A mulher do retrato escrita por Lady Town


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Adeus!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/670177/chapter/15

 

Consuelo deixou a filha dormir e disse a Amália que ela almoçaria ou tomaria um chá mais tarde. Queria também ela esclarecer a noite passada no casarão. Luíza contou à mãe uma novela, de como tinha cuidado bem de Vitória, de como se sentia útil. Nada falou da antipatia de Zilda, no entanto. Preferia que a mãe pensasse que ninguém se opunha à presença dela naquela casa.

Mas na manhã seguinte, um menino, em nome da condessa, veio entregar um bilhete a Luíza. Consuelo o levou em mãos no quarto, onde aprontava-se para descer.

 

— O que diz, meu bem?

Luíza imaginou ser um bilhete de agradecimento mas ao abrir e começar a ler as primeiras linhas, pediu disfarçadamente que a mãe lhe deixasse sozinha.

 

— Algum problema?

 

— Não...só a condessa agradecendo...eu já desço, mamãe!

 

— Amália fez o bolo de cenoura com calda de chocolate.

 

— O quê? Luíza perguntou distante.

 

— O bolo de cenoura...Amália fez para você!

 

— Está bem...está bem...já desço!

Com a saída da mãe, a menina abriu o bilhete sobre a cama:

 

“Querida Luíza,

 

Obrigada por todos os cuidados e paciência durante o tempo em que estivemos juntas. No entanto, não pedirei mais que se preocupe em visitar-me. Preciso me ocupar pessoalmente de algumas coisas e do casamento de Felipe.

Agradeço novamente a sua atenção,

 

Condessa Vitória”

 

 

Luíza não podia acreditar no que estava lendo e não imaginava o que teria acontecido. Era um bilhete da condessa, de próprio punho, frio, e não atinava para o porquê de tão súbita decisão. Seria influência de Zilda? Não teria Vitória aprovado a “petulância”, como havia lhe dito a criada, por te-se deitado em sua cama? O conde teria ficado descontente por algum motivo?

 

A jovem trocou-se, sem pensar muito bem, e desceu rapidamente.

 

 

— Vai montar? perguntou-lhe a mãe.

 

— Vou! Vou!

 

— Sem comer? e Consuelo notou imediatamente que o que havia no bilhete não eram apenas agradecimentos.

 

— Sim, claro que vou comer! Adoro o bolo da Amália! Luíza disfarçou o descontentamento para que a mãe não pensasse que ela iria a cavalo ao casarão.

 

— Só um pedaço, minha filha? Tome, como mais este pedaço de broa! Luíza comeu com rapidez, nervosismo, sem apetite algum e tal comportamento não escapou ao olhar atento da mãe.

 

— O que estava escrito no bilhete?

 

— Ah, era mexmo um bilhete de agradecimento, mamãe.

 

— Posso vê-lo?

 

— Não...não, eu rasguei. Por que eu guardaria? e tentou forjar um sorriso.

 

Terminado o rápido café, Luíza saiu pedidndo que o menino lhe touxesse o cavalo selado. Consuelo ficou sentada na mesa apreensiva. Sentia que ela lhe escondia alguma coisa.

Luíza galopou direto para o casarão, o mais rápido que pode. Não deixaria que Zilda lhe caluniasse ou que Vitória pensassse mal dela. Precisava esclarecer as coisas, seu coração não silenciava, seus pensamentos já lhe atormentavam. Ao apear e caminhar em direção à porta, logo viu a governanta vindo em sua direção.

 

 

— Não recebeu o bilhete da condessa, senhorita?

 

— Eu preciso falar com a condessa!

 

— Ela não está disposta, senhorita.

 

— Foi você, não foi? O que falou à condessa sobre mim? Por que me odeia tanto?

 

— Senhorita, não insista!

Luíza entrou, ignorando a criada, correu para o pátio interno, olhou no gabinete e, sem pensar duas vezes, subiu ao quarto de Vitória e bateu à porta.

 

— Entre!

 

—Condessa! Eu tive, tive que vir!

 

Vitória estava sentada na cama, terminando de se arrumar. Sorriu timidamente e a olhou com tristeza.

 

— Minha menina...

 

— Desculpe-me, desculpe-me por qualquer coisa de errado que eu tenha feito, não vai mais acontecer! Luíza não pode mais conter o choro e agachou-se em frente a ela deitando as mãos em seu vestido.

 

— Minha menina...não chore! Não chore! Vitória passou as mãos no rosto de Luíza com tristeza. Sente-se aqui!

Luíza sentou-se ao seu lado e ia continuar a pedir-lhe perdão mas Vitória a interrompeu:

 

 

— Vou ser bem clara com você! Se eu fosse embora hoje de Belarrosa, de todos que conheci aqui, só me lembraria com ternura de você! Eu não posso lhe dizer as minhas razões para afastá-la de mim, mas, querida, eu não sou uma boa pessoa. E não quero que se decepcione comigo. Não...prefiro a sua devoção, a sua amizade...

 

— A senhora jamais me decepcionaria! Vitória fez sinal que lhe deixasse falar.

 

— Eu tenho coisas a resolver sobre as quais não posso te contar e também não posso envolvê-la, mas acredite em mim, é melhor, para nós duas, que se afaste de mim.

 

— É o segredo do qual a Zilda sabe, do qual o Bento sabe, não é? Não precisa me contar nada, eu nunca lhe perguntaria nada, mas não me afaste da senhora, pelo amor de Deus! E Luíza pôs-se de joelhos novamente, aos prantos.

Vitória respirou profundamente:

 

— Luíza, eu vou pedir, mais uma vez e elegantemente: não volte mais, minha menina! E não me queira mal, nunca!

Luíza levantou-se soluçando, parecia não acreditar que realmente a condessa não lhe queria mais ali. Vitória olhou para baixo, não teve coragem de encará-la. A menina saiu então correndo do quarto sem dizer palavra, desceu as escadas, atravessou a sala, desconcertada. Vitória viu pela janela quando saiu a todo galope e chorou.

— Adeus, minha menina querida! Ah...ah, meu Deus...que falta eu vou sentir de você...mas será melhor assim! Eu não aguentaria o seu desprezo...não suportaria mais este fardo na minha vida!

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A mulher do retrato" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.