Sociedade dos Corvos escrita por Raquel Barros


Capítulo 6
Capitulo Cinco - Arya


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, sadizinhas.



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O mistério continua é um mistério apenas por conta do perigo. Afinal, tudo oculto, tudo o que não vemos, causa medo. E em Onyx há cento e cinqüenta quilômetros de puro mistério.  Aquela seria nossa missão mais perigosa até então. E de perigo eu sou perita. A minha vida começou com perigo. Não a minha vida do momento da concepção, mas quando há dois anos eu fugi da super fortaleza de uma maneira misteriosa e sem saber nadar pulei no mar. E desde então eu tenho passado por perigos bocados. Enfrentei Sauters, Jylizard, uma bruxa sadic maligna que queria acabar com Onyx e descobri algo que me deixou com os cabeços em pé, como o fato que meu irmão mais velho mais novo é o príncipe herdeiro do reino que me prendeu em Fell aos cinco anos. E é claro, me apaixonei e perdi meu marido para um câncer e para o orgulho dele. E agora não sei se o meu ódio por ele é maior do que meu amor. Ele não poderia se transformar em sadic por mim? Teríamos uma vida bem longa, imagino. E essa história toda começou quando um maldito corvo pousou na minha cozinha e fez de Onyx o caos total. No momento eu tinha acabado de brigar com o irritante, e não menos bonito, Stephan. Então entra aquele bicho na minha cozinha americana, e pousa em minha bancada vermelha envernizada deixando suas garras em marca ali, e quase me mata do coração.  A Beverly se manifestou de maneira física pela primeira vez em dezoito anos através de um corvo. Meu tio pirou como se é de se esperar e eu pirei também, por que de tudo que ela poderia usar, usou um corvo e eu tenho medo de corvos. Inicialmente ele ignorou o recado, até que, bem, pam e bum! A guerra veio direto para a Base. E toda a população foi evacuada para a floresta. E agora não tem jeito, tem que alguém ir buscar a tia Beverly. E como ela é muito, mais muito, direta, já mandou uma listinha de quem deveria ir. E basicamente foi as pessoas de sempre. Eu, Emma, sua filhinha não tão amada assim pelo jeito (quem manda a própria filha para a Floresta Negra?), Gwen, a priminha loba e Zoey, a priminha presai. E nesse lindo momento observamos o inicio da Floresta Negra. E é bem, sendo eufêmica, medonha. As árvores juntas a ponto de suas copas não deixarem passar a luz do sol, uma nevoa branca ali, bem no meio do escuro, o som das folhas seca e de criaturas que não quero encontrar, o rio negro desaguando no Garden com total força e alguma criatura que toda vez que uiva faz um arrepio subir por minha espinha.

Suspiro em minha rede, enquanto a balanço com as pontas dos meus pés, que não conseguem chegar ao chão (detalhes são detalhes), olhando para o fogo da fogueira que acenderam no meio da lareira apenas para não olhar para as trevas do inicio da floresta. Trevas estas que parecem ter vida própria. O que esse mundo tem de bonito, tem de assustador. E é assustador como eu estou tendo um dé jévù agora. A ultima vez que estive perto de uma fogueira foi à primeira vez que o Aspen me beijou. E foi em cima de uma árvore. Lembrar de Aspen me bate um sentimento de nostalgia, uma saudade que aperta tanto o coração que eu acho que vou morrer.  Em contratempo, Nico e Louise me ajudaram a conviver com isso. Os filhos de Nico são a cara do Aspen quando era pequeno. Mas também, o pai é a cara do Aspen. Isso não ajudou muito no nosso relacionamento, é difícil conviver com uma pessoa que é a cara do amor da sua vida, que morreu. Tirando isso, acho que vou cumpri a promessa de viver que eu fiz para o Aspen. Não tenho certeza, afinal, vou para a floresta negra. E de dez que vão à floresta negra, dez não volta. Ou seja, minha expectativa de vida está muito baixa por hora.

