O Curioso Caso de Daniel Boone escrita por Lola Cricket, Heitor Lobo


Capítulo 6
Enchanted — Parte Dois


Notas iniciais do capítulo

B*tch, I'm back by popular demand! *Formation feelings*
Okay, gente, vamos aqui entrar em formação para o capítulo novo e fresquinho pra gente saborear! Dessa vez a gente acaba com a overdose de músicas da Taylor Swift. Prometo. Ela não volta tão cedo.
Hoje vocês finalmente descobrem o que Andrew achou sobre o Daniel e um monte de outras coisas que eu vou deixá-los descobrirem sozinhos porque se eu falasse seria spoiler :D Não tenho muito o que dizer hoje mesmo, só quero que tenham uma boa leitura!



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Quando finalmente me sento à pequena mesa de madeira que havia ali, tio Andy adentra a cozinha com um papel amassado em mãos e uma expressão de dúvida estampada no rosto.

— Danny… precisamos conversar.

Ai, caralho, não pode ser depois? Deixe-me fazer uma última refeição antes da morte!

— S-sobre o quê? — Minha voz treme já na formulação da pequena e fatídica frase.

Você pode estar pensando que eu sei o que tem naquele papel e que por isso eu imaginava o quão ferrado estava.

Resposta incorreta. Eu não fazia ideia do que era aquilo, mas coisa boa não podia ser.

— Confesso que já desconfiava disso aqui — ele puxa a outra cadeira que havia próxima à mesa e se senta na outra ponta da mesma — mas encarar o que tem aqui pela primeira vez me fez entrar em choque.

— Posso fazer uma pergunta?

— Eu pergunto primeiro — sou cortado pelo meu próprio tio — por que não me disse antes que escrevia poemas?

Choque anafilático em três, dois, um… ENTÃO ERA SÓ ISSO?

Espera. Como diabos aquilo foi parar nas mãos dele? E por que isso era tão relevante?

— Primeiro: isso caiu da sua calça quando você se levantou. Segundo: é relevante pra mim e você sabe o porquê.

Morra de inveja da nossa relação de sensates que nos permite interpretar o que o outro está pensando com apenas um olhar diferente! Ele já sabe o que eu estava pensando só pela minha cara óbvia de quem não está juntando coisa com coisa, não é incrível?

— Eu nem lembrava que isso estava na minha calça — aponto para o papel desdobrado em suas mãos — só pra você ter uma ideia de há quanto tempo eu fiz isso.

— Nunca mais se refira ao que está escrito aqui como “isso”.

— Oi?

— Danny, eu sei que sou apenas um produtor musical e cantor de YouTube nas horas vagas — não seguro meu riso discreto por conta do seu hobby nada normal de postar vídeos cantando e tocando seu violão na bendita plataforma de vídeos — mas este poema aqui daria uma boa música!

— Por favor, tio, seja modesto — meto o garfo no novelo de macarrão à minha frente e o levo à boca - fome antes de poemas - e só depois volto a falar — isso aí não passa de um monte de besteiras que acabaram rimando por pura coincidência.

— Um cético com certeza diria isso. Mas, para sua sorte, eu não sou um cético — o brilho em seus olhos me espanta, porque eu sei que ele está falando a verdade — gostaria de ler por você mesmo?

Talvez por saber que eu me renderia, tio Andy também me entrega meus óculos de leitura e eu os coloco no lugar para ler “a música em potencial” da qual ele tanto falava.

People now just walk going nowhere

(Pessoas agora apenas caminham para lugar nenhum)

I got surprised when I saw you there

(Fiquei surpreso quando vi você lá)

I never thought about love at first talk

(Nunca pensei em amor à primeira conversa)

But people say, “go ahead, give a shot in the dark”

(Mas as pessoas dizem, “vá em frente, dê um tiro no escuro”)

— Já falei, tio — interrompi minha leitura — não é nada demais.

— Continue — ele incentivou.

 

I was scared, never fell in love before

(Eu estava assustado, nunca me apaixonara antes)

If I knew, I’d never be in the same place you were

(Se soubesse, eu nunca teria estado no mesmo lugar que você estava)

I’ve already seen the called “one-night stand”

(Eu já tinha visto a chamada “ficada de uma noite”)

I never thought you could be my quicksand

(Nunca pensei que você poderia ser inha areia movediça)

— OK, isso definitivamente não é um poema — paro mais uma vez.

— Também pensei o mesmo quando li isso lá no quarto — o dono dos cabelos loiros da vez se levanta e vem até meu lado direito — você não faz ideia do que escreveu, não é?

