— Tia Holly! Está na hora de acordar! – Bella gritava ao meu lado.

— Ah Bella, me deixa dormir só mais um pouquinho vai. – Pedi quase que suplicando para ela.

— Tio Harry: Operação Bela Adormecida em ação!

Ela gritou e começou a fazer cócegas em mim. Harry não perdeu tempo e se juntou a ela fazendo cócegas em mim também. Traíra! Ele sabe que eu sinto muita cócega na barriga. Eu estava até me contorcendo de tanta cócega que eu estava sentindo.

— Para, para! Já acordei! – Eu falei rindo sem parar.

— Vejo que vocês estão se divertindo. – A mãe do Harry falou encostada na porta do quarto.

— A Bella queria acordar Holly mãe.

— Se você não tivesse com um sorriso travesso nos lábios eu até acreditaria, mas eu sei como você ama acordar a gente assim.

— Você me conhece bem mãe.

Eu soltei um suspiro. Graças aos céus, os dois pararam de fazer cócegas em mim e eu já podia respirar tranquila. Nós ficamos um tempinho conversando enquanto Bella mexia no meu cabelo. A mãe de Harry falou que iria mandar a empregada – sim, eles têm uma empregada – trazer café para mim e para o Harry já que o pessoal já tinha tomado café da manhã. Acho que nós dormimos um pouco mais tarde por causa de Bella.

Assim que a mãe do Harry saiu com a Bella, eu me arrastei da cama até o banheiro. Me despi de minhas roupas e entrei debaixo da ducha. Um banho frio é tudo que eu preciso para acordar direito. Mas é incrível como quando você está tomando banho e sua memória se lembra de tudo que aconteceu com você. Primeiro eu lembrei de Harry me pedindo para fingir ser namorada dele, depois eu aceitando essa ideia absurda, depois parou naquela cena da piscina. Aquele beijo. Eu senti uma corrente elétrica passar pelo meu corpo, meu coração parecia em festa, foi inevitável não passar a mão pelos meus lábios. Não, isso não pode estar acontecendo comigo. Eu não posso me apaixonar pelo Harry, não mesmo. Acho que eu devo ter nascido com o carma trocado ou então minha mãe dançou muito ragatanga quando estava prestes a me ganhar só pode!

Desliguei o chuveiro me sequei na toalha, vesti minhas roupas intimas, optei por usar um vestido de alcinha rodadinho todo florido, bate um pouco acima dos meus joelhos. Calcei minhas havaianas. Escovei meus dentes, passei um pouco do meu perfume. Dei uma olhada no meu cabelo, dessa vez eu só passei a escova de leve e ele se ajeitou. Não passei maquiagem alguma, acho que hoje eu não estava tão ruim a ponto de me maquiar. Saí do banheiro e Harry já estava comendo. Assim que ele percebeu minha presença no quarto ele olhou pra mim. Não sei se foi impressão minha ou se aconteceu mesmo isso, mas na hora que ele me olhou os olhos dele brilharam. Deve ser só minha imaginação.

Harry usava uma bermuda jeans branca, uma camiseta azul claro e estava de chinelos. O cabelo estava como sempre se encontrava: totalmente bagunçados. Ele ainda continuava me encarando, eu desviei o olhar dele e me sentei na cadeira ao seu lado.

— Ah, minha mãe mandou trazer morangos com nutella e a geleia de morango do jeitinho que você gosta.

— Sua mãe é um amor mesmo! – Eu disse comendo um pedaço do morango. Estava tão suculento e gostoso!

— Ela só faz isso porque é você. – Falou dando de ombros.

— Agora eu me sinto privilegiada.

— E é mesmo.

— Não é pra tanto né Harry.

Ele riu e continuou comendo a panqueca dele. Eu estava me deliciando com os morangos. Ele disfarçava de vez em quando e olhava pra mim. Não me perguntem como eu sei disso, eu apenas sei. Acho que isso é dom. Ele veio chegando mais perto de mim e meu coração começou a disparar. Ele olhava para minha boca. Minha nossa senhora dos necessitados, me socorre aqui!

— Está sujo aqui. – Ele falou passando o seu polegar no canto da minha boca.

— Ah, obrigada. – Falei meio sem graça e ele apenas assentiu.

