This Is War escrita por Sofia Forbes, Nina Black


Capítulo 4
O Prefácio Se Inicia


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bem-vindos a mais um capitulo! Esperamos que gostem! ;)
Boa leitura



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POV Charlotte

 Era amanhecer do dia quando a sirene tocou indicando que tínhamos que acordar. Assim que me sentei na cama, percebi que os guardas da Sede estavam levando uma mulher. Ela era loira, com seus trinta e poucos anos de idade, e a única coisa que sabia sobre ela, era que há dois anos, eles levaram sua filha.

 Sem muita demora, levantei e corri até a fila para a contagem de prisioneiros, que agora contava com um a menos. Em seguida, seguimos pelo pátio para o refeitório. De longe avistei a garota nova, Lenna.

 Parecia bem melhor do que dias antes, afinal já fazia uma semana em que ela estava aqui. Mesmo assim, ela se recusava a comer. Balancei a cabeça em desaprovação e me concentrei em engolir aquilo que eles chamavam de comida.

 Mas um fato inusitado aconteceu quando um dos prisioneiros jogou sua bandeja pra cima derramando sua comida no chão, e começou a gritar. Quando os guardas chegaram para detê-lo, o homem gritou desesperado como se fosse a última vez que poderia falar aquilo:

 - Vocês irão morrer, todos nós vamos! Não confie no que ELES dizem!

 Procurei por alguém na vastidão de mesas e cadeiras que preenchiam o refeitório, e vi Josh encarando a situação com um olhar indiferente. Achei Will no meio da multidão também, e sua expressão parecia tentar entender o motivo do homem ter feito aquilo.

 Antes que mais alguma coisa pudesse acontecer, vários Abatedores apareceram e o homem, já inconsciente por causa das sessões de choques que tomou, foi levado diretamente para a Sede.

 Apesar de tudo o que eu já vi aqui... Era bem certo de que alguma coisa estava errada.

...

 Não podia ficar parada pensando e ligando os fatos, pois tinha que fazer minha atividade diária sendo que a de hoje era limpar todo o refeitório, e isso incluía o chão, as mesas e até as janelas. Tinha mais ou menos umas vinte crianças nessa tarefa, indo de meninas a meninos.

 Quando estava varrendo o chão, Benjamin entrou com baldes e panos nas mãos, e vários guardas atrás. Parecia que ele iria trabalhar junto comigo hoje.

Olhei em volta discretamente e vi alguns Abatedores. Pareciam distraídos em relação a nós, então vi uma chance, fiz sinal para que o moreno se aproximasse. Sorrateiro, ele se aproximou rapidamente e eu perguntei a ele:

 - Só eu que percebi ou tem alguma coisa errada aqui?

 - Como assim, errada?

 - Aquele homem no refeitório, e o jeito que os guardas estão hoje... Eles parecem bem distraídos. Como se tivesse acontecido alguma coisa.

 - Realmente... Hoje os guardas estão estranhos...

 Ele pareceu pensar no assunto, depois de um tempo desisti de deixá-lo raciocinar sozinho e continuei:

 - Que eu saiba, apenas hoje, duas pessoas foram levadas para a Sede. E desde quando algum prisioneiro tem coragem de fazer o que aquele homem fez?

 - Eu não entendi o motivo dele querer levar uma surra de graças, mas, Charlotte, essas pessoas são estranhas. Fazem o que acham certo, mas quem sabe eles não acham que os prisioneiros estão merecendo umas férias? – Ele respondeu fazendo graça.

 - Isso não é tão simples assim, Ben! – Disse irritada, mas contendo minha voz. – Muitas pessoas estão sendo levadas para a Sede.

 - Tudo bem, você tem razão. Precisamos pensar no assunto, quem sabe até falar com o Harrisson. Ele pode saber de alguma coisa nas suas andanças pelo alojamento. – Ele falou seriamente. Parecia estar entendendo a gravidade.

 - Deixa que eu falo com Harrisson. – Disse enquanto assentia.

