Depois de deixar Blaine dormindo serenamente, Kurt voltou para a Terra do Nunca. Agora que toda aquela apreensão sobre conseguir ou não os ingredientes para a poção para trazer o moreno de volta a sua infância havia passado, o cansaço finalmente atingiu o castanho.
Ele queria apenas chegar em casa e dormir por um dia inteiro, mas antes foi bombardeado de perguntas ansiosas sobre Blaine vindas dos seus meninos perdidos, sogra e cunhado.

— Ele já estava dormindo pessoal... Eu sei que vocês estão ansiosos e com saudade dele, principalmente Pam e Cooper, mas precisamos esperar. Agora tudo depende apenas dele. Aliás, Sininho me disse que a poção ainda está sendo feita, quero que quando ele chegar aqui, já esteja tudo pronto para que nada dê errado.

— Nem acredito que vou ter meu menino de volta!— Pam disse emocionada e abraçou Kurt – Muito obrigada por não desistir do nosso Blaine, Kurt... Ele nunca perdeu a fé em você quando tudo isso era apenas uma história de ninar e fico feliz que tenha feito o mesmo!

— Não precisa agradecer, Pam. Eu amo Blaine e não me imaginaria sem ele ao meu lado, apenas isso... Agora se não se importam, eu estou exausto, preciso dormir. Faz dias que não durmo!

— Tudo bem, meu amor! Durma o quanto precisar, eu cuido dos meninos.

— Obrigada Pam. Meninos se comportem e obedeçam a Tia Pam!

O castanho voou até seu quarto e se deitou em sua rede não demorando muito para adormecer.

E como ele queria e precisava, dormiu por quase um dia inteiro, só despertou na manhã seguinte muito bem disposto.

— Bom dia pessoal, o que temos para o café?

— Bom dia pai!— cumprimentou Finn - Temos o de sempre, várias frutas deliciosas!

— Me parece perfeito!— Kurt se juntou a sua “família” na grande mesa e pegou uma maça – Preciso ir logo para Ohio, Blaine deve estar se preparando para dormir e quero falar com ele! Estou ansioso para trazê-lo de volta!— Peter mordeu a maçã e viu Sininho se aproximar junto com mais uma fada – Minha pequena Sininho! Novidades sobre a poção?

A fada assentiu sorridente e o rosto de Kurt se iluminou com a boa notícia provocando uma felicidade geral.

— Ótimo, estou indo agora mesmo falar com Blaine! Ele está quase se convencendo, só precisa de mais algumas histórias, talvez.

— Kurt, como ele está?

— Está bem, Pam! Está mais bonito a cada dia se é possível.— o castanho sorriu tímido – O que acha de vir comigo dessa vez para vê-lo da janela? Mas você precisa voltar rapidamente para cá, se quiser Sininho pode te ajudar.

— Seria incrível!

— Então vamos!— Kurt pegou mais uma maçã – Até breve meus meninos, obedeçam ao Tio Coop!

Pam, Sininho e Peter levantaram voo e logo estavam outra vez em Ohio. A mãe de Blaine olhou outra vez aquelas ruas com certo olhar de nostalgia, afinal, fazia tanto tempo que ela não via sua cidade natal que havia até perdido as contas já.

Depois de mais alguns breves minutos, eles já estavam na janela do moreno que agora estava sentado de costas no piano. Parecia concentrado encarando aquelas belas teclas de marfim.

— Meu menino... Ele está tão lindo! Eu sabia que ele se tornaria um belo homem, parecido com seu pai.

— Ele sabe tocar piano?

— Ele sempre admirou o som do piano e eu e meu marido costumávamos levar Blaine e Cooper para concertos e assim ele acabou aprendendo sozinho apenas observando aos pianistas profissionais. Blaine sempre foi extraordinariamente inteligente.

— Isso é realmente incrível!— Kurt ficou mais um tempo observando seu marido, era incrível como Blaine conseguia ser cada vez mais especial a cada instante – Pam, eu sinto muito, mas você precisa voltar para casa.

— Tudo bem, obrigada por me deixar vê-lo assim. Cuide dele, okay? Te vejo em casa.

