O Curioso Caso de Daniel Boone escrita por Lola Cricket, Heitor Lobo


Capítulo 26
Here


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, feliz 2017, minha gente! Ano novo... eu ia dizer "coisas novas", mas isso já é algo que depende de vocês mesmos para acontecer. Então, espero que tenham tido uma boa virada de ano (quem aguentava 2016? Um ano de merda daqueles, bicho) e que tomem juízo agora pra ver se a vida finalmente anda. Certo? Certo.
Em segundo lugar: é agora que O Curioso Caso de Daniel Boone entra na reta final! Queridos booners, a despedida está chegando. Mas por enquanto, vamos aproveitar as BOMBAS que estão prestes a serem jogadas sobre suas cabeças? VAMOS! YAY! "Here", baseado na música da Alessia Cara (respect), retrata alguns dos acontecimentos de HORAS antes da facada - que pode ou não ter matado o Danico. O cerco está se fechando e é hora de conferir o que houve naquela noite!
Prontos? Boa leitura!



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“De verdade, eu não tenho o que fazer aqui, mas já que meus amigos estão aqui, só vim para curtir. Para falar a verdade, preferia estar em casa sozinho, não nesta sala cheia de pessoas que nem se importam com o meu bem-estar… Eu não danço, nem pergunte, não preciso de um namorado; então você pode voltar, por favor, curta sua festa. Eu estarei aqui em algum lugar num canto sob nuvens de maconha com este garoto que está dando em cima de mim, então diga aos meus amigos que estarei bem aqui, oh, aqui, oh, aqui. Eu me perguntei, o que estou fazendo aqui? Aqui, aqui… E eu mal posso esperar para poder sair daqui. Me desculpe se não estou impressionado com isso. Sou um pessimista anti-social, mas geralmente não gosto disso. E eu sei que você tem as melhores intenções, e a sua intenção não é me incomodar. Mas sério, preferia estar em algum lugar com meus amigos onde nós podemos relaxar e escutar músicas que tenham mensagem, como fazemos geralmente; e discutiremos nossos grandes sonhos de como planejamos dominar o planeta. Então perdoe meu jeito, espero que você entenda que estarei aqui… Não ali, na cozinha, com a garota que está sempre fofocando sobre as amigas. Então diga a eles que estarei aqui bem ao lado do garoto que está vomitando, pois ele não aguenta mais o que está em seu copo. Ah, Deus, por que estou aqui?”

— Alessia Cara, “Here”

Washington, D.C.

16 de Abril de 2016

3 horas e meia antes da facada que pode ou não ter me matado

O parapeito da janela da sala de estar é espaçoso o suficiente para que eu recoste minhas costas à parede e permaneça sentado, encarando a paisagem escura do lado de fora. Não é novidade que sempre preferi as noites aos dias (cadê a professora de gramática nessas horas pra me aplaudir?) porque elas têm uma capacidade infinitamente maior de fazer-me pensar na vida e nas merdas que tenho feito com essa oportunidade única que Deus me deu de brilhar nesse universo antes de ir pro meu emprego permanente no paraíso.

Pelo fato de isso aqui ser um apartamento pago com gosto por tio Andy e a segurança do prédio todo ser digna de aplausos — alô, Brasil, essa indireta foi pra você! — tanto ele como meu pai saíram para o supermercado sem medo de me deixarem sozinho no recinto. Eles também sabem que eu não seria capaz de convidar trezentas pessoas para uma festa de arromba.

Até porque eu nem sou amigo de trezentas pessoas.

Ainda encarando o chão daqui do sétimo ou oitavo andar, penso novamente nos acontecimentos de ontem. As lágrimas que derramei na madrugada parecem agora não ter sido o suficiente para que eu jogue para fora toda a minha tristeza em ver minha própria mãe se afastando de mim, bem como os amigos da igreja. Então eu penso em me trancar no quarto de visitas (já que paizão Aaron dorme no sofá e eu sempre tenho o direito de um quarto só pra mim) e chorar lá até que meus familiares cheguem e me tirem da bad bem bad com as famosas palavras de apoio que no fundo do pâncreas não surtem muito efeito. Mas é aqui a parte na qual eu me lembro que foi exatamente isso o que fiz na madrugada de ontem para hoje. Aliás, um belo jeito de fechar minha primeira noite com 16 anos, não?

E aí eu me lembro do que tio Andy sempre guarda em algum lugar arejado da cozinha para os dias em que ele se toca de que nunca vai vencer na vida se continuar sendo o tio Andy.

Mentira.

Não é por esse motivo que ele resgata uma garrafa de uísque da cozinha. É por causa de algum relacionamento passado que nunca entendi muito bem mesmo porque prefiro sempre não saber das tretas de Andrew Robbins Boone.

