Ódio no passado. Amor no futuro? escrita por Eduarda


Capítulo 13
Capitulo 13


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas saiu!! Espero que gostem
Boa leitura !



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John

O tempo estava corrido, eram tantos projetos que eu mal podia aproveitar a presença de Anna.

— Ei! - Elise apareceu de repente na porta. - Sua mãe está na linha.

Acenei com a cabeça e ela se foi. Minha mãe? O que ela queria agora?

— Mãe? O que houve? - Eu tinha um certo nervosismo na voz, era rara uma ligação dela.

—Quer dizer que precisa acontecer algo para eu ligar para você? Mas em partes algo aconteceu ou vai acontecer – Aquilo era estranho. - Lembra-se da visita anual? Quero saber se irão vir esse ano?

Droga! Eu havia me esquecido da visita anual. A visita anual é nada mais do que uma visita a casa dos meus pais, todos os filhos e suas famílias, escolhem uma semana do outono de cada ano para passar na casa de campo da família na Califórnia.

— Verdade, eu havia me esquecido. Mas nos vamos! Estaremos ai!

— Ótimo! Vou avisar todos de que você e as crianças virão. Beijos, meu filho. Te amo.

Quando eu havia desligado, percebi o grande erro que estava cometendo. Minha família nunca foi muito fã de Anna. Minha mãe até aceitava mas meu pai odiou a ideia de me casar com uma garota comum de Nova York, meus irmão eram iguais a meu pai. Mas tudo piorou com a nossa separação e com a "traição" de Anna. Essa visita ia ser uma guerra já declarada.

...

Meus pais nunca aceitaram bem meu casamento com Anna. Minha mãe não gostava da ideia mas me apoiava. Meu pai, achava um absurdo. Eu, um Nolan, casado com um mulher sem nome, era um completo desrespeito a fortuna da família. Meus irmãos, Antony e Daniel, achavam que ela engravidou de proposito apenas para ter direito a minha fortuna e Charlotte, a mais nova, simplesmente a odiava não tinha motivo aparente.

Eu sempre soube que Anna não era como eles diziam mas tudo piorou quando souberam da traição aquilo foi a prova viva de que Anna era uma simples interesseira que se casou por dinheiro. Eles não sabiam que eu havia descoberto a verdade e estava junto a ela de novo, dessa vez definitivamente. Aceitar ir sem falar com Anna havia sido uma ideia estúpida, já que sei como vai ser o encontro com eles e que será doloroso para Anna ouvir tudo o que eles vão dizer.

Anna estava aninhada a meu peito, seus sedosos cachos esparramados sobre os lençóis. Era lindo o tom de sua pele nua contrastando com a luz que entrava pela enorme vidraça da sacada. Ela já dormia a horas e eu me perdia em meus pensamentos. A coloquei suavemente na cama e desci para tomar agua.

Peguei um copo e me sentei na bancada da cozinha. Tinha que pensar em como contar tudo aquilo para Anna. Não seria fácil. Anna tinha um gênio forte e odiava ser a ultima a saber. Pude sentir alguém se aproximar por trás e me abraçar.

— posso saber o porque saiu da cama? - Ela tinha um voz sensual ao pé do meu ouvido.

—Não sabia que lhe devia satisfações - Provoquei-a, recebendo uma mordida por despeito.

Me virei e a beijei. Como era bom, eu podia beija-la por horas e me apaixonar cada vez mais por aquela mulher. Ela se soltou de repente

— Você está estranho. O que houve? - Era burrice tentar adiar.

— Nós vamos viajar para a casa de campo ver minha família. - No momento em que eu disse aquelas palavras ela se solto de meus braços.

—Eu não vou!

— Anna, é um mal necessário. Uma hora vai ter que falar com eles, não podemos nos esconder para sempre – Ela estava relutante – Se é que eles já não saibam.

— John, eles me odeiam. E eu não quero ter que ouvi-los falar de mim, como por 6 anos falaram – Ela falava em um tom duro, mas eu sentia dor junto – Eu não vou!

— Anna – A puxei para meu peito – Sei que não será fácil, mas eu estarei lá, vamos enfrentar juntos, eu vou te proteger.

— John – sua voz saiu quase como um soluço. Apertei-a mais forte.

— Acalme-se vai dar certo. - aquilo era mais um pedido do que uma certeza.

...

