Paradise City escrita por Sparkle


Capítulo 10
A realidade nunca vai alcançar suas expectativas




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Marilyn foi internada imediatamente, havia ainda chances de ser salva com vida. Uma maré de má sorte tomou conta da Warmsley Pictures e do próprio Edgar Warmsley. “O fundo do poço” esse era o nome usado por todas as revistas e jornais para descrever a situação da qual passavam, Annelise Louise, Marilyn e Edgar Warmsley dividiam uma capa, dentro dessa revista havia os piores momentos da Warmsley Pictures. Era o fim.

Edgar estava furiosíssimo com seus empregados e a má eficiência em segurança, como alguém havia entrado ali sem eles verem? Com todo seu dinheiro e suas posses não tinha uma coisa básica que era a segurança. Eram cegos por acaso? Com certeza fora Evan a invasora, era óbvio e ela escapara mais uma vez... mas depois dessa não teria outras... um ódio profundo misturado com um medo tomaram conta dele. De repente podia ser que sua família estava em risco, Evan era digna de pena, devia ter um problema sério e precisava de tratamentos psiquiátricos, mas se ela conseguia fazer aquilo todos conseguiriam.

...

—Angelina, você passou para a segunda fase do concurso musical da Warmsley Pictures, por favor, passe aqui daqui a pouco e nos traga algumas de suas composições....

Meu Deus! Angel ficou paralisada enquanto ouvia a voz mecânica através do telefone, ela havia passado! Não podia acreditar. Estava confusa, um misto de emoções, felicidade, espanto, medo tomaram conta dela.

Ela entrou no teatro e novamente lhe veio aquele cheiro forte de madeira. Havia algumas pessoas sentadas aguardando enquanto uma a uma entrava dentro de uma salinha, estavam todos nervosos e ansiosos. Depois de umas três pessoas foi a vez dela, estava bem nervosa quando chegou, mas com a espera acalmou os ânimos e estava menos apreensiva na sua vez.

—Olá, Angelina, prazer – era uma mulher simpática de meia idade, de bom humor e uma voz teatral– bom, você pode me entregar sua pasta de composições e aguardar na salinha ao lado? Ótimo... vamos analisa-la e logo a chamaremos.

Angel foi até a salinha havia uma grande mesa com o café da tarde sobre ela. Só tinha duas pessoas, uma estava folheando o jornal tapando todo rosto e a outra levantou-se assim que ela entrou. Angel sentou em um canto e serviu-se de chá. A pessoa do jornal remexeu-se, folheou e sem seguida fechou o jornal, era Michael, um cantor mundialmente famoso. Ela teve de disfarçar o espanto ao reconhece-lo. Suas amigas amavam ele, todo mundo dançava suas músicas nas danceterias, com isso ele havia conquistado o titulo de rei do pop, mas ali parecia uma pessoa qualquer, igual ela, Tio Sam... Evan.

—Olá. – ele disse

Ela interrompeu seu chá. Paralisada. Aquilo fora para ela? Olhou para trás disfarçadamente para ver se havia alguém, não, não havia, era com ela. Ela quase engasgou. Meu Deus!

—O-oi.

Ele sorriu.

—É uma das finalistas, certo? Parabéns, você foi muito bem.

Angel não sabia o que responder, apenas sorriu tímida. Ele lhe ofereceu cigarros e ela aceitou.

—Angelina?

Ela assentiu.

—Michael

Ele disse meio infeliz, não gostava muito da ideia de ser famoso, claro que ela já sabia seu nome antes de ele dizer, mas ele gostava de se apresentar mesmo assim, em sua cabeça era diferente. Ele foi muito simpático, conversaram bastante sobre diversas coisas, ele não falava sobre a fama, falava sobre outras coisas, por um momento Angel sentiu-se conversando com Tio Sam, tão íntimos. Ele era tão dócil, tinha um ar tão inocente, um jeito cativante, mas excêntrico e assustador as vezes. O assunto fluiu tanto que ele chegou até a contar sobre sua vida intima, quando ele não era o rei do pop... gostava de crianças, e tinha uma paixão por Peter Pan. Ele era atento a tudo, sensível, frágil...

