O Curioso Caso de Daniel Boone escrita por Lola Cricket, Heitor Lobo


Capítulo 9
Get It Right


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores. Quem vos fala desta vez sou eu, Luceana. Estive afastada das postagens de capítulos por aqui por conta do meu trabalho e o cursinho que estou fazendo para passar no vestibular *esse ano vai, se Deus quiser*

Este capítulo tem como tema a música Get It Right, que é uma canção original de Glee (aquela série legal onde todo mundo cantava e tinha o estereotipo de escola americana bem demarcado. Se nunca viu, não perca tempo)

Perdoem qualquer erro e também o meu sumiço. Eu amo vocês mesmo assim.



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Washington, D.C

24 de Maio de 2015

328 dias para a facada que pode ou não ter me matado.

Uma suave brisa recobria a cidade naquela manhã de Domingo. O rádio na cozinha ressoava uma música baixinha — religiosa, para variar — e a televisão da sala estava em um programa típico de final de semana onde algumas crianças cantavam e ganhavam dinheiro no final de tudo.

Mais ao longe estava Aaron e meu irmão, Justin, conversando sobre as diferenças entre o verão e outono. Eu não via diferença nenhuma, o calor ainda torrava meu cérebro e fazia meus poros transpirarem ainda mais. Eu preferia o inverno, mesmo que congelasse igual um cubo de gelo no final de tudo. Mas antes com frio do que fedido de suor.

— E ai, garotão, tudo tranquilo? — Andrew surge ao meu lado e sorri amistoso tocando de leve os meus ombros — Como vai o coração?

— Batendo — dou de ombros e cruzo os braços na altura do peito, observando agora meu irmão apontando para o céu e reclamando com Aaron.

Andrew solta uma risadinha e revira os olhos.

— Sempre tão irônico, Daniel — ele ajeita a camisa que usava e passa a prestar atenção em Justin e Aaron — Esta é uma das melhores características da família Boone.

— Uma das poucas que eu me orgulho.

E de ter você como tio, devo acrescentar. Andrew Boone naquele Domingo usava uma camisa vermelha com algumas âncoras bordadas a fio e um suéter que não combinava nada com sua calça. Mas quem sou eu para julgar? Não me formei em moda e nem sou mulher, então não deve existir regra contra isso. Se existir, é claro que os homens não vão respeitar.

E é óbvio que Andrew não dá bola para esse tipo de coisa. Ele não dá bola pra quase nada na verdade.

— Aaron, pode vir aqui me ajudar com o frango? — Ellis grita da cozinha para logo depois um gritinho ser processado por seus lábios — Aaron, você me ouviu?

— Sua mãe é sempre tão mandona? — meu tio comenta em um tom brincalhão e nos caminhamos em direção à sala — Fiquei muito surpreso com esse casamento. Mais surpreso que meus próprios pais.

Franzo o cenho sem entender patavinhas do que ele estava falando. Desde criança eu acreditara que meus pais se casaram por pressão psicológica dos pais e não por que um deles resolveu plantar pepino na horta do outro. A maioria dos meus amigos veio ao mundo — ou foi obrigado a vir — porque os pais não controlaram os hormônios e vieram a abrir as pernas antes da hora e logo depois disso vem o casamento. Aquela coisa de novela mexicana. Menininha ingênua faz burrada com o bad boy, os dois se envolvem nos lençóis e depois a indesejada criança.

— Sua mãe sempre foi muito religiosa — ele começa a contar e a expressão que seu rosto adquire comprova que estava preso em suas próprias lembranças — Ela ia aos cultos todos os finais de semana e nunca desrespeitou as regras importas pelos pais, os quais também eram bem fanáticos pela Bíblia e os ensinamentos que ela trazia.

E ainda traz, querido tio. Minha mãe pode ter conquistado uma personalidade um pouco mais arrogante e autoritária com o passar doa anos, contudo, seu ideal de vida continuava o mesmo. O mesmo ideal de vida que a televisão fazia questão de fazer piadinha a cada final de novela das nove: A família tradicional.

