O quarto estava claro e ventilado. As cortinas de seda não impediam a luz de entrar nos aposentos e davam um ar feminino no ambiente, assim como as paredes levemente rosadas e as almofadas espalhadas nos sofás. A televisão estava ligada com o volume um pouco mais baixo que o comum para qualquer ouvido humano mas isso não importava mais para a moradora do lugar.

Ela estava deitada na cama, que estava uma bagunça. Não só no sentido de lençóis amassados e travesseiros jogados no chão. No sentido de suja. Suja de sangue.

A mulher tinha cabelos loiros e olhos castanhos, que estavam esbugalhados no rosto ensanguentado. Os braços estavam caídos ao redor da cabeça e a expressão de terror mostram que a morte foi dolorida. E também tinha tod aquele sangue, espirradonas paredes, nos lençóis, no chão e na própria mulher morta.

Ela usava uma camisola fina que deixava a mostra as marcas da luta que a mulher travou contra o assassino. Hematomas, cortes que não mais sangravam, arranhados que corrompiam a pele alva da moça... Além dos grandes golpes de faca na barriga e no pescoço da jovem.

Uma visão horrorosa de se ter, mas os golpes da faca do assassino rasgaram a pele e os orgãos da moça e agora expunham órgãos internos que caiam sobre a cama. Muito sangue havia saído daquela região, o corte fora dramatico demais, passional demais. Até meio desleixado, já que após abrir a barriga da vítma e expor suas vísceras, o assassino também cortou o pescoço da jovem.

Mais sangue se espalhou pelo quarto, atingindo o criado mudo da mulher e dando às paredes um novo tom avermelhado e um aroma próximo ao cheiro de ferro e podridão.

Do lado de fora, uma vizinha impaciente xingava a dona do apartamento enquanto batia a sua porta. Era a proprietária do prédio, pedindo o aluguel atrasado. Obviamente, não ouve resposta da moradora do prédio.

- Estou falando sério, sua puta escrota! - gritou a simpática proprietária - Já é o terceiro mês seguido que você atrasa! Acho bom abrir a merda da porta, ou vou abri-la com a chave mestra, ouviu bem?

Com o escandalo que a proprietária fez, muitos moradores vizinhos acordaram e saíram de seus apartamentos para ver o que acontecia do lado de fora.

- Pois bem! - disse a mulher roliça, do lado de fora - Decidiu não me ouvir, então vou abrir esta merda. Foi avisada.

A proprietária, uma mulher baixa e gorda que usava um lenço na cabeça, pegou as chaves no seu bolso e encaixou-a na fechadura. Os vizinhos se aproximaram lentamente para ver do que aquilo se tratava.

Quando a mulher abriu a porta do apartamento e entrou, soltou um grito que acordou o resto do prédio. Um grito de terror e nojo. Correu para o lado de fora, murmurando "Puta merda... Puta merda...".

- O que aconteceu? - perguntou um dos moradores.

- Liga pra polícia - disse a mulher roliça - Liga pra porra da polícia agora mesmo.