Estávamos a caminho da casa de campo, havíamos atrasado um pouco devido a umas papeladas no aeroporto para retirarmos o carro. Ela estava calada desde a saída do aeroporto, Jaime dormia no banco de trás e Hannah estava ouvindo música. Peguei sua mão e beijei-a, ela me retribuiu um sorriso fraco. Aquilo doía, porque eu sabia que estava fazendo a sofrer.

Quando avistamos a estrada da casa, pude sentir Anna ficar inquieta. A casa era enorme como me lembrava, era uma das mansões mais bem avaliadas de toda Califórnia, tinha até um hípica.

As crianças saíram na frente. Anna não se moveu. Segurei sua mão.

— Vai dar tudo certo, se não der nós vamos embora. - Havia lágrimas no canto de seus olhos.

Ela acenou com a cabeça e eu dei um longo beijo, apenas para selar aquele acordo.

Dei a volta para abrir a porta de Anna, ela estava pálida e fria. Sabia que era um momento difícil, mas eu também não iria permitir que ninguém fizesse mal a ela. Subimos a imensa escadaria que dava acesso a porta principal. Seguro sua mão para lhe dar estabilidade. Todos estavam na sala conversando, a hora havia chegado. Todos se viraram para me cumprimentar e a surpresa foi imediata. Charlotte se levantou rapidamente, ela tinha raiva no olhar.

— O que essa mulher está fazendo aqui! Eu não aceito ela aqui!

— Charlotte! Acalme-se! – Ela não ia começar a brigar agora.

— Era só o que me faltava! Ter que dividir o mesmo espaço com esse projeto de prostituta! – Eu não ia permitir ela dizer aquilo da Anna.

— Segure sua língua ao falar de Anna! Você não sabe os motivos que ela teve!

— Claro! Que motivos nobres existem para sair batendo cartão em camas de homens, não é mesmo?!

Anna apertou meu braço, se aproximou do meu ouvido.

— Vamos embora John, por favor! – Ela tinha lágrimas escorrendo por suas bochechas. – Eu não estou me sentindo bem.

— Já chega! Vocês dois se acalmem! Não quero saber de briga dentro da minha casa. – Meu pai conseguia botar ordem até mesmo na Charlotte.

— Eu vou embora, se minha esposa não é bem-vinda aqui, eu também não sou.

— Meu filho espera ai! – Minha mãe correu até mim – Não vai, não! Por favor!

— Não, mãe. Se Anna não é respeitada, eu vou embora.

— Garanto, meu filho, que a Charlotte vai se acalmar, mas não precisa ir embora.

Charlotte saiu da sala. Todos que estavam na sala vieram nos cumprimentar, nem todos ali apoiavam minha decisão com relação a Anna, mas eles a estavam a respeitando.

...

Anna estava deitada enquanto eu desfazia a mala. Me aproximei devagar e a abracei. Ela tinha olhos vermelhos pelo choro.

— Vamos embora. Eu não aguento ouvir tudo aquilo. Eu quero ir embora! – As lagrimas chegaram e mal deu para ouvir a última parte. Sabia que era uma tortura para ela, mas uma hora nos teríamos que enfrentar eles.

— Meu anjo, vamos ficar apenas hoje, tudo bem? – Dei pequenos beijos em seu rosto, ela aninhou-se em meu peito e dormimos juntos.

Quando acordamos está perto do horário do jantar, descemos e encontramos a família toda reunida. Antony e sua esposa, Daniel e a Noiva, Charlotte e o marido, meu pai (Com seu olhar duro como sempre) e minha mãe que aparentemente é a única feliz pela reunião da família. Nos sentamos juntos a todos, Anna a meu lado para não ficar muito perto dos outros. Logo depois as crianças chegam. Hannah está radiante, depois da volta de Anna, ela parou de usar roupas pesadas e conversa mais comigo, é como se tudo tivesse voltado ao normal. O jantar foi um tanto quanto normal, não houve discussões apenas conversas comuns. Mas Charlotte ainda olhava com raiva para Anna.

Durante a noite, Anna e eu tivemos uma noite de intimidades, as vezes penso que sexo com Anna nunca é demais, parece que sempre é perfeito. E ela me faz o homem mais feliz do mundo. Quando se ama uma pessoa, estar perto dela nunca parece ser o suficiente. Cada beijo, cada caricia me faz pensar em como pude ficar tanto tempo longe. É como se fosse uma droga que vicia e você não tem vontade de parar nunca.