—Em que você tanto pensa?

Pergunta Nico sentando em minha rede e fazendo com que ela afunda-se. Faço uma careta para ele. Tenho a impressão de que ninguém gosta de me ver calada. Eles acham que estou conspirando ou algo do tipo. Nico estava fazendo sua melhor cara de cansaço. Cuidar de Onyx está envelhecendo ele muito rápido, assim como a tio Alef. Será que Beverly Blood tem a expressão de alguém que envelheceu rápido de mais? Nas fotos que temos dela, ela sempre é a mais nova. Ou sempre tem cara de mais nova, apesar de que ela é mais velha do que suas irmãs alguns meses. Talvez seja o sangue dos primeiros sadics correndo em suas veias. Há duvidas de quem seja o pai biológico de Beverly, afinal, a mãe dela foi à pessoa mais fiel do universo, em alguma realidade paralela e desconhecida é claro. Toda via, oficialmente é Ítalo Garden e não se discute isso com os Blood.

—Nada de mais.

Respondo colocando minhas pernas em cima dele. Sendo Nico bem mais alto que eu ele que use suas pernas para balançar a rede. E eu estou com a panturrilha doendo por conta de um treinamento novo que estão me obrigando a fazer. Digamos que meus pulmões não estão habituados a corridas, do mesmo jeito que meu corpo não gosta de maratonas. Eu fico toda dolorida. As pernas principalmente, e depois querem que eu use as escadas. Eu tenho amor por minha vida ou preguiça em excesso, o que preferi.

—Tenho que ficar com medo?

Interroga desconfiado levantando uma das sobrancelhas negras. Os olhos de Nico parecem dois ônix, negros, brilhantes e preciosos. Perguntei a ele uma vez por que seus olhos eram negros e ele me respondeu que é porque ele não tem ninguém da família de seus pais com os olhos claros, então ele simplesmente não tem a genética. O que é engraçado que seus filhos têm olhos verdes musgo.

—Não. Por enquanto, não.

—Por enquanto não... Meu Deus! Arya quer mesmo me deixar preocupado com esse caos?

—Sinto muito!

—Sente nada! Faz de propósito! Quando aceitei cuidar de você, sua personalidade autodestrutiva e infantil era a ultima coisa que eu pensei que encontraria.

—Não posso ser culpada por ser surpreendente.

—Você é uma criança presa no corpo de uma jovem adulta.

—Não me culpe por isso também.

Retruco cruzando os braços e fazendo cara feia. Eu estou descobrindo o mundo. Crianças fazem isso desde que nascem. Tem alguém para dizer para elas, não toque no fogo se não se queima, não faça isso, não faça aquilo. Bem em Fell a única coisa que nos dizia era não façam barulho, o resto descobria-se sozinho. 

—Agora sei o que pais passam com seus filhos adolescentes.

 -Você é um bom pai.

—Obrigado, e você está me elogiado?

—Não, eu tenho uma honra a zelar.

—E falando em zelo, cuidado lá dentro.

—E como não ter cuidado?

—As nevoas são venenosas e os bichos puxam o seu pé se dormirem no solo. Subam nas árvores, mas não muito alto, tem morcegos nas copas. Não bebam a água do rio negro, mesmo se tiverem morrendo de sede. E a bússola funciona ao contrario, norte é sul e leste é oeste. Vão para o norte se por acaso vocês se perderem, e o leste é a missão. Se forem para o oeste, não vão voltar.

—O que tem no oeste?

—Algo que não vão querer encontrar.

—E as coordenadas de tia Beverly?

—Dentro da Floresta Branca, a 5 m do rio, 96 de altitude, 230 de profundidade, virando a 90 graus à esquerda, embaixo da ponte de pedras a águia e o Lizard se encontram? Bem, a Floresta Branca era como a Floresta Negra era chamada há dezessete anos, antes de Beverly sumir. O rio fica no leste, imagino que seja o ponto perto da mansão de minha tia. Peçam auxilio para ela. É aliada de Beverly.