Voltando ao ponto…

Decido me levantar do parapeito da janela e caminho em direção à cozinha, procurando a bendita garrafa em todos os lugares possíveis. Depois de fazer vistoria na geladeira, no freezer da geladeira e até no armarinho debaixo da pia, finalmente encontro aquela joça escondida atrás da pilha de alimentos não perecíveis que Andrew fez justamente para disfarçar os problemas emocionais descontados em uísque. Em dias normais eu jamais tocaria numa bebida que futuramente me deixaria grogue e sem noção de espaço, tempo ou educação pra falar bosta.

Mas todo dia você fala bosta, Daniel.

NINGUÉM PRECISA SABER, CONSCIÊNCIA DO CARALHO!

Como eu ia dizendo, Daniel Arthur Boone que é Daniel Arthur Boone não beberia coisas com álcool em dias normais. Porém, este claramente não é um dia normal, visto que estou sozinho no apartamento do meu tio bon vivant, chorando as pitangas porque minha mãe não gostou da porra de uma referência à Kátia Péuris e ainda tendo de lidar com OUTRO registro fotográfico postado no Snapchat por ninguém mais e ninguém menos que Shawn Hans, o qual fez questão de incluir a namoradinha (“Vadiranha!” na linguagem de Peter Zaslavski) e o próprio inocente irmão de cinco aninhos de idade (tá aí, ele poderia fazer par de jarro com o Justin) num mesmo espaço de foto. Aqueles sorrisos de gente heterossexual me deixaram a princípio enojado porque só Deus sabe o que Shawn Hans fez comigo nos últimos anos e que poriam um ponto de interrogação bem grande na sexualidade desse menino; mas aí vieram todos aqueles sentimentos explicados em carnavais passados…

E o resto vocês já sabem. Eu quis chorar. Ainda quero, na verdade.

Com a garrafa de uísque em mãos — sem copos porque tem que sofrer direito — escolho voltar a sentar onde eu estava antes, porém, faltando poucos passos para chegar ao destino (insira aqui uma voz de aeromoça dizendo “atenção, senhor passageiro Daniel Boone com destino à cidade de Parapeito da Janela do Apê do Tiozão, favor colocar os cintos para a aterrissagem”), a campainha toca. E eu sei que não é nem Aaron e muito menos Andy porque eles entrariam sem a menor cerimônia.

Aí eu penso, “fodeu, vieram assaltar o lugar e vão sair com pena de mim”.

— Quem é que tá nessa porta, pelo amor de Deus? — Arrependo-me de colocar Deus numa frase dita por um gay em potencial, mas deixa em off. Deixa em off.

— Sou eu, Daniel... — Puta. Que. Não. Me. Pariu. — Podemos conversar?

— Klaus Furler? Mas o que porras tu tá fazendo aqui? — Grito, ainda de pé no meio da sala.

— Se você abrir, eu digo, ué!

— Vá embora. Não quero falar com ninguém — assumo essa postura de garoto fechado para o mundo simplesmente porque estou a fim de me fechar para o mundo esta noite.

— Eu não cruzei três bairros inteiros para levar uma porta na cara.

— Então você está com sorte, já que a porta já está fechada antes mesmo de você tentar entrar — esbravejo, agora pondo os olhos na garrafa segura em minhas mãos — só… vá embora, por favor. Volte outro dia.

— Raven me contou sobre a noite passada — VADIRANHA! — e eu ainda acho que precisamos conversar.

— Ótimo, então você já sabe o que aconteceu — largo o uísque na mesinha de centro e dou passos retos e nada firmes até a porta — não precisa de mim pra nada. Pode ir.

— Só queria que soubesse que eu realmente queria ter estado lá pra te ajudar…

— Mas você não esteve e nem tinha a obrigação de estar, tá bom? — Elevo o tom de voz mais uma vez durante essa conversa bendita — E além do mais, ninguém poderia me ajudar. Só eu poderia resolver a situação.

— E por acaso você conseguiu?

— Obviamente não — quando me dou conta, minha cabeça já se encontra encostada à porta — porque eu sou um pedaço de merda que faz merdas por onde passo.

— Luke Cage com certeza te diria o contrário.

— Mas você não é o Luke e eu nem sou a Jessica Jones.

— Mas eu poderia ser como o Luke — ouço sua respiração pesada.

— E aí nós transaríamos até a cama quebrar? — Rebato com esse argumento que, cá entre nós, é de destruir qualquer referência santinha àquela série da Netflix.

— Não, Boone — ele dá um riso, e eu até sinto vontade de rir junto. Vontade essa que logo passa — você poderia abrir essa porta só pra eu te dizer que você não é um pedaço de merda?

