Jon Waters nascera ao lado de seu irmão gêmeo Gendry em Porto Real sem saber quem era seu pai. Isso sempre frustrou o mais novo dos irmãos por alguns segundos, afinal para Jon era como se parte da sua historia não tivesse sido escrita e seu passado fosse incerto afinal nunca lhe fora dito quem era seu progenitor por ninguém.

Gendry por outro lado cresceu sem perguntar a respeito do pai como se sua ausência fosse lhe algo indiferente. Eles eram bastardos e as pessoas sempre deixaram isso claro sendo que com o tempo ambos os irmãos aprenderiam a vestir aquilo como uma armadura para se mantivessem vivos.

Sua mãe trabalhava em uma cervejaria e morreu quando eles ainda eram meninos. Tudo o que poderiam se lembrar da mulher é que ela tinha um cabelo loiro ao menos era isso que Gendry se recordava dela enquanto Jon sempre que perguntado diria que se lembrava de seus olhos que eram cinzentos.

Porém, isso era mentira porque ele se lembrava de uma promessa que ela lhe fizera quando se cansara de suas perguntas a respeito do pai: Quando você for mais velho, um homem feito então eu lhe direi quem é seu pai. Essa promessa nunca foi cumprida porque a mãe dos gêmeos não sobreviveu para ver aos dois alcançarem a idade adulta.

Eles cresceriam em um dos orfanatos da Baixada das Pulgas e em certo momento seriam apresentados como aprendizes do ferreiro local sendo que logo iriam demonstrar muita habilidade com a forja. Gendry faria um elmo de Touro para si enquanto Jon forjaria sua própria espada que ele chamara de Garralonga. O garoto, no entanto não iria aprender a usa-la por um bom tempo.

Tobho Mott, um mestre ferreiro, levou-os como aprendizes depois de ter sido pago o dobro da taxa habitual por cada um sendo que o valor veio através de um homem que oculta sua identidade. Jon suspeitava que aquele homem pudesse ser seu pai ou alguém que o levasse até ele sendo que ao segui-lo encontrou-o entrando no castelo onde vivia a família real.

Ele veria o homem outras vezes quando este comparecesse com o Rei em eventos públicos. Era Jon Arryn aquele senhor gentil e bondoso que ajudara a ele e a seu irmão. Aquele homem era Mão do Rei.

Sendo que ao olhar o Rei Robert e em algumas ocasiões também observara Renly Baratheon que fazia suas aparições publicas como em eventos em que a comitiva real transitava por Porto Real. E era indiscutível ver uma semelhança nos traços daquela família nele e em Gendry.

Jon começara a ligar as coisas e aquilo lhe fez ficar ansioso com a ideia de poder reencontrar o seu pai frente a frente.

Rei Robert tinha alguns bastardos e era sabido disso sendo que havia grandes as chances deles serem reconhecidos pelo pai.

Ele tentara conversar com Gendry a respeito só que seu irmão não lhe dera ouvidos ou mesmo atenção. O gêmeo de Jon sempre fora bastante recessivo sobre todo o mistério da identidade do pai deles.

O silêncio do mais velho acabara por incomodar e gerar discussões por parte de Jon que não aceitava a falta de interesse do irmão.

Eles poderiam facilmente ser filhos do Rei e caso isso fosse verdade poderiam vir a mudar completamente o futuro deles.

Um dia quando Jon planejava invadir o dia do nome do Príncipe Joffrey numa tentativa de contatar o Rei Robert que foi que seu irmão quebrara finalmente o silêncio e se pronunciara para impedi-lo.

Era um dia após vários em que Jon tentara tocar no assunto que Gendry quebrou o silêncio. Mas os planos do irmão gêmeo pareciam ter despertado no ferreiro do elmo de touro algo que lhe fez falar finalmente.

“Nós somos bastardos” falou Gendry “Sempre seremos bastardos e isso não mudara apenas porque nosso pai pode ser algum lorde ou algo assim mesmo que seja algo maior ainda assim espera que sejamos reconhecidos?”

“Por que não?” questionou Jon “Alguns bastardos do Rei foram como aquela garota do Vale ou o garoto de Ponta Tempestade”. Ele tinha ouvido várias conversas a respeito dos filhos ilegítimos do Rei através de algumas pessoas que trabalhavam no castelo.

“Mas ainda mantem o nome de bastardos” respondeu Gendry “A rainha nunca permitiria que nenhum deles fosse legitimado”.

“Não é questão de ser legitimado” falou Jon “É questão dele apenas saber que existimos e nos reconhecer como seus filhos”.

“E acha que ele não sabe?” respondeu Gendry “Você não sabe de nada, Jon”. Ele riu da inocência do irmão “Acha que ele desconhece que somos seus bastardos?”

“Acho que ele saberia” respondeu Jon.

“E nunca se importou em nos encontrar” respondeu Gendry “Não nos procurou quando nossa mãe morreu e sabe o que isso significa?” Jon ficou em silêncio.

“Não importa se nosso pai é o Rei ou de algum de seus irmãos” dissera Gendry “Ele não representa nada para mim porque nunca esteve por perto”.

“Mas, Gendry...” falou Jon “Você nunca teve curiosidade para saber de onde viemos?”. O olhar sério do gêmeo fez com que o mais novo sentisse uma sensação de que não deveria ter feito aquela pergunta.

“Eu sei de onde vim” disse Gendry “E eu nunca serei um deles por mais que você ache que saber quem é nosso pai irá mudar nossas vidas”.

“Mas nós saberíamos que temos alguém” falou Jon.

“Eu tenho você, meu irmão” respondeu Gendry “Você é meu sangue e minha família a única que realmente me importa” ele encostou a mão no ombro do seu gêmeo “Eu te amo, Jon”.

“Eu também te amo, Gendry” devolveu Jon.

“E é por isso que quero evitar que você quebre seu coração correndo atrás de alguém que não sinta a mesma coisa por você” respondeu Gendry “Não importa quem seja nosso pai porque enquanto tivermos um ao outro é isso que basta”.