The five dreams escrita por Yasmin


Capítulo 20
Capítulo 20 - Enjaulado


Notas iniciais do capítulo

Oi, lindonas, voltei!
Boa leitura!
Estamos nos capítulos finais!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/669531/chapter/20

━━━━━━ • ✿ • ━━━━━━

— Está pronta? — Perguntou, Peeta antes de fechar a porta da picape e dar meia volta e chegar no banco do motorista, enquanto, eu tentava distrair Tommy que respirava pesadamente, possivelmente tentando suportar a dor que os ferimentos em sua cabeça estavam causando.  — Se abaixe — Ele pede enquanto dá a ré no carro, mas não saímos do lugar.

— O que foi? — Peeta afunda o pé no acelerador, no entanto, continuamos imóveis, olho para trás, e através do vidro traseiro avisto respingos de lama sendo lançados no ar. — Não diga que essa lata velha não funciona? — Perguntei preocupada.

            — As rodas devem estar atoladas, vou precisar empurrar, assume a direção — Ele sai ligeiro, então, ocupei seu lugar, no mesmo momento em ele empurrava, coloquei o pé no acelerador, o que me preocupou, pois, o motor rangeu alto, me fazendo temer que o barulho chamasse atenção de alguém, isso aconteceu, arregalei meus olhos, quando avistei um homem com porte de um armário se aproximar. 

— O que está acontecendo aí? — Antes que ele se aproximasse o suficiente para ver Tommy no banco traseiro do carro, de Peeta o levou para a parte traseira da picape, e como havia adesivos nas janelas, ele não conseguia ver Tommy.

— Nosso carro atolou, agradeço se puder me ajudar.

O homem não se opõe, mas de qualquer forma corremos risco de sermos surpreendido, Peeta sabe disso, assim aproveita a ajuda com agilidade, com uma força a mais, o carro sai do lugar, Peeta recompensa o homem dando-lhe uma generosa nota de cem dólares, isso o distraiu, nem percebeu quando Peeta entrou no carro e eu, acelerei e alcancei o asfalto que me levará de volta à cidade.

— E agora? — Eu perguntei, sem saber para onde devíamos seguir.

— Até chegarmos a praia o dono do carro já terá denunciado o roubo do carro, corremos o risco de sermos surpreendidos na rodovia, então acho melhor ficar por aqui.

Eu não havia pensado nisso, quando tive mirabolante ideia tudo pareceu perfeito, porém agora ele vem com essa parte burocrática que odeio tanto. Paro próximo uma praça para pensar e trocar de bancos, ele assume a direção, pois conhece a cidade, eu não saberia para onde ir caso haja alguma urgência, preciso que esteja no comando. 

— Para onde vamos? — Indago quando dá a partida no carro

 — Eu tenho um lugar.

 — Quem mora aqui? — Interroguei assim que estacionou em frente a guarita de um prédio, se identificou, um dos porteiros concedeu a passagem e Peeta dirigiu até a garagem que ficava no subsolo.

— Morei aqui por um tempo. — Ele retirou o cinto de segurança e deferiu um solavanco na maçaneta capenga que dificultava abrir a porta.

— Parece aconchegante. — Observei, fiscalizando Tommy.

Peeta foi o primeiro a descer do carro, chamou o elevador de serviço e colocou o carrinho de compras entre o vão da porta impedindo-a de fechar.

Foi difícil tirar Tommy do carro, Peeta teve de carrega-lo, isso manchou sua camisa, então assim que entramos no apartamento, pedi que fosse se lavar.

Enquanto ele fazia isso, eu aferia a gravidade dos ferimentos na cabeça de Tommy, os cortes eram profundos, e estavam bem inflamados. Fiquei um bom tempo higienizando, depois saturando os mais profundos, e estancando o sangramento dos cortes superficiais ocasionados pelas chibatas.

 Quando pensei que estava finalizando, Tommy, gemeu como uma criança ao sentir minha mão tocando a região das costelas, um sangue grosso ensopou meus dedos e pude sentir carne viva que estava camuflada entre a pelagem negra que lhe cobria o corpo, o gosto da bile invadiu a minha boca e mais uma vez abusei da boa vontade de Peeta, implorando que ele saísse a procura de remédios para dor.

— Ele vai ficar bem — Peeta me conduziu até o quarto mostrando aonde poderia me lavar, assim que finalizei os cuidados em Tommy.

Antes que eu pudesse agradece-lo, ele segurou meu rosto, capturou meus lábios e me beijou com carinho e devoção.

━━━━━━ • ✿ • ━━━━━━

Amassei três comprimidos de analgésicos e ministrei em Tommy, assim ele dormiu um pouco. Não foi difícil, estava bem fraco, não encontrou forças para resisti a amargura do remédio.

