Immortalis escrita por Lafayette


Capítulo 3
Capítulo 3 — Madness.


Notas iniciais do capítulo

Ei, babys!
Desculpem a demora pelo capítulo, mas este mês aqui meus trabalhos simplesmente triplicaram, me impedindo de ter tempo até para respirar. Mas, vamos lá! Perdoem qualquer erro, estou postando pelo celular, depois irei revisar com cuidado.
Boa Leitura a todos! =D



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Capítulo 3

Respirei fundo, enquanto sentia os membros do meu corpo doendo por causa da caminhada que não estava habituada a fazer. O clima abafado do bosque apenas aumentava a sensação de cansaço conforme avançava mais para dentro da mata desconhecida por mim. Meu único guia era as instruções de meu pai na minha mente, sempre marcando nos troncos por onde passasse, pois a floresta poderia se tornar um labirinto de repente. Parei de andar, dando uma pequena pausa, estava caminhando há mais de duas horas desde o amanhecer, quando provavelmente os lobos retornavam a forma humana, apenas querendo encontrar qualquer rastro ao qual me levasse até ele antes de seu pai.

Todos estavam assustados e receosos pelo que havia acontecido naquela noite anterior de lua cheia. Absolutamente nenhum deles imaginava de uma maldição pudesse romper os limites impostos pela própria natureza. E quem mais sofria, não merecia nem um terço daquela dor, muito menos o desprezo da sua família. Neguei com a cabeça, encarando o ponto fixo de uma das grandes árvores, ao mesmo tempo ao qual sentia o vento refrescante soprando contra minha pele. Mas, o olfato terrível de sangue misturado à podridão chamou minha atenção.

Franzi meu cenho, focando no outro lado, poderia ser algum animal morto em decomposição ou ao contrário. Dei dois passos a frente, porém fiquei paralisada, quando avistei o corpo de um homem praticamente desmembrado no chão. Apenas o lobo seria capaz de causar tanto estrago. Continuei andando hesitante, escutando no fundo da minha mente gritando para que retornasse a vila o mais rápido possível. Contudo, ignorei, ele nunca me machucaria de verdade. Os restos mortais pareciam com cacos de vidros quebrados, espalhados pela folhagem seca.

Meus olhos se moveram dentro das órbitas encontrando o que menos queria ver naquele exato momento. Meu coração afundou no peito. Nem de longe aquele era o Niklaus que conhecia. Ele estava de costas para mim, seu corpo tremia, sendo escondido pelo tronco caído, mantendo os joelhos flexionados e os braços apoiados sobre os mesmos. Com certeza deveria saber da minha presença pelos cascalhos quebrando embaixo das minhas botas, não se deu o trabalho de virar.

Parei numa distância considerada segura, de forma que conseguisse ver seu rosto manchado pelo sangue seco enquanto seus olhos azuis opacos fitavam o nada.

Nik? chamei calmamente, buscando ser cuidadosa. Ele apenas moveu suas íris contra as minhas escuras. Ali, consegui ver todo o medo e incerteza escondido dentro de si. Ele estava completamente desnorteado. Eu acho melhor você se vestir primeiro.

Estendi a muda de roupas limpas na sua direção, não me importando em vê-lo quase nu. O mesmo concordou, pegando-a, virei de costas dando privacidade máxima para que se trocasse corretamente. Suspirei de novo, contendo minhas lágrimas teimosas, me sentindo inútil, porque não poderia ajuda-lo a se livrar daqueles sentimentos terríveis. Niklaus nunca merecera a fúria de seu pai, a qual pioraria depois da revelação da infidelidade de Esther.

Você não deveria estar aqui. advertiu num tom fraco, quebrando o silêncio. Virei na sua direção, ficando surpresa pela primeira frase.

Mas, eu estou. respondi, sorrindo, esperando o momento certo em que começaria a me questionar.

Quantas pessoas eu...?  ele não completou a frase, deixando que o medo aparecesse mais ainda no seu rosto.

Nik. murmurei, sentindo meus olhos encherem de lágrimas novamente. Ele não se perdoaria por tê-lo feito, ainda fazendo parte do seu instinto natural. O vampiro se aproximou, trincando o maxilar e continuando a me encarar. Eu não sei ao certo, mas foram vilas inteiras.

Ele fechou os olhos, recebendo o peso das minhas palavras, levando as mãos até seu rosto, permitindo que as lágrimas surgissem na sua pele pálida.

No que eu me tornei, Charlotte?

Eu nunca presenciei algo parecido, pelo pouco que escutei da conversa entre Iris, Ayanna e Esther, você se transformou em um lobo. O tornando um Híbrido, meio-vampiro e meio-lobisomem. repeti as palavras de minha mãe na memória de poucas horas antes.

Como eles estão? indagou se referindo a sua família. Umedeci meus lábios, passando as mãos pelo rosto, desejando acordar daquele pesadelo.

Eles estão aflitos, seus irmãos estão o procurando, mas Mikael principalmente. Ele está furioso.

