Um dia escrita por AcheleForever


Capítulo 1
1


Notas iniciais do capítulo

Hey.
Não sei se é uma coisa boa voltar depois de tanto tempo. Não sei se é uma coisa boa até mesmo ainda levantar assunto sobre essas duas. Mas eu tenho sonhado com elas á alguns meses, e enfim decidi que era melhor colocar no papel. Deixei algumas coisas em aberto aqui e não me orgulho disso. Me deixa envergonhada, na verdade. Mas isso é assunto pra outra hora.
Espero que gostem. Inicialmente era pra ser uma one, mas escrevi isso á alguns dias e não tive tempo de continuar. Será feito em duas partes agora.



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O caminho entre seu antigo quarto e a cozinha foi feito bem devagar, o sono ainda pesando em seu corpo fazendo-a andar com a cabeça abaixada. Esbarrou em alguns móveis da sala e do corredor, largando seu corpo pesadamente na primeira cadeira que encontrou. Após um breve cochilo levantou assustada, indo em direção á geladeira e olhando o antigo pijama que havia vestido.

- Preciso de roupas novas - bocejou

Pegou a caixa de leite logo que abriu a geladeira, olhou para os lados em desconfiança e colocou o líquido na boca. Deu três longos goles e olhou ao seu redor procurando algo para comer.

- Bom dia Q – sua mãe entrou na cozinha – já te disse quantas vezes que não deve tomar o leite direto da caixa?

- Bom dia, mãe – limpou o bigode branco que a denunciava – Onde está o cereal?

- Armário ao lado da geladeira – apontou.

- Obrigada.

- Bom dia família! – seu pai entrou entusiasmado no cômodo – Como está a minha filha linda? – beijou o topo de sua cabeça.

- O quê vocês fazem acordados essa hora da manhã? – olhou o enorme relógio de parede enquanto enfiava uma colherada de cereal na boca

- Temos um grande evento essa noite, não ficou sabendo? – beijou a esposa na boca

- Hun... não? – comeu mais cereal

- Abertura de uma nova loja de eletrônicos na cidade. Querem um pocket show para chamar a atenção do público, você sabe – deu de ombros

- Não sei de novo – colocou a tigela na pia – Vocês se esquecem constantemente que não segui o ramo da família, sou chefe de cozinha.

- Uma chefe que come cereal de café da manhã – os dois mais velhos riram

- Tinha me esquecido de como vocês são chatos – saiu da cozinha para a sala

- Tenha sua própria casa e não terá de nos aguentar! – seu pai gritou em resposta, rindo em seguida

- Eu tenho uma casa! – jogou-se no sofá procurando o controle da tv – Só está alagada.

Xxx

Passou a manhã toda assistindo desenhos, uma paixão que á muito tempo não conseguia alimentar. Tinha se dado um dia de folga, afinal ela estava sem o uniforme para trabalhar e sua casa embaixo d’água. Sua sous chefe daria conta do trabalho, confiava e muito em Santana, então sua cabeça estava mais que tranquila. Perto do meio dia seus pais retornaram de alguma reunião para checar os preparativos, e Quinn sabia exatamente como eles tinham se saído. Durante anos ela teve que acompanha-los em todas as reuniões tediosas de negócios onde eles conseguiam um contrato atrás do outro, quando na verdade ela queria estar na cozinha. Era lá que se sentia realizada, só lá que se sentia livre. Era em meio á ingredientes, facas e panelas que era seu lugar. Sua verdadeira casa. Só conseguiu uma sensação melhor quando estava nos braços dela. Mas isso tinha acontecido á tanto tempo que não se lembrava mais.

- Ainda no sofá? – Russel entrou na sala bagunçando o cabelo de uma Quinn ainda de pijama azul com listras

- Apenas um dia – levantou – Afinal, quem vai cantar nesse show? Talvez eu vá.

- Vai ser uma coisa pequena, nem perca seu tempo – percebeu a voz do mais velho falhar

- Não tenho o que fazer pai, acho que vou acompanhar a senhorita Judy – arrumou as calças para ir ao seu antigo quarto – Sabe como ela adora essas coisas de música. E ir ao shopping. Talvez eu a chame para ir ao shopping também, minhas roupas estão nesse momento embaixo d’água.

- Alguém disse shopping? – a loira mais velha entrou sorridente na grande sala – Shopping me lembra compras, e eu já quero!

- Você fez compras ontem, Judy. Não precisa levar a Q hoje – negou com a cabeça em sinal para a esposa

- Preciso de roupas pai, não vai ser por pura diversão. Pelo menos não pra mim – riu fraco

- Vai ser ótimo Quinn, um tempo de mãe e filha – abraçou a menor pelos ombros

- Judy! – Russel levantou abruptamente – Ela quer roupas para ri ao show!

- Sabe Q, tenho compromissos hoje e não poderei te acompanhar. Quem sabe não podemos ficar em casa hoje á noite? – sorriu forçado

- O quê vocês dois estão me escondendo? – sentou no sofá – Oh meu Deus... – tapou o boca com a mão

- Quinn me desculpe, mas eles queriam... – sua mãe colocou as mãos nas costas da menor

- Ok, tudo bem – secou uma lágrima que escorreu teimosa – Vocês só foram ótimos profissionais.

- Quinn... – olhou a menor sair pela porta da sala

- Tudo bem, mãe – pegou uma faca na cozinha e começou a abrir os armários – Não é como se eu precisasse conversar pessoalmente com Rachel.

