Fazia uma bela e agradável tarde lá fora enquanto Kurt e Blaine aproveitavam a companhia um do outro e o silêncio que fazia na casa já que Cooper e Pam haviam saído com as crianças para brincar na cachoeira e ouvir algumas histórias do fundo do mar contadas por Marina.

Kurt e Blaine estavam abraçados balançando numa rede, ambos quase dormindo, quando Kurt quebrou o silêncio.

— Blaine...?

— Sim K...— o moreno respondeu ainda com os olhos fechados.

— Eu te amo.

— Eu também te amo. Muito por sinal.— Blaine abriu um sorriso divertido – Todas as vezes que você diz que me ama me surpreende como se fosse a primeira vez.

— Acontece o mesmo comigo. Sabe, antes de te achar eu jamais imaginaria que encontraria alguém quem eu pudesse amar e me amar de volta. Às vezes penso que nós fomos feitos um para o outro, por mais clichê que isso possa parecer. Eu te amo tanto que me faz sentir medo de te perder um dia.

— Mas você não vai me perder meu amor. Nunca! Não há mais nada aqui que possa me tirar de você, Kurt.

— Tem razão, isso é apenas uma tolice da minha cabeça.

— Agora vamos parar de pensar nessas coisas e vamos dormir um pouco, o que acha?

— Vamos...

Blaine deu um selinho em Kurt, se aconchegou outra vez dentro do abraço do castanho e assim os dois adormeceram.

(...)

Kurt, na manhã seguinte, acordou sobressaltado por conta de um sonho estranho.

Olhou em volta e viu que Blaine não estava mais ali.

— Droga, dormi demais…— disse Kurt se levantando da rede - Blaine deve estar com os outros, ele podia ter me acordado.

Peter foi meio que cambaleando de sono até as escadas improvisadas e desceu até a "sala". Lá não encontrou ninguém em casa ainda como no dia anterior. Olhou pela janela e pela altura que o sol estava no céu supôs que todos estavam na aula a céu aberto da Pam.

— Blaine deve ter ido com eles…

Um tempo mais tarde, Pam, Cooper e os meninos perdidos entraram pela porta conversando animadamente.

— Pai!

Gritou Finn e saiu correndo em direção a Kurt que estava sentado no chão distraído com algumas pedras e o abraçou junto com seus "irmãos".

— Olá meus meninos! A mamãe Pam e o Tio Cooper contaram boas histórias hoje?

— Sim pai!— disse Sam animado - Eles nos levaram até a Tia Marina, ela também tem as melhores histórias!

— Que ótimo!

— Kurt, cadê Blaine? Preciso falar com ele sobre algumas coisas…— Cooper perguntou e Kurt o olhou confuso.

— Como assim, cadê Blaine? Ele não estava com vocês?

— Não. Quando saímos, vocês estavam dormindo. Deixamos ele com você.

Kurt suou frio. Não é possível que Blaine houvesse sumido outra vez.

— Ele não está aqui. Quando acordei ele já não estava do meu lado e em lugar nenhum, imaginei que ele tivesse ido com vocês. Meu Deus, Blaine não pode ter sumido agora. Não, não pode ser.

Kurt levantou apressado e voou pra fora da casa para procura-lo pelos arredores. Sininho o acompanhou para ajudar na busca, mas infelizmente não encontrou nem rastro do moreno. As lágrimas já desciam pelo rosto de Peter, a noite já caía e não dava mais pra procurar por muito tempo. Por isso, Kurt voltou pra casa arrasado.

— Achou Blaine?— Pam perguntou nervosa e o castanho apenas negou com a cabeça - Meu menino sumiu, ele não pode sumir!

Cooper abraçou a mãe que começou a chorar no ombro dele.

(...)

Com uma ligeira dor de cabeça, Blaine acordou. Assim que abriu seus olhos viu que estava em um lugar diferente do que se lembrava de estar antes.

Ali não parecia a casa de árvore de Kurt, porém estava escuro e ele não conseguia ter certeza. O moreno então tentou levantar, mas percebeu que estava amarrado a cadeira onde estava deitado.

O pavor tomou conta de si. Ele estava no escuro, preso, com certeza aquilo não era uma brincadeira dos meninos perdidos e ele estava sozinho. Isso até Blaine ouvir um barulho e ter a luz do lugar onde estava acesa o fazendo piscar seus olhos repetidas vezes para se acostumar à claridade repentina.

Assim que abriu os olhos, enxergou um homem de braços cruzados em sua frente. Ele possuía uma grande e farta barba preta, dentes podres, um olho de vidro, uma perna de pau e suas vestimentas e chapéu apenas indicavam que ele era um pirata. Mas... O único pirata que Blaine conhecia era James Gancho que agora estava no estômago do Kraken.

— Q-quem é você?— gaguejou Blaine assustado com o olhar severo da figura a sua frente - Onde eu estou?

— Eu sou o mais temido pirata dos sete mares, Barba Negra e você está onde jamais deveria ter saído.

— O que? O que você fez com Kurt, quer dizer, Peter?! Me solta, me deixa sair daqui!

