Sociedade dos Corvos escrita por Raquel Barros


Capítulo 16
Capitulo Quinze - Emma


Notas iniciais do capítulo

Declaro oficialmente aberta a reta final.



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Depois que a lancha atracou do outro lado rio, pegamos a trilha perto do córrego. Ele corria para cima. Água limpa, tão cristalina que era capaz de ver as pedrinhas verdes e brilhantes embaixo. Stephan foi à frente, com uma Arya desacordada no colo. Ele nos disse para seguir a trilha. Teria que andar rápido se quisesse. Eu estou exausta. Emocionalmente, fisicamente, psicologicamente. Não estou apenas exausta! Estou completamente desequilibrada e agora culpada por que descontado tudo na Arya. Isso não combina comigo. Não é da minha natureza, ou não era não tenho certeza. Está tudo tão confuso.

Ethan estava atrás de mim. Era quase possível senti-lo me culpando. Se você não tivesse explodido com todos isso não teria acontecido. Gwen, Zoey, Cyrus e Caleb caminhavam um atrás do outro em silencio. Aqui a mata parecia menos densa. Como se alguém vivesse podando os arbustos. Vi um ou dois esquilos correrem nos galhos de árvores. Aqui parece que o sol bate. Como um recanto de luz, em um lugar perigoso. Começamos a subir um morro. Stephan quase correndo. Uma chuva começava a cair, quando chegamos a campo aberto. O córrego tinha se transformado em um lago com patos. Grama verde aparecia em lugar da lama, uma ponte de pedras se estendia por cima do lago, e do outro lado tinha uma casa. As paredes de madeira estavam cobertas de algum tipo de planta trepadeira, o teto tinham flores preenchendo do o espaço até cair como cascatas lilases pelas bordas, as portas e as janelas eram era vermelhas, a tinta desbotada. Tinha duas varandas. Uma na entrada da casa, onde uma um cão imenso e peludo de cor creme dormia no tapete, perto de uma cadeira de balanço solitária e outra dando para o lago, como um cais. O cão acordou quando chegamos perto e começa a latir, mas sem sair do lugar.

—Tem um cão fofo! Bom sinal.

Resmunga Gwen. Não havia o menor sinal de Stephan. Uma mulher sai na porta e o cão se cala. É ruiva, de cabelos muito rebeldes, esbelta e estava com uma blusa de flanela verde, jeans surrado e botas de caminhada. É muito bonita, apesar dos olhos verdes serem tão intensos que chegava a ser selvagens. Abre um sorrisinho quando chegamos perto.

—Vocês são Emma Blood e companhia?

Pergunta com um forte sotaque francês.

—Stephan está aí?

Pergunto de volta, ignorando a pergunta dela. Ok! É mal educado da minha parte, mas Arya é a prioridade agora.

—Não conheço nenhum Stephan, mas se está falando do rapaz que trouxe a moça desmaiada, sim, ele está!

Responde, cruzando os braços. Stephan não disse que o nome dele é Stephan para a dona da casa? Por quê? Obviamente ela já sabia que viríamos. Deve saber nossos nomes, de quem somos filhos e o que estamos fazendo. Zoey toma a frente e pergunta:

—Quem é a senhora?

—Xyn Nauple, dona da casa e protetora da Floresta. Imagino que querem banho, comida e descanso.

—Imaginação não senhora, é realidade.

Retruca Gwen enfática. Ela fez carinho no cão que a cumprimentou primeiro. Até parece que ele sabe que ela o chamou de fofo. O fato de Gwen ser uma Wolf faz com que os cães e lobos a amem de paixão. É uma coisa doida de se ver.

—A Arya está bem?

Interroga Ethan, muitíssimo preocupado. Xyn sorri de uma maneira que quase me confortou. Lembrou o sorriso de Carmen para Emily quando estava de bom humor. Até sentir falta da Emily agora. Ela está morando com a avó em Bizzen, Christal. Nós nos falamos de vez em quando. Está amando ficar lá o que é bom!