 Ele já ia saindo quando eu o chamei novamente.

 - Fale com Lenna. Ela ainda não parece bem. Pelo menos eu sei que você ela vai ouvir.

 - Por que você acha isso? – Ele perguntou parecendo curioso.

 Dei de ombros com um sorriso e respondi:

 - Não sei. Depois daquele dia com Dave que vocês passaram um tempo a mais conversando, ela falou de você e pareceu progredir um pouco no seu processo de luto. – Eu falei dando de ombros.

 - Os pais dela não estão mortos. Mas... – Primeiro ele apenas ficou sério tentando terminar a frase. Ben não era muito bom nos momentos com garotas. Mas inusitadamente, ele sorriu e concordou. Em seguida continuou seu caminho antes que os guardas percebessem que estávamos conversando ao invés de fazer nosso trabalho.

 Mais tarde, quando já havíamos terminado de fazer a faxina no refeitório, fomos para os nossos alojamentos. O meu era na sessão C, alojamento 08. Assim que entrei, notei que Clarisse conversava com um garoto. Era Will.

 - O que você faz aqui? – Perguntei enquanto me aproximava.

 - Nossa, é bom ver você também. – Ele respondeu na defensiva.

 Will era alto, na verdade o mais alto de todos nós. Tinha os cabelos bem pretos, e os olhos eram castanhos claros. Alguns diriam que ele tem um senso de humor ótimo, mas ele me irrita a cada palavra que diz. Mesmo assim, é o melhor amigo que alguém pode ter.

 - Ele conseguiu entrar por uma das janelas. Ainda não sei como os Abatedores não perceberam essa falha. – Clarisse falou despreocupada.

 Revirei os olhos. Só eu que sabia as consequências caso ele fosse pego?

 - Já terminaram suas atividades por hoje? – Perguntei enquanto me sentava ao lado de Clarisse em sua cama. Dei essa chance a ele porque sabia que os guardas estavam meio “perdidos”, hoje, sabe-se lá por que.

 - Sim. Se você acha que correr em volta da DeepHell como uma atividade diária, então sim. – Will respondeu com um sorriso irônico.

 - Eu estou esperando os idiotas virem buscar a 2ª remeça de prisioneiros. Meu horário é agora. – A morena respondeu.

 Assim que ela disse isso, vários guardas seguidos por Abatedores entraram. Várias pessoas entenderam a deixa e já se levantaram. Passado um tempo, Clarisse e mais umas doze pessoas tinham saído. Nisso, Will tinha se escondido embaixo da cama, por precaução.

 Depois de um tempo, eu avisei que ele poderia sair.

 - Preciso falar com você. – Disse para Will.

 O garoto, que acabara de se levantar se juntou a mim.

 - O que você achou do que aconteceu hoje?

 - Eu não sei exatamente. Pode ter sido impressão minha, mas eu senti falta de três pessoas do meu alojamento. Não vi o que aconteceu, ou quando foram possivelmente levadas. Mas... – Ele não sabia mais o que falar, ou achou que o que estava pensando poderia ser maluquice.

 - Mas as pessoas estão desaparecendo. Não sei se existe uma ordem, ou um motivo...

 - Precisamos pensar em alguma coisa, não é mesmo? – Will entendeu meu raciocínio.

 Concordei. Estava cansada de me preocupar, de pensar no que iria acontecer depois. Mas quando estava com ele, me sentia melhor, mas muito mais irritada. Foi então que percebi, ele me encarava. Seus olhos sorriam, por mais que seu rosto se mostrava sério.

 - Já disse pra não fazer isso! – Exclamei me irritando.

 - Fazer o que exatamente? – Ele perguntou se mostrando inocente.

 - Você sabe!

 - Não, não sei! – Will respondeu antes de cair na gargalhada. Em seguida dei um soco no seu braço, mas ele não parou.

 Então me levantei, pronta para sair de perto dele, até mesmo quem sabe chamar algum guarda para tirá-lo daqui, quando ele agarrou meu braço e me forçou olhá-lo. Ele não sorria. Mas entendi no seu olhar o que ele não tinha coragem de falar em voz alta. “Desculpa”.