Ela achava tudo isso um absurdo e a cada cena homossexual na televisão eu suspeitava que ela fosse surtar. As mãos passavam repetidamente pelo cabelo de comprimento médio, os olhos de águia me encaram e gritavam desesperados “Se você for esse tipo de filho, eu mato você, Daniel. Eu arranco os seus cabelos como estou arrancando os meus.” E eu só sorria de canto e subia correndo pro quarto, claro. Eu não tinha preconceito contra a manifestação de todos os tipos de amor que a emissora transmitia, porém se eu abrisse minha boca era certeza que uma Bíblia voaria na minha cabeça e quem acabaria a noite lendo os mandamentos e tudo o que fosse possível seria eu.

— Seu pai não era assim na época. Ele ia aos cultos com os pais e conversava com todos da cidade enquanto eu trocava palavras proibidas com as garotas de vestido um pouco mais curto. Apesar de sermos irmãos nunca fomos parecidos — solta um suspiro e empurra algumas almofadas laranja do sofá cinza — Eu já havia conversado com Ellis, mas parecia que o sexto sentido dela dizia que eu era uma droga como garoto e seria um merda como marido.

Nesse exato segundo Ellis adentra na cozinha trajando um avental de bolinhas marrons, o cabelo castanho preso em um rabo de cavalo alto e o vestido — que batia abaixo dos joelhos, claro — de Domingo emoldurando seu corpo magro. Ela abre um sorriso forçado para Andrew.

— Eu estava mais do que certa — contra argumenta, sinalizando que estava sim ouvindo a nossa conversa — Você continua solteiro até hoje e com um trabalho que paga muito mal.

Nossa, mãe, quanta maldade nesse coração de Deus.

Meu tio, no entanto, não se abala nem um pouco e lança-me um olhar de canto. Aquele olhar que somente grandes amigos eram capazes de entender e interpretar. Pois, como dizem, quem não entende um olhar, tampouco entenderá uma longa explicação.

E este era o nosso caso. Andrew e eu não passávamos o dia todo juntos, tampouco o verão conversando, mas a nossa conexão era tão grande que deixava qualquer outra no chinelo.

— E então eu apresentei meu irmão e tudo se resolveu — ele faz um sinal com as mãos e balança as sobrancelhas para mim — Mentira, não foi bem assim. Eles não se gostavam no começo, mas no final parece que ela percebeu o grande coração que Aaron possuía atrás de todo aquele tecido do paletó.

Concordo com um aceno sem saber o que responder. O que me deixava só um pouquinho feliz era saber que meus pais se mantiveram fechados até o casamento. E o que me deixava triste era o fato de nunca — jamais — poder fugir dos ensinamentos e ideal de vida que eles sempre me passaram.

— Almoço está pronto — Ellis comemora com um bater de palmas e ajuda Justin a subir na sua cadeira — Daniel, troque de canal, por favor? Não gosto deste programa.

Reviro os olhos e coloco em um canal aleatório e caminho em direção à mesa posta. Aaron e Andrew já estavam sentados e tentavam cortar o frango sem acabar com um dedo queimado ou a faca atravessando o pobre peito da galinha que foi morta cruelmente para sustentar a barriga de famintos como nós. Justin encara o teto e murmura alguns números, provavelmente tentando manter a paciência perante a toda aquela demora que se resumia apenas a cortar a droga de um frango.

Batuco meus dedos contra a madeira e franzo o cenho diante de todos os pratos diante de mim. O arroz de sempre, o molho sem graça de todos os dias, a salada que fazia meu coração tremer só de pensar em comer e o suco natural feito com frutas colhidas do pé do vizinho.

Coitado do desconhecido, mal sabia os vizinhos aproveitadores de sua colheita de laranja que tinha ao seu lado todos esses anos de vida.