—Vai ficar! Entrem, por favor.

Convida, dando passagem para dentro da casa. A sala não era muito grande. A casa não é muito grande, na verdade. É aconchegante, quente e com cheiro de cookies com gotas de chocolate e chocolate quente recém feito. A lareira de tijolos estava acesa, os sofás estavam afastados e tinha colchões organizados na sala com cobertores e travesseiros espalhados em cima.

—Quatro dormem aqui, outros dois na cozinha. Temos um banheiro um pouco mais afastado da casa, mas podem tomar banho no lago, é limpo. Tem roupas limpas no balcão e caldo verde na panela. Os cookies estão no forno e o chocolate quente no quente-frio vermelho. No azul tem café. Os pratos, copos e talheres estão no armário. Fiquem a vontade, a casa é de vocês.

Comanda Xyn, com firmeza e autoridade.

— E a Arya?

Pergunta Ethan novamente. A mulher abre a porta de um dos quarto. Stephan estava sentado em uma poltrona olhando fixamente para a Arya, que estava com uma compressa na testa e um curativo no pescoço e outro maior no ombro. Ela estava pálida, deitada na cama, desacordada, mas os lábios estavam menos roxos. Chego mais perto. Foi uma mordida feia, que Stephan estava compartilhando, mas ignorava completamente. O Ethan entra atrás de mim e segura a minha mão.

—Colocamos um emplasto de Ardedor no ombro e demos chá de Tol, são bons para ferimentos graves e mordidos. O Tol é particularmente eficaz contra venenos dos mais diversos tipos, contudo, não sabemos quanto tempo vai demorar até que ela acorde ou ser capaz de fazer longas caminhadas. Se Alaryk não tivesse a mordido ou feito aquele truque ladino, talvez ela não tivesse sobrevivido.

Resume Xyn, fazendo com que minha mente tivesse bug duplo.

—Quem é Alaryk? E que truque ladino?

Pergunta Ethan, aparentemente com o mesmo bug que eu. Stephan olha para Xyn com uma cara desgostosa. Minha boca começa a abrir lentamente. Jesus! Meu Deus! O que está acontecendo com este mundo? Estão brincando com a minha cara? Só pode! Xyn levanta as sobrancelhas ruivas, aponta para Stephan e diz:

—Ele é Alaryk! Um ladino, a propósito.

Olhamos para Stephan. Ele estava olhando para Xyn sob os cílios, com o cenho franzido e as narinas dilatadas. Não sabia que era possível alguém conseguir ficar bonito com uma cara de fúria intensa, mas, Stephan, Alaryk, sei lá quem que seja essa pessoa, conseguia. Esse é um ser de outro mundo. Já posso classificá-lo como um não sadic. Ninguém deveria ser tão bonito, muito menos quando fica irritado.

—Obrigado, mãe!

—De nada.

Responde Xyn, ignorando completamente o fato que Alaryk/Stephan odiou ela ter revelado seu segredo. Pisco os olhos assim, sabe, um pouco surpresa. Por essa eu não esperava. Olho para o Ethan. Parecia um pouco desconcertado também. Então foi assim que ele soube que teríamos abrigo. Ela é mãe dele. Contudo, não há a menor das semelhanças.

—É algo comum para pessoas velhas mudarem de nome. Já me chamei Mary, quanto mais velho você for, mais você troca de nome, apesar de Alaryk ser um nome bonito.

Continua Xyn, enquanto Alaryk coloca os olhos sobre Arya novamente.

—Vocês deveriam tomar banho!

Resmunga Alaryk/Stephan. Franzo a testa. Ele precisa de um banho tanto quanto nós.

—E você também.

Retruco irritada. O embaixador levanta os olhos muito lentamente em minha direção. São olhos terrivelmente tempestuosos, gélidos até. Se os olhos são a porta da alma, a alma de Alaryk/Stpehan era profunda e misteriosa como o oceano. Há algo terrivelmente intimidador, até assustador neles. Mesmo assim, não cedo a intimidação. Ele estava tão sujo quanto qualquer um por aqui, exceto Xyn. Isso sem contar que ele lutou contra o Monstro do Rio, foi mordido por sangue sugas gigantes. Bem, de todos, possivelmente é o que está pior. Depois de Arya, é claro.

