tivemos que usar a poupança do orfanato para chamar por um médico. E ele. . . Não saiu daqui até então. – Completou preocupada.

- C-Como assim? – O ruivo quis saber, trêmulo.

A freira o levou para a enfermaria e lá estava o garotinho. Seu corpo coberto por fios e seus ossos aparecendo facilmente por conta da desnutrição pelo vômito constante. Abriu seus olhos de leve e tentou enxergar o maior, que se aproximava incrédulo. Acariciou seus cabelos mel e o beijou na testa, sentindo seu coração espremer-se por entre os ossos.

- Oi Aiden. – O menor tentou saudar, porém seus dedos estavam fracos demais para se erguerem, mas conseguiram entender um pouco.

- O que ele tem? – Perguntou Aiden, sentando na maca.

- Síndrome de Reye, senhor. – Respondeu o médico, simplesmente.

- M-Mas. . . Essa é uma doença muito séria! – Soltou.

- Acalme-se querido. – Confortou irmã Íris, tocando os ombros do outro.

- Me acalmar? M-Mas ele pode morrer! – Chorou. – Tudo porque não estive aqui. . . – Se lamentou.

- Não se culpe, Aiden. Isso poderia ter acontecido com qualquer um de nós. – Disse irmã Íris.

- Mas eu poderia ter . . . – Suspirou, deixando-se entender de que não havia mais volta.

- Ele já chegou em um estágio muito elevado da doença e pode morrer em alguns dias. Não há muito o que fazer, eu lamento. – Relatou o médico.

Aiden saiu dali aos prantos, sem reação. Prometeu a si mesmo que todos os dias iria visitar Thomas e assim o fez. Internou Brian em sua própria casa e ia escrevendo sua redação. Andava pela praia tentando sentir o momento por qual passaram naquele dia. Frustrava-se ao pensar que apenas o matou ao invés de salvar.

Seus tempos no dia eram divididos em visitar Tom, escrever sua redação e observar Brian para ver se acordava. Rezava todas as noites pelos dois e tentava acreditar que Thomas viveria, não se importando com o que o médico tenha dito, pois afinal, o menor ainda estava se tratando e controlando para tentar se manter bem e sobreviver.

Em um dia antes de entregar a sua redação, estava sentado na areia da praia atrás da casa quando uma estrela cadente passou. Por favor, meu Deus, sei que nem sempre fui fiel a ti, mas espero que entendas que era apenas porque não te conhecia, porém me ajude. . . Faça um milagre acontecer, por favor., pediu com todas as suas forças, em casa pelo quarto de hóspedes, ajoelhando-se no chão e desejando o mesmo.

No orfanato, a freira Íris também orava para que Tom vivesse, mesmo que o doutor estivesse fazendo tudo o que podia e aquela era uma doença de risco e que quase não havia cura quando em fase avançada. Já era tarde quando os dois oravam e, brevemente, um milagre aconteceu.

Aiden rezava com lágrimas caindo, com tanta vontade e com tanto amor, que nem percebera Brian despertar. O menor, por sua vez, abaixou as mãos do ruivo e o beijou na bochecha, sendo logo surpreendido com um beijo apaixonado após o outro perceber de quem se tratava.

- Perdão. Senti sua falta. – Corou o maior, se afastando.

- Não se preocupe, eu também te amo. – Sorriu o outro, puxando o ruivo para cima de si na cama, tendo a vontade inesperada de tê-lo enfim aquela noite, e assim fizeram.

. . .

No dia seguinte, Aiden cruzava os dedos para conseguir tirar boa nota em sua redação. Apenas enviou pelo correio e fora até o orfanato com Brian para ver como seu anjinho estava. Irmã Íris atendeu a porta chorosa, limpando as lágrimas com um pequeno lencinho enquanto voltava para dentro, sem conseguir recebê-los direito.

Aiden, com o coração precipitando o que aconteceu, seguiu até a enfermaria. Os batimentos do menor haviam parado durante a noite e já não se havia mais o que fazer, ele pelo menos morreu em paz, sem saber o que sua mãe biológica tivera feito, porém, também não sabia que Aiden era seu irmão.

Após um tempo, fora estabelecido o velório. Não era grande coisa por Thomas não ter vínculo com quase ninguém. Só quem estavam lá era irmã Íris, Aiden, Brian, o médico e um padre que oraria para que o jovenzinho tivesse uma boa vida onde quer que estivesse.

Analisando aquele momento, Aiden parou para pensar que sua vida nunca esteve perdida, só precisava de bênção. Demorou para encontrá-la, porém tivera que pagar tirando outra que também pudera tê-lo feito feliz. Mesmo que tivesse perco uma bênção, ganhou um milagre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se puder, comentem c:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Passados e um Milagre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.