— Eu nem sequer lembro a circunstância que me fez escrever tais frases, tio!

— Tudo bem — afagou meus ombros — só… leia o resto.

I knew you were totally out of my hands

(Eu sabia que você estava totalmente fora do meu alcance)

But loving you was also totally out of my plans

(Mas te amar foi também totalmente fora dos meus planos)

I should wait for the right person in right time

(Eu deveria esperar pela pessoa certa na hora certa)

So I’m imagining here if this feeling is a heavy crime

(Então eu imagino aqui se esse sentimento é um crime hediondo)

— Daniel Arthur Boone... — fodeu tudo agora, ele me chamou pelo nome completo.

Você é novo por aqui, então eu terei de explicar a complexidade dessa situação em uma única frase: Andrew Boone que é Andrew Boone NUNCA me chama pelo nome completo a não ser quando ele sabe que eu estou escondendo alguma coisa.

E eu definitivamente escondo aquela belíssima história envolvendo Shawn Hans.

— Oi, tio — abro um sorriso amarelo como quem denuncia automaticamente que tem um segredo — algum problema?

— Coma seu macarrão e depois desça até o porão — tio Andy fez menção de ir até a porta que, se aberta, levava para o cômodo abaixo dos nossos pés, mas antes se vira de volta para mim — acho que tem muito mais por trás destas frases do que ambos imaginamos que tem.

E eu sei que uso de forma demasiada a palavra “definitivamente” por aqui, caso já tenham percebido…

Mas eu definitivamente fico nervoso toda vez que meu tio vem com esses enigmas. O que ele queria agora? O que ele viu naquelas rimas que eu não vi? Será que ele me perguntaria o porquê de eu ter escrito aquilo? Não, não, não. Eu não podia contar que escrevi aquele texto pensando em Shawn Hans. Nem quero imaginar a reação do tio Andy caso ele descubra a verdade sobre eu gostar de outro cara e isso ser algo completamente repudiado pela família Boone - e pela família Marin também, mas todos da família materna são uns chatos mesmo - e no final das contas eu seria o fodido da porra toda.

Pensei em todas essas complicações enquanto devorava o macarrão no prato. E eu fiz isso em cinco minutos. Deve ser um novo recorde pra minha prateleira de recordes bestas da vida de Daniel Boone. Lavei o prato - nunca faço isso, o que está acontecendo comigo?— e desci até o porão com tremeliques pelo corpo todo. Isso se deve aos seguintes fatos: 1) eu nunca tinha descido até o porão da casa de campo do Andrew, e 2) só espero que ele não me pergunte se eu gosto de alguém o suficiente pra escrever um textão de efeito, porque eu vou negar até meu último segundo de vida.

— Foi rápido — posso ouvir sua voz mais pra dentro daquele cômodo, mesmo com todas as luzes apagadas — tem uma corda ao seu lado. Pode puxá-la.

— Vai cair feno em cima de mim?

— Claro que não — escuto sua risada mais uma vez naquele dia — só puxe.

Tateio meus lados em busca dessa corda, e quando a acho, puxo de uma vez e fecho os olhos a fim de me prevenir do que quer que caísse em mim. Felizmente, eu não sou atingido por coisa alguma; crio coragem e abro os olhos. E o que vejo é algo que jamais imaginaria ter em um porão.

Caralho, meu tio tem um estúdio profissional de música no porão de uma casa de campo!

— Tio Andy — o chamo e ele logo aparece à minha frente. Eu ainda estou parado num dos últimos degraus da escada — que porra é essa?

— Meu guilty pleasure, segredo de estado, chame do que quiser — ele remexe em seu cabelo — tudo o que você precisa saber pode ser explicado em dois tópicos. O primeiro: você não pode contar isso pro Aaron nem pra Ellis. Pro Justin talvez, já que aquele ali esquece tudo dez segundos depois de ouvir — dou uma risada histérica porque contra aquele fato não há argumento — e o segundo tópico: aqui é meu refúgio de toda a pressão do mundo afora. Aqui qualquer coisa pode ser dita e ninguém será julgado por nada.

— Se o senhor está tentando me fazer desabafar sobre aquele manuscrito…

— Faz mal se eu admitir que sim?

— Nem tente essa tática, tio, porque eu não gosto de ninguém.