Graças aos céus! Por um momento eu achei que ele fosse me beijar de novo. Não trocamos mais uma palavra durante o café. Comi umas três torradas com geleia de morango, tomei um copo de suco de laranja e comi uns cinco morangos com nutella. Que é?! Não me julguem! Eu estava com muita fome.

Depois de terminar o café, eu fui andar um pouco perto do lago. E sim, aqui tem vista para o lago. E sim, o lago é dentro da propriedade dos Barfknechts e o lago é maravilhoso. Fiquei andando um pouco sentindo a brisa quente de verão bater em meu corpo. Sentei debaixo de uma árvore que fica de frente para o lago e apoiei minha cabeça na árvore e fechei meus olhos. Não que eu estivesse com sono e queria dormir, longe disso. É que eu gosto de sentir a brisa – seja ela de inverno ou verão – bater em meu rosto, acho isso reconfortante. Eu sentia calma naquela hora. Depois de alguns minutos eu senti um perfume forte e com um cheiro cítrico perto de mim. Abri os olhos bem devagar e me deparei com Ty me olhando com um olhar bem malicioso. E aí se foi minha calma e minha paciência.

— Será que dá pra você procurar outro canto pra você e me deixar em paz?

— Desculpa linda, mas eu vou te fazer companhia você querendo ou não. – Deu um sorriso bem malicioso e eu revirei os olhos. Odeio esse tipo de pessoas.

— Ty, por favor, me deixe em paz.

— Eu te deixo em paz, SE, você me der um beijinho. – Ele falou se inclinado pra mim.

Tá, esse cara tirou qualquer vestígio de paz que eu tinha. Minha paciência com ele já se estourou. Dei um belo tapa na cara dele e ele ficou espantado, arregalou os olhos e ficou passando a mão onde eu tinha batido. Eu me levantei de onde eu estava e comecei a andar em direção ao quarto. Mas antes que eu pudesse ao menos falar alguma coisa o filho da mãe me puxou de uma vez pra perto dele.

— Me solta! – Esbravejei.

— Então você acha que é assim? Que pode chegar, me dar um tapa na cara e ir embora? – Me perguntou com um tom de revolta.

— Acho sim. Aliás, você mereceu.

— Isso não vai ficar assim. – Ele ia me beijar e eu virei o rosto.

— Me solta ou eu vou começar a gritar! – Ele deu um sorriso de lado e veio querendo me dar outro beijo. – Me solta!— Dessa vez eu gritei e bem alto.

— Você não escutou ela não? – Harry.

— Me solta! – Eu falei me soltando de seus braços.

— Isso não vai ficar assim loira! – Esbravejou.

— Se você voltar a encostar um dedo nela, eu te mato seu imprestável! – Harry gritou.

Eu lutava de verdade pra não chorar, mas ainda sim algumas lágrimas teimosas insistiram em cair. Harry botou Ty pra correr dali. Eu me abracei e comecei a soluçar. Eu odeio quando começo a chorar, porque eu realmente não consigo parar. Harry passou seus polegares no meu rosto limpando minhas lágrimas e ergueu meu queixo para que eu olhasse pra ele.

— Você tá bem? – Perguntou e eu apenas assenti.

— Só-ó-só quero ir para o quarto. – Falei em meio aos prantos.

— Vem cá.

Ele me abraçou e por um instante eu não quis sair daquele abraço nunca mais. As coisas com o Ty já estão passando dos limites. E se eu ficar sozinha e ele tentar algo comigo? Só de pensar nisso eu estremeci. Harry sentiu e me apertou com mais força em seus braços. A verdade é que eu estava assustada e com medo de alguma coisa acontecer. Eu queria apagar aquela cena da memória.

Na hora do almoço eu não quis almoçar junto com todo mundo. Não queria ter que olhar para Ty e fingir que nada aconteceu. Harry falou que eu estava passando mal e que estava indisposta. A mãe dele chegou até vim aqui no quarto para ver como eu estava. Eu disse que era só uma dor de cabeça, o que na verdade eu estava mesmo sentindo. Ela ficou mais despreocupada quando eu disse que era uma dor de cabeça e me deixou descansando. Harry não me deixou sozinha nem por um minuto. Ele até jogou um jogo no play station comigo. Mais de noite ele insistiu para que eu fosse jantar, mas eu estava sem fome e decidi ficar no quarto. O que não foi uma má ideia. Eu peguei no sono bem cedo.

Espero que amanhã seja completamente diferente de hoje. Espero que Ty se esqueça de mim.

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