Pam depositou um beijo carinhoso na testa do genro e voou para casa com Sininho guiando-a pelo caminho.

Quando Pam e Sininho sumiram dentro de uma estrela no céu, Kurt cuidadosamente entrou pela janela que estava aberta, como sempre.

— Não sabia que você tocava piano...

— Oh, você está aqui!— disse Blaine se virando para ver o castanho flutuando atrás de si com um sorriso no rosto - Chegou mais cedo hoje...

— Estava ansioso para lhe contar mais alguma história, vejo que gosta delas...

— Gosto sim! Senti falta ontem, você não apareceu.

— Me perdoe, precisei resolver algo importante e quando cheguei, você está estava adormecido.

— Tudo bem...— Blaine suspirou voltando sua atenção para as teclas do instrumento – Sabe tocar?

— Não, mas amo o som delicado que o piano produz. Porque não toca alguma música? Eu adoraria ouvir!

— Eu não sei. Lembro-me de algo relacionado ao piano, tenho a impressão que sei tocar, mas algo está confuso na minha mente.

— Porque você não toca alguma nota para ver se te ajuda?

— Será?— Blaine tocou tecla por tecla e pareceu estar finalmente se recordando do seu dom – Eu lembro! Eu sei tocar piano!

— Ótimo! Eu sabia que conseguiria!

— E é graças a você! Por isso vou lhe tocar uma música...

Blaine começou as primeiras notas que logo se tornaram forma, se transformando em uma bela melodia que logo foi acompanhada pela voz do moreno.

I can't sleep tonight (Eu não consigo dormir à noite)
Wide awake and so confused (Bem acordado e tão confuso)
Eveything's in line (Tudo está em ordem)
But I am bruised (Mas estou machucado)

I need a voice to echo (Eu preciso de uma voz a ecoar)
I need a light to take me home (Eu preciso de uma luz para me levar para casa)
I kinda need a hero (Eu meio que preciso de um herói)
Is it you? (É você?)

Kurt estava encantado e impressionado com o talento de Blaine com o piano. Seus dedos pareciam dançar ou flutuar pelas teclas, era muito bonito de admirar. Também havia a bela voz do moreno, claro que o castanho já ouvira o Anderson cantando, mas agora que ele era adulto, sua voz estava também mais amadurecida e grave, tornando tudo ainda mais perfeito.

I never see the forest for the trees (Eu nunca vi a floresta por entre as árvores)
I could really use your melody (Eu realmente poderia usar sua melodia)
Baby, I'm a little blind (Querido, estou um pouco cego)
I think it’s time for you to find me (Eu acho que é hora de você me encontrar)

Can you be my nightingale? (Você pode ser o meu rouxinol?)
Sing to me, I know you’re there (Cante para mim, eu sei que você está aí)
You could be my sanity (Você pode ser minha sanidade)
Bring me peace (Me traz paz)
Sing me to sleep (Cante para eu dormir)
Say you’ll be my nightingale (Diga que você será meu rouxinol)

Peter se sentia ainda mais apaixonado e próximo do seu Blaine. Seu pequeno ainda estava ali dentro daquele adulto o chamando, pedindo para levá-lo de volta, afinal, por qual outro motivo o moreno cantaria aquela canção em específico? O Anderson poderia não saber, mas queria, no seu interior, voltar para casa.

Somebody speak to me (Alguém fale comigo)
Cause I'm feeling like hell (Porque estou me sentindo como o inferno)
Need you to answer me (Preciso de você para me responder)
I’m overwhelmed (Estou sobrecarregada)

I need a voice to echo (Eu preciso de uma voz a ecoar)
I need a light to take me home (Eu preciso de uma luz para me levar para casa)
I need a star to follow, I don't know (Eu preciso de uma estrela para seguir, eu não sei)
I never see the forest for the trees (Eu nunca vi a floresta por entre as árvores)
I could really use your melody (Eu realmente poderia usar sua melodia)
Baby, I'm a little blind (Querido, eu estou um pouco cego)
I think it’s time for you to find me (Eu acho que é hora de você me encontrar)