— Não, porque você acabou de dizer isso… e ainda assim não acredito. Eu fiz coisas das quais não me orgulho, Klaus — inspiro e expiro profundamente antes de continuar — e isso inclui todas aquelas coisas que eu fiz achando que era em nome da minha paixão pelo Shawn. Você mesmo sabe e muito bem o quão estúpido eu fui em achar que ele poderia sentir algo de verdade por mim! Você sabe exatamente do que estou falando! Aquele garoto me machucou de todas as maneiras possíveis: fisicamente, psicologicamente, emocionalmente, e todos os “mentes” que existem. Ele tirou toda a paz de mim e a jogou no lixo. Ele tirou de mim a única coisa com a qual eu contava para ser alguém na vida… ele tirou minha dignidade. E agora estou aqui, largado pela minha própria mãe, tendo que viver provisoriamente no quarto de visitas do tio solteiro de sexualidade igualmente confusa — perco o tio, mas não perco a piada — e com o coração quebrado. Sabe o quanto eu daria para não estar passando por isso?

E só aí me toco de que lágrimas escorrem incessantemente pelo meu rosto. Minha mão esquerda desliza para a maçaneta e destrava a chave, abrindo a porta e revelando um Klaus Furler vestido casualmente com uma calça jeans meio desbotada na parte de baixo (ou eram minhas lágrimas impedindo a visão?), uma camiseta básica cinza e uma jaqueta de couro (sintético, vamos fingir que ele é classe média como eu, né, gente) preta. Mais digno que eu me vestindo para ir aos aniversários de pessoas da família cristã tradicional americana.

— Shawn é um mané. Dos grandes.

— Um idiota filho da puta. Sem querer xingar a mãe dele, claro.

— Ele merece essas lágrimas?

— Mas eu não estou chorando especificamente por ele.

— Ele continua sendo um dos motivos. E por mais que chorar seja altamente recomendável porque hidrata não só os olhos como também a pele do rosto, e isso eu sei porque meu pai vive me dizendo… tem que chorar pelo que merece receber lágrimas. Então, eu vou te perguntar novamente: Shawn Hans merece suas lágrimas?

Minha cabeça, que até então estava abaixada, ergue-se, e meus olhos encontram os seus.

— Eu sei que ele não merece — digo, passando a mão pelos meus olhos a fim de pôr a água pra longe — mas às vezes é necessário.

— Às vezes. Hoje não.

— Do que você está falando?

— A filha do meu padrasto que é casado com minha mãe biológica está completando 17 anos hoje e está dando uma festa nível Kim Kardashian na casa deles — Klaus arqueia as sobrancelhas, como quem diz algo pelas entrelinhas — não gostaria de ir?

— Sinceramente? Eu ficaria muito bem com aquela garrafa ali — viro-me para apontar pro bichinho do uísque largado na mesinha de centro — em vez de me esbaldar num lugar com pouca gente conhecida e mais bebida que no barzinho do irmão da minha mãe que não é exatamente um tio.

— Daniel, por favor…

— Ah, não. A carinha de cachorro que caiu da mudança, não. Nem vem!

— Eu literalmente nunca te pedi nada!

— Eu te comprei um alfajor no ano passado porque você ficou com ciúmes naquele dia, cacete! — Arregalo meus olhos dessa vez, mostrando o quão falso ele está sendo — Próximo argumento, por favor?! Nenhum? Vou ficar em casa.

— Está bem. Vou apelar.

E SEM MAIS NEM MENOS — juro pra você, querido leitor, que eu fiquei mais chocado que galinha quando engravida — Klaus toma meu rosto entre suas mãos e cola seus lábios aos meus.

Fui ao céu e voltei com esse beijo. Deixo claro.

Quando vejo, minhas mãos já estão aos poucos se acomodando em sua cintura, e duas línguas completamente diferentes entram em contato nessa guerra da vida onde quem invade mais a boca do outro ganha um jogo de mentirinha. Cinco segundos depois, me vejo obrigado a cortar esse momento dos deuses.

Mais uma vez meti religião nessa joça. Ah, vá!

— Klaus Donald Furler — exclamo seu nome completo, mas ainda com minhas mãos apoiadas em seu tronco — você não faz ideia do que acabou de fazer.

— Te beijei, e daí?

Chego mais perto de seu ouvido pra deixar bem claro que contaria um segredo.

— Você me proporcionou meu primeiro beijo, porreado do cacete.

— Então — ele sussurra de volta para mim — te dei um argumento conciso para irmos à festa da minha irmã de criação?

— Não acredito que esse seu argumento apelativo realmente me convenceu.

— No final das contas, eu não me arrependo nem um pouco disso, sabia?

— Ainda bem, porque eu também não — sorrio, pronto para deixar meu rosto vermelho de vez — agora eu vou ali deixar um recado na geladeira pros homens da casa.

— Um casal gay mora aqui?

— Não, é só meu tio que está recebendo meu pai e eu aqui — respondo, rindo da ingenuidade do rapaz — mas às vezes aparece o Jason. Aí eu não me responsabilizo pelo que acontece entre quatro paredes.

.::.

— Wow, wow, espera aí. Você vai me levar nessa coisa? — Aponto com desdém para a motocicleta estacionada numa das vagas do prédio.

Se não pertencesse a Klaus, eu facilmente confundiria com a famosa moto do Travis Maddox.