Finalmente o animal é cortado e todos estão devorando sua comida. Aaron parece muito atento aos movimentos silenciosos e bem calculados de Ellis que resumiam em não segurar a coxa da galinha com as mãos; já Andrew bebe seu suco e troca olhares silenciosos comigo enquanto Justin está perdido demais em sua própria bolha de alfaces e grãos de arroz.

— Sua comida está muito boa, Ellis — Andrew elogia com orgulho e mastiga um pedaço de carne — Meu irmão é um homem de sorte, apesar de tudo.

Apesar de tudo? O que ele queria dizer com aquela frase?

— Agradeço pela consideração, Andrew — suas palavras são afiadas com uma faca e um clima ruim se instala na mesa.

Entretanto, ele é logo quebrado quando noto o olhar zangado de meu pai para a televisão, e minha mãe segue o rumo de seus pensamentos e faz bico quando fixa a visão nas palavras e cenas que estão sendo transmitidas. Era apenas uma cena de pessoas em um bar bebendo, nada demais, por enquanto. Tudo desmorona quando dois homens trocam beijos ferozes na pista de dança e emitem pequenos gemidos.

Merda. Merda. Realmente, meu final de semana seria uma merda depois dessa merda de cena. Já falei merda e o quanto eu odeio a merda da minha vida vulgo família?

— Quanta hipocrisia desses programas no dia de hoje — ela murmura com desgosto e bebe um revoltado gole de suco, batendo o copo contra a mesa — Não sei como podem permitir essa atrocidade. Desde quando dois homens tem toda essa liberdade? Desde quando dois homens podem ter qualquer tipo de relação?

Respiro fundo e desvio o olhar de sua expressão enigmática, e desde que passei a ir contra as regras de minha família, os tetos, paredes e chãos nunca se tornaram tão atrativos. Eles eram o meu meio de fugir de qualquer encrenca que meus olhos poderiam expressar.

— É tão horrível — Aaron comenta depois de alguns segundos em silêncio e corta o frango com destreza, fazendo um pedaço quase voar para longe do seu prato — Todos serão condenados no final. A Bíblia explica corretamente a forma como devemos agir e esse tipo de gente estão precisando conhecê-la.

— Precisam saber a lei da família tradicional — rebate minha mãe colocando mais arroz no prato de Justin e afagando seus cabelos — Pelo amor de todo o Deus, como as famílias podem permitir esse tipo de coisa?

— É apenas uma cena de televisão, Ellis — Andrew finalmente interrompe todo o monólogo e franze os lábios — Nada daquilo ali é real.

As mãos firmes e brancas dela se contorcem ao redor do guardanapo que descansava em seus joelhos, a respiração se torna rápida e o cenho franzido não expressava nem 1% da raiva que estava sentindo das palavras do loiro.

— De qualquer modo — engulo a seco, temendo o que viria a seguir — Jamais permitirei que meus filhos tenham qualquer pensamento ou assimilação a esse tipo de demonstração de pecado. Desligue a televisão, Aaron. Não aguento mais um segundo ouvindo essa vergonha para a sociedade.

E é assim que meu Domingo vira uma merda.

Mais do que já é naturalmente.

[...]

O balanço de madeira no quintal de casa tem se tornado o meu melhor amigo desde que eu alcançara o ensino médio — e olha que isso não fazia nem um ano, mas pareciam décadas. O relinchar do ferro contra a madeira era reconfortante e ao mesmo tempo perturbador para os meus pensamentos.

A discussão de horas atrás no almoço fora o suficiente para meu pavor e medo de assumir a minha família o que sentia. Era claro como água que nada daquilo um dia seria possível. Eu seria condenado e morto queimado como Joana d’Arc.¹

Assumir meus sentimentos por Shawn Hans e vencer todos os empecilhos que isto acarretaria, certamente acabaria comigo. Eram muito muros e problemas que teríamos que enfrentar para tentarmos um final feliz. E eu nem sabia se o garoto de olhos verdes estava disposto a isso.