— Essa é uma afirmação um tanto quanto drástica, não, sobrinho? — Andy põe as mãos nos bolsos da calça, e puxa duas cadeiras com rodinhas embaixo (sabe aquelas que ficam nos escritórios e todo mundo ama girar nelas? Pronto) — Porque, no final das contas, a gente sempre nutre algum sentimento por pelo menos uma ou duas pessoas nesse planeta Terra.

— Tá bem, pode-se dizer que eu amo meus pais — minha mãe nem tanto, mas deixemos essa informação em off — e meu irmão Justin, mas esse amor aí é pequenino à beça… e também gosto muito de você, tio Andy.

— Todo mundo gosta de mim, Danny, até minha ex-namorada que vira e mexe liga pra mim perguntando como estou — uma rápida lembrança da mulher meio débil mental que ele namorou por uns sete meses antes de ela sair no tapa com minha mãe porque achava que ela estava dando em cima do meu tio. Tretástico, de fato — vamos lá, eu sei que você deve gostar de mais alguém… não vou te julgar aqui nesse espaço.

— Promete? — Começo a criar coragem pra botar a boca no trombone, mas antes, preciso confirmar a confiança que pretendo depositar no loiro à minha frente.

— É sério assim? — Arqueia uma de suas sobrancelhas — Prometo. O que falarmos aqui, permanece aqui até o fim dos tempos.

— Então tá bem… eu estou depositando minha total confiança em você, espero que entenda a gravidade disso — levanto as duas sobrancelhas em sinal de seriedade — sim, eu lembro de quando eu escrevi aquelas rimas todas; e sim, eu sei exatamente o porquê de eu tê-las escrito; e não, eu não tinha a pretensão de transformar em música, antes que você pergunte.

— Eu não ia perguntar.

— Me engana que eu gosto.

— Tá, eu ia perguntar.

— Bingo.

— Continua.

— Isso aqui não é fanfic de casalzinho supremo pra você só me dizer “continua”, mas de qualquer maneira, vou terminar o que comecei — ironizo, e mais uma vez ele ri histericamente da minha piada que não é Ave Maria, mas é cheia de graça — e para você entender o que eu fiz, preciso te contar uma história.

Washington, D.C.

07 de Março de 2014

771 dias antes da facada que pode ou não ter me matado

Mais um dia de aula encerrado nessa escola lindamente digna de se estudar cujo nome eu também não vou citar porque, no final das contas, vocês nem vão lembrar do nome de uma escola no meio de um flashback, certo? Certo. Voltando… eu sei que ainda era meu terceiro ano estudando ali - e futuramente eu descobriria que era meu terceiro e último ano naquele colégio, já que eu troquei e o desenrolar disso já foi visto - mas, como sempre, eu não conseguia fazer amigos facilmente e em todo fim de aula eu era aquele garoto que sentava sozinho nos bancos próximos à entrada do prédio, esperando que o transporte escolar vir me buscar e me conduzir ao único lugar onde eu me socializava direito: minha própria casa.

Aquela sexta-feira ensolarada não dava indícios de que a situação seria diferente. Cada um se foi com seu bando após o toque de liberação, e mais uma vez eu sentei no mesmo banco de sempre a fim de esperar a condução. Uma garota e outro garoto se sentavam perto de mim porque nós íamos no mesmo transporte, mas não conversávamos demasiadamente. Só o necessário.

Isso porque éramos da mesma turma!

Só tinha eu naquele banco central da entrada, mas isso mudou quando um outro menino chegou e ocupou o espaço vazio ao meu lado. Continuei na minha, encarando as pessoas que atravessavam a rua mais à frente; as crianças que acompanhavam seus pais, os idosos que eram ajudados por seus netos (que deixavam bem estampados em suas caras o quanto não queriam estar ali - vovó Boone me daria um beliscão na frente de todos se eu me manifestasse contra algo do tipo, certeza), os trabalhadores dos arredores que se encaminhavam a um pequeno restaurante do outro lado do asfalto. Não que eu fosse um fissurado pela vida rotineira da cidade grande… era a única coisa que me restava fazer naquela época porque eu ainda não era um viciado em fones de ouvido para escapar do mundo externo.

— A que horas chega? — O indivíduo ao meu lado perguntou.

— Desculpe, o quê? — Pergunto como se eu fosse um desavisado qualquer. Tecnicamente eu era um desavisado qualquer naquele momento porque eu não fazia ideia do que aquele cara estava querendo dizer com “a que horas chega”, mas ignoremos esta parte.

— O transporte 063 — respondeu de volta — a que horas chega?

Coincidentemente eu ia para casa naquele transporte 063, então eu podia responder sua pergunta de forma civilizada.