Anna

Me levanto e John ainda dorme. Deixo um bilhete dizendo o que vou fazer e que é para ele me encontrar assim que acordar. Passo pela cozinha pego uma maça e me dirijo para fora da casa. Hannah havia me dito que a hípica tinha lindos cavalos e eu sempre fui apaixonada por montaria, não sou a melhor das amazonas mas digamos que dou para o gasto. Aparentemente todos estão tomando café, é o momento certo de ter um pouco de paz. Sei que não é fácil aceitar uma mulher que traiu uma pessoa importante para você, mas nenhum deles conhece meus motivos e razões para meus “erros”, gostaria que eles me entendessem mas para isso eu teria que contar toda a verdade e isso é o que menos quero fazer no momento.

 Começo a observar todos os cavalos, eles são todos maravilhosos de belas raças e certamente são puro-sangue. Ouço passos vindo atrás de mim, me viro e dou de cara com Charlotte. Com certeza, a última pessoa que gostaria de ver no momento, ela me olha com um olhar de puro ódio.

— Não quero brigar mas saiba que não estou feliz com você ao lado do meu irmão, ok? – Ela foi incrivelmente direta, isso é um tanto quanto estranho. Ela se vira para sair – Aliás, se for cavalgar recomento o ultimo cavalo é o mais dócil que temos, ele já está selado. Faça bom proveito!

O modo como ela falou a última parte me deixa assustada. Vou até o ultimo cavalo, lá se encontra com certeza o cavalo mais lindo que já vi em toda a vida, é negro como a noite chega até a brilhar. Acaricio um pouco sua crina para criar um pouco de confiança, ele realmente parece um cavalo dócil, não entendo muito o porquê de Charlotte ter usado aquele tom. Tiro o cavalo do pequeno local onde se encontra e o levo até o gramado que fica atrás do haras, dá para ver aonde todos estão tomando café, uma pequena estrutura de madeira com tecido decorando todas as suas hastes. Tomo fé e começo a me preparar para subir naquele belo garanhão.

...

John

Assim que encontro o bilhete de Anna, coloco minha roupa de montaria e vou a seu encontro. Desço as escadas e não encontro ninguém, presumo que estão tomando café no jardim. Quando chego estão todos reunidos, Charlotte chegou junto comigo e se sentou ao lado do marido. Olho em direção ao Haras e vejo Anna pronta para montar em um cavalo negro já selado. Volto a olhar para todos reunidos, no mesmo momento sinto a ficha cair, o único cavalo negro que existe na casa da família é o Damon, ele recebeu esse nome porque é o tipo de cavalo que você pode apenas observar pois quando você sobe nele, ele é pior que o demônio. Grito e corro para tentar alerta-la mas parece ser em vão. Ela já está em cima dele. Ela me olha e solta um lindo sorriso que desaparece quando ele começa a correr, ele para dando um tranco em Anna, mas ela se segura bem. Damon começa a empinar, ele sobe e da fortes batidas no chão, umas 3 vezes mas ela consegue se segurar. Ouço seus gritos e começo a me desesperar junto ela. Vejo Daniel correr para pegar um cavalo para tentar ajuda-la, enquanto eu e Antony tentamos chegar perto para segurar as rédeas. Com certeza a pior das ideias, o cavalo começa a empinar mais alto e Anna acaba largando as rédeas. Anna cai e parece uma boneca de pano ao cair no chão. A cena me amedronta, é como se ela já não tivesse vida. Corro para tentar ajuda-la, mas Antony me impede de chegar perto dela. Antony é médico e diz que não podemos move-la até que ele a examine. Cada segundo que passa, sinto o ar parar de entrar. Todos ficam apreensivos. Antony imobiliza o pescoço dela e pede para que a levemos até o carro para a levarmos ao hospital.

Até a hora que entramos no hospital, Anna não havia acordado. Antony me assegurou que Anna não estava correndo perigo, mas eu não me acalmaria até conseguir falar com ela. Alguns minutos depois, o médico apareceu. Ele disse que ela estava bem tinha apenas trincado duas costelas, luxado o braço e um arranhado no rosto, mas que era bom ela ficar mais umas horas em observação, mas que logo voltaria para casa. Pude respirar um pouco mais aliviado.

...

Anna

— Juro que não pensei na hora. Eu o vi selado, peguei e montei. Simples – Não queria dizer nada a John sobre o fato de ter sido Charlotte a me falar para montar o Damon.

— Simples? Você podia ter morrido! Eu podia estar agora chorando sobre o seu corpo! O que acha disso?

— Pare de exagero John! Eu nem me machuquei tanto assim. Me desculpe, eu só quis montar não imaginei que ele pudesse ser um pouco mal-humorado. Me desculpe.