 Lentamente, voltei e me sentei ao seu lado.

 - Então, como foi o seu dia? – Ele perguntou primeiro.

 Ele podia me irritar, mas era fácil conversar com ele. Ficamos ali por um tempo. Até que me lembrei de uma coisa que precisava fazer.

 - Will, nós precisamos ir até a sessão E.

 - Por quê? – Ele perguntou erguendo as sobrancelhas.

 - Falar com Harrisson.

 POV Benjamin

 Já era noite quando entrei no alojamento de Lenna. Primeiro encontrei Dave sentado em sua cama no fundo do cômodo. Parecia fazer o que sempre fazia quando estava distraído: montando e desmontando seus aparelhos eletrônicos. Mas o que ele mexia dessa vez era diferente.

 - O que está tentando fazer? – Perguntei enquanto me sentava ao seu lado.

 - É uma coisa nova que estou planejando. – Ele respondeu com um brilho nos olhos.

 Assenti sem me importar muito.

 - E então... Onde está sua colega de quarto?

 - Lenna? – Ele perguntou sem parar com o que estava fazendo. – Ela foi até o depósito escondida com Angel. Elas devem voltar antes do horário de dormir.

 O depósito era o lugar em que eu havia levado Lenna alguns dias atrás. Onde ela conhecera meus amigos.

 - E o que elas foram fazer lá, exatamente? – Perguntei de curioso, mas também preocupado.

 - Não sei, mas já devem estar voltando.

 Nós ficamos lá por um tempo. Achei muito arriscado sair do alojamento e ir atrás delas. Dave ficou mexendo com aquele seu rádio, e eu tentando conversar com ele. Até que vi uma movimentação estranha lá fora. Os Abatedores apareceram e estavam gritando com algumas pessoas. Foi no meio dessa confusão que Angel e Lenna entraram pela pequena janela.

 - O que está havendo lá fora? – Perguntei enquanto ia de encontro as duas.

 Angel passou por mim um pouco atônita e foi diretamente falar com Dave. Parecia ser importante.

 - Parece que um prisioneiro fugiu. Ele parece ser bem perigoso. – Lenna respondeu. – Eles o estavam escondendo na Sede.

 - Escondendo?

 - Sim. Ele tinha uma cela separada por causa do seu histórico com outras pessoas aqui.

 - Mas como você sabe disso? – Perguntei a encarando.

 Ela pareceu pensar um pouco. Até que Angel apareceu atrás de nós.

 - Tudo bem Lenna, você pode contar pra ele. – Ela falou com um sorriso. – Aliás ele é uma pessoa muito confiável na hora de guardar segredos.

 Assenti sem entender direito o que ela quis dizer com isso.

 - Se não se importa, Dave e eu precisamos ir. – Angel falou enquanto chamava o amigo.

 - Mas ir para onde? O alojamento dele é aqui. – Lenna falou com a testa franzida.

 - Não podemos explicar agora. – Dave respondeu. – Mas se não se importar Ben, você poderia ficar aqui com ela? Se der a hora de dormir e não tivermos voltado, fique. Parece que hoje não é uma boa noite, não depois daquela confusão. Quem sabe eles até esquecem de fazer a contagem.

 - Eu fico, mas preciso primeiro saber para onde vocês vão. – Falei começando a me preocupar.

 - Eu vou acompanhar Dave até... Bom, até um lugar. E depois vou voltar para o meu alojamento. Não esquenta, Will já deu cobertura para você. – Angel respondeu já começando a caminhar com Dave em seu encalço.

 Olhei para Lenna tentando captar alguma coisa, mas estava claro que ela sabia o mesmo tanto que eu.

 - Se sou tão confiável para guardar segredos, por que não me contam o que está acontecendo? – Exclamei irritado antes que eles saíssem.

 - Isso vai muito além. Na hora certa você saberá. – Dave respondeu e em seguida pulou a janela.