—Todos os três deveriam ir! Eu fico de olhos fincados nela.

Diz Xyn, entrelaçando as mãos quando o seu filho a encara com os olhos semicerrados. Xyn levanta as sobrancelhas. Eles pareciam ter uma conversa silenciosa, apenas com olhares e sobrancelhas. Assustador... Até que Alaryk suspira e levanta. Xyn ocupa seu lugar e balança as elegantes mãos nos expulsando do quarto. Seguimos o embaixador. Pelo andar dele parecia irritado. Furioso até. Como se cada passada fosse castigar o solo. As mãos estavam em punhos fechados perto do corpo. Nunca vi alguém tão estressado. A não ser eu mesma. E meu pai. Sobretudo, não gosto de lembrar-me da parte Dark do meu sangue. Não sei o que aconteceu comigo. Eu estava irritada e raivosa. Deve ter sido o estresse. Aquela carga da responsabilidade de ter que fazer ago importante e vê tudo dando errado. Pelo amor de Deus! Descontei tudo na Arya, no Stephan... Fiz igual ao um pai. Fui uma doida raivosa.

—Você tinha que explodir, não tinha?

Pergunta o embaixador, virando-se com os calcanhares. Eita! Parece que o feitiço virou contra a feiticeira. Engulo seco. Ethan toma um passo a frente como se pudesse me proteger da fúria de Alaryk.

—Ter um monstro no rio não é culpa dela, Stephan, melhor, Alaryk.

—Não, mas ele está ali no momento em que estávamos é sim. A raiva dela que o trouxe, ou você acha que a filha de um Dark irritada não atrai todo tipo de coisa ruim. A culpa é dela. A culpa de tudo isso é dela.  Deveria ter ficado em seu cantinho, quieta. Mas não, tinha que se assumir filha de Beverly, tinha que defender a maldita da Nyx, tinha que culpar a Arya. O que acha que ia acontecer? Quem você acha que atrai todo tipo de trevas para perto de si só por existir? Ela! Ela é um sinalizador ambulante para todo tipo de coisa ruim.

Explode o embaixador pela segunda vez hoje, apontando o dedo para mim. Franzo o cenho. Ok! Meu pai é um Dark! Ele tem esse titulo por algum motivo, talvez, por que mexa com forças sombrias. E poder para mexer com forças sombrias é uma maldição hereditária em minha família. Meu avô tem, meu pai tem, meus irmãos têm, mas por que motivo, de todos aqui, que incluem Ethan, um aspirante a Dark, criado pelo próprio Hazazel Apache, e Cyrus, um Shadow, que mata pessoas nas horas vagas, eu sou a única que atrai coisas ruins. Talvez eu atraia mesmo. Ano retrasado eu quase morri tanto quanto Arya. Ano retrasado fui o pivô para uma batalha em plena Base de Castle, o que fez muitas pessoas morrerem. Ano passado explodi todos os vidros da mansão onde estávamos hospedados. Quer dizer, não fiz sozinha, estava numa discussão acalorada e cruel com meu pai. Fazemos muito isso, é quase um hobbie. Eu só não imaginava que todos os males da humanidade fossem culpa minha. Sim, sou um sinalizador para coisas ruins quando irritada, da mesma maneira que atraio coisas boas quando feliz. Só não preciso que ninguém jogue isso na minha cara.

—Acho que deveríamos descansar! Todos nós.