John estacionou o carro na casa dos pais dele e se virou a mim. Ele segurou minhas duas mãos.

— Não precisa pedir desculpas – Ele beijou minhas mãos – Só que eu fiquei com medo de te perder como naquele dia. – Ele beijou meus lábios.

Saímos do carro e fomos em direção a casa. Como John havia comentado eu me recordei de pequenos momentos daquele dia, eram coisas bagunçadas que não faziam muito sentido, eu me lembrava de algo branco, seringas e flores. Juntando tudo eu não tinha nada, mas nada me tirava da cabeça que aquilo fazia sentido e que eu não estava ficando louca, mas eu ia esperar para saber de mais coisas sobre o assunto.

Encontramos a todos, eles pareciam realmente se preocupar se eu estava bem ou não. Menos Charlotte, ela parecia nem ao menos se importar se ela podia ter me matado ou não. John me levou para o quarto para que eu pudesse descansar. Mas eu não o deixei ficar comigo, eu praticamente o mandei ficar com sua família. Até que ele finalmente foi. Me levantei para pegar um livro e ouvi a porta abrir.

— Achei que tivesse sido clara sobre você ficar um tempo com seus pais! – Quando olhei para trás percebi que quem havia entrado no quarto foi Charlotte. – O que está fazendo aqui?

— Eu vim me desculpar. Sei que não tem perdão o que eu fiz, mas eu não queria que se machucasse, era apenas para te assustar – Senti que ela estava sendo sincera, havia lagrimas em seus olhos – Eu sinto muito, depois que você caiu. Eu fiquei pensando, “será que é isso que eu vou ensinar para o meu filho? ”

— Espera, você está gravida?

— Sim. Você é a primeira a saber. Eu me senti mal, porque além de ter sido infantil, eu causei algo que eu não imaginava.

— Tudo bem, eu não estou com raiva de você, mas eu preciso saber. Porque?

— Eu passei momentos muito difíceis no meu ensino médio, John sempre foi aquele irmão mais velho que me protegia do mundo. Quando eu soube que vocês estavam juntos, eu não gostei porque eu não te achava a pessoa certa e depois que você o traiu e ele ficou arrasado, ele não tinha animo nem para viver, eu senti um ódio tremendo de você.

— Charlotte, eu não costumo contar isso para muitas pessoas, na verdade, apenas John e uma amiga sabem sobre isso. Eu não trai o seu irmão, eu fui estuprada. – Senti lagrimas brotarem em meus olhos – Eu perdi o meu bebe, Charlotte. E o John caiu em uma mentira que o fez acreditar que eu o havia traído. Nós voltamos quando ele soube da verdade.

— Ó meu deus! Anna. Eu sinto muito. Muito mesmo.

— Muitos acreditam na mentira e me julgam, mas eu sou tão vitima quanto o John até mais. Então eu imploro que você me entenda só um pouco.

— Eu te entendo mais do que imagina, Anna. Lembra do problema que eu tive no colégio, também foi um estupro. – Aquilo me pegou como uma onda – eu achava que minha vida tinha acabado ali, tentei me matar inúmeras vezes, John é quem me impediu, só ele sabe dessa história. Por isso, eu não gostava de você, porque ele foi meu anjo da guarda e eu não queria que qualquer mulher se aproveitasse dele.

— Eu sinto muito Charlotte, nos duas sabemos quanto dói um abuso como esses. Mas fique tranquila se eu estou com seu irmão, é porque o amo. E ele me ama também, vou dar sempre o meu melhor para que ele seja feliz ao meu lado.

— Isso é bom, muito bom na verdade. Se meu irmão é feliz com você, eu também estou feliz. Mas cuidado com ele, ele é muito sensível por dentro.

— Obrigada pelo conselho e meus parabéns pelo bebe. Filhos são as melhores coisas que podem acontecer para um casal.

Ela acenou com a cabeça e saiu. Não esperaria menos, nós tínhamos trocados pequenos segredos, mas isso não significava uma amizade, isso era certo. Me sentei na cama, apesar da intensa dor no meu corpo inteiro, eu demorei a dormir. Pensei no dia em que eu quase morri por um choque anafilático, será que foi mesmo algo que eu comi? Porque na minha cabeça eu sempre imaginava uma pessoa, eu não sabia quem, mas alguém me fazendo mal. Um dia talvez eu decifre esses segredos da minha mente.


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Notas finais do capítulo

Eai o que acharam?
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