Dons: Carbúnculo escrita por KariAnn, Haruka hime


Capítulo 20
Perdas


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, perdi o prazo. >< Mil desculpas, mas aqui está o próximo capítulo.



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A maior parte dos Óligos foi morta e isso surpreendeu a líder do grupo de combate. Ela, que inicialmente sorria com altivez, agora tinha o semblante preocupado, enquanto assistia seus subordinados morrerem um a um perante os Raimann.

O desenrolar da batalha era inesperado. O grupo de ataque que ela liderava não era tão forte, porque subestimara a experiência em batalhas da família. Com isso, mandara o grupo mais inexperiente e fraco dos rebeldes par apoupar a energia dos mais fortes. Aquilo foi um grande erro.  

 Enquanto toda a batalha se desenrolava, Adriano e Lady estavam escondidos dentro do palacete, num quarto. Nenhum deles sabia onde Loui, que também ficara dentro do lugar, estava.

— Você acha que alguém irá nos encontrar aqui? — Lady perguntou, temerosa.

— Não, eles estão ocupados demais tendo que lutar contra o pessoal lá fora. Ninguém deixará que eles entrem. Além disso, o Loui está por aqui... em algum lugar.

— Estou preocupada... E se algo acontecer com um deles? A Amélia e a Michele, a Christine...

— Fique calma. — Adriano se aproximou de Lady e a abraçou, passando a mão em seus cabelos.

Os dois ouviram sons de explosões, quedas, espadas se colidindo, e isso os assustou. As lutas aconteciam muito próximas do palacete, o que fez o coração de Lady disparar de pavor.

—  Adri... me abraça mais forte.

Adriano a apertou mais em seus braços e beijou sua testa na tentativa de acalmá-la. Embora dissesse para ela não ter medo, ele mesmo estava apavorado, e seu coração batia rapidamente, algo que Lady certamente notaria.

— Nós dois somos o elo fraco dessa família —  Lady falou, de repente.

— É. Às vezes penso que deveria ajudar, mas... O que podemos fazer?

— Nada.

— Embora, se você estivesse em perigo, eu tentaria te salvar, mesmo que não tivesse nenhuma chance contra um desses caras.

— Não diga bobagens —  falou Lady, sorrindo.

— Não estou dizendo bobagens, estou falando sério. —  Adriano olhou dentro dos olhos de Lady. —  Eu... te amo... Então vou te proteger.

Lady sorriu diante da confissão fora de hora de Adriano. O rapaz pensava que aquela seria uma oportunidade perfeita para se confessar dada a dramaticidade do momento. O risco eminente contrastava com a aura de amor que os envolvia, e isso soava romântico para o garoto que se orgulhou de sua coragem e êxito, pois Lady deixou que ele a beijasse ali mesmo.

De repente, os dois ouviram um som de um corpo se chocando contra a parede. Assustado, Adriano se levantou e pegou uma lança de uma das armaduras que estavam naquele quarto. Apontou a arma para a porta e pediu que Lady ficasse atrás de si. Subitamente ouviram um grito de homem e um baque.

— Fique aqui — Adriano falou para a garota e, devagar, se aproximou da porta, abrindo-a em seguida.

Do lado de fora, Loui brigava com um óligo. Ele usava seu dom para mover objetos e jogava tudo o que podia sobre o inimigo, mas este se desviava e continuava a atacar. 

— Adriano, volte para dentro — Loui gritou para o rapaz.

— Mas o que...

Antes que Adriano terminasse a frase, um homem se materializou à sua frente e transpassou seu corpo com uma espada curta que materializou em sua mão.

Lady gritou em desespero e assistiu, impotente, Adriano morrer. O assassino se virou para ela, sorridente, e começou a caminhar em sua direção, porém teve o corpo transpassado por uma lança que Loui jogou em sua direção assim que conseguiu se livrar do outro rival. 

Lady correu na direção de Adriano, mas já era tarde. O corpo do rapaz estava imóvel, sem vida, e seus olhos abertos, o rosto com uma expressão de dor e espanto. Essa seria a última imagem de Adriano que a garota teria. Ela, então, se desatou a chorar e a gritar o nome do amante, tendo Loui como um espectador impotente.  