—Deve conhecer Edgar Warmsley?

—Pessoalmente não...

—Puxa... devia conhecer, ele tem filhos adoráveis, e são muito inteligentes. Eu tenho alguma amizade com Florence e vou brincar com Thomas e Alice as vezes...

Por um momento ele deve ter se esquecido que ela não era famosa, não estava a sua altura e muito menos era rica para ter contato com Edgar Warmsley e sua família, ela ainda não entendia o por que Jimmy havia a escolhido para passar aquela noite com ele, Evan dizia que ele só queria usá-la,  mas eles passavam tardes apenas conversando na maioria das vezes...  ele poderia fazer tudo isso com outra pessoa, tipo Amy Ullman a filha do prefeito que era rica e bonita, mas ele escolheu ela, ela nunca entenderia.

—Na verdade estou aqui por pura sorte, Michael. Não acredito que irei ganhar esse concurso e não tenho dinheiro algum... nem sei se sou digna de merecer sua atenção e não estou a altura de conhecer Edgar ou seus filhos.

—Querida, dinheiro não é tudo. E eu sei que você tem muito talento, é gentil e inteligente... isso é tudo! Tudo que vai precisar em sua vida.

Aquilo a marcaria para sempre em sua vida. Aí Michael mudou de assunto:

— Quer saber? garotos nunca deviam ser postos para dormir, eles sempre acordam um dia mais velhos e antes que se de conta eles já cresceram. É bom ser criança e jovem para sempre, é bom manter a sinceridade e a paixão pela vida que se tem na infância... depois que se cresce...

—...fode tudo – ela completou

—Angelina, querida, eu farei a entrevista agora –a mulher de voz teatral a chamou

Ela se levantou para ir a outra sala e a mulher chamou Michael também.

—Venha querido, você pode me ajudar...

 Ele se sentou ao lado dela que estava toda sorridente para ele e conversavam animadamente e pareciam bem amigos, até que ela voltou ao seu lado profissional e resolveu começar a entrevista.

—Vamos lá, Angelina... Temos essa música –ela tirou da pasta e a mostrou – Você marcou como sua favorita. Por quê?

Era a música que ela havia escrito depois de ter saído com Jimmy debaixo dos cabos de telefone, a primeira aproximação deles, o dia do primeiro beijo, primeiro passo, trazia tantas lembrança boas aquele dia e ela até se sentiu nostálgica.

—É uma música que eu amo, porque não me comprometi a escreve-la. Escrevi exatamente o que sentia e encaixei na melodia perfeita para as palavras. Eu estava na Costa Oeste, com meu melhor amigo – ela achou melhor classificar Jimmy assim – eu sentava embaixo dos fios de telefone na rua e ouvia eles chiando no mormaço, eu queria pegar aquela eletricidade e absorve-la para me sentir viva e elétrica novamente. Me senti feliz no clima quente e comecei a escrever sobre o quão triste o verão me parece.

—Gostaria de falar algo sobre suas músicas, coisas que te inspiram, ou alguma história que você queira contar de alguma das músicas?

—Não sei. Existem algumas imagens que sempre me vem, como coisas douradas, a Costa Oeste, caras bonitos e motocicletas.

—Como você se sentiu arrebentando a audiência na rádio?

—Foi ok. As pessoas disseram que amaram. Eu sei que algumas pessoas não gostaram, mas aquele é o modo como me apresento.

—Quando você foi chamada para o concurso como se sentiu? E você se sentiu confortável no palco?

—Fiquei nervosa. Não sou performer ou exibicionista nata. Quando mais nova eu odiava estar em foco, fazia eu me sentir estranha.  Mas quando cheguei para me apresentar me senti bem, achei que estava bonita e cantei bem.

—Fale sobre eu processo criativo quando esta escrevendo.

—Dizem que a imaginação é sua melhor arma para alcançar o sucesso, e acho que isso é real porque as coisas se manifestam na realidade a partir das visões que você tem em sua mente. Então a coisa mais importante é ter um mundo interno bem rico, e viver lá, porque a realidade nunca vai alcançar suas expectativas.


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