—Merda, merda, merda. –Eu puxei os cabelos para trás, e os amarrei rapidamente em um rabo de cavalo. Sons invadiram o corredor enquanto eu corria para tentar me esconder. A porta do dormitório se abriu no mesmo momento em que eu fechei o armário atrás de mim. Tentei manter a respiração calma, sem sucesso.

—Vocês já viram como o cabelo dela se mexe levemente quando ela anda? –Sirius disse numa grotesca imitação do James. Eles andaram pelo quarto.

—Vá se ferrar, Padfoot.

Eu tentei aproximar o rosto das frestas da porta. Sirius estava apoiado na cômoda, celular em mãos. Remus tentava colocar todas as coisas extras que estavam em sua cama no lugar correto. A maioria pertencia a Sirius.

James deu alguns passos em direção ao guarda-roupa, me fazendo perder o fôlego por um segundo. Ele parou de costas para onde eu estava, sua camisa vermelha do time de futebol tampando todo meu campo visual.

—Mas falando sério agora, –Potter começou. –ela é mesmo muito linda.

Eu acho que ele conseguiria facilmente passar mais algumas horas falando sobre Lily Evans. Mas, para o alívio de todos os presentes, inclusive o meu, Sirius arremessou algo no moreno. Eles começaram a discutir.

Passei mais alguns incômodos minutos encarando o breu e absorvendo o mau cheiro que emanava do espaço em que estava confinada, até que mais passos ressoaram em minha direção. Antes que eu pudesse tomar qualquer atitude, os grandes olhos verdes de Remus Lupin estavam me encarando. Uma fina camada de pó fazia um véu entre nós.

—Bem, -ele disse se virando para os amigos. –Isso é interessante. –Ele sorriu, dando um passo para o lado para que os outros pudessem observar a mais nova presa encurralada.

Sirius me encarava descrente, seu rosto se contorceu numa carranca raivosa.

—O que diabos... –ele começou, mas eu não o deixei terminar.

Pensamento rápido.

Fugir sem grandes explicações.

E foi o que eu fiz, empurrando Sirius com a lateral do meu corpo, eu tentei seguir até a saída do dormitório dos garotos. Mas James foi mais rápido, colocando-se em frente a porta, os braços cruzados

—Merda. –eu soltei mais uma vez encarando o quarto freneticamente. Pular pela janela? Me arremessar contra o Potter? Tudo parecia igualmente estúpido. Então eu sorri. Agora era jogar alto ou ir para casa.

—Parece que fui descoberta, não é mesmo? –meu sorriso se alargou, enquanto eu ainda procurava uma escapatória.

—Bouler, -Sirius falou, dando um passo em minha direção, ao qual eu inconscientemente respondi me aproximando de Remus. Ele era o único que sorria. Se era de mim, ou comigo eu preferia não descobrir. –O que você pensa que tá fazendo?

—Sabe como é, -eu disse prontamente. Nova estratégia, enrolar os garotos. –Molly me disse que ouviu uns sons estranhos por aqui... e-eu vim dar uma checada.

—E se escondeu no armário? –James falou, a mão sobre a maçaneta.

—É... Sim. Afinal, como eu iria saber se eram mesmo vocês? Podia ter pegado o invasor em flagrante, entendem?

Um silêncio pesado se abateu sobre o quarto, eu tentava parecer o menos desesperada possível, mas eu sentia meu rosto queimar. Lupin cortou o momento dramático.

—Tudo faz claro sentido para mim. –ele disse em ar professoral, algo que foi rebatido por olhares desconfiados dos amigos. –Você notou um perigo eminente e tentou nos proteger. Muito louvável de sua parte, Pietra. –agora era eu quem franzia o cenho para o moreno, voltei atrás naquele passo que me aproximou dele. Meu sensor de “algo de muito ruim está para acontecer” apitando incontrolável.

—O que eu não consigo entender, -ele falou ignorando a todas as reações anteriores. –é como você pretendia combater o criminoso em questão, com uma cueca do Sirius.

Merda.

Eu mordi o lábio com força suficiente para doer, eu ainda estava segurando a cueca.