Os minutos se passam rapidamente, e Tommy continua apagado no tapete branco da sala, efeito dos analgésicos.

Enquanto isso, aproveitei para me lavar, no quarto tinha várias coisas de Peeta, e me irritei quando encontrei shampoo, um arsenal de objetos femininos no armário do banheiro, depois ele terá de me explicar, já que agora, o motivo da minha inquietação é sua demora.

 Saio do banheiro, e me enxugo rapidamente, coloco a mesma calça jeans que estava no meu corpo, no entanto, minha blusa havia respingos de sangue, impossível reutiliza-la, assim vasculho o guarda roupa do quarto e pego uma camisa de Peeta, parece que está guardada há muito tempo, pois o cheiro é de roupa enfiada no fundo do closet há tempos.

Estava passando a gola da camisa quando escutei o som de algo se quebrando, corri na esperança de Peeta ter retornado, no entanto, encontro Tommy se equilibrando na cadeira, enquanto tentava alcançar uma caixa de cereais escondida no fundo dispensa.

— Ei, seu ladrãozinho de comida. — Me aproximei retirando o pacote de sua mão, e vi pela primeira sorrindo, como uma criança travessa que foi surpreendida fazendo a alguma traquinagem.

Tommy é um Chimpanzé de porte médio, não sei precisar sua idade, mas recordo-me bem de uma aula de campo que fizemos em um santuário de animais selvagens que foram recuperados de circos, zoológicos, até mesmo residências onde eram maltratados.

  Na floresta estima-se que um chimpanzé viva, no máximo, 35 anos, especialmente nas últimas décadas, com as ameaças que ele sofre de caçadores, traficantes, madeireiros e mineradores, que limpam a área onde atuam. Além da ameaça humana, que reduziu a população em vida livre a metade em poucos anos, os perigos que a selva oferece são imensos, e os inimigos, desde pequenos insetos a predadores grandes, são muitos. Daí que os chimpanzés tenham que dormir no incômodo dos topos de árvores, em um ninho que fazem cada dia, em lugares diferentes. Essa é uma forma de sobrevivência.

Quando os chimpanzés vivem em cativeiro, a situação muda, porém não tanto como deveria. Em zoológicos, devido ao stress gerado anos a fio, com o assédio do público, em pequenos recintos, sem possibilidade de exercitar-se e de conviver harmonicamente num grupo, a expectativa de vida se reduz drasticamente. Se a selva é um lugar perigoso para viver, os zoológicos são mais ainda, circos então, são na grande maioria um abatedouro de animais. A doença humana se transmite de infinitas formas, devido ao contato próximo, e a mente desequilibrada gera perturbações e automutilações que terminam decepando as vidas.

Tenho certeza parte dos ferimentos de Tommy, não são tão somente causados pelos monstros que o aprisionavam, inúmeras delas, foram causadas por ele mesmo. Era a forma que ele encontrou para sobrepor sua dor, porque não há dor maior que aquelas que carregamos no peito, e, Tommy, sentia isso, se Peeta e, nós não tivéssemos o resgatado, não viveria por muito tempo, não é à toa que os primatas são a nossa semelhança, muitos agem como humanos, não totalmente, é claro, mas eles possuem, uma boa porcentagem perceptiva de um humano.

— Vem aqui, eu te dou — ajudo ele a descer, enquanto se distrai tentando capturar alguns fios do meu cabelo que estavam soltos. — Está bom? — Ele se sentou no meio do sofá, enquanto capturava com os dedos ligeiros os flocos açucarados que coloquei em uma travessa.

Enquanto ele se alimenta, voltei a policiar o relógio que tinha na parede da sala.

 Voltei a pensar em Peeta, adivinhar o motivo de sua demora, meu celular havia ficado no carro dele, e o telefone fixo que possui no apartamento está sem linha, não me restando outra alternativa, senão me preocupar e esperar, e isso me afligia.

 E se aconteceu algo ao tentar se livrar do carro, e, se o carro possui alguma espécie de rastreador, e o proprietário é um desses caipiras que andam armados, e adoram fazer justiça com as próprias mãos, por que não pensei nisso antes de ter essa brilhante ideia?

“Roubar o chimpanzé do circo e colocar a vida de Peeta em perigo”

Eu sou sempre impulsiva demais, nunca aprendo, não vou me perdoar se algo acontecido à ele.

Os olhos de Tommy acompanham meu andar nervoso de um lado para o outro da sala, já estava decidida a descer e chamar a polícia, ou qualquer outro meio de resgate quando ouvi o barulho de chaves e avistei a maçaneta dourada girar, anunciando sua chegada.