Para de referenciar Belo Desatre, seu panaca! Ninguém liga pra esse livro e ninguém se importa!

Querida consciência: vá se foder. Com amor, Danico.

— Hey, não fala assim do meu Dodger — o moreno faz carinho no volante do veículo.

É sério, isso?

— A moto tem nome? — Arregalo os olhos, enquanto ele retira o capacete reserva e entrega nas minhas mãos — Dodger?

— Dodger é o meu filho e você deve respeitá-lo tanto quanto respeita a sua mãe.

— A minha mãe me renegou há menos de 24 horas.

— Dodger é o meu filho e você deve respeitá-lo tanto quanto respeita meu pai.

— Golpe baixo — me rendo, pondo o capacete na cabeça e me sentando atrás dele na bendita moto.

— Onde o senhorito pretende colocar suas mãos?

— Na sua cintura.

— Mas já? Temos toda essa intimidade?

— Não é por isso, idiota — elevo a voz em uma oitava — sem chance de eu segurar no ferrinho dessa joça e a possibilidade de eu cair se colocar minhas mãos em seus ombros é quase três vezes maior. É tudo uma questão de segurança.

— Claro, Dan, claro. Eu te entendo. Seja como for, se segura aí porque nós iremos encarar um bom vento hoje.

Encaro as paisagens que se passam ao nosso redor durante toda a viagem. Prefiro não me concentrar em todo o alarde de estar numa motocicleta, cujo nome é Dodger, com meus braços agarrados ao corpo de um garoto que acabou de me beijar para me convencer a ir a uma festa — da qual me arrependerei assim que por os pés lá. Felizmente, meu objetivo é atingido e meu coração até sente um pouco de paz à medida que o vento bate em meu corpo e me faz relaxar os músculos pela primeira vez depois de tanto nervosismo.

Observação: Klaus Furler tem músculos definidos e um tanquinho desejável.

Mas é só isso mesmo. Boa noite.

— Chegamos — Klaus retira seu capacete, ao finalmente desligar sua moto no estacionamento da casa que era nosso destino desde o começo dessa história, e gira sua cabeça para me encarar — você já pode tirar os braços da minha cintura, se quiser. Não estava desesperado por isso?

— Eu ainda quase caí dessa moto umas três vezes mesmo com meus braços enrolados em você — esbravejo, tentando parecer um ingrato porque não estou a fim de baixar minhas defesas.

Mas tudo bem. Para você, querido leitor — caraca, Daniel, você ainda acha que existe uma quarta parede a ser quebrada? Só o Deadpool pode com isso, meu querido, só o Deadpool — eu não vou mentir. Até porque temos de repassar toda a cronologia de fatos: Klaus Furler tem uma motocicleta. Eu morro de medo de subir numa motocicleta. Ele só tinha esse transporte pra usar e me levar até a bendita festa. Eu não ia segurar em seus ombros porque a probabilidade de cair seria bem maior. Logo, usei isso como argumento para repousar meus braços na sua cintura e usar o capacete reserva dele para evitar maiores traumas se ocorresse um acidente.

Se eu gostei de ficar abraçado ao cara que me proporcionou meu primeiro beijo por pura chantagem?

Então, né…

Melhor eu não falar disso. Pelo menos por enquanto.

Eu já falei que ele tem tanquinho no lugar da região abdominal?

— Pensando no que os seus braços seguraram nessa viagem? — Klaus me traz de volta à terra firme com sua frase, me estendendo sua mão.

Por dois segundos eu tenho receio de segurá-la, mas aí eu penso: ora, eu já me assumi. Ele está fazendo a oferta. Por que recusar? Então eu olho em seus olhos e aperto sua mão direita com a minha esquerda, deixando-me ser conduzido até a porta da casa da pessoa cuja referência eu esqueci no momento. Relevem.

— Não, eu na verdade estava pensando em como sair dessa festa sem entrar em coma alcoólico — comento, fazendo-o soltar um breve riso.

— Vai ficar tudo bem. Sabe por quê?

— Quer que eu seja sincero? — Ele acena com a cabeça em sinal de afirmação — Não faço a mínima ideia.

— Eu vou te dar alguns motivos antes de entrarmos, então — graças a Deus que nossas alturas são próximas, ou eu me sentiria estranho agora que estamos frente a frente — o primeiro: eu vou ficar perto de você o tempo todo, se quiser assim. Daí ou eu bebo no seu lugar ou fazemos alguém beber o copo de seja lá o que for. O segundo: eu não sou o Shawn Hans. Não vou ficar te forçando a fazer o que não quer. Meu pai me forneceu essa genética da paciência — Se Lucian Furler existe, graças aos pais do Lucian porque ele existe, né? — E o último, mas não menos importante: você é legal demais pra eu te deixar desprotegido nesse mundo insano.

— Se sabia o que eu ia encontrar, por que diabos me trouxe?

