It's my party escrita por Camila Reis


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

OIEEEEE! Aqui estou MAIS UMA VEZ com uma one inspirada em uma música ♥ Melanie Martinez ♥
Boa leitura :3



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- Então você virá mesmo, Amanda? - Perguntei, pulando de alegria.

- Claro more! Como eu poderia faltar ao super aniversário da minha BFF? Prometo estar aí bem cedo!

- Own, obrigada, sua fofa! Esperarei você amanhã! Beijinhos! - Sorri ao desligar o celular e peguei a listinha que montei dos convidados. - Amanda...Confirmado! Agora é entregar os convites para alguns alunos na classe e outros do oitavo ano... - Falei, riscando o nome de Amanda e pegando os outros convites.

- Juliana, querida? Já está na hora da escola! - Era a empregada, chamando-me.

- Já vou! - Bufei, guardando os convites na mochila com pressa e saindo do quarto.

♥ ♥ ♥

A aula começou, chata como sempre, e no intervalo terminei de entregar os convites para todos os meus colegas populares. Amanda me ajudou a entregar todos e no fim entreguei um especialmente à ela.

Estava indo até os garotos e garotas do oitavo ano quando uma garota parou na minha frente:

- Parabéns Juliana! - Era Andressa, uma idiota qualquer - Você é a mais velha da sala agora! Eu soube que irá fazer uma festa... - Começou ela, sem graça.

- Sim, mas a festa é apenas para os populares, o que exclui você. - Falei secamente, passando por ela. Amanda soltou uma risadinha enquanto me acompanhava.

- Juliana, você é má.

- Não tenho paciência com gente chata. - Argumentei, fazendo ela rir ainda mais. Entreguei os convites aos meus convidados mais velhos e saí, sorrindo vitoriosa. Eu farei de tudo para que aquela festa fique marcada para sempre na mente de todos!


♥ ♥ ♥

O despertador tocou suavemente. Acordei e, olhando para meu lindo vestido sobre a escrivaninha, sorri.

- Feliz aniversário para mim! - Saí da cama animada e fui tomar um banho, levando o vestido. Vesti-me no banheiro mesmo e fiz a higiene matinal, arrumando os cabelos. Duas marias-chiquinha baixas perfeitamente arrumadas nos cabelos castanhos.

Desci as escadas, sentindo-me uma linda princesa com seus sapatinhos de cristal. O vestido ia até os joelhos e era cor-de-rosa. Amanda a princípio achou muito infantil, mas eu falei que era perfeito, já que seria meu último ano com uma vestimenta assim. Olá, pré-adolescência!

- Bom dia querida. - Sorriu a empregada ao ver eu descendo as escadas. - Feliz Aniversário!

- Obrigada. - Sorri, aceitando seu abraço com certa relutância.

- Hoje terá torradas, do jeito que você gosta.

- Clarissa, eu não sou um bebê que precisa ser agradado. Estou fazendo doze anos!

- Mas...

- Aceito um café simples por hoje, está bem?

- Claro... - Comentou ela, rindo enquanto eu ia para a cozinha. Tomei um café de fato simples e voltei para o quarto.

Peguei o celular e vi as diversas mensagens de felicidades para mim e os posts no facebook dedicados somente a mim. Respondi a todos e resolvi matar tempo jogando jogos aleatórios no celular.

Após o almoço, dei mais uma arrumada nos cabelos e fiz uma leve maquiagem. Desci até a sala e fiquei assistindo TV enquanto o tempo passava, já que estava passando a minha série favorita. Quando vi, já eram 16h. E nenhum sinal de ninguém.

Clarissa apareceu na sala.

- Assustei-me com o silêncio... Ninguém apareceu?

- Não. - Respondi desanimada.

- Tente ligar para eles, querida.

E foi o que fiz. Comecei com Lucas, um dos meus colegas populares:

- Alô?

- Lucas! Você não vem para o meu aniversário?

- Ah, a festa! Já estou indo! Espere-me!

