Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira


Capítulo 18
O segredo Celle


Notas iniciais do capítulo

Não consegui colocar a foto. Pode ser acessada aqui: http://cdn02.cdn.justjaredjr.com/wp-content/uploads/pictures/2014/08/olivia-fuel/olivia-holt-make-up-free-fuel-up-04.jpg



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Freddie levou Isabelle para uma rua pouco movimentada, num bairro totalmente residencial e sem pessoas por perto num domingo de manhã, quando as famílias preferiam dormir até mais tarde a sair de casa logo cedo.

— Belinha, tudo começa em arrumar espelhos e banco. Em seguida, verifique se tem combustível suficiente e se está tudo ok com o carro no painel. Então, deve aprender a lidar com a marcha e com os pedais...

— Quando damos a partida?

— Hoje, você não dará a partida, basta conhecer o carro, vamos com calma.

— Nem morta que eu saio de casa num domingo de manhã para não dar nem uma volta no quarteirão com o carro!

— Você quis sair, eu queria continuar dormindo.

— Vou dirigir hoje sim! – falou a menina, birrenta, virando a chave e fazendo o carro cantar pneus ao pisar no acelerador.

— Belinha, vai nos matar! – gritou Freddie.

— Então me ensina a fazer do jeito certo.

— Nós vamos para casa agora mesmo!

— De jeito nenhum – disse a menina, dando outra acelerada que fez o coração de Freddie acelerar também.

— Está bem! Uma volta no quarteirão, do meu jeito e vamos embora.

— Fechado.

Freddie deu as coordenadas e Isabelle conseguia dar a partida com mais leveza. Quando estava passando dos 30 km/h, Freddie puxou o freio de mão fazendo-a parar:

— Vai devagar! – disse ele, nervoso.

— Nem uma carroça anda tão devagar, pai! – queixou-se a menina, contrariada.

— Como pode saber? Nunca andou de carroça.

— Mas, ando de carro desde que nasci e ninguém anda que nem um cágado.

— Termina essa volta no quarteirão, mas não passa de 30 km/h. Alguém pode atravessar na frente e você ainda não tem o domínio do carro. Um cachorro pode correr ou uma criança ou um idoso...

— Tá bom, pai. Já vi que o senhor é tão maluco quanto a minha avó!

— Sua avó nunca me deixaria pegar o carro dela. Isso já demonstra o quanto sou mais permissivo que ela!

— Bota permissivo nisso – disse Isabelle, ironicamente, voltando a guiar a baixa velocidade, muito contrariada.

Naquela noite, Cris estava ansioso enquanto assistia um filme em família, até que disse:

— Vocês não acham que está ficando meio tarde, a Sophie tem que dormir, amanhã temos aula pela manhã.

— Já está acabando, filho. Mas, é bonitinho você se importar com o bom sono da sua maninha – comentou, Carly, sorrindo.

O filme finalmente acabou. Sophie correu para Cris e abraçou o irmão, dizendo:

— Deixa eu dormir contigo essa noite.

— Você já é uma mocinha Sophie, é melhor que durma no seu quarto.

— Deixa ela, filho. Sophie adora o mano. É só hoje, né princesa? – indagou Carly à filha.

— Sim, mamãe – confirmou a pequena.

— Não é assim, mãe. Ela vai acostumar. Não acha, pai? – perguntou Cris a Gibby.

— Eu acho que estou com sono e tenho que acorda cedo amanhã para ir pro restaurante. Sophie dorme onde quiser.

— Eba! – comemorou a menina, agarrando-se ao irmão.

Enquanto isso, Isabelle aguardava ansiosa por Cris na garagem do prédio. As horas estavam passando e já havia entrado a madrugada. Dentro do carro de Freddie, ela sentia que seu plano não daria certo. Estava prestes a desistir quando avistou Cris a passos rápidos na garagem.

 — Pensei que não vinha mais – comentou a loira assim que o moreno abriu a porta do carro e sentou-se no banco do carona.

