Dia 4 - Primeiro Amor a gente nunca esquece!

   Ah! Que noite linda! Parece que os Ludes iluminaram as ruas mais cedo. Essa tarde, enquanto eu andava entre as alamedas próximas ao cemitério, lembrei-me dela. Uma moça linda e misteriosa de poucas palavras. Algumas árvores balançavam suas folhas lentamente, as árvores se estendiam até o fundo da rua, e próxima dela, uma praia. Aquele pôr-do-sol fez me lembrar dela. É ela! Ame para sempre, o amor é livre, para sempre, eu e você. (...)  Credo, que coisa romântica... Vamos voltar ao dia em que eu a encontrei pela primeira vez.

   Na época, eu era um cara alto, forte, boa-pinta, estiloso, engraçado, bondoso, entre várias outras qualidades, (Principalmente humilde, né?) Estou brincando, são os membros de minha guild que seriam capazes de dizer se eu realmente era tudo isso, o que acho bem difícil.

   Mas que minhas vestimentas eram lindas, não posso negar! Eu utilizava uma roupa negra, como a tinta que escorre do jarro de um Dark Snake Lord e com detalhes brancos que reluziam como a armadura do grande Lord of Death, eu vestia um belo par de Óculos escuros que davam uma aparência tão macabra como a de Drake, o corsário. Minhas sabres eram tão afiadas quanta a espada de um Doppelganger, e minha armadura era tão dura quanto a escama de um Detardeurus.

   Eu atraia uma atenção decente, mas os grandes nomes de minha época eram bem mais chamativos. Rebolation, Bonaparte, Bolter, Dry Bones, Freeze Feet e General Defense, esses eram os nomes mais conhecidos de minha época assim como os melhores guerreiros. Eu não passava de um simples guerreiro. Aquele dia era muito parecido com o que estava hoje. Um sol bem fraco, timidamente escondendo-se por trás das espessas nuvens cinzentos, e eu jazia sentado no banco de uma praça quando ela aproximou-se de mim e sentou-se ao meu lado; virando-se e revelando um sorriso tão lindo quanto a lua.

   Era algo realmente estranho, não comum mulheres virem puxar assunto. Normalmente as guerreiras de Rune Midgard são mais fortes que muitos homems. Aquela moça era realmente muito atraente, uma Thief que parecia tão delicada quanto uma flor.

   — Meu nome é Mihogiranna J-Hay, mas pode me chamar de Miho! Será que o senhor poderia me ajudar a ir para o lendário Thanatos Castle? Preciso de acompanhantes.  — disse ela em um tom meigo.

   A propósito, mas que nome lindo o dela, não? E ela chamou-me de senhor... Eu estou tão velho assim? E isso já fazem anos!

   — Sim, irei ajudá-la como puder minha princesa! — respondi, tentando ser cavalheiro. Meu Deus, tem coisa que a gente não queria lembrar...

   Ela sorriu, e corou, logo fomos juntos à Thanatos Tower. Uma kafra próxima de lá podia levar-nos com facilidade. Mas o difícil não era ir chegar na torre, e sim entrar. Já estávamos a um tempo conversando, e quando chegamos ela segurou forte em minha mão e disse:

   — Então, meu poderoso guerreiro, podemos entrar?

   — Podemos sim, é só você entrar.

   — Como assim, é só você entrar? Eu não sei entrar! Eu pensei que você soubesse os segredos da torre.

   — Então, por qual motivo chamaste-me?

   — Pensei que você sabia entrar! Maldição, perdi meu tempo de novo, vou ter que procurar outro lerdo pra tentar entrar na torre...

   Ela saiu de lá furiosa. Fiquei um pouco confuso no momento, e em seguida fui procurar por Steal, ele disse-me que Miho era uma típica mulher que se aproveitava dos homens fortes para protegê-la, e em seguida entrar em dungeons de difícil acesso e conseguir itens raros.

   Não importa o que diziam sobre ela, ainda era minha Miho! Ouvi dizer que ela até encontrou sua grande Thanatos Card, e que um dia desses, não conseguiu mais voltar do labirinto e acabou trocando a carta por uma Butterfly Wing que permitia o retorno à cidade. Ela foi meu primeiro amor. Aquele dia em que a conheci foi muito bom, ela era muito divertida e simpática, pena que eu acabei perdendo minha carteira e algumas coisas raras, mas a saudade dela sempre bate batia.

   Hoje, enquanto eu estava sentado a observar o pôr-do-sol na praia, solitário como sempre, uma moça fantasma veio conversar comigo. Ela já havia morrido a um longo tempo. afogada por causa de uma tempestade. Ela sentou-se do meu lado dizendo que eu parecia desanimado, e isso foi o suficiente para melhorar minha saudade de alguém. Não cheguei a peguntar seu nome mas acho que não havia necessidade. Ela era tão doce, me lembrava de Miho. A primeira pessoa, (Ou melhor, fantasma) que conheci nesse monótono cemitério.

   O Primeiro amor a gente nunca esquece! Miho era tão... tão... Não me lembro.