— Peeta !!!! — Gritei de alivio ao vê-lo inteiro em minha frente.

— Isso é saudade? — Ele diz rente ao meu ouvido, já que a essa atura estou presa a ele em um abraço desesperado.

— Eu pensei que estivesse morto, decapitado, enterrado, estrangulado, aprisionado. — A àquela altura, minha mente já havia pensando naquelas hipóteses e muitas outras. — Por que demorou?  

Se antes Peeta me achava maluca, com certeza hoje teve a prova concreta que sou uma débil mental, incita-lo a roubar um macaco e depois um carro, agora narro em voz alta e, em meio ao choro as formas mais dolorosas que alguém pode morrer.

— Por que não se acalma? — Ele deixa as sacolas que segurava no chão e me leva para o sofá onde Tommy assistia o meu show — Vejo que o garotão está bem melhor. — passas as mãos na têmpora de Tommy que retribui o carinho com um sorriso gigantesco e amarelo.

— Cuidei das feridas com o pouco de primeiros socorros que você tinha no banheiro, mas ele precisa de um olhar clínico — Comecei a explicar, no entanto eu mal conseguia controlar meus soluços, mas estava envergonhada demais para tentar encara-lo.

— Eiiiii — seus dedos vigorosos seguraram meu maxilar alinhando minha face para que ela encara-se a imensidão azul que me fitava. — Eu fiquei sem bateria. — Começa a justificar o motivo sua demora — E tive uma ideia que não foi muito inteligente — ele conta.

— Como assim?

— Voltei ao circo, queria devolver a caminhonete ao dono, no entanto, nas proximidades já haviam dezenas de viaturas de polícia, eles já deram conta do sumiço de Tommy e falta da caminhonete, nós só não pensamos em uma coisa — Ele faz suspense — O meu carro, assim que o local estiver vazio, darão conta do audi abandonado no pátio e aí será só uma questão de tempo para identificar os arruaceiros que roubam um macaco e uma caminhonete que não custa mais de duas pratas. — Ele havia se levantando, buscou as sacolas do chão e levou para o balcão que ele possui no meio da cozinha — Que tal fazermos uma refeição antes de sermos presos? — Finaliza com naturalidade, retirando os ingredientes da sacola plástica, depositando-os depois em cima da pia.  — Ou se, você, quiser voltar para casa, ainda dá tempo, se salve, me deixe aqui, eu pago pelo crime que cometemos, Srtª Encrenca Everdeen!

— Você não está falando sério, está?

— Que vamos ser presos ou que autorizei você a fugir?  — Um sorriso que antes não estava ali, agora, ornamentava seus lábios, isso faz que o nervosismo que eu sentia se afugentasse instantaneamente do meu corpo e de minha mente.

— É muito gentil de sua parte tentar livrar minha cara, mas, a polícia precisa saber que você não passa de um cumplice, que, eu sou a mentora do crime. — Marchei para perto dele e alcancei, uma das sacolas que ele ainda não havia revirado — Para um fugitivo, até que você teve bastante tempo para ir as compras — Observei ao ver a farta mercadoria que ele trouxera do supermercado. — Qual será o cardápio, sabe cozinhar?

— Sei cozinhar, assim como sei cometer um crime com total planejamento e habilidade para que nenhuma evidência seja deixada e o culpado não poder ser encontrado — riu de si mesmo. — Na verdade, eu precisei enrolar no supermercado, até as ruas se acalmarem um pouco, assim enchi o carrinho de comida, o bom, é, que possuímos estoque para os nossos dias como prisioneiros. Mas, podemos cozinhar juntos, enquanto, pensamos no que faremos dentro de uma cela, só eu e você. ... — falou passando o nariz pelo meu pescoço, até ficar próximo o suficiente de minha boca para capturar um beijo doce e envolvente que fez meu sangue fervilhar, se não fosse Tommy, estaríamos sem roupa o suficiente para nos amar aqui e agora, no entanto Tommy nos interrompeu, cambaleando, deixei Peeta cuidando do restante das compras e voltei a cuidar do meu paciente.

━━━━━━ • ✿ • ━━━━━━

Acordei com o som da televisão as gripas, remexi e abri meus olhos procurando alguém no quarto, eu não estava sozinha, Tommy segurava o controle da televisão acoplada em um suporte de parede.

Tommy e alternava os canais rapidamente, sorriu quando percebeu que havia acordado e se aconchegou no colchão de solteiro que Peeta havia colocou no chão para que ele dormisse com a gente.