- Claro! É que ninguém apareceu ainda e...Alô? Lucas? Lucas! - Suspirei. Ele desligou na minha cara.

Tentei ligar para cada um dos convidados. Alguns diziam que não podiam. Outros, como Lucas, diziam que estavam chegando. Haviam uns que sequer atendiam o telefone. No fim, só sobrou Amanda.

No terceiro toque ela atendeu.

- Alô?

- Amanda! Onde você está?

- Em casa, por quê?

- Como assim em casa? E o meu aniversário?!

- Ah, claro! Desculpa querida, mas estou tão ocupada!

- Nada disso, Amanda! Nós somos BFFs! E você prometeu!

- Desculpinha fofa, mas eu não vou.

- Amanda! É sério! Eu vou aí na sua casa! Espera, Amanda? AMANDA! - Ela também desligou. Tentei ligar novamente, mas caía na caixa postal - EU TE ODEIO!

- O que aconteceu Juliana? - Era a empregada novamente, entrando na sala.

- A Amanda não vai vir...Essa idiota me deixou na mão! E somos BFFs! Bem, éramos, porque agora eu odeio ela.

- E os outros? Não virão também?

- Alguns disseram que virão, mas...

- Então não desista! A esperança é a última que morre.

- Tanto faz. E a mamãe? E o papai?

- Seu pai ligou faz uns minutinhos. Ele virá apenas a noite. Coisas da empresa e tudo o mais. Já sua mãe...Ainda não consegui falar com ela.

- Que ótimo. Nem meus pais estarão aqui.

Clarissa pareceu sentir a minha tristeza, pois me abraçou. Fechei os olhos por um momento, até ouvir a campainha tocar.

- Com licença. - Disse secamente, arrumando o vestido e indo até a porta. Abri-a e sorri gentilmente, correndo até o portão. Estava preparando minhas boas vindas até eu ver que era o carteiro.

- Boa tarde senhorita, é para o senhor Henrique. - Ele entregou-me alguns envelopes - Contas de luz e água.

- Claro...Vou entregar a ele depois. - Respondi e voltei a entrar na casa. Larguei os envelopes e afundei no sofá, sentindo os olhos marejarem. A empregada já tinha saído.

Limpei os olhos discretamente (não havia borrado a maquiagem), e esperei. A esperança é a última que morre. A esperança é a última que morre.

A esperança é a última que morre.

Esperei por mais algumas horas e nada. Já estava escurecendo.

- Juliana? - Era Clarissa. Ela havia tirado seu uniforme e carregava a bolsa - Está na minha hora e seus pais não apareceram...Acha que pode ficar sozinha?

- Por favor Clarissa, estou fazendo doze anos. - Revirei os olhos. - Pré-adolescência já é adolescência! Sou uma quase-adulta.

- Certo. - Ela sorriu ao ouvir meu comentário - Estou indo. Feliz aniversário.

- Obrigada. - Respondi sem emoção.

Então fiquei sozinha. Não havia sinal de ninguém e nenhum carro. Segurei o choro com a maior força de vontade do mundo:

- Pelo menos tem mais bolo para mim. - Comentei para mim mesma, tentando assim ficar mais animada.

Esperei mais alguns minutos e desisti:

- Quer saber? Vou fazer uma festa com meus próprios convidados! - Corri até meu quarto e abri algumas caixas de papelão que estavam em um canto. Lá estavam meus ursinhos de pelúcia. Eu os guardei pois já era velha demais para eles. Porém, lá estava minha única companhia.

- Sr. Alves! Fofão! A boneca Ana! Todas as minhas barbies! - Coloquei uma mão no peito, realmente comovida - Ah, meus únicos e verdadeiros amigos. Sinto muito por querer abandoná-los.

Desci com a caixa e os coloquei sobre o sofá, pegando algumas cadeiras da sala de jantar e as usando também. Em poucos minutos eles estavam dispostos em um semi-círculo. Liguei a TV e coloquei em um canal aleatório, onde passava a minha série favorita.