— Por que vai ser divertido te ver resistindo às tentações de garotas quentes e um Shawn que muito provavelmente já está dominado pelo álcool a essa hora.

— Espera… ele está aí dentro? — Arregalo os olhos.

Não. Não. Eu estou indo tão bem na tarefa de superá-lo enquanto ele se ausenta da minha vida… por que isso tem que acontecer logo comigo, Deus? É castigo pelo meu escândalo de ontem? Eu devia ter ficado no parapeito da janela do meu tio. Merda. Mil vezes merda.

— Relaxe, Daniel, eu vou te ajudar com essa parte — sua mão livre repousa em meu pescoço, e sinto calafrios percorrerem minha espinha — se ele ousar encostar um dedo em você, eu vou fazer algo que, normalmente, eu não faria na minha posição de amigo próximo de Shawn Graham Hans.

— Klaus, seja sincero nessa história… por que está sendo legal comigo assim, de uma hora para outra?

— E quem disse que isso aconteceu de uma hora para outra?

Sua resposta acaba por me fazer revisar todos os acontecimentos desde que mudei de colégio e reencontrei o babaca do Shawn. Ele sempre esteve lá quando meu antigo crush e seus outros colegas igualmente babacas me importunavam com aquelas piadas sem graça e ofensivas a partir de certo ponto, mas Klaus, diferente deles, sabia quando era a hora de parar com as brincadeiras. Era ele quem mandava o Hans interromper a sessão de bullying grátis porque o nível já havia se estendido até demais. Era ele quem o segurava para não ser ignorante comigo quando eu tentava retrucar suas cantadas; mas pelo jeito, o Furler não fazia isso para evitar brigas e o envolvimento da direção, e sim para me prevenir de um ataque violento que pudesse acontecer. Lembro agora do dia em que dei um alfajor de presente para Shawn no seu aniversário do ano passado — eu sei, eu sei, também me arrependo de ter feito isso hoje em dia. Mas me entenda, eu era mais trouxa que agora — e ele ficou enciumado. Lembro também que no final da aula, eu fui na conveniência da esquina e comprei um alfajor igualzinho para ver se ele ficava satisfeito. Acabou que ele me deu um abraço bem forte naquele dia, e na semana seguinte ainda me deu o dinheiro que eu gastara naquele doce.

Merda. Eu devia ter percebido antes.

— Você… gosta de mim? Tipo, pra valer?

— Vamos deixar esse papo para uma outra hora — de repente ele fica sério e toca a campainha da casa, provavelmente querendo disfarçar a vergonha de ter que ouvir minha pergunta.

Pois é, eu só faço besteira quando quero falar sério na vida. Depois eu fico calado e o povo acha ruim…

— Oi, meninos! — Uma garota avulsa, que parece ter a nossa idade, abre a porta.

Noto um copo vermelho em sua mão livre. Cacete, ela já está bêbada?

— Oi, Phoebe — Klaus dá um beijo na bochecha dela e eu viro a cara pra não pagar de vela desses amiguinhos coloridos. Ah, não, espera, eles são meio-irmãos — Feliz aniversário! Resolvi trazer só a minha presença como presentinho pra você mesmo porque a gente já se vê toda semana, certo? — Ela faz uma cara de poucos amigos quando ele fala isso — A casa já está cheia a essa hora? Você não perde tempo mesmo!

— Sabe como é, amigos foram chamando outros amigos, a cadeia aumentou e a comemoração já ‘tá bombando. Entrem aí — a tal Phoebe dá espaço para nós dois entrarmos.

Ao colocar meus pés dentro da casa, meus olhos já focam numa figura que conheço bastante — há 11 anos, para ser específico — sentada no sofá de couro e virando um desses copinhos de vodca. Há um amontoado de gente em volta, gritando coisas do tipo “Vira! Vira! Vira!” e “Vai, Fields!” para minha estimada amiga. Assim que ela toma todo o líquido e põe o copinho na mesa de centro, todos fazem urros bem altos, e a atenção da garota se vira para mim.

— Raven Fields? É você mesma?

— Em carne, osso e sangue misturado com álcool — ela pula em cima de mim e eu quase caio para trás, mas consigo envolvê-la num abraço — o que faz por aqui, Danico?

— Eu é que pergunto! O que você faz aqui?

— Lembra do Gray, a minha paquera virtual? — Aceno com a cabeça em sinal de concordância depois de nos separarmos do abraço — Ele disse que viria aqui hoje e queria me encontrar!

— E você já o encontrou?

— Definitivamente, sim — uma voz masculina surge por trás de Raven, e dois braços relativamente musculosos envolvem sua cintura. Percebo que os punhos de suas mãos estão inchados, bem como alguns cortes claramente remediados com Merthiolate - e muito mal remediados, porque eu não sei se aquilo era pra ser laranja daquela forma ou não.

Mas, caralho. O mundo é pequeno demais!

— Kian… Gray? Você, que mais enfrentava essa cabeça dura na van, é o boy magia da minha amiga? — Indago, surpreso ao me tocar de que era ele o tempo todo.