Interrompe Zoey, antes que eu respondesse a Alaryk. O embaixador, se ele for mesmo um, levanta uma sobrancelha para Zoey, e segue seu caminho para o lago. Há um suspiro geral. Exceto o meu. Não vou suspirar enquanto não estiver em casa, com Beverly Blood governando Onyx novamente e Alaryk, quem quer que seja ele, o mais longe possível de Onyx. E de Arya. Olho para o Ethan. Seus olhos estavam fixos em mim. Quase podia sentir queimando em minha pele. Ele franze as sobrancelhas e avisa:

—Seus olhos estão negros.

—Eu tenho a incrível capacidade de ser fatídica.

—Da ultima vez que me disse algo do tipo, nos beijamos.

Bufo em desprezo. Nada de incomum na minha nova vida. Só mais um fatídico dia.

No final da tarde já estávamos prontos para dormir. Meus hábitos estavam uma bagunça desde que descobrir ser filha do Dark, então não tenho o menor sono. Estava tão acordada quanto às próprias Trevas apesar de exausta de todas as maneiras possíveis que uma pessoa pode ficar exausta. Stephan fez morada no quarto de Arya. Caleb e Gwen estavam dormindo de conchinha e Zoey e Cyrus estavam conversando aos sussurros, que em alguns momentos eram interrompidos por beijos mais longos. Eu e o Ethan estávamos apáticos, sentados na mesma cama, com a mesma cara de desanimo olhando para aqueles casais em pleno amor. Nem tivemos tempo para isso.

—Vamos namorar?

Pergunta Ethan quase me fazendo pular de susto com a proposta. Franzo o cenho ao perguntar:

—O que?

—Só hoje, para não sermos castiçais.

—Você ainda gosta de mim?

—O suficiente para enfrentar seus oito irmãos e seu pai.

—Isso é muito!

Resmungo cruzando os braços. Tenho um pai louco e oito irmãos possessivos. Tudo bem, não estão todos com o mesmo nível de tal defeito, mas vamos combinar que se eles inventam de se voltarem contra o Ethan não seria um cenário dos mais bonitos.

—Sim, eu sei.

—Não vou ser sua amante!

—E mãe dos meus filhos?

—Não se você se casar com aquela sem sal!

—Você é tão ciumenta!

—Ela é sem sal.

Afirmo sabendo que estou sendo um pouco maldosa. E ciumenta. Contudo, vai por mim, não sei o que fizeram com aquela mulher, mas ela é desprovida de personalidade. Todas as fotos dela e a mulher esta com a mesma expressão apática que me da vontade de entrar na foto e lhe dá um tapão para ver se tem algum sinal de vida. Nem um sorriso, nem uma carranca, nada. Como pode umas coisas dessas, mundo? Como? Nem eu sou assim!

—Sim, ela é a terceira filha. Em Fares os terceiros filhos são criados para serem entregues como esposos e esposas para Filhos de outros reinos. Eles não se dão bem com o numero três. Dizem que dão azar.

—Alguém deveria avisar a eles que você é o terceiro. Será que aceitam denúncias anônimas?

Pergunto com um sorriso maroto no rosto. Ethan sorrir de um modo que aquecer meu coração. Adoro seus sorrisos. São tão raros. E é tão bonito. Mesmo com as presas é um belíssimo sorriso que me aquece a alma e faz com que borboletas voem em meu estomago. Abro um sorrisinho. Agora quero muito beijá-lo. Muito mesmo. Muito em um nível estratosférico. Mordo os lábios. Acho que vou beijá-lo. Engatinho até ele.

—Sabe o que deveríamos fazer agora?

Indago, possivelmente com a maior cara de safada que consigo fazer. Ethan semicerra os olhos verdes de maneira sedutora. Seus olhos tinham formado sombras em suas bochechas. Ethan chega mais perto de mim. Consigo sentir o calor de sua pele daqui. Seu pulso está acelerado. Eu conseguia sentir seu sangue correndo pelo seu corpo.

—Nós beijar, possivelmente.

—Não possivelmente, exatamente. E agora.

—Seu desejo é uma ordem.

