Eletric Heart escrita por Vlk Moura


Capítulo 3
Capítulo 3




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Ouvi um grito, olhei na direção em que vinha e encontrei uma senhora sendo ameaçada por um homem que sem duvidas a estava assaltando e aquilo me revoltou.

– Ei! – as pessoas do ponto me olharam, eu tive um momento para me olhar, o que raios eu estava fazendo? – Ei! Seu babaca, quem você pensa que é para roubar a velhinha?

– Vai me ajudar ou me insultar? – a velhinha falou brava.

– Se quiser posso deixar que ele continue o que estava fazendo – a velhinha negou, sorri e olhei o homem que ria parecendo não se conformar com o que acontecia.

– O que você pensa que pode fazer? – era uma boa pergunta a que ele estava me lançando, na verdade, era uma ótima pergunta que eu adoraria saber responder.

Eu o encarei e avancei, ele era bem mais alto do que eu, mas Mindy me ensinara alguns truques. Ele avançou para me acertar com um soco peguei sua mão e a torci, ele ficou me encarando, algo o atingiu e por pouco não me acertou, fiquei encarando o homem que se estrebuchava no chão.

– Boa, Richie – olhei para o alto, um menino negro voava sobre um disco enquanto atrás dele um menino loiro e branquelo voando em seus patins sorria vitorioso – Você leva?

– Claro.

O loiro pegou o homem pelo cinto da calça e alçou vôo ouvindo os gritos de agradecimento da velhinha, eu a encarava incrédula.

– Viu, menina, assim que um herói de verdade faz – ela falou passando por mim.

– Da próxima eu o ajudo a levar as coisas dela, mal agradecida. – um riso ao meu lado, encarei quem ria, o menino me olhava ainda com o belo sorriso no rosto. – Algum problema?

– Não, nenhum – ele sorriu ainda mais – Só que você teria levado uma bela surra.

– Pensa que eu não sei? – eu ri junto dele – Agradeça seu amigo por mim.

– Claro – ele acenou, eu entrei no ônibus.

– Você está querendo me dizer que encontrou outros heróis com identidades secretas? – Mindy me perguntou no meio do intervalo, confirmei – E vai descobrir quem são?

– Ou eu não me chamo Agnes – ela sorriu – Eles eram legais, diferente dos outros, era simpáticos, pelo menos o tal Super Choque era, ele até trocou algumas palavras comigo.

– Mas foi o Batman e o Superman que responderam suas cartas, veja o peso da importância.

– Eu sei, mas eles responderam quase implorando para que eu não estragasse suas vidas, não sou capaz de estragar a vida de ninguém, mas valeu a pena saber que eles sabem implorar por algo. – ela confirmou.

Continuei comendo quando avistei uma pessoa que me era familiar, um menino negro sentado ao fundo conversava com o amigo e riam juntos, ele era parecido com alguém o observei com um pouco mais de atenção até que ele se apoiou sobre a mesa e o cabelo dread caiu sobre os olhos, soltei uma exclamação sem perceber e ri sozinha, era o menino que passava com a Doutora Harleen, o que eu encontrei saindo da minha consulta, nunca imaginei que ele estaria na mesma escola do que eu, como eu não o tinha notado antes?

Ele deu uma olhada para o lado, seu olhar cruzou com o meu e ele parou de rir, debruçou na mesa e comentou algo com o amigo loirinho que me olhou comentou algo de volta e os dois ficaram me encarando até eu desviar o olhar porque Mindy me sacudia perguntando algo.

– Por que você e o Virgil estão se encarando? – ela perguntou e o olhou pelo meu ombro, os dois desviaram o olhar, ela me encarou – Ok, os dois estavam te encarando por quê?

– O tal.. Qual o nome dele, o de dread. – ela repetiu – O tal Virgil passa com a Doutora Harleen – ela o analisou novamente.

– Tem certeza que é ele? – confirmei – Mas ele mesmo? – confirmei – Tem certeza?

– Claro! – eu quase gritei, algumas pessoas a nossa volta me olharam e reviraram os olhos, suspirei – Claro que eu tenho certeza, está duvidando?

– Não que eu esteja duvidando, Ag, mas é que ele é um dos populares, sabe, esportista, simpático com todos e inteligente, não sei o que ele estaria fazendo com a Doutora Harleen – ela me olhou de canto e rimos pensando besteira.

– Enfim – eu espreguicei – E o Dave como está?

– Bem, hoje ele vai experimentar o novo uniforme, ontem eu arranquei alguns pontos – ela riu e eu ri junto – Mas tudo bem. Ele não para de pedir para que te agradecer por tê-lo salvado naquela noite – dei de ombros – Será que você não está se tornando uma heroína? – ela debruçou na mesa – Primeiro o Dave, depois a velhinha, acho que existe algo dentro de você que...

– Que atrai o perigo – eu falei – O Dave vai estar na sua casa hoje? – ela confirmou – Posso passar lá, preciso perguntar uma coisa para ele.

– Você sabe que pode – agradeci.

A aula de física, minha amada, começou logo após o intervalo o que fez muitos alunos dormirem, mas eu fiquei ali, firme e forte. Eu contava as segundos para quarta-feira para que eu pudesse ir a aula do Doutor Palmer. Eu queria muito tirar umas duvidas com ele, nos últimos meses ele fora muito atencioso comigo e isso me incentivou ainda mais a continuar freqüentando suas aulas, mesmo depois que eu descobri que ele é o Átomo. Na verdade, descobrir isso fez com que eu freqüentasse ainda mais as suas aulas e pesquisasse ainda mais sobre o campo de atuação dele.