— Segundo o costume diário e meu relógio de pulso — olhei de leve para os ponteiros — ele deve chegar em uns três ou quatro minutos.

— Tão específico assim?

— Mania de cronometrar as coisas, é quase um TOC meu — comentei, rindo levemente em seguida.

— Não são todos hoje em dia que têm alguma obsessão, sabia?

— Engano seu, meu caro — decidi me virar para olhar bem em seu rosto — mania é que nem trouxisse: cada um tem a sua.

E é quando elevo minha atenção aos seus olhos exasperadamente verdes que bate aquele sentimento. Puta que pariu, pior decisão da minha vida foi olhar pra esse cara! Consegui observar pequenas sardas espalhadas em seu rosto. O brilho do verde em seus olhos me hipnotiza de cara. O cabelo até que não é tão ruim. É melhor nem falar dos lábios. A ponta de seu nariz é vermelha, bem como a parte superior de suas orelhas. Definitivamente ele deve ter sido um elfo na encarnação passada. Isto é, se eu acreditasse em reencarnações.

— Alô, alô, marciano — nem notei o balançar de suas mãos à minha frente — a van chegou!

— Vamos logo ou ele vai embora sem a gente! — Gritei, como se eu fosse o certinho da vez, o bom político, o cidadão honesto, o diferentão.

— Tá bom, apressadinho — pegou sua bolsa e seguiu atrás de mim rumo ao transporte.

Procurei me sentar na última fileira do transporte - meu lugar favorito e ninguém me incomodava lá - porém o estranho com cara de elfo me seguiu e ainda por cima ocupou a cadeira ao meu lado.

E lá se vai meus quinze minutos deitado naquele espaço enorme.

— Não tem problema se eu ficar aqui, não é? — Ele perguntou como quem não quer nada.

Minha vontade foi de dar um “chega pra lá” naquele garoto de olhos verdes e marcar meu território de isolamento e descanso, mas se tem uma coisa que minha mãe Ellis sempre ensinou, foi a ter o máximo de educação possível com quem aparece na sua vida. E mesmo que eu soubesse que isso era uma completa hipocrisia - a bendita Marin-Boone tinha seus momentos explosivos com as pessoas à volta, e até mandava a educação rumo ao traseiro da humanidade - praticaria aquilo até o fim.

— Tudo bem, é um país livre… — contorci minha cara a fim de lembrar de qualquer que fosse o segundo no qual ele tenha me dito seu nome.

— Shawn — estendeu sua mão direita — Shawn Hans.

Aproveita que gente que pede aperto de mão em vez de “manda nudes” não é todo dia!

— Ah, e eu sou Daniel — estendo minha mão e logo já estamos sentindo o suor dos palmos um do outro — Daniel Boone.

— Prazer em te conhecer, Daniel Boone.

— Digo o mesmo, Shawn Hans.

Como diria Taylor Swift em uma de suas mais belas canções… e tudo o que eu posso dizer é que estava encantado em conhecê-lo. E dane-se o fato de que eu nunca havia sentido nada assim por outro cara antes. E foda-se o fato de que eu não devia em momento algum sentir o que estava sentindo por outro ser humano que também possuía um senhor general entre suas pernas. E deixo pra lá a encrenca na qual estaria metido se soubessem o que pensei quando conheci Shawn Hans.

Denver, Colorado

27 de Fevereiro de 2015

411 dias antes da facada que pode ou não ter me matado

— A música que você se refere no final desse monólogo — Andrew diz, ao passo que termino de contar aquela história — é “Enchanted”?

— Como descobriu, tio?

— Acredite ou não, eu toquei essa música no violão para minha ex-namorada — sorri de lado — patético, não é mesmo?

— Patético e ao mesmo tempo bonitinho, admitamos — completo a afirmação — mas… você não está incomodado com o que eu contei?

— Incomodado? Como assim? — A seriedade retorna à sua face.

— Eu praticamente joguei no seu colo que eu passei a gostar de outro cara — pareço esbravejar, mas na verdade estou falando com meu tom de voz normal — e você nem esboça reação de surpresa ou algo assim… por favor, diga alguma coisa sobre isso ou eu vou morrer na depressão.

— Dois tópicos: primeiro, é como eu disse no início… o que se fala aqui, permanece aqui. Então nem me peça segredo porque isso já está sendo providenciado — Momento EU AMO MEU TIO Volume 2 — e segundo, não é a pior coisa do mundo gostar de outro cara, Danny — pela primeira vez eu não me incomodo com tio Andy me chamando de Danny, qual o milagre da vez? — eu tenho uma teoria sobre caras + caras. Se você não os beija, logo você ainda não é definitivamente gay. Você já beijou algum garoto antes?