Era um jogo de via única. Eu poderia acabar feliz no final ou totalmente destruído, e ainda sofria o risco de todas as acusações que Ellis e Aaron fariam diante de mim. Eu até conseguia vê-los parados na sala, com os braços cruzados e olhar perdido. O que iremos fazer com nosso filho? Ambos expressariam em seus rostos e nunca saberiam o que realmente fazer para solucionar todo aquele problema.

Eles iria me odiar.

Eu precisava desabafar. Andrew já sabia de meus segredos, mas não parecia disposto a ouvir meus monólogos sobre o triste fim de Daniel Boone e seu coração. Meus amigos já estavam cansados de dialogar sobre algo que nunca caminhava para frente, apenas dava voltas.

Era assim que meu relacionamento com Shawn se resumia. Voltas que nunca davam a lugar nenhum, um ciclo infinito de situações as quais eu sempre repassava na minha cabeça todas as noites antes de dormir e boa parte do dia. Um ciclo vicioso que até mesmo a vida estava cansada de carregar.

Era um fardo muito pesado. Um fardo o qual nem eu conseguia mais aguentar sozinho.

Não era apenas a pressão de estar gostando de homem, não era apenas a pressão de ter uma família religiosa e tampouco a pressão de carregar sempre meus pensamentos trancados a sete chaves. Era uma questão de aguentar os limites, uma questão de que ninguém constrói um amor sozinho.

Ninguém está disposto a nutrir algo que nunca lhe dará resultado. Algo que jamais — em hipótese alguma — tem chance de dar certo. Amores levam tempo e quanto mais relutamos, mais tarde iremos perceber isso.

Eu já estava cansado de ler livros e filmes onde o amor era tratado com um conto de fadas, a idealização que todos procuram e quando acham acabam encontrando uma forma de destruir. O amor na vida real funciona assim. Uma droga. Uma droga a qual ninguém tem controle.

Eu queria ter controle de meus sentimentos como algumas pessoas têm de seus pensamentos. Gostaria de poder respirar fundo, fechar os olhos e esquecer tudo o que sentia. Gostaria que Shawn Hans fosse mais fácil de lidar e que seus enigmas se resumissem apenas em que cor de meia usar.

Gostaria de recomeçar minha vida do zero, mas com conhecimento de qual rumo ela tomaria se eu tomasse certas atitudes. Todos querem isso, contudo, ninguém tem seu desejo realizado.

As fadas madrinhas se tornaram extintas. O felizes para sempre é uma mera sombra do passado. E a idealização de amores perfeitos não cabe mais ao ser humano.

Poderíamos traçar muitos caminhos. Eu poderia agora mesmo atravessar a droga dessa cidade e bater na porta de Shawn e dizer o quanto gosto dele. O quanto à droga de seus olhos verdes perturbam o meu sono. O quanto sua voz é carregada de carinho e amor. O quanto meu coração está cansado de relações como a nossa. O quanto eu faria para que o nosso caso desse certo.

Mas não é bem assim.

Corações como o nosso jamais poderão bater juntos.

O seu bate na melodia da aventura. O meu bate na melodia do seu.

As coisas não dão certo pra gente como nós. O destino não acredita que pessoas como nós têm direito a seu final feliz. O acaso nem sempre dá conta de resolver os problemas que seu amigo Destino cria. A vida está cansada de ferrar com a vida dos outros e jamais estará disposta a fazer alguém feliz.

E o que nos resta — ou apenas a mim — é um coração partido. E um caso de amor que nunca irá para frente, e sabe por quê? Porque corações iguais não batem juntos.

Eles batalham juntos por seu próprio conto de fadas.


