Vermelho em sete atos escrita por Yuki Max


Capítulo 2
Ato 2 - Vermelho como as poções do médico clandestino


Notas iniciais do capítulo

Olá, *.*

Segundo capítulo saindo...
Espero que gostem dele!
Kaikun, mais um apertão de parabéns para você! Obrigada pelo comentário, seulindo! ♥

Beijo, beijo, =*
Yuki



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Ato dois – Vermelho como as poções do médico clandestino



– Shinra, preciso de ajuda. Tira esta bosta daqui. Está me deixando doido desde que apareceu hoje de manhã.

Se as roupas bagunçadas e cabelos desgrenhados não o fizessem, certamente denunciariam o quão intensa fora a corrida até o apartamento do amigo e médico clandestino a respiração pesada e pedido arfante. Esforço desnecessário, verdadeiramente. Mesmo que não a desejasse, o restante de sua tarde era, afinal, somente sua e de suas preocupações. “Não vai acontecer nada”, “deve ser estresse”, “descanse, Shizuo”, instruções para um chá que em nada combinava com as temperaturas marcadas pelos termômetros digitais e a promessa de uma ligação foi tudo o que Tom lhe entregara antes de dispensá-lo com um olhar preocupado no rosto. Odiava preocupa-lo. Não era, portanto, apenas por ele mesmo que agora procurava, apesar de suas restrições quanto aos métodos aos quais possivelmente seria submetido, o amigo de infância. Se havia com ele um problema, era de extrema urgência resolvê-lo antes que Tom, que tanto confiara nele ao oferecer-lhe o trabalho, fosse arrastado para alguma confusão.

Mesmo que, entretanto, moldadas com toda a sua determinação e coragem, suas palavras não pareceram causar efeito algum no jovem parado diante da pesada porta de madeira, a fitar com as sobrancelhas franzidas sua mão esquerda estendida.

– Sua mão? Acho que ela sempre esteve ai, Shizuo, não só desde hoje de manhã. Mas posso tirar sim se é isso o que quer.

– Não a minha mão, idiota! Isto! – rosnou, o dedo mindinho a balançar de um lado ao outro. Os olhos castanhos-mel acompanhando, em crescente raiva, o estranho fio vermelho invadir o apartamento através da diminuta abertura da porta. Um rosnado baixinho arranhou sua garganta.

– Seu dedinho? A lógica é a mesma. Mas você terá bem menos problemas do que teria se tirasse a mão toda. Enfim, eu não aceito reclamaç-

– Não a merda do dedinho, Shinra! Você é idiota ou o que? Isto aqui! Não o dedinho! Isto!

– Shizuo, a não ser que você esteja se referindo agora a ponta do seu dedinho e, portanto, continuando a ser estranho, eu realmente acreditarei que já fizeram uma cirurgia em você e removeram uma parte do seu cérebro.

O fio vermelho que, como um gato, já esgueirara-se sorrateiro para além do hall de entrada retrocedeu o suficiente para enrolar-se em Shinra, ao redor do pescoço e por entre as penas, conforme Shizuo fechava os dedos em punho e recuava um passo para o impulso de um soco. O soco, entretanto, mesmo que os olhos castanho-escuros circundados por óculos tenham-se fechados em antecipação ao impacto, morreu na forma de um suspiro alto, intenso e frustrado, que lançou para cima os olhos castanhos-mel.

– Você precisa me ajudar, Shinra. É sério. – a voz baixa, dolorida, exigiu para deixar seus lábios tanta força quanto exigida pelo soco para deixar-se conter.

Heiwajima Shizuo não gostava de pedir por ajuda, e, definitivamente, não o fazia com frequência. O fio, entretanto, que agora voltara a enroscar-se nele como se para provoca-lo, parecia exigir dele suas exceções, seus extremos. Fosse o extremo de quebrar tudo ao seu redor ou o extremo de quebrar um pouco de seu orgulho.

O amigo pareceu notar sua seriedade e, abrindo aos poucos os olhos, fitou-o demoradamente, acomodando melhor os óculos sobre o nariz pequeno e dedicando à mão do guarda-costas um segundo olhar. O franzir de sobrancelhas, agora sem traço de gozação, ocupou mais uma vez o rosto do médico clandestino antes que ele afastasse-se da porta, abrindo-a para a passagem do ex-barman.

– Por hora, Shizuo, melhor você entrar. Senta ali enquanto eu pego u- – a voz de Shinra fazia-se inaudível conforme ele afastava-se em direção a um cômodo que Shizuo sabia ser a perfeitamente equipada cozinha.

Sentou-se no sofá apontado pelo rapaz em jaleco e respirou fundo algumas vezes ao encarar a belamente decorada sala-de-estar transformar-se em uma confusão de fios vermelhos finos. Mesmo que irritado, entretanto, ele não perdeu o momento no qual Shinra atravessou o espaço entre a TV e a mesa de canto, um copo do que acreditava refresco nas mãos, sem qualquer impedimento, passando pelos fios rubros como se eles não existissem.

– Aqui, pega. Tá calor, né?! Parece que esse verão será puxado... Enfim, a Celty está a caminho, mandei agorinha uma mensagem pra ela. – o médico clandestino sentou-se na poltrona a sua frente, exatamente sobre três nós consecutivos do estranho fio que, sem hesitação, acomodou-se em seu colo com um animal de estimação. Um pigarrear baixinho roubou a atenção dos olhos castanhos-avelã para o rosto confuso de Shinra, desviando-o do fio que, pela primeira vez desde que adentrara o apartamento, mantinha-se imóvel. – Ok. Ótimo. Você pode me explicar agora, mais uma vez e de verdade, o que houve, Shizuo?

A inspiração pesada, audível, preencheu em antecipada frustração ambos os seus pulmões. Preferia que Celty estivesse ali para ouvi-lo. A dullahan era, afinal, sua última alternativa. A última chance que tinha de acreditar que não estava louco. Última possibilidade de convencer-se de que não era ele o único a ver o fio rebelde, fino, cheio de nós e profundamente vermelho que prendia-se a seu dedo mínimo com um laço bonito e estendia-se a perder de vista. Porque, por mais que negasse, os olhares recebidos, de Tom, de Shinra, dos moradores de Ikebukuro, deixavam claro que o absurdo amarrado a seu dedo era invisível a todos que não ele.

– Tem um fio vermelho no meu dedinho. – declarou, contrariado, mas incapaz de conter um esperançoso olhar na direção do outro, como se o fio só precisasse de apresentação para tornar-se visível.

– Hmm... – os olhos castanho-escuros circundados por lentes fitaram-lhe mais uma vez – Não, não tem. – pontuou, lentamente, o médico.

Torceu o cenho, irritado e pescou no bolso da calça social o maço de cigarros, ignorando o olhar repreendedor recebido ao acender um. Tragou profundamente, duas, três vezes, antes de afastá-lo dos lábios e fitar firme o amigo.

– Tem sim. – rebateu.

A conversa seria, definitivamente, mais longa do que gostaria.









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Notas finais do capítulo

Olá de novo! ^^

tudo certo até aqui?
Obrigada por lerem!!!
Até amanhã com mais um capítulo! =D

beijo, beijo, =*
Yuki



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