Olhe escrita por lantejulia


Capítulo 2
Fugindo.


Notas iniciais do capítulo

Estou um pouco satisfeita com o resultado e fico feliz que tenha ficado tão bom ♥. Espero que vocês gostem tanto quanto eu ♥
Comentem ♥
E obrigada, Words, pelo comentário ♥



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Fugindo.

Me sinto pequena no meio da estrada. Os prédios impotentes se erguiam a nossa volta, como se quisessem mostrar que não éramos nada mais que pequenas formigas para as pessoas que estavam dentro deles. Não éramos nada mais que vidas insignificantes e desvalorizadas para eles. Poderosos, altos e impiedosos, tampavam as estrelas com suas luzes.

— Você não acha bonito? — Pedro perguntou. Os olhos castanhos dele brilhavam encantados com as luzes e os carros passando apressados como se não houvesse tempo. Nunca havia tempo.

— Não. Acho sufocante. Cada vez me sinto menor e mais prensada. — Ele suspirou pesadamente, olhando-me cético. Tão diferentes quanto água e óleo estávamos ali, no meio da ponte para atravessar o centro. Os carros zunindo e as pessoas arrumadas passando por nós apressadamente não pareciam calmos o suficiente.

— Depois de termos corrido tanto, não espere que seu pulmão de fumante vá te ajudar a se sentir melhor. — Não evitei sorrir enquanto me apoiava na grade ao lado dele. Queria sentar-me, respirar e dizer para mim mesma que tudo o que eu acabei de fazer foi a melhor coisa que já havia acontecido na nossa pequena existência.

Havíamos fugido.

Não havia muita hesitação em nós quando decidimos ir embora, deixando para trás tudo o que havia nos tornado o que somos para virarmos outras pessoas, em um novo mundo, em uma nova realidade. Uma nova realidade aonde as únicas regras seriam: seja feliz e fique comigo.

Promessas e mais promessas foram feitas sem medo de não serem cumpridas. Coisas foram deixadas para trás sem a pena de terem sido abandonadas. Pessoas deveriam estar dormindo agora sem perceber que nós formos embora.

— Acha que alguém já sabe? — Pergunto, roendo a unha e olhando para ele. Um sorriso insano surgiu em seus lábios rachados e os olhos piscaram.

— Mas é claro que sim. Me dê seu telefone.

Ligando o aparelho, entreguei em sua mão. Mensagens e mais mensagens foram chegando quase desesperadamente. Milhões de ligações perdidas. Gargalhei quando vi que ele continuava sorrindo. Quanto tempo iríamos durar aqui fora sem todas as regalias que costumávamos a ter? Quanto tempo ficaríamos juntos?

— Não me olhe assim. Você sabe que eu não vou embora, nem vou desistir. O que te faz ficar com tanto medo de eu te deixar? Não cumpro com as minhas promessas? Não disse que iria até o Hades atrás de você se fosse necessário? — Foi a minha vez de suspirar pesadamente. Todo aquele amor pesava em meu peito como 50 sacolas de mercado sendo carregadas.

— Eu sei disso, senhor Orfeu. Você não sente medo? Eu tenho medo de te perder. Medo de uma hora você perceber que eu não sou tudo o que você quer, ou tudo o que tu precisa e ir embora. Tem noção de como me fez te amar? Tem noção que a cada respiração minha eu preciso mais de você? Você prometeu não me deixar. Só que promessas são quebradas o tempo todo.

Seu rosto estava duro. Seus olhos não mostravam quaisquer indícios de arrependimento de ter deixado nosso mundo antigo para descobrir sem medo um novo. Ele jogou a cabeça para trás e olhou para o céu sem estrelas aparentes. Apenas as luzes e um avião aqui ou ali.

— Pelo amor de Deus, eu amo você. Isso nunca vai ser o suficiente?

— Tenho problemas com “até quando?”

— Até o dia em que for necessário eu morrer para que você possa viver. Ou até o dia em que eu morrer. Por favor, Olívia. Vamos embora e deixar para trás tudo o que vivemos até agora. Você foi a única pessoa que eu conheci que me ajudou a superar todos os meus medos e me convenceu que deixar meu pai era melhor para mim e para ele. Você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida idiota. Você, toda cheia de problemas, me ajudou a perceber que tudo o que eu sempre quis estava na minha frente.

— E o que era?

— Você. E, claro, seus livros de Percy Jackson.

— Isso já é o suficiente para me fazer feliz pelo resto da vida. — Pedro era uma boa cabeça mais alto que eu, então, me abraçando a sua cintura, enterrei minha cabeça em seu peito e senti seus braços em volta de mim. Com o cheiro de chiclete de melancia me cercando, percebi que não conseguiria ser feliz longe dele. Um clichê de merda.

— Pra onde vamos agora? — disse com sua voz abafada pelo meu cabelo.

— Para algum lugar que dê para ver as estrelas.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Música: Runaway - Ed Sheeran



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