Resmungo agarrando minha nuca e esmagando nossos lábios uns nos outros com avidez. Agarro-me nele e subo em seu colo. A outra mão de Ethan estava na base das minhas costas, agarrando minha blusa. Aprofundo o beijo e saboreio aquele tremor de prazer percorrendo meu corpo, me esquentando e atiçando. Eu não conseguiria ficar muito tempo longe deste homem. Puxo gentilmente o cabelo dele. Ethan solta um gemidinho, quase um ronronar. Sinto um calafrio percorrendo minha espinha e isso faz com que eu me afaste bruscamente de Ethan. Ele me olho confuso. O calafrio continua, percorrendo por toda minha pele, gelando meu sangue, arrepiando meu pelos. Olho para Gewn, que acordara em sobressalto, e estava com todos os fios de seu cabelo arrepiados, parecendo que ela tinha acabado de ganhar um choque. Ela me olha com seus olhos azuis arregalados. De nós quatro apenas duas de nós conseguiram sentir a aproximação de Trevas intensas: Eu e Gwen. Ambas temos sensibilidade com isso. Qualquer desequilíbrio no ambiente em que estamos acorda todos os nossos instintos. Gwyneth olha para o quarto de Arya. Luzes apareciam por de baixo da porta. As lâmpadas piscavam. Alaryk passa apressado por nós, saído da cozinha e eu vou junto. O que estava acontecendo?

Entramos no quarto e nos deparamos com Xyn perto de Arya, a parede do ambiente quebrada. Todas as luzes estouradas e Aryanna mais pálida do que comum. Xyn estava envolta de uma nevoa roxa claro. Era a única luz que tinha no ambiente. Dentro do quarto meus sensores internos pareciam que iam estourar. Eu já me sentia estressada e irritada. Minha pele formigava. Meu sangue parecia que gelava. Trevas. Trevas densas e fortes como nunca tinha visto antes.

—O que é isso?

Pergunto tentando convocar alguma luz. Qualquer que fosse. Meus dedos esquentavam na velocidade de uma lesma. Uma celulazinha por vez. Alaryk estava com seu cajado na mão, o cenho franzido, os olhos completamente azuis, incandescentes. Sua expressão era selvagem. Como um guerreiro pronto para a batalha. Chego mais perto de Arya e percebo que seu ferimento estava sangrando de novo. Péssimo sinal. Toco em sua pele. Tinha muito pouco calor. Seu pulso estava lento. Toco nele e ordeno o sangue a correr em um ritmo normal. Isso me custaria muita energia. Sangue é muito mais denso do que a água. Ele é uma mistura heterogênea de vários componentes, e para controlá-lo eu precisava controlar todos os componentes líquidos possíveis. E mesmo que a velocidade dele aumentasse isso não garantiria que seria produzido mais sangue o que ainda poderia resultar em problemas maiores. Sinto as Trevas se dirigindo a mim. E levanto a mão para pará-las. Agora sim pareciam que meu sangue ia cozinhar. Minha mente enevoou. Vi minha mãe, deitada em uma cama de madeira, trasbordada de flores trepadeiras. Algum tipo de ser guardava o local. Estava todo de negro, apenas com os olhos incandescentes e vermelhos. Ele me parecia um pouco familiar. Então ela voou para o acampamento. Meu pai brigava com o Henry, quebrando tudo que estava por perto, dizendo coisas terríveis e destilando veneno. Ele estava sofrendo o estresse em que minha mãe sofria em seu cativeiro. O acampamento estava sendo atacado por Sauters. Meu coração se apertou. Dexter e Angel brigavam novamente por conta de Cyrus. Caryn e Cam enfrentavam problemas com a alcateia de Ephrain. Tudo parecia estar perdido. Até que a própria luz tomou minha mente. Então eu vi dois meninos brincando ao redor de uma árvore de caule e frutos dourados e folhas vermelhas. Ambos tinham cabelos negros, mas os olhos eram diferentes. Um tinha os olhos da Arya. Eram azuis gelos, inteligentíssimos e sorria da mesma maneira que o Aspen. O outro tinha olhos verdes mar. Meu coração se esquentou. Ele tinha meu sorriso. Minhas covinhas. Até meu nariz pontilhado de sardas. Meu coração se esquentou. Vi a Arya e o Aspen cuidando dos dois. Depois vi dois jovens. Um humano, ele era uma mistura harmoniosa do Ethan, do meu pai e do Henry. Tinha os olhos cinza, as bochechas rosa, e abraçava uma belíssima garota sadic, um pouco mais baixa do que ele, com longos cabelos negros, olhos azuis gelo com manchas lilases. Ela olhou para o humano e sorriu. Tinha algo naquela jovem sadic, uma aura de poder, de liderança, era obvio que era um sadic que nasceria para grandes feitos. E o garoto humano era seu par perfeito.