***

Carlos Magno e Heikki lutavam com espadas. Os sons das lâminas colidindo ecoavam pela floresta tamanha era a violência do choque delas. As expressões dos duelantes eram ferrenhas, fortes. Seus dentes rangiam, as sobrancelhas franzidas, o suor escorria pelas faces. Ambos estavam muito cansados. 

Num ímpeto, Magno girou seu montante no ar e o deixou cair sobre o rival que levantou as cimitarras em cruz e se defendeu do golpe. Ficaram nessa posição por muito tempo, um fazendo pressão para baixo, o outro para cima, sem que qualquer um se desse por vencido. 

— Não já passou da hora de desistir? — Carlos Magno perguntou entre dentes sem aliviar a pressão que fazia. 

— Nunca! — Heikki retrucou. 

Num último esforço, o homem forçou as cimitarras para cima e se livrou de Carlos Magno, mas não foi veloz o bastante para se desviar do contra-ataque do caçador. 

 A lâmina do montante de Magno veio por baixo, se cravou em seu queixo, destruiu parte de seu maxilar, esmagou seu olho e alcançou o cérebro, praticamente cortando parte de seu rosto. Assim, Heikki morreu.

***

O dom de Fábio era um dom de defesa, não de ataque. Assim, para lutar contra seus inimigos, o garoto resolveu se utilizar do carbúnculo.

Ele disparou raios de energia vermelha em direção a dois óligos. Os raios atravessaram os corpos deles, abrindo um buraco perfeitamente redondo em seus pescoços. Aquilo chamou a atenção da líder, que voou em direção ao garoto e se colocou altivamente perante ele.

— Entregue a pedra, e te deixarei viver — falou a mulher com uma voz grave.

— E quem é você? — Fábio perguntou com olhar arrogante.

— Eu sou Katrina, líder do grupo de combate dos Óligos, e exijo que você me entregue este carbúnculo. Se recusar, eu o matarei.

Fábio apertou a pedra em sua mão e franziu a testa. Sentia o perigo eminente no tom de voz e no porte daquela mulher, mas estava tão disposto a entregar a pedra a ela quanto estivera disposto a entregar a Carlos Magno.

— Bem... Acho que vou arriscar.

Katrina rangiu os dentes e, irritada, levantou as mãos para cima e as baixou rapidamente na direção de Fábio. Das palmas das mãos brotaram diversos cristais de gelo pontiagudos que passaram direto pelo corpo do garoto.

— Então esse é o seu dom! — Ela estava surpresa e muito raivosa.

— Dom fantasma! — Fábio falou de forma infantil. — Mas é claro que eu posso fazer mais coisas com ele... só não sei bem o que. Mas não se preocupe, eu vou descobrir... Com a ajuda dessa pedra que você não terá!

Katrina urrou e atacou novamente, mas dessa vez os cristais acertaram uma parede branca que surgiu de repente diante dela.

— Você pode usar seu dom mesmo no escuro? — Fábio perguntou para Branca, que surgiu ao seu lado para sua alegria.

— Há luz e escuridão em todo lugar — Branca respondeu. — Eu e minha irmã sempre poderemos usar nossos dons, só que com maior ou menor força.

De repente, a parede se rompeu, para o assombro de Branca. Um enorme cristal jogado com tremenda violência quebrara a proteção. Felizmente, tanto ela como Fábio se desviaram do ataque a tempo.

Branca se encolerizou. Apesar de estar no domínio da irmã, ela começou a emanar um pouco de luz de seu corpo, embora fosse uma luz fraca. De trás de suas costas, surgiram quatro vetores de três metros completamente brancos. Seus olhos ficaram totalmente escuros e sua boca, ao invés de sorridente, estava triste.

Preta e Branca eram dois opostos. Uma representava a luz e outra, as trevas, e suas expressões quando usavam seus dons na totalidade que conseguiam, pareciam com as duas máscaras teatrais, uma sorridente e outra triste.

Das duas, Fábio tinha mais medo de Branca, pois, se a aparência de Preta ficava monstruosa com o sorriso e os olhos completamente escuros, o rosto de Branca ficava apavorante com uma boca larga e triste no lugar.

— Maldita! — Branca falou, sua voz baixa e suave, o que contrastava com o xingamento, mas a tornava ainda mais medonha.

Durante um tempo considerável, as duas duelavam basicamente com seus dons. Ora Katrina atacava, ora Branca, e ambas as defesas pareciam fortes demais, assim como os ataques. 