 A confusão ainda acontecia lá fora e as pessoas do alojamento pareciam querer ver, então ninguém notou quando os dois saíram e nos deixaram sozinhos em um canto afastado dos demais prisioneiros.

 - Como vocês souberam do prisioneiro? – Eu perguntei para Lenna, que me encarou. Ela parecia me estudar atentamente antes de falar qualquer palavra.

 Mesmo conversando quase todos os dias, ela ainda tem uma desconfiança em mim.

 - Eu e Angel estávamos no depósito... E achamos um walkie-talkie perdido por lá. Conseguimos ouvir a conversa de dois seguranças... Pelo visto estavam na Sede... E estavam em pânico. – Ela disse baixinho.

 - O que aquele walkie-talkie estava fazendo lá? – Eu perguntei curioso.

 - Tinha um Abatedor desmaiado debaixo da mesa que estava perto de onde achamos o aparelho. Ele estava... Sangrando, muito. – Ela disse baixo, mas não parecia assustada. – Angel parecia uma das mais assustadas... Pegou minha mão e saímos correndo dali. No caminho eu deixei o walkie-talkie cair, mas Angel só... – Ela pausou o que estava falando, pensando se algum detalhe poderia ser importante. – Só parou quando chegamos aqui.

 Nisso eu fiquei quieto. Angel com certeza ficaria assustada com uma coisa dessas... Mas me perguntei por que Lenna não estava.

 - Você não ficou assustada? – Eu perguntei.

 - Não. Ele só estava caído, não estava? – Ela me perguntou e foi aí que eu notei... Lenna não sabia como era uma pessoa morta até então.

 Eu, Angel e Josh sabíamos disso mais do que ninguém...

 Em alguns dias, os Abatedores fazem o que eles chamam de “Limpeza” aqui na PCMA, que consiste em pegar os prisioneiros que já estão velhos ou doentes demais, ou os rebeldes que se negam a fazer qualquer coisa, e os executam. Não na frente de todos, claro. Mas eles fazem isso alto suficiente para que possamos ouvir os tiros.

 Nós três não sabíamos por que aqueles tiros existiam... Afinal, os adultos não contavam pra gente o que acontecia.

 Mas aconteceu de, em um dia desses, por um buraco entre as cercas e um pouco de curiosidade que ainda restava, fomos ver o que estava acontecendo.

 Os tiros eram muito mais ensurdecedores do que costumávamos ouvir. E a sensação... Era horrível.

 Havia duas crianças e dois adultos. Um desses adultos era uma mulher. Eles gritavam, pedindo piedade... Mas nem deixaram eles terminar a frase... Um tiro pra cada um. A mira do Abatedor era tão precisa que achei que ele estava vendo um alvo desenhado na nuca de cada um. Sequencialmente, cada um foi caindo. Cinco minutos depois, nenhum grito, nenhuma lamuria... Nenhuma respiração ali.

 O Abatedor havia ido embora, e quando Josh e eu fomos perceber, Angel já estava correndo em direção de uma das crianças. O garoto era do alojamento dela. Ela implorava pra ele se levantar, mas ele nem sequer mexia. No início eu também não havia entendido o que havia acontecido. Mas depois, com um arrepio na espinha, eu percebi que eles não iriam mais se levantar.

 Josh teve que carregar Angel dali. Ela começara a chorar baixo, pelo instinto de que, se ela chorasse alto, seria castigada.

 E foi aí que conhecemos o que era matar. Charlotte e Dave já não se assustaram quando falamos isso... Mas quando fomos perguntar sobre isso, eles mudaram totalmente de assunto.

 - Benjamin? – A voz Lenna me mandou de volta pra realidade. – Você está bem? – Ela perguntou.

 - Sim. Claro. – Eu dei um sorriso mínimo. – Dentro do possível aqui.

 - Claro... – Ela disse olhando para baixo. – Benjamin... Seja sincero comigo?

 - Claro. – Eu falei.

 - Vou ver meus pais de novo? – Ela perguntou me encarando.

