It's okay, she's gone now escrita por Pamisa Chan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira one-shot Caulscott (Não tá exatamente especificado que é romance, fica na interpretação de quem ler). Espero que gostem.
Comentem ♥



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Após um sonho horrível e extremamente vívido sobre um tornado prestes a destruir a cidade, abri meus olhos assustada. Foi realmente um sonho. Ou mais que isso, uma visão, talvez. Era lúcido demais para não ser real. De qualquer forma, havia passado, e o que importava agora era a realidade presente. E essa realidade não era das melhores. Blackwell, aula de fotografia, no meio de uma explicação patética sobre o surgimento das fotos. Peguei minha polaroid em cima de mesa, virei a lente para mim mesma e dei um clique. Todos viraram seus olhos para mim, inclusive Mark Jefferson, o professor bonito e obcecado. Na verdade, não tenho provas de que ele seja obcecado, mas tenho essa impressão sobre ele. É assustador.

Percebendo minha distração, resolveu usá-la de gancho para uma pergunta. Uma que no caso eu não sabia responder. Victoria rapidamente ergueu sua mão branquela e fina, tanto quanto seu nariz empinado, e respondeu com o peito estufado "Daguerreótipo". O professor a parabenizou e continuou falando sobre o assunto, sendo logo interrompido pelo sinal do intervalo da aula. Deu uns avisos e logo me chamou pra falar sobre o estúpido concurso de heróis cotidianos, novamente me incentivando a entregar uma foto pra participar. Dei algumas desculpas e logo saí da sala.

Lá fora, pude observar o movimento nauseante no corredor, os mesmos alunos de sempre, a maioria hipsters e atletas, vivendo suas vidas medíocres de uma forma medíocre. Nada muito diferente de mim mesma. Coloquei meus fones de ouvido e fui para o banheiro. Precisava urgentemente lavar meu rosto pra esquecer todos esses problemas que me enchiam a cabeça. Ainda não me caíra a ficha que estava de volta em minha cidade natal depois de cinco anos distante. E a ideia de que talvez esbarrasse com minha antiga melhor amiga me embrulhava o estômago. Não que eu não quisesse revê-la, mas não era corajosa o bastante pra encarar o fato de que ela provavelmente me odiava por ter me afastado, e morria de medo de sentir o ódio da minha antiga melhor amiga contra mim. De qualquer forma, é óbvio que eu jamais a encontraria aqui no colégio, pois se ela estudasse aqui, a essa altura, eu certamente já saberia.

Abri a porta do banheiro e assim que me olhei no espelho, uma revolta subiu pelo meu corpo, peguei a foto que planejava entregar para o concurso e a rasguei em dois pedaços, jogando os restos no chão molhado logo em seguida. Abri a torneira e joguei a água no meu rosto para tentar lavar de mim todas as sujeiras da minha mente perturbada com todas essas mudanças em minha vida. Assim que reergui o rosto, ainda úmido, olhei para o lado. Encontrei a oportunidade perfeita. Uma linda borboleta azul e preta, como eu nunca vira antes, entrou pelo vitrô do banheiro. Ela voava de uma forma que parecia que estava me chamando para perto dela, me convidando para fotografá-la. E Max Caulfield nunca perderia a oportunidade da foto perfeita!

Aproximei-me vagarosamente do pequeno e encantador inseto e saquei a câmera. A pequena pousou em cima de um balde, o lugar ideal para uma bela pose, que geraria uma incrível vitória de um concurso. Cliquei. Segundos depois do clique, ouvi a porta do banheiro abrir bruscamente. Nathan Prescott. Quase todos da escola o odiavam e espalhavam rumores maldosos sobre ele. Eu não me sentia assim. Sabia que havia algo de errado com ele, assim como há comigo. Algum distúrbio, ou transtorno. Sentia uma imensa compaixão e empatia por ele. E ali estava ele, no banheiro das meninas, à beira do desespero. O que estava fazendo ali? Por que estava agindo daquela forma? Me escondi num local onde não podia ser vista e apenas observei os acontecimentos que se sucederam.

Ele dizia entre suspiros, apoiando as mãos em uma das pias, coisas como "Calma, Nathan, tá tudo bem." e "Você é o dono dessa escola". De repente a porta se abriu de novo "O que você quer?!", ele perguntou. Uma garota que cabelos azuis que eu nunca vira na escola antes apareceu e começou a checar o banheiro, falando num tom ameaçador com ele. O rosto dela me parecia levemente familiar, embora eu não conseguisse reconhecê-la de verdade. "Vamos falar de negócios ilegais.", ela disse. Em resposta, o rapaz loiro e nervoso disse que não tinha nada para ela. "Você tem uma cacetada de dinheiro", ela retrucou. Usava gírias não muito comuns na nossa região, como uma pessoa que eu conhecia. "Minha família tem, não eu!", o jovem Prescott dizia, cada vez mais furioso. A garota começou a chantageá-lo, falando algo sobre ele mexer com drogas. Fiquei assustada, pois jamais imaginava que ele tinha envolvimento com essas coisas, achava que era mentira dos outros alunos.