27 de Maio de 2015
Washington, D.C.
325 dias antes da facada que pode ou não ter me matado

O quarto se encontra silencioso. As paredes em tom branco parecem gritar redondamente para mim que não terei futuro, o chão de madeira range quando empurro a cadeira de rodinhas para um canto e tento abrir a janela branca com gatilho enferrujado.

O luar se encontra sereno, as estrelas emitem sua própria luz e alguns moradores ainda caminham animados pelas ruas silenciosas. Suas risadas expressam felicidade e suas passadas ritmadas demonstram o quanto gostariam de chegar em casa o mais cedo possível.

Meu celular vibra descontroladamente contra a escrivaninha de cor clara encostada na parede. O número de Melanie resplandece enquanto sua foto pisca algumas vezes, sinalizando que a chamada estava quase no fim.

— Fala, praga — sento-me na cama assim que ouço seu suspiro de alívio do outro lado da linha — Só não me diga que caiu uma bomba ai onde você mora e terei que ir ao seu enterro!

Melanie responde com uma risada meio nasalada e fica difícil não corresponder à ação.

— Não tão cedo, Daniel, não tão cedo. Mas não é para falar sobre minha morte que liguei.

Faço uma careta e chuto os tênis velhos dos meus pés com um pouco de dificuldade.

— E sobre o que seria?

— Estava com a sensação dentro do peito que você precisaria conversar comigo esta noite.

Bichinha esperta! Parece que até os Céus sabem quando preciso ouvir palavras amigas.

— Acho que você está certa — concordo com um balançar de cabeça, mesmo que ela não fosse capaz de ver — Meu dia não foi um dos melhores.

— E desde quando Domingo é bom para alguém? — ela ri da própria piada — Enfim, o que aconteceu?

Conto rapidamente os fatos resumidamente, olhando sempre de soslaio para o corredor do segundo andar para o caso de alguém resolver aparecer e ouvir a conversa pela metade, passando assim a interpretar tudo de forma errada.

Melanie solta entre um momento e outro alguns palavrões e resmungos, achando também a atitude de meus pais muito século XIX. E ela tinha razão. Certeza que eles foram colocados na época errada e vieram à vida somente para foder com a minha.

— E agora você está em uma crise existencial por conta de seus sentimentos por Shawn Hans?

— Exatamente — bufo — Estou realmente ferrado. Sem contar que as atitudes dele nessas últimas semanas têm sido pouco para descrever como bipolaridade.

Melanie solta um pequeno suspiro e estala os lábios.

— Não a nada que possamos fazer?

O que se faz em uma situação dessas? Se mata? Se joga de um penhasco e espera que Daniel Grigori lhe salve? Estamos na história errada, Lauren Kate.

— Não sei como vocês garotas resolvem problemas... — deixo a frase no ar e volto a encarar o teto branco de meu quarto.

E isso era fato. Garotas tinham atitudes e resoluções totalmente opostas de nós, garotos. E Melanie parecia ter uma solução para tudo na vida e quando isso não acontecia, corria para as amigas e mandava uma mensagem no grupo expressando seu desespero, poucos minutos depois uma chuva de respostas e possíveis táticas para sair ileso do problema.

Por que eu não conseguia encontrar uma solução para os meus problemas como elas?

Ah sim, porque sou homem.

— Eu posso mandar uma mensagem para ele — ela murmura segundos depois, parecendo morder o dedão devido a barulhos estranhos — Contar sobre toda essa história e ver o que podemos fazer quanto a loucura dele ser um amor de pessoa em alguns momentos e filha da puta em outros.

Que ideia tentadora, Senhor! As chances de dar errado eram enormes. Tão grandes como as chances de eu repetir o ano se continuasse com aquelas notas vermelhas em biologia.

— Tá — concordo deixando os pensamentos de triste finais para lá e levanto-me da cama — Você precisa do número dele, certo?

— Mas é claro, seu bobão.

Agora, leitor, você se pergunta como consegui o número de Shawn Gostosão Hans?