—Não pode ir conosco?

Resmungo impaciente. Sinto que não vou me lembrar de metade disso. No jeito que sou talvez nem metade, uns cinco por cento? Não sei, queria que o Nico fosse conosco, ele conhece muito bem aquela floresta. Tão bem que Beverly deveria ter pedido para levamos ele. Talvez seja por causa da instabilidade emocional do tio Alef. Afinal, só há um segundo comandante em Onyx por que o primeiro é instável e alguém precisa tomar as rédeas quando meu tio tem lá seus ataques de “Eu sou O Lorde Dark”.

—Com o Alef perto de um ataque nervoso? Melhor não. Queremos isso aqui em pé quando vocês voltar.

—Você ficou mesmo com a parte mais difícil.

—Concordamos com alguma coisa pela primeira vez na vida! E se cuida.

Despedi-se Nico com um meio sorriso idêntico com o do Aspen. Desvio o olhar, por que há um limite aceitável de loucura no mundo, e vê esse sorriso faz como que automaticamente eu o ultrapasse. De vez em quando tenho vontade de esganar Nicollas S. Misterfan por que eu simplesmente não agüento ver um clone de Aspen. Olho mal humorada para as tendas e nesse exato momento sai Denise de uma delas, toda bagunçada, tentando terminar de se arrumar. Mas, não, essa não é a melhor parte! Quer saber quem entrou com ela, o senhor que está saindo agora. Sim! Stephan, por que ele resolveu que quer o meu ódio mais letal. Afinal, não quero chegar perto de alguém que tocou na Denise. Stephan termina de abotoar a camisa e tenta colocar os rebeldes fios negros de seu cabelo em ordem passando a mão neles. Ok! Nessa hora meu corpo me trai, por que acabo achando isso extremamente sexy o que eu não gostei. Stephan olha a fogueira e seu redor, e para seu olhar em minha cara provavelmente mal humorada. Então ele começa a caminhar em direção a minha rede. O merda! Olho para Nico se levantado da rede com muita preguiça e imploro:

—Não vai não!

—Arya, eu tenho que trabalhar!

—Eu vou cometer um assassinato se você for!

Resmungo olhando discretamente para Stephan vindo em minha direção. Nico olha para Stephan e faz cara de quem quer gargalhar o resto da noite e provavelmente ela vai fazer isso, mas se contém e me dar apenas um sorriso divertido. Nossa! Vou cometer dois assassinatos hoje! Vou matar Nico e depois vou matar Stephan. Afinal, já estamos em guerra com Great mesmo!

—Ah! Sim! Bem, quem pode te impedir, não é?Boa noite.

—Mas você pode me impedir!

—Da ultima vez que eu pensei nisso deu merda!

Retruca, já sumindo e rindo da minha cara. Só podem estar conspirando contra mim. É só pode ser isso. Cruzo os braços quando ele senta em minha rede e deita como se eu não estivesse ali. Ele coloca os pés perto da minha face, com seus coturnos negros de cadarços mal amarrados sujando onde minha cabeça estava encostada um instante atrás. Se olhar matasse, Stephan já estaria morto.

—Está planejando a minha morte?

Pergunta sorrindo. Ele tem apenas uma covinha na bochecha o que da a impressão de que seu sorriso de dentes brancos e perfeitos é torto. As presas estavam aparecendo onde são os caninos. As presas de um Presai não são longas quando eles estão relaxados, mas ainda assim continuam afiadas. Estremeço em pensar nisso.

—Estou muito cansada para isso.

Respondo colocando meus pés descalços em cima do peito dele. Consigo sentir o calor que emana da pele dele e é um tentador. Ainda mais por que parece que o mundo ficou mais frio ainda. A primeira coisa em que penso é aconchegar meus pezinhos. Depois desisto. Nem deveria está tocando em Stephan, ele é um Pária.