O sinal de troca de aula, Mindy levantou a cabeça e me encarou com o rosto inchado.

– Essa coisa de tentar ser uma menina normal não vai funcionar, por que mesmo eu tenho de aprender essas coisas chatas?

– Porque é necessário para a universidade.

– Então eu posso largar tudo isso, não quero fazer faculdade.

– Você pode ser um herói e ainda assim ser estudada veja o caso do Raymond – ela me calou antes que eu começasse. O que me fez rir.

Depois de todas as aulas finalmente acabarem tranquei meu pequenino armário e saí para esperar Mindy de fora da escola, eu odiava ficar nos corredores esbarrando nas pessoas e ouvindo as conversas desinteressantes que levavam.

Eu estava de fora quando uma mão tocou meus ombros e rodou meu corpo, eu encarei olhos enormes e negros, muito bonitos por sinal, eles me encaravam de volta e ficamos segundos de mais em silêncio o que tornou tudo aquilo constrangedor demais.

– Se você não for beijar minha amiga, posso tomá-la para mim? – o menino olhou Mindy, eu me afastei um passo e o observei, realmente era o menino do consultório.

– É sua amiga? – ele riu – Conta outra, Mindy, essa coisinha é sua amiga? – e que o bullying comece, eu inspirei e soltei o ar lentamente, eu pensei que ele até pudesse ser um cara legal, na verdade foi a Mindy quem disse que ele era legal, agora procuro onde possa ser legal.

– Agnes, não é? – olhei o loiro e confirmei – Me chamam de Richie – ele sorria, os óculos davam um ar a mais de nerd nele, achei até fofo.

– Oi – falei meio acanhada.

– Esse é o Virgil – confirmei – Ele estava curioso sobre você.

– Disse bem, estava – Virgil respondeu e por alguma razão fiquei meio decepcionada com aquilo – Vamos, minha irmã vai me matar pelo atraso.

– Até mais – Richie acenou, olhei Mindy que apenas expressava tédio.

A casa dela não era grande, Dave estava sentado no sofá todo largado e ainda de cueca o que me fez rir enquanto minha amiga brigava com o cara que ela insistia não ser seu namorado, pelo menos senão fosse namorado com toda a certeza ele era como um filho para ela. Me sentei ao lado dele e fiquei brigando com os canais horríveis de fofoca que ele deixava, eu não conseguia acreditar que ele assistia aquilo.

– Pergunte logo o que tem de perguntar – Mindy, sempre tão delicada e direta.

– Aconteceu alguma coisa? – Dave se endireitou, mas ainda era engraçado demais vê-lo de cuequinha tentando ser sério.

– Não, é só que... – respirei, encarei meu pote de macarrão instantâneo, o olhei – Na noite do ataque a torre, lá estava tendo uma festa – ele confirmou – Bem, eu estava nessa festa – ele franziu o cenho, Mindy me olhava curiosa, não sabia onde eu queria chegar – minha mãe estava nessa festa e você sabe que a festa foi interrompida – ele confirmou e encheu a boca e a queimando e pela primeira vez não o vi tentando fazer graça da sua própria desgraça – e bem... – passei a mão no pescoço – minha mãe morreu – ele olhou Mindy que ainda me olhava esperando que eu continuasse – Por alguma razão eu não me lembrava de nada nem ninguém, não conseguia me lembrar de nenhum momento após o ataque a chegada da polícia e de algum dos Grandes, como o Batman e o Superman – balancei a cabeça para encontrar o foco – Mas eu lembrei de algo no dia que eu desmaiei no quarto – ele se aproximou curioso – Sua máscara e seu uniforme, você esteve lá, lembro que não foi durante o ocorrido foi depois, antes dos Grandes, mas depois do ataque e por alguma razão só me recordo disso agora. Eu queria saber se você viu algo e se lembra disso, qualquer coisa...

Ele aproximou e inspirou fortemente, sorriu e depois fez um barulho engraçado com a boca enquanto arqueava as duas sobrancelhas, ele estava tenso.

– Pensei que seria uma pergunta mais simples como qual o tamanho de camiseta que eu uso, mas enfim – ele me olhou – Sinto muito, Ag, mas eu não posso te ajudar com isso, eu cheguei depois de tudo, cheguei antes dos Grandes, mas depois do ocorrido, lembro de ver vários corpos no chão – eu olhei o meu macarrão quase frio meio chateada – Mas não cheguei a tempo de ver quem cometeu tal ação. Sinto muito.

– Tudo bem... Eu pensei que você poderia me ajudar, mas tudo bem – Mindy apertou minha mão e esboçou um leve sorriso, sorri tensa para ela.

Ficamos em um longo silêncio até Mindy tomar o controle de nós dois e colocar na luta e começar a gritar com os caras.

– Ela consegue ser pior do que meu pai com o futebol – comentei com Dave.

– Você ainda não a viu em ação, é um saco. – eu ri quando Mindy o fuzilou e o prendeu numa chave de perna que o fez espernear e a mim gargalhar caí no chão de tanto rir.

– Bom, eu já vou -falei olhando no relógio.

– Quer companhia, pode ser perigoso – Dave falou cuidadoso.

– Sua companhia? E ter que te carregar novamente? Não, muito abrigada, sem falar que uma segunda vez minha madrasta vai realmente achar que estamos juntos. – Mindy riu e Dave também – Se cuidem.

– Você também.


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