— Bom te ver também, Boone — sua cabeça se encaixa perfeitamente no ombro da Fields — surpreso?

— Estaria mentindo se dissesse que não! Mas… vocês tem uma coisa agora ou…?

— A gente decidiu tentar — diz Raven — não valeria a pena só saber quem é quem, então vamos aprofundar mais essa nossa… coisa.

— Boa sorte aos pombinhos, então. De verdade — esboço um sorriso fraco no rosto.

Eu quero estar feliz por Kian e Raven. Pra valer. Eu quero mesmo. Mas aí eu lembro que nem tão cedo desfrutarei da felicidade que esses dois estão esbanjando agora, e é tudo por causa do que houve na noite passada. A memória de Ellis não me reconhecendo mais como filho digno de seu amor e sua confiança ainda me machuca por dentro. Desde então, me pergunto se um dia serei feliz do jeito que penso que serei.

— Daniel, eu trouxe isso aqui pra ver se te ajuda a relaxar — Klaus aparece ao meu lado com dois copos nas mãos.

Deduzo que um seja para ele e outro para mim, então apenas pego um deles e despejo todo o seu conteúdo na minha boca sem pensar duas vezes e sem analisar primeiro o tipo da bebida.

— O que deu em você? — Pergunta o jovem Gray — Nem parece o garoto mais inocente do transporte escolar que não sentia a mínima necessidade de ficar bêbado…

— Isso foi até ontem, Kian — respondo, ao terminar de engolir o que reconheço ser cerveja — as coisas mudaram drasticamente, e eu só quero esquecer por um momento que eu fodi com a minha vida e com a família Marin-Boone todinha. E, Klaus — viro-me para o próprio — eu sei que te pedi para me controlar na hora de beber, mas eu meio que preciso me libertar da dor por algumas horas. Então, só…

— Pode deixar — ele põe sua mão em meu ombro. De novo — eu vou ficar de olho em você.

.::.

Tudo bem. Eu não aguentei muito. Três copos de bebida e eu já estava à procura do banheiro mais próximo para vomitar tudo o que eu havia posto para dentro do estômago. Eu havia deixado Kian e Raven para trás nessa jornada, e quando finalmente encontrara o que eu queria, tranquei a porta, abri a tampa do vaso sanitário e botei pra fora o que me incomodava por dentro. E não, no momento isso não é uma metáfora para toda aquela angústia que relatei antes; é só a bebida que me faz jogar não só o álcool como também o jantar de horas atrás.

Consigo ouvir o barulho do aparelho de som do lado de fora do banheiro reproduzindo “Flawless”, da Beyoncé com Nicki Minaj — QUE HINOOOOO.gif — quando dou a descarga no sanitário e me sento no chão do cômodo, apertando minhas pernas contra mim mesmo. Inspiro e expiro calmamente algumas vezes até alguém bater à porta.

— Tem gente se pegando aí? — Felizmente confio naquela voz para respondê-la.

— Não, sou só eu relaxando — levanto-me para abrir a porta, e assim que o faço, Klaus Furler me empurra para o lado e abre a tampa do vaso, também vomitando assim como eu fizera pouco antes — uau, você também?

Ele não responde. Claro, seu idiota, com um monte de nojeira passando por aquela boca, você ainda pensa que ele tem espaço pra falar? Faço menção de deixá-lo sozinho ali, porém ele acaba voltando a falar antes que eu ponha o pé para fora.

— Entre e feche a porta.

Com um receio do tamanho da Rússia, faço o que Klaus pedira. Deslizo minhas costas na madeira até sentar no chão frio e coberto de piso de cerâmica. Espero-o terminar de fazer aquela necessidade e dar a descarga, fechando a tampa do vaso e indo se sentar ao meu lado em seguida. Ele apenas me encara, como se não tivesse nada melhor para fazer do que olhar meu rosto por toda a eternidade. Por um momento sinto medo de seu olhar, porque nunca o notei me olhar dessa forma antes.

É estranho quando você é um garoto e tem outro garoto te encarando como se você fosse a melhor coisa da vida dele. É mais estranho quando você se assumiu homossexual para as pessoas mais importantes da sua vida 24 horas antes e esse garoto continua te encarando como se não fosse problema. É ainda mais estranho quando esse cara é amigo do cara que se fingiu de apaixonado por você por anos e te chutou aos 45 minutos do segundo tempo em troca de um par de peitos, e esse amigo na verdade nunca pareceu se importar tanto com você. Até agora.

— Por que estamos fazendo isso? — Meus lábios soltam antes de minha mente processar a pergunta.

— Isso o quê?