 Do que você é feita? Ouço minha mãe me indagar quando as imagens começam a sumir. Do que você é feita? Ouço novamente em uma voz masculina e não materna. Abro os olhos. Um sadic idêntico ao Aspen estava próximo a Arya. Não era o Aspen, tão pouco era o sadic que estava com Arya em minha visão, eu sabia reconhecer isso. Ele odiava Aryanna Raven. Era possível ver isso em seus olhos vermelhos. Ele a odiava com todas as suas forças. Ele queria a morte dela. Ele que convocou o monstro do rio para matá-la. Ele que tentou asfixiá-la. Ele que lançou hordas de Sauters em Onyx. Ele que ordenou que matasse aos pais de Arya. Ele que levou Ethan para Master Great, apenas para abalar as estruturas dela. Nyx foi convocada por ele. O Jylizard também é obra dele. Por que ele queria tanto que ela morresse? Era por crueldade e principalmente por inveja. Ela tinha o amor de alguém que o odiava. Arya tem a devoção, o comprometimento e o coração desta pessoa. E tinha algo mais, alguém teria o sangue de Aryanna Raven e ameaçaria por completo seu domínio de terror. E era mais do que uma simples ameaça. Era sua perdição. Ele cairia. Não hoje, não amanhã, não na minha época, nem depois, mas cairia.

—De esperança.

Respondo o empurrando com minhas mãos puras para fora pelo buraco que estava na parede. Força e poder percorrem pelos meus braços e então eu toco naquele ferimento de Arya. Essa mulher não vai morrer. Não hoje. Sinto sua pele esquenta. Sua pulsação fica normal. A mordida para de sangrar. Lá fora ocorria uma batalha entre Alaryk e quem quer que seja aquele sadic. Arya abre os olhos azuis gelo e salta da cama assustada. E eu a abraço.

—Meu Deus! Sinto muito!

Resmungo quando ela me abraça de volta. E era verdade, eu sentia muito. Muitíssimo mesmo.

—O que aconteceu?

—Tentaram te matar!

—Nenhuma novidade.

Retruca levantando as sobrancelhas negras e revirando os olhos. Eu não vou contar a ela minha visão. Não cabe que seja por mim que ela descubra. A verdade aparecera no momento certo. Alaryk entra na cabana novamente. Seu nariz sangrava, sua roupa estava chamuscada e seu cabelo completamente bagunçado. Arya sorri um pouquinho para ele. Ele olha para a Arya e sorri fracamente antes de cair desmaiado. Puta que o pariu.


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Notas finais do capítulo

Com a reta final aberta é pouquíssimo provável que esse livro chegue a mais de trinta capitulo (pode ser menos). E graças a Deus, por que vai fazer meio ano que estou o escrevendo. E considerando a quantidade de projetos que eu tenho (terminar o colégio, terminar Delta Primordios, estudar para o vestibular, escrever Inverno {falemos mais depois} e começar a escrever o terceiro livro A coroa do Corvo), vai ser um imenso alivio. Beijocas, comentem e visitem meu blog (http://raquelsendounicamenteraquel.blogspot.com.br/) e façam perguntas, comentarios por lá (Nwe Earl, Sadics, qualquer coisa) para dar uma sutil movimentada. Beijos novamente.



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