 Eu não soube o que dizer. Nunca vi ninguém saindo da PCMA ileso.

 - Eu não sei. – Eu abaixei a cabeça. – Aqui não sabemos de nada... É difícil... – Eu disse olhando para o nada. – Também tenho essa esperança, sabe? – Ela me encarou. – De ver as pessoas que os Abatedores levaram de novo.

 Ela ficou em silêncio. E eu continuei.

 - Meus pais e minha irmã foram levados no dia seguinte que viemos parar aqui. – Eu disse baixinho. – O pai de Josh também. A mãe dele morreu no caminho, mas ele nunca viu o corpo dela. E os pais de Angel também foram levados.

 - Os pais de todos...? – Ela parecia dizer isso para ela mesma, e eu continuei falando.

 - Dave foi tirado da sua irmã mais velha, que até onde ele me contou tinha a guarda dele, já que os pais dele morreram bem antes de isso tudo acontecer. Elizabeth foi separada dos dois pais dela... Ela era adotada. E Charlotte eu não sei... Ela nunca me falou, e nunca sabemos o que aconteceu quando ela chegou, afinal de contas, ela não fala nada. Com o Will aconteceu a mesma coisa.

 Ela pareceu pensar um pouco e depois olhou para frente, onde no meio do tumulto de prisioneiros querendo ver a confusão lá fora, tinha uma garotinha abraçada com uma mulher, e as duas eram parecidas.

 - Benjamin... Não acha estranho só os pais de alguns serem levados? Por que isso acontece? – Ela perguntou enquanto uma lágrima escorrida na sua bochecha. Com a manga da minha blusa eu a limpei. – Quero dizer... Não é por idades... Temos oito anos, mas isso não faz diferença.

 Nisso, ouvimos um grito lá fora, e todos os prisioneiros saíram.

 - O que está acontecendo? – Eu perguntei, e quando eu olhei para Lenna, ela já estava na porta do alojamento, tendo uma visão do famoso prisioneiro fugitivo caído no chão, com o rosto ensanguentado.

 Parei do lado dela e fiquei o encarando. Ele parecia estar procurando alguém, e quando nossos olhares se encontraram, ele ficou de boca aberta.

 - Vocês... – Ele disse baixinho, mas eu consegui entender. – Nós... – Ele começou a rir como um maluco e depois encarou fixamente para o Abatedor que estava com uma arma apontada para sua cabeça. – O epílogo está próximo. – Ele disse sorrindo maniacamente e depois olhou para Lenna. – Somos feitos para o epílogo.

 E nisso o barulho de um tiro foi ouvido, e tudo o que eu consegui fazer foi passar meus braços pelos ombros de Lenna, enquanto ela encarava tudo assustada.

 - Ele... – Ela sussurrou para mim. – Ele... – Ela começou a chorar. Não que fazia diferença agora, já que várias pessoas gritavam.

 - Ele morreu. – Eu sussurrei para ela, enquanto a abraçava e a levava para dentro do alojamento.

Não comentamos mais nada, afinal, Lenna não parou de chorar, mas aos poucos foi diminuindo o ritmo até que caiu no sono, e eu fiquei sentado ao seu lado na cama. Foi então que percebi que ela dormiu de mão dada com a minha. Ela se sentia segura. E então eu sorri.

POV Will

Uma hora antes...

Nós tivemos que andar pelas sombras para chegar até a sessão E. Podia ser pelos acontecimentos anteriores, mas pelo caminho, encontramos poucos Abatedores.

Quando chegamos, tinha apenas um guarda na porta de vigia. Esperamos um pouco e depois entramos pela janela. Encontramos Harrisson conversando com um homem um pouco mais novo do ele, e foi então que percebi que estava com medo. Mas não por mim, por Harrisson. Ele estava ficando velho demais e nós sabemos o que acontece quando os prisioneiros não são mais úteis.

— Harrisson. – Charlotte chamou. – Nós precisamos conversar.

Ele nos viu e pediu licença e rapidamente veio até nós.