Você sente essa aflição? falou, se aproximando pela primeira vez, como se quisesse encontrar algum vestígio de medo nos meus olhos. No mesmo instante os fechei, raciocinando direito. Meu amigo precisava de mim mais do qualquer outra coisa.

Não, Nik. neguei, também me aproximando mais, segurando seu rosto entre minhas mãos, não me importando com o cheiro forte de sangue. Assim como havia feito, o fitei de volta, mostrando a realidade. Nada irá mudar Niklaus, eu continuarei aqui por você como sempre foi. Eu prometo que a partir de hoje nunca o abandonarei, não importa o que acontecer. 

Acordei num sobressalto completamente desnorteada, puxando o oxigênio para dentro dos meus pulmões como se estivesse afogando. Senti meus olhos serem feridos pela claridade do dia no cômodo enquanto minha cabeça começava a latejar, quase explodindo pela dor irritante. Deixei que o peso do meu corpo caísse de novo sobre a superfície macia do colchão, buscando me recuperar do sonho ou lembrança estranha, se pudesse traduzi-los desta forma de repente. Encarei o forro branco, procurando pensar direito, mas acabei recordando da noite anterior quando alguém me socorreu, após a conversa inconveniente com os amiguinhos de Marcel. Então, isso significava de não imaginava onde estava, contudo a última frase antes de perder a consciência estaria marcada para sempre em mim.

Little Witch. Somente uma pessoa me chamava daquela maneira. E isso não ocorria há tempos. Fechei meus olhos, pedindo que minhas suposições estivessem erradas de verdade. Ele era a última quem queria ver na minha frente naquele momento.

Sentei-me na cama, confirmando de que não estava em casa. Olhei ao redor, investigando o quarto espaçoso e luxuoso, decorado por móveis antigos de madeira, tendo uma vidraça central, dando visão ao belíssimo jardim repleto por macieiras vivas. Eu conhecia muito bem aquele lugar. Costumava ser a antiga mansão do governador quando havíamos desembarcado em Nova Orleans, trezentos anos antes. Um local afastado do centro comercial, e perfeito para a família Mikaelson ficasse longe dos olhos de Marcel.

Ainda me sentindo perdida com tanta informação, levantei, andando depressa pelo quarto, procurando pelas minhas botas e os outros pertences. Mexi nos lençóis, na esperança de encontrar meu celular, mas nada. Revirei o criado mudo e as duas primeiras gavetas. No mesmo momento em que me odiava mentalmente por ter bobeado daquela forma quando estavam voltando à cidade. Sabendo que Niklaus estava apenas esperando o minuto perfeito ao qual conseguisse planejar o nosso reencontro inusitadamente. E eu não estava preparada de nenhum modo. Parecia demais a mim. Parei no meio do cômodo, colocando as mãos na minha cabeça, obrigando a acalmar de vez se não quisesse surtar de vez.

— Procurando por algo? - o sotaque britânico cortou meus ouvidos. Fazendo que meu coração parasse de bater por uma fração de segundos, pelo tamanho do susto ao qual havia levado. Virei meu corpo, encontrando o homem encostado no batente da porta, com os braços cruzados e abrindo o sorriso satisfeito por ver meu estado.

— Niklaus. — ofeguei em um sussurro. Permitindo que meus olhos fitassem de forma lenta seus traços conhecidos, constatando que ele continuava irritantemente bonito. Mas, as orbitas azuis pareciam carregar outro brilho diferente, um traço a mais de maldade e puro sarcasmo combinado com a maneira prepotente e única como costumava agir.

— Olá, Charlotte. —cumprimentou, descruzando os braços, entrando no quarto por completo. Erguendo as sobrancelhas permanecendo com o sorriso satisfeito no rosto. — Como se sente?

— O que está acontecendo aqui? — foi à primeira coisa a qual consegui pronunciar depois de forçar minha voz, não deixando me abalar, defensiva.

— Por favor, não seja ingrata, estou tentando ser gentil e esperando pelo menos um agradecimento por tê-la salvado depois que perdeu a consciência no meio de um lugar público. — sorriu igual a um sociopata, continuando sarcástico e afiado. Aproximou-se, parando alguns passos. —Porém, vou deixar essa passar porque ainda temos muitos que conversar.

— Devo pensar que Elijah não deixou claro a parte que eu falei que os problemas desta cidade não são meus, Klaus. Você é mais esperto que isso. — argumentei, adotando o mesmo tom irônico e acido. — Sinto muito, mas não iremos conversar.

O Híbrido Original revirou os olhos impaciente, trincando seu maxilar e rolando os olhos como se tivesse enfrentando uma criança teimosa, fechando seus punhos fortemente. Parecia que ele não seria amigável caso optasse em resistir contra suas vontades. Ignorei, encontrando minhas botas próximas a cama do outro lado, eu atravessei o quarto começando a calça-las, despreocupada, não me sentindo acuada por sua irritação momentânea. Rumei à saída, mas acabei sendo impedida quando segurou meu braço com força, impedindo de prosseguisse.