— Isso — aponto para mim, depois para ele — estamos aqui, cuidando um do outro para não bebermos demais numa noite de festa que pra mim não faz diferença, enquanto você me olha como se quisesse casar comigo e eu só estou te olhando porque, na real, eu quero ir embora e minha carona é você, sendo que até ontem você era só o amigo do cara que quebrou meu coração e hoje você me beijou pra me convencer a vir a esse lugar cheio de gente fumando maconha em um canto, se pegando em outro e outra pilha de gente fingindo que se importa comigo. Por que estamos assim, aqui e agora?

— É uma pergunta interessante — seu olhar se perde em alguma coisa na pia do banheiro — e a minha resposta é: eu não sei. As coisas aconteceram rápido demais, Daniel. Precisa-se processar esses acontecimentos antes de revidá-los. Felizmente, ainda estamos na parte de tentar entender o que está havendo.

— Esse é o problema. Eu não sei o que está havendo! — Minhas pernas, que antes estavam apertadas contra meu tórax, agora estão esparramadas no chão — Tudo se tornou imprevisível demais desde ontem. Eu tinha tudo sob controle. Eu só tinha que superar o Shawn de vez e esconder minha sexualidade da minha família até eu sair para a faculdade. Aí veio a avalanche de imprevistos, e eu me assumi pra todo mundo, perdi o apoio da minha mãe, meu pai pediu o divórcio dela, eu quase bebi a garrafa sagrada do meu tio e você me beijou só pra eu vir aqui nessa festa sem sentido, sozinho e bebendo alguma coisa estranha para esquecer justamente todos os fatos que se seguiram após o Shawn falar comigo ontem e-— a mão de Klaus tapa a minha boca antes que eu termine o longo período. Fico irritado e tiro-a dali — o que foi agora?

— Tem alguém atrás da porta — seu sussurro seria quase inaudível se eu não estivesse tão perto de seu rosto agora — não diga mais nada.

Afasto-me da madeira num movimento repentino e ele abre a porta com a mesma rapidez, e eu noto que não havia ninguém ali de fato. Reviro os olhos ao lembrar que ele interrompeu meu discurso (gente, isso não se faz!) enquanto o empurro para fora do banheiro e também saio dali. O cheiro de sexo, álcool e drogas continua se fazendo presente pelo andar de cima da casa, e algumas portas do corredor já se encontram fechadas. É, pelo jeito algumas pessoas vão acordar amanhã sem saber como andar.

— Então não tinha ninguém — digo, ao notar que ele olhara para os lados em busca de quem quer que fosse o bisbilhoteiro de conversas.

— Deve ter escapado num estalar de dedos — ele sorri de lado, e sinto dois tomates se formarem em meu rosto.

Mas o que diabos está havendo comigo?

E o que diabos Klaus Furler está fazendo agora?

Sinto minhas costas se chocarem contra a parede do corredor dos quartos. O quadril dele está perfeitamente encaixado no meu; suas mãos parecem se encontrar em perfeita sintonia com meu tórax, que sobe e desce conforme os movimentos de meus pulmões, e sua boca distribui beijos por meu pescoço como se tudo o que ele quer seja apenas essa região de meu corpo.

— P-por quê d-do nada v-você — droga, por que eu tenho de gaguejar logo agora? — me quer?

— Daniel, quando eu te beijei naquela hora, não foi pra te convencer a vir. Foi porque eu quis te beijar e provar que posso ser melhor que aquele filhinho de papai — ele diz, pausando sua sessão de beijos em meu pescoço para me encarar seriamente — e você sabe que eu não estou tão bêbado.

— É, eu sei. Você só bebeu um copo e ainda vomitou depois — rio em seguida, fazendo-o rir também com meu comentário, só que ele apoiou sua cabeça em meu ombro. Eu nunca fui tão seduzido por esse garoto em uma noite — mas eu não entendo porque você não me contou antes…

— Ele estava no meu caminho sempre. Você nunca percebeu?

— Eu estava cego pelo joguinho dele, e você, mais do que todo mundo, deve ter notado isso tanto quanto eu — nem sei como estou mantendo a seriedade em minha expressão facial, mas tudo bem — desculpe não ter percebido sua atenção em mim antes, e DÁ PRA PARAR DE APERTAR MEU QUADRIL?

— Por quê? — Como se não tivesse ouvido o que acabei de dizer, ele me prende ainda mais na parede — Não gosta? Desculpa, eu não sei por que pensei que isso poderia acontecer...

— Não… não quero… não quero que você pare — minha língua já está dizendo coisas antes do meu cérebro avaliar — só não quero que me machuque. Dá pra me entender? Seu cérebro ainda tem coordenação motora o suficiente?

— Claro, claro, tudo bem — ele se afasta o suficiente para me deixar respirar.

E então eu o encaro. Céus, Klaus Donald Furler é tão lindo. Tão quente. Eu poderia ficar com esse cara pelo resto da minha vida sem me preocupar com mais ninguém. Parece algo fácil de se perceber, mas depois que você entra numa história tóxica como a que eu vivo desde 2014, encontrar alguém que me faça sentir isso é um desafio quase que mortal. Eu não o conheço bem, até porque nunca fomos tão próximos.