— O que estão fazendo? É perigoso vir aqui a esse horário. – Ele falou com o cenho franzido.

Charlotte balançou a cabeça como se esse fosse o menor dos nossos problemas.

— Algo está errado e nós achamos que você tem respostas. – Falei antes que a conversa se estendesse demais.

— Os prisioneiros... Eles estão sendo levados para a Sede... Estão morrendo, não é? – Charlotte perguntou o que eu estava querendo saber a um tempo.

Harrisson não respondeu, apenas abaixou a cabeça como se estivesse concordando com a ruiva. Mas, logo pareceu consertar o que havia feito.

— Não sabemos ainda, mas é sim, querida. Vários prisioneiros estão sendo levados e a cada dia o número cresce. – Ele falou olhando para nós. – Mas isso não quer dizer que estão morrendo.

— Como você sabe?

— Porque isso não começou agora, e um prisioneiro, Eddie, - Ele falou apontando para um jovem de uns vinte e poucos anos sentado no fundo do cômodo – Foi levado, mas voltou hoje.

— E desde quando você sabe disso? 

— Desde quando Lenna chegou. – Ele respondeu se lamentando.

— E não contou pra gente? – Perguntei me irritando.

— Vocês são crianças, não deviam se preocupar com isso. E além do mais, achei que iria parar, que era fase. – Harrisson respondeu demostrando medo pelo o que havia acabado de dizer.

— Nos preocupamos porque estamos envolvidos nisso desde quando nos colocaram aqui! – Charlotte exclamou com lágrimas nos olhos.

— Você tem razão, querida. Mas isso não vai ficar assim, vocês não vão ser levados, porque eu tenho um plano.

...

Depois que Harrisson terminou de nos contar o que estava planejando, pediu pra que eu fosse até Dave, ele era uma parte fundamental do que queríamos fazer.

Quando sai para ir até seu alojamento, vi uma movimentação estranha acontecendo no meio do pátio. Parecia um homem, prisioneiro, que estava correndo de Abatedores. Várias pessoas assistiam, já que não tinha nenhum guarda nas portas dos alojamentos. Não podia ficar parado, precisava aproveitar a multidão.

Corri rumo a sessão B. Não estava vendo direito o que estava no chão, ou até mesmo na minha frente, mas não me preocupei com o que poderia achar. Foi então que dei um encontram com uma pessoa. Meus instintos me mandaram correr, pois poderia ser um guarda, mas parei assim que vi quem era.

— O que faz aqui? – Perguntei enquanto tomava um pouco de fôlego.

— Estamos indo para os alojamentos. – Angel respondeu. Parecia assustada com alguma coisa.

— Estamos?

— Lenna está logo atrás de mim. – Ela respondeu olhando para a escuridão atrás de nós. – Eu a deixei depois que vi...

— A confusão? – Completei, já que ela não falou mais nada.

Ela me encarou de início, mas depois apenas concordou.

— Preciso de um favor. – Pedi tentando enxergar seu rosto. – Preciso que vá chamar o Dave e o leve até o alojamento do Harrisson.

— Mas... Por quê?

— Temos um plano, mas não posso falar mais do que isso. E por favor, não comente com ninguém, nem a Lenna.

Angel pareceu não entender direito, mas entendeu que eu ia falar mais nada. Então ela assentiu.

— Ah! E diga para Benjamin que vou tomar conta da sua ausência no nosso alojamento.

— Como sabe que ele está lá? – Ela perguntou com o cenho franzido.

— Charlotte me contou algumas coisas, e então acho que ele está lá esperando por Lenna. – Respondi com um sorriso maroto. – Tenho que ir antes que ela apareça, e peça para Dave não demorar.

A loira não falou nada, então entendi como um “Tudo bem”. Assim que me escondi atrás de algumas caixas, Lenna apareceu.

— Você está bem Angel?

— Estou... Estou melhor. Mas precisamos correr, tenho que ajudar um amigo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem o que acharam!
Até a próxima :)



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