Depois de ver inúmeras inutilidades em relação ao aplicativo do Instagram onde as pessoas postavam fotos com sorrisos falsos e felicidade de mentira eu acabei me topando com uma imagem que muito me interessou. Na verdade não foi à imagem em si que despertou meu Diabinho interior, mas sim os comentários repletos de números aleatórios.

Entre vários números que não dei um pingo de importância, o comentário de Shawn pareceu criar vida própria na tela trincada do meu pobre iPhone. E claro que eu salvei seu número.

Não que eu fosse usá-lo em algum momento da vida para conversar ou fazer alguma declaração do tipo “vamos trepar”, contudo, eu tinha a sensação que acabaria sendo útil. E bingo, estava sendo usado agora!

Passo o número para Melanie que esperava paciente na linha e encerramos nossa chamada. Ela faria alguma coisa dentro de poucas horas e só nos falaríamos depois de termos um resultado concreto, e eu esperava que fosse positivo.

Minha vida já era uma merda mesmo.

[...]

— Daniel! — Justin grita do andar de baixo após algumas horas de silêncio no quarto e logo em seguida seus passos curtos e ritmados contra os degraus da escada — Tem ligação para você!

Quem que me ligaria? E justamente no número de casa?

Vários nomes passam em minha cabeça, mas nenhum fazendo sentido algum. Então os deixo de lado e vou até o corredor onde o telefone sem quase uso nenhum descansava em um aparador com fotos minhas de criança e algumas de Justin em um parque de diversões.

— Passe a ligação aqui pra cima, Justin! — grito de volta, esperando que a inteligência do menino fosse eficiente para este ato — Pronto?

Justin responde em um murmuro e coloco o telefone preto na orelha, desejando que não seja algum diretor da escola ou o professor de biologia querendo que eu faça aulas extras em sua casa. E isso incluía Klaus Furler e seu rosto de anjo tentador.

— Alô?

— Alô, garotão — Andrew responde em um tom animado seguido de risadas — Eu acabei me esquecendo de dizer algumas coisas hoje no almoço, mas é culpa total de sua mãe.

Claro, aquela cena fora o cúmulo da semana, dona Ellis.

— O que você queria dizer?

— Lembra-se do meu amigo que lhe contei? — vasculho em minha memória e palavras rápidas sobre Jason pipocam em minha cabeça e concordo com um resmungo — Ele resolveu me convidar para passar um tempo em Seattle, uma cidade de Washington, o que você me diz? O que acha de ir comigo?

Seattle? Uma viagem? Eu finalmente iria me ver longe daqui?

Demorou, tio!

 

"O que você pode fazer quando o seu melhor não é bom o bastante e tudo em que você toca desaba?"

— Get It Right, Glee  


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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

¹: Joana d’Arc é uma heroína francesa e santa da Igreja Católica. É a santa padroeira da França e foi uma chefe militar da Guerra dos Cem Anos, durante a qual tomou partido pelos armagnacs, na longa luta contra os borguinhões e seus aliados ingleses. Foi executada pelos borguinhões em 1431. Camponesa, modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa e também heroína de seu povo, canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva em um auto de fé.


E então? Gostaram? Ou acharam tudo meio chove e não molha? Ou bostinha mesmo? KKKK espero que eu receba apenas adjetivos positivos, pois tive que abrir mão da minha roupa suja na Sexta feira passada por conta deste capítulo.

Enfim, nos vemos em breve (acho que sou eu que escrevo o próximo HAKJSHJSA)

Beijão estalado na bochecha de vocês :)

Nota do Vitor: OIOI GENTE! Estou aqui me intrometendo nas notas da Luce pra informar que essa excepcionalidade da fic ser atualizada num sábado, foi... é... uma excepcionalidade. A partir do próximo episódio (data prevista: 11 de maio), as atualizações continuarão sendo às quartas-feiras, e a cada duas semanas ;)
PS: Vai rolar crossover no próximo episódio porque sim.