Dois, Zero, Um e Seis escrita por Tribitch


Capítulo 1
Antes que um meteoro caia na Terra


Notas iniciais do capítulo

Se vocês forem espertos(ou fazerem parte desse fandom), irão perceber que usei dois personagens de uma série de tv norte-americana. Na qual, eu shippo esses dois melhores amigos.
Mas, obviamente, dei meu toque nela :3 (Totalmente de zueira)

P.S.: Nyah some com minha pontuação, então desconsideres os erros pontuais. Os mais feios, pelo menos...



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— Nunca me canso dessa vista. — Diz ele.

— Eu também não... — Eu digo. Mas não olhando para a vista, e sim para ele. Eu realmente nunca me cansava.

Nós estamos no morro que tem perto de casa. Eu o chamei ali para conversarmos sobre um assunto um tanto delicado. Mas estamos basicamente em silencio desde que chegamos. Ele sabia que quando eu tenho algo para contar e não consigo expressar direito, eu fico minutos em silencio até achar um bom ponto para começar o assunto. Ele sempre esperava na dele; sem me pressionar.

A vista na qual ele falava, era a vista da nossa pequena cidade vista do morro. Morro que não era bem um morro. Era apenas um lote vazio entre duas casas, na parte mais alta da cidade. Dando uma visão do resto dela lá de cima. Mas como ficava difícil dizer ‘’o lote vazio entre aquelas duas casas’’, acabou sendo apenas ‘’O Morro’’.

E nesse morro, estávamos nós. Num dia frio de janeiro, olhando a pintura viva abaixo de nós.

Eu gosto de imaginar que, lá embaixo, tem pessoas vivendo suas vidas. Seguindo seus caminhos, seus rumos. Seus amores, seus pavores. Qualquer coisa que as façam seguir em frente. Gosto de ouvir o som do trem ao longe, apitando forte para avisar que está passando (mas nunca parando). Ou os barulhos de motores, também ao longe, misturados num barulho difícil de explicar... Mas era o barulho mais lindo que eu já havia escutado. Se me perguntassem qual som eu gostaria de ouvir pelo resto da minha vida, seria esse. Por que me acalma.

E não seria hoje que ele falharia.

Mesmo eu estando sentado ao lado do meu melhor amigo e com um assunto serio para falar.

Penso que ele não saiba do que se trata. Já que não entrei em nenhum detalhe mesmo, ao falar com ele. Apenas uma mensagem dizendo ‘’Preciso falar algo sério com você (Não, não desse tipo de sério, larga o calmante ai). Morro’’

O assunto? Bem... Eu estou prestes a dizer que eu o amo.

— Caio — Digo, achando finalmente, um jeito de começar o assunto — lembra daquela vez que você me ajudou a passar pela morte da minha mãe?

— Claro que lembro, por quê? — Disse ele, calmamente olhando em meus olhos. Queria que ele não fizesse isso...

Dois anos atrás, recebi a noticia que minha mãe havia falecido em um acidente de carro.

Nem preciso dizer que foi a pior noite da minha vida. Perdi o chão ao escutar; desmaiando logo sem seguida. E ao acordar, comecei a chorar por longas horas. Parecia que quanto mais eu chorava, mais forte a dor ficava. Ela aumentava com o ritmo das lágrimas saindo de meus olhos. Mas eu não podia evitá-las. Eu só sentia um vazio profundo dentro de mim, como se alguém tivesse desligado a minha vontade de viver.

Mas ele estava lá o tempo todo. Abraçado a mim. Sem me largar por nenhum minuto. Desde o momento da minha primeira lagrima até a última. Com ele, ao passar das horas, aquela sensação de vazio por dentro, diminuiu um pouco. Mas não o bastante para eu parar de senti-lo. Apenas o bastante para poder pegar no sono.

E entre aquelas minutos em que sua mente vaga entre o consciente e o inconsciente, eu podia jurar que o vi segurando minha mão. Ele segurava forte, mas ao mesmo tempo querendo transmitir carinho. Na hora, nem passou pela minha cabeça que ele também estaria sentindo-se triste pela morte de minha mãe. Já que ela era quase uma tia para ele.

Mas o que ele fez foi se focar em tirar a minha dor. De fazer com que eu me sentisse bem; seguro. Amado.

­— O que você me disse no outro dia, quando eu acordei?

— Que você estaria seguro comigo. Para sempre... — Ele diz de imediato, como se a resposta estivesse fresca em sua memoria, e não como se tivesse acontecido há anos — Por que está me dizendo isso agora, Tales?

Posso ver que seu olhar transmite medo.

Ele deve pensar que eu estou prestes a contar a ele que eu estou morrendo de alguma doença e tenho apenas alguns meses de vida. Ou pior, que eu vá me mudar.