— Definitivamente não — digo isso com uma mão no coração e outra no meu c* porque sempre tive medo disso acontecer e no final das contas eu não gostar da fruta.

— Então você ainda não é definitivamente gay. Tem que passar pela experiência pra ser um convicto.

— De onde o senhor tirou essa teoria?

— Do meu antigo colega de faculdade. Saudades, Jason Ross — tio Andy olha para cima como se o ajudasse a lembrar do velho amigo. Tática falha, já tentei isso pra lembrar dos amigos da ex-escola e nada — mas isso é assunto pra outra hora. Acabei de inventar um terceiro tópico e esse eu quero que você responda honestamente.

— Manda. Isso já não tem como piorar.

— Já falei, não é a pior coisa do mundo — revira os olhos — tópico três: eu só sei a parte que você conhece o cara, e isso faz tempo… mas eu preciso saber: o quanto você gosta dele?

— Seja mais específico.

— A que ponto você chegaria para demonstrar o que sente por Shawn Hans?

Pondero bastante a respeito dessa pergunta. O que eu poderia fazer para provar esse sentimento todo pelo cara-de-elfo de olhos verdes? Subir numa colina e gritar o mais alto possível? Jogar no Instagram uma declaração de “eu gosto de você” completa? Ou simplesmente ceder a vez pra ele na fila do banco daqui a dez anos?

Não. São coisas loucas demais para serem feitas por um trouxa de quase quinze anos de idade.

Mas havia uma coisa que eu podia fazer sem levar sapatada depois. Porque ninguém saberia. E aparentemente meu tio também sabia exatamente o que eu estava pensando, porque quando me dou conta, suas sobrancelhas estavam arqueadas.

Nisso que dá ter um tio mais pai que meu próprio pai.

— Não, Andrew — balanço a cabeça em negação — sou um péssimo cantor. Não vai dar certo.

— E quem disse que você precisa cantar, Dan?

— Quê?

— Eu sei que você tem um fascínio por produção musical — QUEM TE CONTOU? — talvez você pudesse ajudar seu pobre e ignorante tio que mal sabe mexer na câmera nova que comprou…

— E o que eu ganho em troca?

— O direito de presenciar a mim transformando em música o que você escreveu como um poema.

— Ai, santa Robyn Rihanna Fenty — levo as mãos à boca.

Isso não pode estar acontecendo… dias atrás eu escondia de tudo e de todos minha sofrida história de vida feat. Shawn Hans, e agora meu tio oferece simplesmente a oportunidade de vazar meu poema no YouTube. Parece que o jogo virou, não é mesmo?

Resolvo fazer uma brincadeirinha com ele pra descontrair. Porque sou desses.

— Tem uma condição.

— Que seria…?

— Vai ter que pagar boleto como se eu fosse a Taylor.

“Lá estava eu de novo forçando risos, forçando sorrisos. O mesmo lugar velho e solitário, paredes de falsidade, olhares perdidos e vazios sumiram quando vi seu rosto. Tudo que posso dizer é que foi encantador conhecê-lo. A conversa brincalhona começa contra todas as suas observações, rápidas como bilhetinhos. Foi encantador conhecê-lo. Este sou eu rezando para que esta seja a primeira página, e não onde a história termina. Meus pensamentos vão ecoar seu nome até eu te ver de novo. Estas são as palavras que segurei ao ir embora cedo demais… eu estava encantado em conhecê-lo. Vou passar a eternidade me perguntando se você sabia… que eu estava encantado em conhecê-lo.”

— Taylor Swift, “Enchanted”


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Notas finais do capítulo

*O poema Heavy Crime é original e fui eu quem compus. Créditos a mim mesmo*
E então descobrimos como Daniel e Shawn se conheceram. Voltamos um pouco [talvez muito] no tempo para isso, mas ao menos essa dúvida já foi sanada ;)
Gostaram do capítulo? Preciso que deixem suas opiniões nos comentários, só assim saberei o quanto vocês estão curtindo essa história (por mais que ela seja baseada na minha vida e eu vá fazê-los me odiarem mais tarde porque eu faço muita besteira nessa droga de vida e infelizmente vou ter de retratar isso na fic e provavelmente 6 tudo vão me bater), okay? Okay.
Próximo capítulo na próxima quarta-feira!
PS: Não quis ofender swiftie algum com a piadinha do boleto, tá? Só gracinha.