Ainda deitada, estiquei meu braço para alcançar o controle que ele abandonou em cima do colchão e diminui o volume, mas, a imagem do circo onde Tommy vivia dominou a tela e o repórter de um programa matinal anunciou sobre o sequestro do Chimpanzé, o furto da caminhonete e por fim, sobre o veículo em nome das montadoras da família de Peeta que foi abandonado no pátio daquele abatedouro que chamam de picadeiro.

 O rapaz que tem uma cabeleira ruiva e trajava um terno acinzentado, desatinou a falar sobre a empresa Mellark.

As montadoras Mellarks estão no mercado a mais de um século, ela fora fundada por Jorge Mellark, no ano de .... e blá blá blá. Desde então, a empresa tem sido administrada pelos herdeiros vivos, atualmente é administrada pôr Richard Mellark, no entanto, nos últimos anos, após a tragédia que levou a herdeira da família, a empresa perdeu parte do valor de mercado, e hoje enfrenta um delicado processo de recuperação judicial. Mas, o que podemos esperar de herdeiros que roubam caminhonete e macacos de um circo?

O repórter debochou e, logo em seguida a foto de Peeta estampou a tela do programa idiota de fofoca.

Taciturna, desliguei a TV, e, senti o ar sumir dos meus pulmões, Peeta estava irremediavelmente encrencado, por minha culpa, eu tinha que me mexer, não podia ficar deitada esperando como ele pediu durante a noite.

— Peeta! — Saí a sua procura pelo apartamento, abri algumas portas tentando encontra-los, o local era imenso, parecia ser um apartamento por andar, coisa  de gente muito rica, quando indaguei sobre os pertences femininos que  encontrei  no armário do banheiro, disse que era da ex-namorada maluca e a primeira coisa que eu fiz  foi embrulhar   tudo em um saco preto que encontrei na cozinha  e pedi que ele despachasse as bugigangas para China ou ele  virar um presidiário seria a melhor coisa que poderia acontecer com ele naquele momento. — Peeta! — Abri a última, porta do corredor e o encontrei na companhia de cato e mais um rapaz que não conheço.

— Oi, entra — ele caminhou até mim, e beijou carinhosamente minha testa.

Percebi que ele já havia se arrumado, estava impecável, quase me perdi no azul que seus olhos reluziam durante as primeiras horas do dia. Enquanto eu, estava usando as roupas do dia anterior e meu cabelo possivelmente, estava parecendo um balaio de gato, já que, nem para usar um shampoo descente, o ser chamado Beatrice conseguia fazer.

Dessa forma, feito um espantalho, ele me apresentou para o rapaz desconhecido, se chama Finnick, é um amigo e o advogado de confiança da família, estava ali para nos conduzir até o centro de polícia de Raleigh. 

— Precisamos ir, o delegado está a nossa espera, você, vai ficar lá até o juiz definir o valor da fiança — Ele hesitou — Depois disso responderá ao processo em liberdade. — O advogado explicou, assim que Peeta terminou de assinar uns papéis.

— E eu? — indaguei quando, percebi que toda aquela instrução era direcionada apenas a Peeta.

Peeta e o advogado se olharam e Cato sussurrou algo que não entendi.

— Finnick acha melhor você ficar aqui — Peeta se aproximou de mim — Se você se entregar, se fizer isso, levarão Tommy direto para o circo, quer isso? — Quando eu abri boca para objetar essa ideia descabida e injusta, ele partiu para esses argumentos, sabia que usando a situação de Tommy, eu não faria nenhuma birra ou insistiria para me entregar com ele.

— Mas, e você?

— É para isso que eu pago um bom advogado, sairei de lá em algumas horas. — Sorriu tentando me convencer que estava tudo certo. Quase conseguiu. Quase, mas o escândalo envolvendo o nome e empresa de sua família era algo sério e eu não conseguia deixar de me preocupar, principalmente com o pai dele pensaria disso, sei que a relação entre os dois é bem frágil então não quero rompe-la.

— Peeta!!! — Tentei fazer que ele muda-se de ideia, porém, ele me deteve com um beijo “cala boca” daqueles que não devemos protagonizar diante de outras pessoas, principalmente de um irmão como o dele.

— Você vai ficar atrás das grades só por algumas horas — Gritou Cato saindo pela porta, e de soslaio, notei Finnick saindo logo em seguida.

— Cato levará você e Tommy para minha casa, me espere lá, Finnick também tomará as providencias com relação a Tommy e os outros animais, não tente fazer nada, ok? — ele avisa, e faz eu prometer que o esperarei em sua casa, faço isso, com muita dificuldade, digo que o esperarei de braços cruzados. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The five dreams" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.