O moreno se debateu na cadeira tentando se soltar, porém era em vão. Com aquilo o Barba Negra soltou uma alta e rouca risada.

— Pobre criança… Você só vai sair daí quando eu quiser!

— Porque você está fazendo isso? O que eu fiz?

— Você não fez nada…— Blaine ficou confuso - Mas seu marido fez! Peter Pan deu James Gancho para o Kraken e isso é imperdoável!

— Não sabia que os piratas eram tão unidos a ponto de vingar o outro…

— Piratas não são unidos garoto…

— E então…?

— James era meu filho!

Ao ouvir aquilo, Blaine ficou perplexo. Jamais imaginaria que Gancho ainda tinha um pai e que esse seria o pirata mais temido dos sete mares!

— E como Pan me tirou algo tão importante pra mim, decidi retribuir o favor te trazendo de volta ao mundo real, onde vai envelhecer, perder toda a crença que tens em fadas e Peter Pan não passará de uma historinha de ninar outra vez.

— Não! Eu nunca vou perder minha fé em contos de fadas! A Terra do Nunca sempre existirá em meu coração, eu jamais vou esquecer Kurt! E ele vai aparecer em breve para me buscar!

— Será inevitável criança. Você está em um escondido, ele jamais lhe encontrará aqui, mesmo que vire essa cidade de ponta cabeça! E digo mais, você vai crescer rapidamente todos esses anos que esteve na Terra do Nunca! Logo se tornará adulto e a cada dia, cada vez que crescer, sua fé em contos de fadas perderá mais as forças.

Blaine começou a chorar. Barba Negra tinha razão, Kurt o procuraria, mas um dia acabaria perdendo as esperanças e desistindo. Ele envelheceria, Peter não iria mais o reconhecer e assim ele morreria sozinho.

— Bem, eu já conversei demais e eu tenho mais o que fazer. Wally, Billy, soltem o garoto!— os marujos vieram correndo até o cômodo onde eles estavam e desamarrou Blaine - Ah, as janelas e portas estarão trancadas por precaução, claro. Boa vida garoto! Vamos rapazes.

O pirata e seus dois marujos, saíram do quarto trancando em seguida a grande porta. Blaine tentou correr atrás para impedir, mas foi tarde demais, estava trancado ali condenado a solidão para sempre.

(…)

Kurt, Cooper e os meninos perdidos se espalharam pela floresta no dia seguinte bem cedo e procuraram cada centímetro possível e não conseguiram nenhum sinal de Blaine.

Sininho comunicou a todas as fadas para ajudar também, mas nenhuma delas obteve sucesso nas buscas.

Na praia não havia nenhum barco a vista, então nada de Gancho ter retornado de alguma forma como das outras vezes. Pam estava em casa inconsolável abraçada em uma gravatinha borboleta com saudade do seu caçula.

Os meninos também estavam arrasados assim como Cooper por ver a mãe naquele estado e por saudade do seu irmãozinho.

Já Kurt não chorava de forma alguma. Ele se sentia culpado por provavelmente estar com Blaine em seus braços quando ele sumiu. O castanho só ficava pelos cantos sozinho pensando onde mais poderia procurar.

Quando a noite caiu, todos voltaram para casa. De nada adiantaria procurar por Blaine no meio da escuridão. Todos estavam exaustos e tristes por não achar nada e Kurt parecia de pedra sem esboçar nenhuma emoção apenas se sentava isolado a todos na "sala" e pensava como achar seu amor. Claro que ele estava destruído por dentro, Blaine era a melhor coisa de sua vida, mas ele não queria chorar por medo de fraquejar e desistir.

Depois de muito pensar, Kurt teve uma ideia de onde mais procurar e quando ia anunciar a todos para começar as buscas no dia seguinte, alguém bateu na porta surpreendendo a todos.

Peter calmamente foi até a mesma e a abriu ficando paralisado ao ver quem era.

— O que você está fazendo aqui depois de tanto tempo! Pensei que já estivesse no estômago de uma baleia!

— Ora, ora Pan, onde estão seus modos? Não vai me convidar para entrar?— Kurt permaneceu no lugar - Não? Tudo bem, eu entro assim mesmo.

Barba empurrou o castanho e passou acompanhado de seus dois fiéis marujos. Olhou em volta e observou o rosto de cada um ali presente.

— Olha, vejo que aumentou a família! Mas… acho que está faltando alguém aqui, não é mesmo Peter Pan?!

— O que você fez com ele?!— disse Kurt entre os dentes se aproximando do velho pirata que apenas riu.

— Quem? Blaine? Ah não se preocupe, ele está no lugar onde pertence muito bem guardado…

— Porque você fez isso, Blaine não fez nada…— suplicou Pam.

— Sinto muito minha formosa dama…— o pirata se aproximou da mulher e depositou um beijo em sua mão como um cavaleiro - Mas seu filho teve de ser o preço para castigar Peter Pan. Ele matou meu filho o entregando àquele maldito Kraken.

— Gancho é seu filho?!

— Era… Infelizmente agora ele apodrece no estômago daquele demônio. Mas eu quis apenas pagar na mesma moeda o que ele me causou.

Agora, Peter Pan sofrerá toda a dor que eu sinto na pele!