Não sei o que fazer. Mônica está trancada aos prantos dentro do banheiro e se recusa terminantemente á sair. Sua mãe também aos prantos, me implorava para que eu tentasse convencer a teimosa da filha á abrir aquela maldita porta.

- Já faz mais de uma hora que ela se trancou ai dentro. Por favor, Magali, tente fazê-la sair.

- Calma, dona Luíza. Eu prometo que vou tirá-la desse banheiro, não se preocupe.

Tentei acalmá-la e pedi que ela me deixasse a sós com a Mônica.

- Mô, por favor, abre essa porta.

- Não quero falar com ninguém. - ela respondeu entre soluços.

- Acontece que eu não sou "ninguém", sou sua melhor amiga e estou preocupada com você. Só quero te ajudar, mas para isso eu preciso que você abra essa porta.

Ela não respondeu, o que me deixou ainda mais preocupada.

- Escuta, eu não vou sair daqui até você sair desse banheiro!

Novamente sem resposta. A única coisa que podia se ouvir daquele banheiro era seu choro.
O que será que houve para ela ter ficado assim?

- Mônica, seja o que for que tenha acontecido, eu tenho certeza de que ficar ai dentro trancada não vai te ajudar.

Seu choro finalmente parecia ter cessado. Escutei um barulho de chave, a maçaneta girando e finalmente aquela grande porta se abriu.
Seu olhos estavam completamente inchados e seus cabelos desgrenhados. Mas o pior de tudo, era a sua expressão. Eu nunca tinha visto ela tão triste, aquilo partiu meu coração.

- Ô minha amiga! - corri para abraça-lá.

Fomos para o quarto dela e lá ela desabafou.

- Foi horrível, Magá. Jamais imaginei ver uma cena daquelas, nem mesmo nos meus piores pesadelos.

- Como ele pôde fazer isso? - perguntei inconformada.

- Ele não me ama, nunca me amou.

- Mas eu pensei que vocês tivessem se acertado naquele dia do cinema. - eu disse incrédula. - Ele se declarou pra você, te pediu em namoro...

- Você não percebe, Magá? - ela alterou a voz. - Era tudo um plano! Um plano pra me fazer sofrer.

- Mô, eu sei que o Cebola já pisou muito na bola com você, mas trair? Ele é louco por você, Mô.

- Eu vi com os meus próprios olhos, Magali. Não foi ninguém que me contou, eu vi! Ele e a Irene, aos beijos, como se fossem um casal apaixonado.

- Me recuso a acreditar.

- Acha que estou mentindo???

- Não, Mô, é claro que não. Mas eu acho que deve haver uma explicação para o que você viu.

Ela me olhou incrédula e soltou uma risada sem humor.

- Que explicação?

- Ah eu não sei, talvez a Irene tenha armado tudo isso para acabar com o namoro de vocês. Não se esqueça de que ela também gosta dele.

- Não tente aliviar o lado do Cebola, Magali! Ele me traiu e isso eu não vou perdoar nunca. Nunca mais quero vê-lo na minha frente. Eu odeio o Cebola!