Xxx

Durante horas picou, fatiou e cozinhou na cozinha de seus pais sem ao menos perceber que eles entravam e saíam do cômodo preocupados com seu bem estar. Desligou o cérebro para que suas mãos pudessem trabalhar livremente, gostava de sua como o mundo ficava no mudo em sua estadia na cozinha. Só escutava o chiar das panelas e não percebeu quando um corpo pequeno se esgueirou por entre os armários e chegou ao outro lado da bancada cheia de ingredientes.

- Olá – a morena disse baixo

Quinn deixou a faca que carregava na mão direita cair ao chão, dando um pulo em seguida para salvar seus dedos descalços de serem decepados. Respirou profundamente duas vezes ainda sem olhar para o rosto que conhecia de cor, mas que não queria ver nunca mais na vida.

- O quê você faz aqui? – enfim olhou para Rachel – Ou melhor, como entrou aqui?

- Ainda tenho a chave – a menor retirou do bolso a chave e colocou cuidadosamente (para não dizer com medo) em cima da bancada

- Não sei o que me espanta mais, você ter a chave ou meus pais não terem trocado a fechadura – retirou as panelas do fogão

-Eu sempre ando com ela. Como você mesma dizia ‘nunca se sabe quando vou precisar entrar sem ser percebida na casa da minha namorada’ – sorriu

- Não diga essa palavra.

- Qual delas? – viu Quinn sentar-se na mesa

- Jamais repita que um dia nos envolvemos, é um dos meus maiores arrependimentos.

- Posso me sentar? – puxou a cadeira

- Não.

- Não diga isso, Q – Rachel sentou mesmo assim – Não diga que se arrepende do que tivemos – tentou alcançar a mão da loira por cima da mesa

- Do que eu tive – levantou – Você nunca esteve naquele relacionamento comigo.

- Quinn...

- Não diga. Não diga meu nome – sentiu as lágrimas começarem a sair

- Quantas vezes eu tenho que dizer que sinto muito? – ao levantar tentou segurar a cintura de Quinn

- Nenhuma, porque não vou acreditar em nenhuma delas – ficou frente á frente com a outra mulher – Nem em nenhuma das suas mensagens ou ligações. Não acredito nem mesmo em todas as flores com pedidos de desculpas. Eu nunca vou acreditar que você sente muito, Rachel.

- Q... – apertou a ponte entre os olhos

- Não há desculpas para o que você fez – limpou as lágrimas teimosas que começaram a sair –Você simplesmente foi. Quantas refeições eu fiz pra você naquele apartamento? 2 ou 3?

- Aquele apartamento é nosso ainda.

- É seu. Não quero nada que me lembre daquele lugar e o inferno que minha vida foi depois de tudo.

- Eu sinto muito, Quinn – segurou suas mãos – Nada que eu faça vai apagar o que te fiz, mas eu realmente sinto muito.

- Nós estávamos noivas, compramos nosso próprio apartamento. Três lindos dias depois, você está me esperando com as malas prontas na porta.

- Eu tive que fazer isso. Era o meu sonho se tornando realidade. Finalmente eu iria sair em turnê – colocou a mão direita no rosto de Quinn

- Meu sonho naquela época era casar com você – saiu de perto da morena – Hoje em dia é cozinhar.

- Eu ainda te amo, era isso que queria escutar? – começou a chorar – Sair por aquela porta para me tornar um cantora foi o maior erro da minha vida. Em cada palco que eu pisava, era em você que eu pensava Q. Todas as noites naquele maldito ônibus eu sonhava que voltava pra casa. Que voltava pra você.

- Já disse tudo que tinha para falar? Agora pode ser retirar, por favor – apontou a porta

- Quinn, não faça isso. Eu posso concertar tudo entre nós – olhou suplicante para a maior

- Feche a porta quando sair.

- Tudo bem – sorri olhando para o chão – Pelo menos agora eu consigo algumas horas de sono por noite sabendo que tentei.

- Deixe a chave onde está – Quinn disse ao ver a morena pegar a chave do balcão

- Não mesmo – Rachel riu fraco –Felizmente Quinn, isso ainda não acabou aqui. Não vou desistir de você.

A morena girou seu corpo nos calcanhares e fez seu caminho em direção á porta onde ainda tinha a chave. Quinn se viu sozinha na grande cozinha, com uma mão na nuca e uma vontade crescente dentro de si mesma. Em um momento de coragem colocou-se a correr pela casa, refazendo os passos da morena que pretendia alcançar. Com um sorriso no rosto se escorou no batente da porta, feliz de ainda conseguir chegar a tempo da outra sair pelo portão da propriedade.

- Rachel, espere! – a morena olhou feliz

- Diga! – gritou em resposta.

- Há uma coisa que eu quero fazer.

Os olhos se conectaram mais uma vez depois de tanto tempo de separação. O coração de Rachel se enchia mais a cada passo que a loira dava em sua direção, e sem poder segurar essa sensação em seu interior, abriu os braços á espera da mulher que mais amava nesse mundo. Ao invés do calor característico do corpo da outra, sentiu um tapa tão forte que duvidava que Quinn tivesse mesmo abandonado à academia como antes quando estavam noivas.

- Uau, que sensação boa – alongou os braços

- Você me deu um tapa na cara.

- Sim – a morena olhava atônita

- Me fez esperar por isso?

- Minha vontade estava muito grande – abriu o portão para a menor – Agora, você pode se retirar.

Xxx


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso.
PS: bfournier, a continuação de Beyond Life será por você.

Até a próxima.



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