Stephan olha para os meus pés pálidos e pequenos com uma interrogação na face. Ele segura meu tornozelo, fazendo com que eu estremeça por conta do toque quente na minha pele gelada de frio.

—Por que seus pés são tão frios?

—Não é você que está de sangue quente?

Retruco agora irritada, olhando para os botões da camisa cinza de mangas longas dele. Se você quiser brigar com o Stephan não pode olhar para os olhos cinza dele. Eles são capazes de te paralisar por completo, como se ele fosse mais sábio, mais esperto do que você. Isso sem contar que tenho a impressão de que estou sendo engolida por aquela imensidão cinza azulada.

—Com quem eu durmo não é da sua conta.

—Então a temperatura dos meus pés também não é da sua!

Resmungo o encarando com mais raiva ainda. Stephan me olha por debaixo dos cílios negros e volumosos com tanta intensidade que luto para não parecer vencida.

—Qual é o seu problema!

—Agora? Você!

—Sou sempre eu, não é! Já pensou que talvez seja você e esse seu humor volátil?

—Eu estou cansada de mais para discutir com você, está bem?

—Eu também.  

—E quer sair da minha rede?

—Não!

Responde enfaticamente, curto e grosso. Um dia vou esganar este homem. Ou tentar pelo menos. Talvez eu apenas o balance e diga: Deixa de ser um mala, seu imbecil. Não que eu vá conseguir balançá-lo, digamos que ele é um pouquinho maior do que eu. Sei lá, uns trinta centímetros? Pareço uma anã perto dele. Imagina se ele inventa de dar tapinhas na minha cabeça? Caramba! Eu não responderia pelos meus atos.

—Stephan.

Chama Ethan fazendo cara feia ao ver nosso nível de não intimidade próxima, ou ele está fazendo cara feia para o cheiro de testosterona que emana de Stephan, o que dá na mesma, mas mesmo assim... E eu odeio o fato que um homem sadic pode ter u odor parecido com o de uma flor para uma abelha. Ou seja, eu sou a abelha, linda, pequena e perigosa e ele é a flor, frágil, de cheiro bom, e bonitinho. Eu estou ótima me metáforas mesmo.

Stephan olha para Ethan por debaixo dos cílios e uma sobrancelha levantada. Como alguém pode expressar algo assim, sem dizer nada, apenas com o olhar? Stephan realmente tem um senhor olhar poderoso. E um tanto paradoxo também. Ao mesmo tempo ele diz tudo e não revela nada. Profundo e misterioso e ao mesmo tempo raso e familiar. Como é que alguém pode ter uma personalidade tão contraditória? Pelo menos não é entediante, mas para compensar, meu Deus, deve é tão complicado.

—Vamos falar com o Alef, não quer vim também?

—Falar o que?

—A alcateia de Ephrain reclamou o direito de mandar um dos seus na missão.

—E o que temos nós a ver com isso?

—Você acha mesmo que vamos ficar em liberdade antes que a Beverly chegue?

—Ah! E o que vamos fazer? Iremos com elas? Por que eu prefiro ficar preso. É mais seguro.

Retruca Stephan me olhando como se eu fosse um monstrinho da Floresta Negra. Acho que eu estou com um sorriso de maníaca na cara. É bem provável considerando que tenho uma algema em algum canto por aqui. E eu perdi a chave também. O que deixa tudo mais interessante.

—Que cara é essa?

Pergunta com certa falta de cautela. É nesse momento que eu grito completamente animada, fazendo cara de boa menina (se é que eu tenho uma):

—Jura? Posso te prender? Posso?Deixa, por favor.

—Pensando bem, vamos falar com o Alef.