De repente, Katrina sentiu algo pegar seus tornozelos. Quando olhou para baixo, viu duas mãos saindo da terra. Em seguida, viu Fábio emergir com um sorriso louco e assustador. Ele piscou para a mulher e a puxou, fazendo com que seus pés atravessassem a terra e ficassem presos.

Katrina olhou para frente e só teve tempo de ver os quatro braços rapidamente em sua direção. Mal teve tempo de gritar, os braços atravessaram sua barriga e seu peito.

***

Bastaram poucos minutos para que Kurt se sobrepusesse ao irmão e o fizesse cair brutalmente de costas numa rocha. No entanto, ao se aproximar e olhar para o outro se contorcendo em dor, ele titubeou. 

— Você vai mesmo fazer isso? — Marcos perguntou quase sem forças.

— Eu tenho escolha? — Kurt replicou, soluçando.

— Claro, meu irmão! — falou com um sorriso triste. — Vocês são... mais fortes... do que eu esperava.

— Você vai abandonar os óligos se eu deixá-lo viver?

— Eu tomei minha decisão.

— Lamento ouvir isso!

Kurt se ajoelhou em frente ao irmão e o abraçou. Este chorava muito e soluçava fortemente, tanto por sentir a dor da colisão contra uma rocha como a dor de estar diante da morte, diante daquele executor. Ele afundou seu rosto no peito do irmão mais velho que começou a afagar seus cabelos. Então, algo perfurou seu abdômen. 

Kurt chorava. Em seu peito, seu coração estava tão apertado que ele achou que morreria ali mesmo de tanta tristeza. Era matar o irmão ali ou vê-lo ser morto pelos soldados da Ordem de Áquila que não o matariam de forma rápida, mas da maneira mais dolorosa possível. 

O corpo mole de Marcos lhe pareceu muito leve. Ele então o tomou no colo e caminhou até o palacete. 

***

Jason mancava e vacilava. Seus filhos o cercaram, rosnando ameaçadoramente, e pareciam ainda ter muito vigor e disposição apesar da longa luta que tiveram com ele. Então, sem que Jason entendesse o porquê, os dois voltaram a suas formas humanas. 

— Lamento, papai! — Jack falou, sorrindo. 

— Mas existe alguém que com você tem que acertar as contas! — Jackson completou.

— Nós não temos nada contra você. Então, adeus!

Os dois se afastaram caminhando lado a lado em profunda sincronia. Jason rosnou, mas antes que atacasse, uma bala o acertou, fazendo-o uivar de dor. Ele olhou para o lado e viu Carlos Magno apontando sua taurus e caminhando em sua direção. 

— Acerto de contas! — falou o homem com um sorriso. — Sua vida pelo meu olho.

Mais cinco disparos acertaram o corpo de Jason. Ele uivou, mas ainda tinha forças para correr na direção do caçador. Este esticou a mão direita e seu montante veio zunindo em sua direção. Assim que o segurou, ele girou a enorme arma a tempo de decapitar o lobo gigante.

***

Os poucos óligos que restavam abandonaram a batalha. Eles estavam em menor número e, apesar de cansados, os Raimann ainda tinham forças para lutar.  

Ao ver a debandada, Azazel, que ainda lutava contra Preta, se entristeceu. Estava no auge de seu prazer, numa loucura quase profana enquanto combatia a garota, como se estivesse numa relação carnal com uma mulher. Seu olhar era alucinado, suas gargalhadas eram agudas e enlouquecidas, mas tudo foi cortado pela debandada de seus companheiros. Ele olhou para a garota, que ainda parecia muito disposta a continuar a luta, e sorriu com tristeza.

— Lamento, pequena, mas teremos que deixar isso para outra hora.

O anjo da morte abriu suas enormes asas de morcego e levantou voo. Preta ainda tentou agarrá-lo com seus vetores, mas ele se desviou acompanhado de uma divertida gargalhada e sumiu na noite.

Ela, ainda em sua forma maléfica, apenas observou enquanto ele se afastava. Em sua pouca sanidade, um ódio se alastrou e a fez gritar, mais que colérica. Sentiu então uma sede de sangue tão grande quanto a que emanava Azazel, mas não podia fazer nada. 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada!!



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