Enquanto meus olhos forem negros escrita por Zaringer


Capítulo 3
Não observarei de longe.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, escrevi mais um capítulo e espero que vocês gostem. Inicialmente desenvolveria esse capítulo já inserindo um contexto de ação. Mas, achei melhor parar e iniciar um novo capítulo para que não fique muito misturado.
Já já volto com mais :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/669746/chapter/3

Suor pingava de sua testa. A respiração ofegante mesclava-se com os urros extraídos pela força de vontade ao atingir a árvore com seus punhos livres. Suas mãos colidiam contra o tronco vivo da planta que vibrava a cada novo golpe. A madeira, outrora resistente, agora demonstrava rachaduras causadas pela força das mãos daquele jovem. Enquanto Hiashi treinava vigorosamente atingindo o tronco, os pensamentos corriam por sua cabeça.

Pensamentos perigosos e ousados. Enquanto os ninjas de seu clã já estavam a partir para as quatro frontes junto de sua respectiva tropa; enquanto seu irmão e pai lutavam para garantir a segurança da vila; enquanto os outros ninjas da aldeia e os outros clãs estavam lá fora, na Guerra, ele estava ali: golpeando uma árvore, medindo seus golpes como podia. Conforme seus pensamentos agitavam-se, a intensidade de seus ataques aumentava. Não demorou muito para que ele rompesse o caule da árvore com o poder de um golpe cheio de frustração e ira.

Quando a árvore veio ao chão, ele respirou fundo, viu sua impaciência e decidiu que já bastava para o treinamento da manhã. Aquele bosque, terras do clã Hyuuga, era calmo o bastante para que Hiashi colocasse a cabeça no lugar. A brisa fresca sob o Sol da alvorada acalmava seu espírito.

Era provável que ao retornar ao clã, seu pai, irmão e o restante da família provavelmente já tivera partido para a missão. Isso significa que o cargo de cabeça do clã passava para ele na ausência de seu pai. Não que isso fosse um grande problema: os anciões resolveriam as maiores pendências. Sua presença no clã era apenas um bálsamo para fazer os ânimos das Soke, insatisfeitos pela participação da família principal na guerra, baixassem.

Ao chegar no clã, um longo banho quente aliviou a tensão de seus músculos. Caminhando em direção a sala de seu pai, ele sentou na cadeira e ali permaneceu. Imóvel e monótono como as palavras que descrevem sua atual situação.

Alguém bateu à porta.

– Hiashi-sama, sou eu, Toneri. – disse a voz velha e rouca do ancião através da porta. Ao receber a permissão, o senhor adentrou ao recinto.

– Como posso ajudá-lo, Toneri-sama? – indagou o rapaz.

– Não desejo nada demais, apenas vim verificar se o jovem senhor precisava de algo em especial.

– Algo como? – perguntou o garoto.

– Conselhos, meu senhor. – Hiashi fez um sinal com as mãos para que o senhor se sentasse. A sala era ampla e repleta de quadros espalhados pelas paredes: imagens dos antigos senhores que antes lideraram o clã; Armas, lembranças e presentes de clãs aliados anteriores à própria formação das vilas. Alguns até extintos do mundo ninja.

– Que conselhos o senhor Toneri me oferece nesse momento? – indagou Hiashi.

– Meu senhor, se pudesse, gostaria de aconselhá-lo a fortalecer a vigia do clã. Ordene que os membros da Bunke que foram selecionados para ficar que dobrem o turno e a quantidade de shinobi que protege a Casa.

Hiashi olhou atentamente para o ancião. Como herdeiro do clã, sempre compreendeu as divisões hereditárias no interior da família e o quão importante era manter esse sistema. Mas a audácia de alguns membros da Soke e o complexo de superioridade que se instalara na personalidade de alguns desses o fazia suar frio. Enquanto o ancião murmurava e balbuciava suas longas palavras cansativas, Hiashi viu uma oportunidade que poderia levar à realização de suas próprias ânsias.

A ideia de simplesmente cumprir um papel inútil no interior do clã, quando suas habilidades seriam úteis no campo de batalha, faziam suas entranhas se remexerem.

– ...credito que devemos prezar ainda mais pela segurança no interior do clã e se o senhor me permitir dizer eu realmente acho que – continuou o ancião com seus conselhos até que fora subitamente interrompido por Hiashi.