Diz Stephan levantando com uma pressa que quase me fez cair da rede. Ethan sorri como se tivesse acabado de ganhar a guerra. Medo de ser preso nada, só quer ficar perto da Emma esse descarado. Apesar de que, depois do que aconteceu no ano em que o avião deles caiu por aqui eu não ficaria surpresa se ele não quisesse voltar para as prisões daqui. Bufo decepcionada e volto a deitar em minha rede. Será que Alef vai deixar que os Greateanos ajudem a buscar da sua amada esposa? Bem, eu acho difícil, mas é o Alef e imprevisível é o nome do meio dele. Sobretudo, para o bem da minha santa consciência, é bom que ele não deixe. Ir para uma floresta cheia de perigos é aterrorizante, mas ir acompanhada de Stephan pode deixar qualquer uma louca.

—Onde eles foram?

Pergunta Gwen, sentando na minha rede, a face inchada de sono e o cabelo com os cachos meio desfeitos. Claramente tinha acabado de acordar. E lobos dormem em tudo quanto é canto. O mais legal disso é que ninguém os chama de preguiçosos, é algo mais do tipo, vou dar de ombros, é um lobo.

—Parece que Ephrain não tem nenhum amor por seus filhos.

—Cadê a novidade?

—Ele quer mandar um representante da alcateia dele na missão.

—Ah! Não! Que merda!

—Acha que ele vai mandar o K?

Indago usando apenas o primeiro fonema do nome de Caleb. Com tantos ouvidos bons por aqui, achamos melhor chamar ele apenas pela inicial. Todo mundo sabe que a Gwen tem uma senhora queda pelo seu primo lobo alfa, mas não custa nada ser discreta quanto a isso. Ele já mostrou que não quer ficar com ela. E ela está tentando ao máximo se recuperar e seguir em frente. E estamos no mesmo barco. A diferença é que o meu marido morreu.

—Não! Provavelmente é o delta. Quem colocaria seu herdeiro em perigo?

—Boa pergunta.

Respondo olhando para a imensa tenda de Alef. Um instante depois sai um homem imenso, de cabelos e barba ruivos com do por do sol bem rebeldes e músculos definidos. Ele parecia um selvagem, um gigante selvagem. O Alfa fareja o ar e olha para a Gwen com olhos cinza azulados profundos e terrivelmente selvagens e suas narinas se dilatam. Gwen se encolhe ao meu lado. Ephrain Sparrow não mede esforços para mostrar a Gwen o quanto a odeia por quase ter deixado cego seu primogênito. O engraçado é que ele odeia a Gwen mesmo sendo afirmado por todos que ela estava sobre o controle Alfa, mas adora a Lucy, que foi quem colocou o comando Alfa sobre a Gwen. Parece que para Ephrain quanto mais selvagem e sem escrúpulos melhor. Eu semicerro os olhos para ele em resposta pela a minha amiga intimidada. E ele me lança um olhar de desprezo. O imbecil nem sabe que briga está comprando. Não faz a menor ideia mesmo. Logo após Ephrain sai o seu segundo filho, Jebediah. Também ruivo, mas não tão alto, nem tão musculoso. Era apenas mais um Alfa qualquer. Depois sai Cam, mais alto do que Ephrain, mas não tão musculoso quanto, apesar de manter um senhor abdome de causar uma senhora inveja. Genética é algo sério mesmo. E quer a prova? Bem, Caleb sai e é exatamente do mesmo porte que Cam. Alto, musculoso, mas não a ponto de parecer um brutamonte. Ambos são muito elegantes. Graciosos, para o tamanho. Cam parece um rei entre tantos lobos imensos e brutos e Caleb é um príncipe, elegante e selvagem. Não é a toa que a Gwen é apaixonada por ele. Com belíssimos cabelos ruivos e lisos que parecem ficarem mais claros a cada dia e uma lindíssima barba cor do por do sol, seu porte de príncipe e uma inteligência que ele tenta esconder do seu pai selvagem e arcaico, Caleb é um Alfa de primeira linha, sangue puro, com pedigree. Pena que tem essa personalidade de quem quer algo, mas força para lutar contra o jugo do seu pai controlador não tem. Ele encara a Gwen por um longo momento, até ela corar como um pimentão e desviar o olhar. Ephrain estava encarando Caleb com uma expressão de quem não está gostando, Cam, e seus olhos azuis esverdeados revelavam está se divertindo com essa novela que sua vida se torna a cada dia. Cam tem a incrível capacidade de ser relax total. De vez em quando tia Caryn fica furiosa com ele por causa disso. Sabe aquelas pessoas que fica olhando a bagaceira se formar e só se mete quando ela está completa apenas para resolver toda a questão. Pois, o Cam é exatamente assim. Ele fica observando, observando, fingi que não vê que não está nem aí, apenas para resolver tudo depois. No caso de Gwen e Lucy, ele está se metendo aos poucos. Tenta manter a Gwen sobre controle para não investir pesado no Caleb e a Lucy no canto dela. Por enquanto, está funcionando. Ephrain chama Caleb e fala alguma coisa para ele, que faz seu irmão sorri do outro lado. Caleb tenta conter alguma coisa, como se tivesse lutando e isso faz com Cam interfira, fazendo armar uma senhora discussão. Bryan, o irmão mais velho de Caryn, como sempre muito discreto sai da tenda e impede algo mais grave de acontecer. Bryan é um diplomata, e ele tem sua própria alcateia em True. Ele está cheio se sardas e bronzeado por que está morando em uma região tropical e ele não quer saber de herdar a grande alcateia do pai, o que coloca Cam em um grande impasse. Parece que o Grande Alfa Negro não tem filhos ambiciosos o suficiente para desejarem governar sua matilha. E ele tem muitos filhos. Por fim, Ephrain e Jebediah vão embora, enquanto Cam conforta Caleb com um pequeno tapinha no ombro.