Desta vez foi minha vez de rolar os olhos, irritada. Sua respiração ruidosa bateu contra meu rosto, atraindo meu olhar contra o seu, como se uma atração não deixasse quebrar o contato visual. Senti o arrependimento quando o frio alcançou a boca do meu estômago e meu corpo inteiro se arrepiou. E o toque da sua mão contra minha pele queimou, emanando seu calor. Klaus afrouxou o aperto, vacilando ao me encarar também atordoado por um milésimo de segundo. Logo recuperando a postura de liderança.

— Se o assunto envolver Marcellus e a minha cidade automaticamente é um problema seu também, Charlotte. Não ouse em me contrariar. — soprou contra meu ouvido num sussurro ameaçador, aproximando seu rosto do meu. — Acho que se lembra de muito bem como as coisas terminaram quando o fez.

Respirei fundo, engolindo o ódio, ele fazia questão de mexer na ferida aberta. Continuei silenciosa, não sabendo como rebater na mesma altura pela primeira vez. Era sempre assim. Ele iria conseguir tudo que queria machucando não importasse quem.

— Muito bem, acho que agora podemos conversar. — decretou satisfeito, largando meu braço e afastando.

XXX

Sem nenhuma outra escolha, acompanhei Klaus até a sala de estar que ficava no primeiro andar da mansão. Mas, acabei sendo surpreendida quando encontrei uma mulher de cabelos negros e olhos esverdeados, sentada numa das poltronas confortáveis. Os Mikaelsons não faziam o tipo de família receptiva de visitas. Percebendo nossa presença, ela se levantou, cruzando os braços enquanto passava seu olhar por mim desconfiado e com certo desdém.

O Híbrido parou ao meu lado, me apresentando a morena como uma velha amiga da família, obviamente querendo me provocar ao máximo que conseguia. E ele sabia como conseguir, mas mordi minha língua, não caindo nos joguinhos manipuladores que o divertia. Entendendo o clima nada amigável, então a desconhecida se apresentou como Hayley Marshall.

Só identifiquei como uma loba devido o olhar profundo, como todos os outros lobos costumavam ter. O que me fazia questionar o quão estranho tudo estava ficando. Nenhum lobisomem se atreveria a ser hospede de vampiros, principalmente dos Originais.

— Agora que vocês se conhecem, podemos começar a conversar. — Klaus disse sorrindo torto, segurando suas próprias mãos. Pelo olhar da loba, eu não era a única contrariada naquela situação.

Acomodei-me no sofá, escutando o que queria dizer. Nos primeiros dois minutos foi o suficiente para que começasse questionar minha sanidade. Niklaus contou sobre ter conseguido quebrar sua maldição de lobo, encontrando a doppelgänger de Katherine Pierce em Mystic Falls. Depois a notícia maior, que Hayley estava carregando seu filho. Continuei estática, entrando quase em estado de choque, descobrindo também das bruxas de Nova Orleans estavam ameaçando aquela criança através de uma ligação entre Sophia Deravoux e a loba.

Agora tudo fazia sentido na minha mente. O quebra-cabeça estava se montando sozinho. Por isso, Jane-Anne havia sido morta para executar o feitiço que atrairia Niklaus a Nova Orleans, usando a gravidez de Hayley apara manipula-lo e fazer o que elas queriam, incluindo derrubar Marcel, quem obviamente não ficou feliz pelo retorno do seu criador. 

— As bruxas querem derrubar Marcel? Mas, tem que ser do modo que elas queiram? —repeti, piscando demoradamente, arregalando os olhos, espantada em como tudo acontecia durante apenas uma semana. - Você aceitou assim de boa?

— Meu nobre irmão mais velho, Elijah, desta vez me fez escolher certo. — concluiu orgulhoso, se levantando do sofá e começando a andar pela sala.

— Tudo isso explica a volta de vocês. — sussurrei frustrada. Quanto mais queria entender aquela situação, mas ficava confusa. — Tudo bem, mas aonde exatamente eu me encaixo nessa loucura?

Klaus parou de andar, sorrindo de novo enquanto se sentava na mesinha de centro, ficando frente a frente comigo.

— Você é uma bruxa poderosa, pode quebrar a ligação entre as duas. Assim ficaremos livres desta bobagem, depois pretendo conseguir informações sobre nosso velho amigo, Marcellus.

— Primeiramente eu não tenho nada haver com Marcel. Segundo, não posso quebrar essa ligação, é complicado. —contestei sincera, não temendo pela reação do loiro mimado.

—Como não pode? — reforçou a pergunta, deixando que seu rosto se transformasse numa carranca. Lançando um olhar quase mortal.

— Não posso, Niklaus. Meus poderes estão sofrendo os efeitos de uma sobrecarga a qual me mantém viva durante todo esse tempo. Caso esforce mais do que posso, meus feitiços podem se reverter, correndo o risco de machucar de verdade Hayley e o seu bebê.


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