A garota continuou a provocá-lo até chegar ao ponto de dizer que "contaria pra todos que Nathan Prescott é um playboyzinho que mendiga que nem uma menininha e fala sozinho". Nesse momento, algo que eu não esperava de jeito nenhum aconteceu: Entre palavrões e gritos, Nathan Prescott sacou uma arma de dentro do bolso e apontou para a garota, que mudou a feição de durona para apreensiva e começou a se afastar até ficar apoiada na parede, quase encolhida. O garoto continuou falando palavrões e se aproximou dela, enquanto ela implorava pra que ele guardasse a arma. Nesse momento, minha única reação foi sair do meu esconderijo e dar um grito com todos os meus fôlegos, enquanto lágrimas escorriam do meu rosto e minha testa fervia. "NÃO!", supliquei.

Nathan imediatamente se virou para trás e instintivamente apontou a arma para mim. A garota após alguns segundos sem reação, discretamente abriu a porta e saiu correndo, deixando apenas eu e um garoto armado no mesmo ambiente. Após me ver ele arregalou os olhos e lentamente abaixou o revólver e começou a se encolher no chão, chorando. Pude ouvi-lo balbuciar algumas palavras como "Desculpa!" e "Eu não quis fazer isso!", abafadas por seus braços e joelhos, que cobriam seu rosto corado. Me aproximei com cuidado, também chorando e ajoelhei-me à sua frente, passando a mão por seu braço direito. Não pude conter minha comoção e o abracei, sem me importar com o quanto aquele chão era sujo, gelado e molhado.

"Tá tudo bem agora... Ela já foi..." só consegui repetir essas palavras vez após vez, num tom sussurrado e delicado, tentando não espantar o garoto. Ele em momento algum retribuiu meu abraço, pois segurava fortemente suas pernas contra seu tronco. De qualquer forma, eu pude sentir que aquele abraço era significativo pra ele. Depois de algum tempo, o soltei e ele ergueu o rosto, limpando suas lágrimas com a manga da blusa. Não falei nada, o deixei dizer tudo que tinha pra desabafar.

"Ela comprava comigo havia um bom tempo. Depois de alguns... problemas... começou a me odiar e a tentar me chantagear. Ela precisa de dinheiro pra pagar Frank Bowers... Ele também vende... Ele vende..." Eu podia sentir o desespero em suas palavras, e elas soavam um pouco desconexas. Depois de alguns segundos o observando, me manifestei: "Quem é ela?", perguntei calmamente. Suas seguintes palavras me fizeram ter um tremendo mal estar. "Chloe Price." Comecei a suar frio, e sentir um forte enjoo, além de uma leve dor de cabeça incessante. Comecei a ficar um pouco tonta. Ele percebeu que eu estava prestes a desmaiar e rapidamente segurou meus braços com força, me impedindo de cair. Ele começou a gritar "garota, garota!" apavorado e jogar água da torneira em meu rosto.

Em momento algum ele saiu dali. Quando ele percebeu que eu estava começando a melhorar, sem tirar seus grandes olhos arregalados como os de uma criança curiosa, me perguntou: "Você conhecia ela?". Essa foi minha vez de me abrir. Contei sobre quando nos conhecemos e sobre o fato de eu ter ido embora e a deixado aqui, sem sequer mandar uma mensagem. Disse que desde que voltei não a vi nem tive notícias dela e por isso não a reconheci. Tão diferente... Cabelos curtos e azuis, roupas escuras de couro, tatuagens e piercings. Totalmente diferente da pequena Chloe de 14 anos que eu conhecia. Falei também sobre meu medo de vê-la zangada comigo.

"Bom... você acabou de salvar a vida dela de um... 'Playboyzinho' com uma arma, então..." ele disse e sorriu calorosamente, de forma sofrida. Retribuí o gesto. Nos encaramos por alguns segundos e naturalmente, de forma bem lenta, nos inclinamos em direção um do outro e demos um último abraço. Era provável que nunca mais nos falaríamos a partir daquele momento, e pra ele eu seria apenas uma garota que o impediu de cometer uma loucura, e pra mim ele seria só um cara incompreendido que trouxe uma arma pra escola. Ou talvez as coisas realmente mudariam a partir de então. Talvez pudéssemos construir uma história, talvez eu vencesse meu medo de rever Chloe Price, talvez a partir de então seríamos apenas nós para sempre. Mas o futuro não nos pertencia. E a última coisa que nos sobrou daquele momento foi o sussurro dele em meu ouvido, com uma voz trêmula e uma lágrima: "Obrigado.".


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? Minha primeira one-shot de LiS sem final trágico xD
Deixem um comentário ♥



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