—Parece que quem vai para a missão é o Caleb.

Comento casualmente, fazendo a Gwen quase cair da rede e me derrubar junto. Gwen me olha como se pedisse para eu fazer alguma coisa, o que é engraçado por que não estou fazendo nem por mim mesma.

—O que foi?

Pergunta Zoey caminhando cansada até a minha rede e se jogando em cima. Ótimo! O que eles estão achando? Só por que eu sou pequena eu vou dividir a minha rede? Eu também estou cansada, poxa!

—Vamos dormir?

Pede Gwen olhando para a tenda que armaram para nós e para o relógio. Ou talvez seja um código, algo como “eu te conto lá na tenda”. E é seguro, considerando que alguém tem que ficar de olho no Ethan e na Emma, antes que eles coloquem mais alguém no mundo com o nome começando com E, Baelfire como segundo nome e Blood como sobrenome. O que daria uma épica confusão e colocaria muitas vidas em risco. Apesar de que Jasper e Neal não entrariam em uma briga com os Blood para defender o Ethan, mas talvez por mim eles entrassem. E um Raven sempre fica do lado dos Raven. No caso, o Raven mais Raven entre meus irmãos é o Ethan, por que nós temos a mesma mãe. A vantagem de ser Raven algo que descobri muito recentemente é que somos neutros na guerra. Na teoria se um Raven quiser ir para Great Master, ele pode atravessar a fronteira sem grandes dificuldades e vice versa. Isso é por que é uma das famílias derivadas, no caso de duas grandes famílias em guerra: Os Apache e Os Blood Great. Por isso que agora o Ethan pode aparecer por aqui sempre que der na lata dele. E é por isso que quando um Raven se casa, seu conjugue e seus filhos herdam o nome dele, independente se é homem ou mulher ou da constituição do país que eles estiverem. Se uma Raven casar com qualquer homem em Penst, um reino super machista na extremidade de Great Master, o marido dela é quem herda seu nome não o contrario. Sobretudo, tem não têm muitos da minha família vivos no mundo. Em New Earl os sobrenomes com mais poder político são Apache, Blood e Raven. Nasceu em uma dessas famílias seu respeito é quase garantido. Só é difícil de manter mesmo.