- Essa série é muito legal. - Sentei-me no meio do sofá, falando com meus amigos - Eu já assisti todas as temporadas na internet. É um suspense muito bom. - Contei toda a história básica da série, e quando terminei de falar senti-me mais sozinha do que nunca, com todo aquele silêncio.

Engoli em seco e fui pegar os jogos de tabuleiro.

- Aqui! Não EXISTE festa sem isso! - Eu coloquei um dos tabuleiros sobre a mesinha de centro e arrumei o jogo. - Eu começo! - Peguei uma das pecinhas e joguei o dado. - Casa 3! É, eu não tenho muita sorte.

Seguimos o jogo. Eu sempre jogava os dados pelos outros e movimentava as peças. No fim, o Fofão - um ursinho marrom com gravatinha verde - ganhou.

- Parabéns Fofão! - Aplaudi, contente. Recomeçamos o jogo com fervor, pelo menos eu estava animada.

Dessa vez quem ganhou fui eu.

- GANHEI! AHÁ! - Comemorei, contente.

Foram mais umas duas partidas, uma da Srta. Martinez - uma boneca grande e loira, de olhos intensamente azuis, que eu ganhei da minha tia a tempos atrás - e, novamente, de Fofão.

Depois disso cansei. Guardei os jogos de tabuleiro e notei que um novo convidado chegara.

- Carmelita! Você se lembrou? Ah, que fofo! - Eu abracei minha amiga invisível de quando eu tinha quatro anos. - Sente-se com os convidados e divirta-se! Vou trazer os doces para todos nós!

E foi o que fiz. Peguei um prato fundo e coloquei ali os doces, finos e bem decorados, feitos pela confeiteira especial da minha tia.

Coloquei o prato sobre a mesa de centro e sentei-me novamente. Eu era a única que pegava os docinhos, em intervalos de tempo pouco longos. Comecei a contar a minha vida para Carmelita, desde que ela partiu, aos meus 10 anos.

- E então eu fiz essa festa para comemorar minha entrada na pré-adolescência. Pena que meus colegas não vieram. Talvez eles estejam fazendo piada de mim. Mas, sabe? Deixa para lá. Que tal eu cantar para vocês? - Levantei-me e fiquei na frente da TV, ansiosa para não pensar nos meus colegas. - Que música vocês querem? - Silêncio. - Ok. Eu mesma escolho. Tá.

Eu comecei a cantar uma música aleatória clássica que eu aprendi na aula de canto quando comecei a mudar a letra sem perceber.
Maybe it's a cruel joke on me
Whatever, whatever
Just means there's way more cake for me
Forever, forever
It's my party and I'll cry if I want to
Cry if I want to (cry, cry, cry)
I'll cry until the candles burn down this place
I'll cry until my pity party's in flames
It's my party and I'll cry if I want to
Cry if I want to (cry, cry, cry)
I'll cry until the candles burn down this place
I'll cry until my pity party's in flames

Parei de cantar quando senti os olhos marejarem. Comecei a chorar loucamente, sem me importar com a maquiagem.

- Sozinha. Totalmente sozinha. - Então eu olhei para os ursinhos e algo dentro de mim se iluminou. - Agora posso me divertir, não é?! - Sorri, secando as lágrimas.

Caminhei até a cozinha e peguei uma das facas que Clarissa usa para cortar a carne. Voltei para a sala e peguei o Fofão.

- Presente da minha mãe, aquela cínica. - Cravei a faca na barriga fofa do ursinho e assim o abri. Retirei o algodão que estava dentro dele e comecei a gargalhar, jogando o material pela sala como se fosse confete.

Peguei um coelho rosa que também tinha e fiz a mesma coisa, gargalhando histericamente. Cortei a perna dele a mordi, como um cão com raiva.

Deixei seus restos de lado e peguei a Srta.Martinez, observando-a com cuidado.