– Toneri-sama, meu pai deixou alguma ordem com os anciões antes de partir? – indagou o jovem líder. O ancião olhou-o confuso, perguntando-se se o rapaz havia prestado atenção em uma palavra sequer que ele havia pronunciado.

– Nenhuma recomendação em especial, Hiashi-sama. Posso perguntar o porquê?

Um sorriso soslaio preencheu a face do jovem ao receber o comentário do senhor à sua frente. Recompondo-se do breve momento de euforia que escapara pela sua expressão, ele se ergueu e pomposamente respondeu o senhor:

– Nada especial. Toneri-sama, pensarei a respeito da sua proposta. Agora, se puder me fazer um favor, peça a Garen-san que preciso falar com ele o mais rápido que puder. – Toneri curvou-se em reverência e saiu da sala. Não demorou muito para que um rapaz um pouco mais velho que Hiashi chegasse.

– Mandou chamar-me, Hiashi-sama? – Garen era um membro do clã pertencente ao Ramo principal, um dos integrantes da Soke, e o próximo depois de Hiashi na linha de herdeiros da casa Hyuuga. Seus cabelos eram mais curtos que os de Hiashi (que chegavam próximo aos joelhos) de forma que ficavam na altura de seus ombros. Mesmo um pouco mais velho que Hiashi, o garoto não tinha uma estatura desenvolvida, parecendo até mesmo ser mais novo que seu primo e próximo cabeça do clã.

– Sim. Preciso que você execute uma missão para o clã. Pode fazer isso agora? - indagou Hiashi.

– Uh, uma... missão? – As mãos de Garen foram à sua própria cintura enquanto fitava seu primo pronunciar suas palavras.

– Hi. Mas antes disso, preciso que você responda-me algo: você entende que, com a saída do meu pai, eu sou seu líder e senhor dentro do clã, e que deve obedecer meus comandos como o faria se fosse meu pai ordenando? – de acordo com que Hiashi prosseguia com as perguntas, Garen frisava ainda mais sua visão e a desconfiança sobre as intenções que seu primo formentava. Apesar de em dúvida pelo que viria a seguir, ele o respondeu movimentando sua cabeça em um sinal de afirmação (ainda que relutante).

– Muito bem então. Sabendo disso, eu declaro que na ausência do meu pai, na minha e de outra pessoa de maior hierarquia, você, Hyuuga Garen, é o cabeça do clã. Estou saindo, até logo.

O mais estranho da situação não foi a declaração súbita que Hiashi acabara de fazer mas a face incrédula de Garen ao observá-lo. Enquanto absorvia o que acabara de acontecer sem se pronunciar e ainda boquiaberto, ele notava Hiashi movendo-se ao colocar seu colete shinobi e armar-se de ferramentas ninja.

Após muito tempo, uma bandana com o símbolo da folha foi amarrado em seu braço direito na altura de seu tronco. As sandálias deram lugar a uma bota fechada.

Dentre as paredes daquela sala, seu espírito se elevou e encheu-se de vontade: uma chama queimando em seu interior junto da força que o faria seguir adiante. Uma força de vontade que atravessa o tempo através das gerações daqueles que nascem na vila... como folhas que alimentarão as chamas da vontade do fogo.

– Você está realmente falando sério, não está? – Garen agora olhava-o seriamente.

– Sim. – Respondeu Hiashi parando em frente a porta. De costas um para o outro, os jovens não se viraram e sequer se olharam. O filho de Inari agora fitava o Dojo onde incessantemente treinara dia pós dia.

– Não posso ficar aqui parado enquanto meu pai e Hizashi vão para a batalha. – Ele então respirou profundamente antes de voltar a falar calmamente – Estou indo para o gabinete do Hokage antes que ele também parta. Me de cobertura com os anciões, você achará um bilhete assinado por mim sobre a minha mesa. Até logo.

Dizendo isso, um salto para fora do aposento afastou o herdeiro do clã para longe de seu primo que, nesse momento, virava-se para observar enquanto Hiashi desaparecia pelas árvores para o centro da vila.

– Humpf... Boa sorte. - dizia Garen em voz baixa com um sorriso no rosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Enquanto meus olhos forem negros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.