Maria andava pensativa naqueles dias. Era véspera de natal e a loira andava curiosa com o comportamento de Karl. Ele praticamente havia intimado Maria a se casar com Howard. E intimado o moreno a se casar com ela. Maria conhecia Karl, sabia que tinha algo a mais aí, mas não conseguia entender o que era. 

A questão é que a loira estava confusa com tudo o que estava acontecendo. Dificilmente conseguia ver Howard sem a presença do pai dela ou dos pais dele. Ela o amava, mas estava assustada com a possibilidade de se casar aos 16 anos. Howard mal teria completado 18... Estavam casando, mas não poderiam sequer beber na festa de casamento. Será que teriam mesmo maturidade para isso?

Estava em seu quarto pensando nos rumos que sua vida havia tomado quando sua tia entra. Havia batido na porta e Maria estava tão entretida com seus pensamentos que nem ouviu. Entra e senta-se diante de Maria, fitando-a preocupada. A loira ainda não a tinha percebido.

— Maria? - chama a mãe de Natasha

Maria vira lentamente a cabeça e dá um pulo de susto quando percebe sua tia sentada bem diante dela.

— Vim ver o andamento da nova jardineira, mas pelo visto... a cabecinha de alguém está em Nárnia. - fala a mãe de Natasha

— Nárnia? - pergunta Maria sem entender

— Deixa pra lá, esqueci que não lê fantasia. O que te preocupa, Maria? - pergunta a mãe da Natasha

— Bobeira minha. - fala Maria

— Bobeira? Deixe-me ver se adivinho que bobeira é essa... Seria preocupação porque seu pai está pressionando você e Howard para se casarem tão jovens só porque vocês já transaram? - pergunta a mãe de Natasha

Maria fita-a assombrada.

— Como sabe? - pergunta Maria

— Eu estaria assustada se tivesse 15 anos e meu pai estivesse, de certo modo, pressionando para eu me casar. Sei que ama o Howard e a questão nem é essa. Eu sei que já planejavam morar juntos durante a faculdade... Pode ser um teste para quando estiverem mais maduros e realmente prontos para se casar. - fala a mãe da Natasha

— Também acho melhor morar junto antes pra saber se realmente combinamos, sabe? - fala Maria

— E tenho sentindo que Howard também está receoso.  - fala a mãe da Natasha

— Mas meu pai não quer me ouvir. - fala Maria

— Vou conversar com ele. Sabe, Maria, nesses meses que você tem morado aqui... me apeguei bastante a você. Me preocupo contigo, embora eu seja péssima para demonstrar. Você é uma menina inteligente e madura, mas ainda é uma menina. Tem tanta coisa pra viver ainda... - fala a mãe da Natasha

— Tem muitas coisas que quero viver com Howard e tem coisas que quero viver sem ele. Isso é confuso. - fala Maria

— Isso é normal. Absolutamente normal. Você o ama, mas quer ter sua vida também. Nada mais equilibrado. - fala a mãe da Natasha

Ela faz um afago no rosto de Maria.

— Sinto falta de ter esse tipo de conversa com a Natasha, mas parece que ela já nasceu sabendo e sempre me corta quando vamos conversar. - fala a mãe de Natasha

— Sinto falta de ter com quem conversar sobre isso. - fala Maria

— Deve ser difícil não ter tido uma mãe. - fala a mãe de Natasha

— Um pouco, mas o papá sempre foi presente. Só fico sem graça de falar algumas coisas com ele. - fala Maria

— Pode falar comigo, ok? - fala a mãe de Natasha

Maria concorda com a cabeça. A mãe de Natasha levanta-se.

— Vou ter uma conversa com Karl. Não se assuste se ouvir gritos ou gemidos... dele. às vezes é necessário ser um pouco mais energética. - fala a mãe de Natasha

Maria não entendia do que ela falava, mas concorda com a cabeça. A seguir, a mãe de Natasha sai e a loira volta a fitar o projeto de desenho que havia feito para a jardineira que colocaria na própria janela tentando entender o que havia desenhado ali. Estava tão distraída enquanto desenhava que nem viu o que tinha feito. A mãe de Natasha entra no quarto de Karl já arrancando as cobertas dele.

— Levanta, precisamos conversar. - fala a mãe de Natasha

Karl já sentava na cama se preparando para tomar o sermão de sua vida vindo da irmã mais velha.

— Tem ideia de como a pressão psicológica que tá pondo em sua filha pra ela CASAR tá fazendo mal a ela? - pergunta a mãe de Natasha

— É só casamento, Alex! Não é uma ida a uma sala de tortura. - fala Karl rabugento

— Sério? Karl, você foi casado por um ano. Eu sou casada há quase vinte. E dei uma sorte danada porque meu marido tem uma cabeça pra lá de evoluída... e eu me casei depois de já ter vivido. - fala a mãe de Natasha

— Ela o ama! - fala Karl

— ELA TEM QUINZE ANOS! - grita a mãe de Natasha

Karl para uns segundos e fita-a assustado.

— Isso é muito cedo aqui? - pergunta o loiro

— Isso é ilegal aqui. Por que acha que precisa de autorização dos pais e judicial? Karl, acha que ela tem maturidade para casar com 15 anos sendo que ela só é considerada madura para BEBER com 21? - pergunta a mãe de Natasha

— Eu bebia com 10... - fala Karl

— Nosso pai era doido. - fala a mãe de Natasha

— Nisso você tá certa. Acha que ela só vai casar por causa da minha pressão? - pergunta Karl

— Eles faziam planos de morar juntos, mas eram os 4... Ela, Natasha, Steve e Howard. República, Karl. Fariam isso pra ter certeza que se dariam mesmo bem dividindo um teto e para se preparar para o casamento mesmo. Olha, sei que quer o bem da Maria, mas precisa ouví-la. Ela é uma menina inteligente, sensível e madura. E tá sendo mais ponderada do que você. - fala a mãe de Natasha

— Vou parar de pressionar. Não sabia que essa pressão estava fazend mal a ela. Mas eu fico com medo... E se deportarem ela? - fala Karl

— Karl, a mãe da Maria é americana. Ela tem direito a cidadania! - fala a mãe de Natasha

— E acha que a mãe da Maria iria querer ficar com ela? Alana a abandonou quando era um bebê. - fala Karl

— Alana não precisa querer. O nome dela tá na certidão de Maria. Só isso já prova e dá a ela o direito à cidadania. - fala a mãe da Natasha

— Tem certeza? - pergunta Karl preocupado

— Absoluta. - fala a mãe de Natasha

— Então não preciso pressioná-la para casar. - fala Karl

A mãe de Natasha dá um sorriso aliviado. Havia contornado a situação.