Can you be my nightingale? (Você pode ser o meu rouxinol?)
Sing to me, I know you’re there (Cante para mim, eu sei que você está aí)
You could be my sanity (Você pode ser minha sanidade)
Bring me peace (Me traz paz)
Sing me to sleep (Cante para eu dormir)
Say you’ll be my nightingale (Diga que você será meu rouxinol)

Blaine tocava, mas diversas vezes desviava seu olhar para os lindos e visivelmente emocionados olhos de Kurt. O moreno não sabia o porque exatamente estava cantando aquela música para o castanho, mas ele sabia de uma coisa. Sabia que estava de alguma forma apaixonado por aquela criatura que Blaine nem ao menos sabia se real ou apenas fruto de sua mente solitária, afinal, de onde vinha aquele garoto misterioso que entrava voando pela sua janela todas as noites lhe contar histórias para embalar seu sono? Seria um anjo? Uma ilusão? O moreno não sabia, apenas queria que Kurt não desaparecesse nunca!

I dont know what I’d do without you (Eu não sei o que faria sem você)
Your words are like a whisper, come through (Suas palavras são como sussurros, sobrevivem)
As long as you’re with me here tonight, I'm good (E contanto que você esteja comigo hoje a noite, eu estou bem)

Can you be my nightingale? (Você pode ser o meu rouxinou?)
Feel so close, I know you’re there (Sinto tão perto, sei que você está aí)
Ooooh, nightingale (Oh, rouxinol)
Sing to me, I know you’re there (Cante para mim, sei que você está aí)
Cause, baby, you’re my sanity (Porque, querido, você é a minha sanidade)
You bring me peace (Você me traz paz)
Sing me to sleep (Canta para eu dormir)
Say you’ll be my nightingale (Diga que será meu rouxinol)

Em um tom mais baixo e calmo, Blaine finalizou a música recebendo alguns aplausos tímidos de Kurt que em seguida tratou de secar algumas lágrimas que lhe escaparam.

— Sabe... Ás vezes sinto que eu não pertenço a esse lugar, a essa casa...

— Como assim?— Kurt perguntou esperançoso.

— Eu não sei...— Blaine deu de ombros – Aliás, o que você é? Um tipo de anjo da guarda que vem me ninar?

— Não...— Kurt riu um pouco – Eu sou apenas um menino que se recusou a crescer e por isso foi para um lugar onde eu poderia ser criança para sempre!

— Estranho, parece que eu já ouvi essas palavras em algum lugar antes. Parecem tão familiares...— o moreno se espreguiçou e piscou os olhos algumas vezes, o sono já chegava – Enfim, eu estou cansado, sinto muito, mas preciso ir para cama e acho que não vou conseguir ouvir uma de suas histórias hoje...

— Não se preocupe, amanhã eu voltarei mais cedo e lhe conto quantas histórias quiser! Agora vá descansar...

Kurt acompanhou Blaine até sua cama e o assistiu se enfiar debaixo dos cobertores e se aconchegar ao travesseiro. O castanho o cobriu e sorriu.

— Boa noite, Blaine...

— Kurt, espera!— o Anderson chamou e o castanho voltou – Poderia me fazer um pequeno favor?

— Claro!

— Pode me dar outro beijo na testa? O da noite anterior me fez dormir tão bem...

— V-você estava acordado?!

— Estava, mas preferi não te assustar. Não quero que desapareça para sempre.

— Acredite, eu nunca mais vou sair do seu lado. Estarei aqui com você até o fim.

Kurt disse aquelas palavras, mas na verdade queria dizer para Blaine que o amava incondicionalmente, porém ainda não era o momento certo. Por isso apenas depositou um beijo na testa do moreno que abriu um pequeno sorriso e fechou seus olhos aproveitando aquela paz que o invadia.

— Boa noite, B...

— Boa noite, Kurt...— o castanho voou janela afora e moreno ficou observando aquele pequeno risco de luz cruzar o céu como uma estrela cadente e fechou seus olhos finalmente adormecendo.

— Boa noite... Meu amor.