- Oh, linda Srta.Martinez...Eu sempre odiei esse seu cabelo perfeitamente sedoso. - Cuspi, e com a minha tesoura que eu usava na escola, cortei os cabelos dela até onde podia.

Espalhei os fios dourados pela sala, e comecei a, pouco a pouco, massacrar meus bichinhos de pelúcia. Havia uma diversão incrível por trás daquilo.

Por último peguei a elefantinha roxa que ganhei de Amanda quando nos conhecemos. Examinei-a atentamente:

- Amanda...Amanda... A minha amiga falsa que me abandonou! Destruir essa elefantinha é como destruir ela! - Sorri e peguei a faca, atingindo o "rosto" dela e cortando sua tromba.

Continuei gargalhando enquanto a destruía e jogava seus restos pela sala, como todos os outros.

Furei os balões com a faca e comecei a gritar, correndo animadamente pela sala.

- O que foi, Carmelita? - Olhei para a direção onde minha amiga imaginária estava - O que eu fiz é certo! Quer que eu a destrua também?! Se vai julgar o que eu faço, SAIA DAQUI! - Corri na direção dela. Carmelita fugiu na direção da porta, e eu a segui. - É melhor sair mesmo! - Ela atravessou a porta, como sempre fazia. Abri-a e gritei a plenos pulmões no jardim: - É MELHOR NÃO VOLTAR NUNCA MAIS! - Fechei a porta com força.

Olhei ao meu redor. Faltava alguma coisa ainda.

- O bolo. - Sorri, indo até a cozinha.

O bolo era rosa e grande, com "Juliana" escrito em rosa choque em cima. Peguei também as doze velinhas, que ainda não estavam nele. Coloquei-o com cuidado sobre a mesinha de centro e me ajoelhei ali, segurando a faca com força.

- É a minha festa e eu vou chorar se eu quiser. - Falei, sentindo as lágrimas descerem pelo rosto.

Cravei a faca no bolo e o joguei com força no chão, gritando de raiva. Naquele momento, eu era isso. Uma mistura de tristeza e raiva. Choro e gritos de ódio. Áquela altura eu havia me acostumado com o gosto salgado das lágrimas.

Esfaqueei o bolo e peguei os restos dos ursinhos, colocando-os por cima. Para completar, os cabelos da Srta. Martinez. Peguei a própria boneca e a usei para bater no bolo, sujando ela e seu lindo vestido violeta.

Joguei-a contra a parede e coloquei as velinhas com cuidado sobre o que sobrou do meu bolo. Fingi soprá-las.

- Parabéns para mim! Nesta data querida! Muitas felicidades, muitos anos de vida! - Bati palmas, gargalhando, os olho vermelhos de tanto chorar - Viva meu aniversário! - Sorri, observando o silêncio.

Depois sentei-me encolhida em um canto, chorando compulsivamente. Nem ousei me olhar no espelho: provavelmente estava escabelada e com o vestido amarrotado e sujo. Nem a sombra da verdadeira Juliana.

Não, aquela era a própria Juliana.

♥ ♥ ♥

Já era tarde quando os pais de Juliana conseguiram voltar para casa, ambos vindo do trabalho. O que ambos esperavam era na verdade uma grande animação na casa, mas tudo estava silencioso.

Quando a mãe de Juliana abriu a porta, desesperou-se com a bagunça e os soluços. Correu até a menina, que encolhida estava, e ficou assustada com o seu estado. A garota recusou seus braços e subiu correndo para o quarto. O pai olhava por tudo sem entender nada.

Juliana é mesquinha. Juliana é mimada. Juliana é invejosa. Juliana quer atenção.

E Juliana está de aniversário.


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Notas finais do capítulo

Se você ainda está aqui, é porque não se importa em ver bichinhos de pelúcia sendo massacrados :v Somos doentios ♥ -qqq
Gostaram? Amaram? Odiaram? COMENTEM! Responderei a todos os comentários! ♥
Beijos e até a próxima!