Eu sei. Gostar dele assim, do nada, e deixar esse sentimento me invadir como um tsunami pode não ser saudável. Minha experiência passada meio que é semelhante, já que eu saí destruído de todas as formas. Mas eu sinto essa atração. Algo nele me atrai, me puxa para perto de seu corpo, como um íma. Algo no seu jeito de falar me faz querer não deixar de ouvir sua voz. Algo nas suas palavras causa efeitos incontroláveis em minha mente. Quero deixar claro que isso aqui não é sobre ele ser melhor que Shawn Graham Hans ou não, porque cada pessoa tem suas peculiaridades. Apenas é uma coincidência que as características de Shawn sejam destrutivas, e as de Klaus sejam construtivas. É como as interferências no campo da física. Existe a construtiva e a destrutiva. Nem precisamos de mais um parágrafo para discutir quem é bom e quem é ruim, certo? Certo.

Eu não sei de muita coisa sobre o Furler à minha frente. Eu não sei que tipo de comida ele odeia. Eu não sei o que ele gosta de fazer quando ninguém está olhando. Eu não sei qual a sua matéria favorita na escola. Eu não sei de seus medos e suas qualidades. Eu não sei se ele já amou alguém na vida. Mas, no momento, só sei de duas coisas. Coisa número 1: ele não quer machucar a mim ou meus sentimentos, e já deixou isso bem claro duas ou três vezes. Coisa número 2: eu quero conhecê-lo de verdade, quero abraçá-lo, quero sentir seus lábios, seus braços envolvendo meu corpo, sua voz cochichando em meu ouvido… eu o quero perto de mim como nunca quis ninguém antes. Parece ser apenas um desejo carnal? Parece. Mas eu preciso tentar.

Então, sem pensar duas vezes, quebro o espaço entre nós e o beijo. Minhas mãos bobas vão de encontro ao seu pescoço — fazer o quê? “Não posso conter minhas mãos”, já dizia Selena Gomez — ao passo que as suas se concentram em minha cintura. O gosto de seus lábios nunca me atraíra tanto como agora. Nem mesmo no beijo de horas atrás, a intensidade fora dessa forma. Realmente há uma energia diferente agora enquanto aprecio a extensão de sua boca com a minha língua e… e esse parágrafo é quase erótico de tanto eu tentar descrever um fodendo beijo. Até que finalmente nos separamos e encostamos nossas testas uma na outra.

Sua felicidade é visível. Eu aqui achando que ele não poderia abrir um sorriso maior que aquele feito lá no apê do meu tio… estava completamente errado. Seus olhos emanam um brilho que eu nunca havia visto antes. Suas mãos, que outrora apertavam minha cintura, agora rodeiam minhas costas.

Isso me lembra da vez que o Peter Zaslavski chegou em mim e perguntou: “Daniel, por que a gente fala “costas” se só temos uma no corpo?” Foi uma pergunta válida. Tão válida que até hoje não consigo respondê-la. Talvez o pai do garoto à minha frente saiba a resposta, já que este acaba de explorar essa região do meu corpo muito bem.

De novo, o que merdas está havendo comigo hoje?

Nosso momento é interrompido por palmas batidas entre espaços de tempo mais longos que o usual. Meu sorriso esmorece ao olhar para o lado esquerdo e ver quem é o autor dos aplausos dramáticos que está a nos observar agora. E ele não está sozinho. Tem duas garotas ao seu lado direito e um menino do lado inverso, que reconheço ser Jared Trevisan. (Jared também é um daqueles personagens irrelevantes que aparecem na história só pra dizer “hey, eu existo!”, assim como a Boa Sorte, Charlie. A grande diferença entre Jared e Charlotte é que eu tenho motivos para odiar esta última mais do que tenho para odiar o Trevisan. Felizmente ele é só um idiota.)

— Bonito… que bonito, hein — Shawn Graham Hans interrompe o movimento de suas mãos. A ironia estampada em seu rosto poderia ser notada lá do Brasil — que cena mais linda! Será que eu estou atrapalhando o casalzinho aí?


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Notas finais do capítulo

E é com esse meme da música 50 Reais (que não havia sido lançada em 16 de abril de 2016 ainda, mas SHHH TEM VÁRIAS OUTRAS INCONSISTÊNCIAS NA FIC) que encerro "Here". Não tenho o que dizer, quero deixar para vocês a capacidade de falarem alguma coisa sobre esse capítulo. O que vocês acharam dos acontecimentos? Foi tudo muito rápido ou já estava demorando até demais? O que vocês acham que vai rolar logo depois desse plot twist no final do episódio? FOI MUITO TIRO, PORRADA E BOMBA, EU SEI MUAHAHAHA!
PS. Klaniel é o nome do shipp, pra quem procura.
PS². O próximo episódio se chamará "Smooth Criminal" e FINALMENTE NOS DIRÁ QUEM METEU A FACA *O*



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