Mas convenhamos que a primeira opção parecesse bem mais lógica. E não pelo fato de que meu pai não largaria seu emprego de delegado para mudar de cidade. Ou que pra isso eu sairia do colégio no meu segundo ano do superior.

Olho para a descida de onde estamos. Metros e metros de declive ate chegar à rua lá embaixo. E, considerando o que eu vou fazer agora, me jogar daqui de cima parece mais seguro...

— Não sei se você lembra — digo novamente, testando sua memoria. Como se ela fosse suscetível a falhas. — Daquela vez que eu dormi na sua casa e tive um pesadelo — Posso ver seu olhar viajar no tempo enquanto escuta minhas palavras. ­Um sorrisinho surge no canto de sua boca, fazendo com que sua covinha desse sinal de vida.

— E eu acordei no meio da noite quase gritando — continuo— e você acordou com o meu quase grito. E quanto eu te contei sobre o pesadelo, você disse que eu não deveria ter medo, pois você era um ‘’lobo alpa’’ e iria me proteger, pois era o que os lobos faziam. Protegiam a família.

Ele ri ao ouvir o ‘’alpa’’. Embora ele não achasse, seu sorriso era lindo. E não digo isso de forma clichê. Ele não tem os dentes perfeitos, ou branquinhos como leite. Na verdade, seus dentes da frente são um pouquinho tortos. Mas o que fazia o sorriso dele lindo, era a sensação que ele transmitia. Eu posso sentir alegria, segurança, carinho, amizade, tudo em um único sorriso.

— Você tinha que lembrar, né? — diz ele, por fim— Eu lembro que eu disse isso por que vi um documentário na tv sobre eles, e acabei me empolgando. Mas aquelas palavras, de um jeito ou de outro, são verdades. Até hoje. E você sabe, né?

— Claro que sei, sempre soube... — é agora!!! — Por isso queria citar essa memoria antes de te dizer o que eu tenho que te dizer. Por que eu queria te lembrar de que você disse que cuidaria de mim. — Só queria ter certeza de que aquelas palavras, tantas vezes ditas, não fosse apenas uma promessa vazia. Embora não era de sua natureza fazer isso.

Olho para a cidade lá embaixo mais uma vez. Será que, lá embaixo, tem alguém na mesma situação que eu? Se declarando para a pessoa que ama? Que está quase cagando nas calças com medo disso? Se tiver, espero que ela tenha sorte.

Espero que tenhamos sorte.

— Sabe por que eu nunca comentei sobre alguma garota com você? — Ele mantinha o olhar fixo em mim; atento a cada palavra. — Ou como eu sempre faço cara de bosta quando você me conta que alguma garota está afim de você? — Ouço uma risada nasal e a palavra ‘’verdade’’ sussurrada.

Ouço o barulho que me acalma ao fundo, por um segundo, antes de continuar. Nunca falhou, e não vai ser agora que falhará.

— Por que gosto de você... E quando eu digo gostar, eu digo gostar GOSTAR, mesmo.

Poderiam parar o mundo agora, não acham? Mas eu tenho que continuar.

— E eu nem sei se você... sabe? Curte aquilo. Mas você sempre foi de boas com essa questão que eu achei... que... Como nunca vi você dizendo nada sobre garotas também, então por que não presumir, né? — Isso é verdade mesmo.

— Não é algo repentino. É como se sempre estive ali, mas eu só notei agora... Como se meus sentimentos fossem um canteiro de flores. Tem varias flores que você está acostumado a ver sempre. Mas, num dia qualquer, você repara que no meio daquelas flores todas, há uma que se destaca das demais. E, uma vez que você a nota, todas as outras perdem a graça.

Ele para de me olhar e olha para o céu noturno, que está salpicado com pontinhos brancos brilhantes.

Não sei quanto tempo ele fica olhando as estrelas, mas sei que é tempo o bastante para eu considerar mesmo o salto daqui de cima até lá embaixo. Ou seja, talvez apenas um segundo.

— Tales, — Disse ele olhando, para mim novamente. Apenas seu olhar costumeiro. — Eu também gosto de você. Gosto GOSTO de você.

Simplesmente não sei o que fazer, ou dizer, ou agir. É como se fosse tivesse ensaiado uma peça de teatro até uma parte de um dialogo, e de repente, você fosse obrigado a improvisar alguma coisa.

E tem a sensação de que aquele peso que você carregava, não existisse mais. E você não sabe como preencher aquele vazio.

Então faço a coisa mais obvia que se possa existir, para mim: levo minha mão até a dele e entrelaço os nossos dedos. E juntos, contemplamos a noite.


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Notas finais do capítulo

Se você leu, não custa dar um ''oi'' nos comentários, né? Ou pelo menos me diga se acertou quem são esses dois :3



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