Depois que eu concordo, por que a Emma estava andando em nossa direção e em outras palavras isso significa que ela ia deitar na minha rede super lotada, vamos à tenda. As tendas de Onyx são muito aconchegantes. Tem tapetes grossos no chão, colchões e travesseiros e cobertas quentinhas, por que aqui faz um frio insuportável de madrugada. Lamparinas ficam em lugares estratégicos para ninguém esbarrar e provocar incêndios. Digamos que os engenheiros que cuidam das moradias provisórias são muito eficientes, igualmente quem as monta. São pessoas com trabalhos muito importantes.

—Está sabendo que os Greateanos vão conosco buscar minha mãe?

Pergunta Emma sussurrando para não acordar Gwen dormindo. Eu já estou em um estado de meio sono. Com meus olhos fechados e os sussurros de Emma se misturando ao meu sono. Zoey sussurra alguma coisa de volta e eu só pego o nome de Hazazel, que forma um eco na minha mente.

Um menino de doze anos apareceu a minha frente. Era um menino pequeno, desnutrido, com imensos hematomas roxos no corpo. Mesmo na frente dele, consigo ver imensas feridas em suas costas, o que faz meu coração apertar. Sua pele que deveria ser branca como neve e corada estava suja como quem não toma banho há muito tempo. Parecia cansado de mais para uma jovem criança sadic e esfregava o chão com fervor como se descontasse tudo o que sentia nele. Não tinha um fio de cabelo na cabeça e as roupas eram sujas e rasgadas. Ainda assim era uma criança lindíssima, com bochechas sardentas e grandes, cílios volumosos e lábios rosados de anjo. E parecia absurdamente inteligente. Eu consigo ver a inteligência pincelada em seus olhos não tão jovens e inocentes quanto deveria ser.

—Pequeno Eros.

Chama uma voz feminina docemente, como que cantasse, fazendo um arrepio subir por toda a minha espinha. Pobre garoto. Consigo ver o desespero aparecendo em seus olhos cinza azulados intensos. O peito machucado subia e descia apavorado. E tudo o que eu queria era da um abraço nele e dizer que está tudo bem. Uma porta se abre, lançando luz uma fraca luz no ambiente e me fazendo perceber que o jogaram em uma masmorra suja e escura. E eu sinto seu coração batendo forte, como se fosse meu próprio coração. O desespero dele começa a me afogar. Meu próprio desespero me puxa o pé.

—Vai embora!

 Grita o menino belo e ao mesmo tempo de fazer qualquer um chorar com sua situação. Seus olhos começam a encher de água. Uma figura completamente de negro aparece atrás dele. Os cabelos negros eram nos ombros e os lábios roxos. Os olhos eram tão negros que parecia o próprio breu. Ele fez com que o menino se encolhesse e eu também. O sadic se abaixa e ameaça ao menino:

—É melhor que vá, ou pode ser muito pior.

—Eu não fiz nada de errado!

—Esse é o seu problema, você nunca faz nada de errado.

Sussurra o homem encapuzado de negro atrás dele. Por que ele me parecia tão familiar? Acho que o vi em algum canto. Acho que em alguma revista. E ele tem o queixo de alguém que eu conheço. Só não lembro quem. Por que eu não consigo lembrar quem? O menino sai correndo em direção da porta e a fecha com um baque alto. O sadic medonho olha diretamente para mim e eu recuo um passo:

—Você não vai roubá-lo de mim.

Resmunga, me fazendo olhar par atrás e ver que não tinha ninguém. Ele estava falando comigo? Como assim? Não tive muito tempo para pensar. O ar estava começando a me faltar. Como se tivesse alguém me esganando. Tento puxar ar e lutar contra o nada, mas o breu me envolve e me absorve até que não exista mais nada no mundo. É nesse momento que eu acordo, com uma luz sobre o meu rosto, as minhas mãos envoltas do meu pescoço e uma nevoa saindo lentamente da tenda. Puxo o ar com força, tentando repor todo o oxigênio que perdi durante um pesadelo. Lembrar do Eros fez meu coração chorar. E finalmente lembrei onde vi aquele sadic que maltratou o pobre menino. Eu o tinha visto em uma revista de Master Great, ao lado do meu irmão, sentado em um trono, com uma coroa sobre sua cabeça. A grande duvida é como Hazazel Apache tentou me matar se ele provavelmente está em seu palácio em Master Great? Ele deve ser mesmo muito poderoso,

—O que foi isso?

Pergunta Emma sem fôlego, me fazendo perceber que a luz vinha dela. As lamparinas do quarto estavam apagadas e a pele do meu pescoço formigava sensível.

—Eu não sei.

Respondo, apenas para perceber que minha voz não saia. Os olhos de Emma se arregalam quando ela chega mais perto de mim. Ela toca levemente o meu pescoço com os dedos e isso me faz soltar um rosnado rouco por causa da dor. Parece que minha laringe está com seu funcionamento realmente muito comprometido, mas acho que é só ela, consigo respirar direto agora. Preciso puxar muito o ar, mas o sinto e é um alivio.

—O que aconteceu?

Pergunta Henry entrando com Angel, Zoey e Gwen. Elas pareciam esbaforidas, como quem corriam muito.

—Tentaram estrangular a Arya, foi um vulto negro.

Responde Emma, me dando um copo de água. Minha garganta reclama e eu a mandaria ir  a merda, mas é minha garganta  e a ideia é no mínimo péssima.

—Por que tentariam matar a Arya com você aqui do lado?

Indaga Henry ligando uma senhora lanterna e levantando um pouco minha cabeça, e toca nos pontos que provavelmente estão roxos no meu pescoço, pressionando seus dedos e me obrigando a fazer uma careta de dor. Ele levanta as sobrancelhas negras surpreso. Espero sinceramente que isso seja um bom sinal. Ethan e Cyrus entram na tenda também. Jasper e Neal não estão aqui em Onyx, então eles não vieram correndo ver como eu estou. Jasper está em Strongriver, tentando um acordo com o Rei Killian no outro lado do continente e Neal foi para True com Noah Blood cuidar das bases de Onyx por lá enquanto Bryan está por aqui. Emma se abraça e responde:

—Não sei.

—Bem, de qualquer modo quem tentou matá-la fez um belo estrago. Se fosse humana teria sequelas em nível cerebral. A boa noticia é que sua laringe já está se reconstruindo sozinha, por isso você está respirando tão perfeitamente. Já a sua voz não volta tão cedo.

Diagnostica Henry com sue sorriso de medico, aquele sorriso irritante que diz para o paciente que tudo vai ficar bem. Pena que não tenho voz para soltar palavrões, mas tenho uma careta linda de desgosto e a uso. Esse dia vai ser tão longo. Depois de algumas horas do susto, meu dia começou a se animar. Arrumamos nossas bagagens, colocando o essencial e nada mais. Armas, munições, mantimentos, uma bússola para cada, roupas táticas extremamente confortáveis. Coloco meu arco e a aljava sobre o ombro, junto com uma bolsa de mantimentos que claramente era pesada para mim. Os Greateanos também recebem mantimentos e munições. Eu coloco a minha bússola dentro do sutiã, só por precaução.

Era cinco da matina, e o sol estava extremamente preguiçoso quando nós despedimos de nossas famílias e entramos em silencio na Floresta Negra.


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora gente, minha vida está realmente muito corrida e raramente tenho tempo para parar e escrever. Fênix, obrigado por comentar. E sadizinhas comentem se puderem, por favor. Beijos.



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