— Quase que não vim mesmo, não foi fácil despistar minha família, especialmente minha irmã.

— Eu roubei as chaves do meu pai e despistei minha mãe que é mais esperta que o diabo.

— Minha irmã parece um anjo, mas quase me prendeu em casa com o golpe do eu te adoro e quero dormir na sua cama essa noite. Tive que falar que o bicho papão me visita todas as noites.

— E ela acreditou nessa balela?

— Não! Então troquei para aliens e ela caiu, já que meus pais não tomam muito cuidado quanto aos filmes que ela assiste.

— Mandou bem dessa vez, cabeção. Mas, chega de lero lero e vamos logo sair daqui antes que dê ruim.

Cris trocou de lugar com Isabelle e conduziu o carro até o mesmo bairro pouco movimentado. Na madrugada, só se ouvia o pio de corujas e o canto de grilos.

O moreno ensinou Isabelle a guiar pacientemente e ela deu a primeira volta ao quarteirão a 50 km/h.

— Muito bem, Belinha! Estou orgulhoso de você! Manda bem no volante! – elogiou o moreno, aplaudindo-a.

— Eu mando bem mesmo, mas não posso desmerecer o meu instrutor.

— Nossa! É raro ouvir um elogio seu, ainda que não tão claro.

— Fui clara o bastante.

— Seria mais clara se dissesse: Cris, você é o máximo! O melhor instrutor de todos! O meu preferido!

— O mais humilde também – zombou Isabelle, rindo.

— Eu mereço. Afinal, me arrisquei bastante saindo de casa no meio da madrugada para ajudar uma amiga sem juízo.

— Isso é verdade. Merece até um beijo.

Isabelle fitou Cris por um momento e os olhos castanhos de ambos se encontraram. Cris sentia como se o momento tivesse parado. A menina aproximou-se do rosto dele e ele pensou que o beijo seria depositado nos lábios, mas este chegou à bochecha do garoto.

— Só isso? – perguntou ele.

— O que mais seria? – perguntou ela, dando uma risada irônica, que deixou Cris sem graça.

— Melhor continuarmos com as aulas – falou ele, mudando o foco rapidamente.

Tudo corria muito bem, com Isabelle sentindo-se cada vez mais segura na direção, indo a outros quarteirões e aumentando a velocidade.

— Vai mais devagar, Belinha – advertiu Cris.

— Nem cheguei a 80 km/h, Cris. Além disso, não tem uma alma viva na rua essa hora.

— Nunca se sabe.

— Tá parecendo o meu pai.

Nisso, um bêbado cruzou a frente do carro. Isabelle, num ato reflexo, virou o volante de modo a não atropelar o transeunte. Com isso, jogou o carro contra um poste.

— Você está bem? – perguntou Cris, aflito, olhando para a amiga, que estava pálida.

— Estou bem, mas meu pai vai me matar! – disse ela, começando a chorar – Tem idéia do quanto estamos fritos?

— Você está, afinal, roubou o carro do seu pai.

— Você estava me ajudando nas aulas, não vai tirar o corpo fora agora – falou ela, nervosa.

— Claro que não – disse Cris, apiedando-se ao ver o nervoso da menina e abraçando-a – Nós vamos dar um jeito, contar a verdade para os nossos pais, receberemos um castigo e será justo, depois, tudo passa...

— Não! – falou Isabelle, saindo do abraço de Cris – Se meus pais souberem não poderei tirar a carteira até o meu primeiro emprego!

— Não é assim...

— É sim! Até parece que você não conhece meus pais!

— Conheço, por isso mesmo, acho que não vão ficar bravos por tanto tempo e...

— E nada! Isso será um segredo nosso. Vamos largar o carro aqui. Voltar para casa de táxi e amanhã o carro sumiu! Meus pais vão achar que foi roubado. Quando encontrarem batido, foi o bandido que bateu.

— Belinha, o prédio tem câmeras de segurança.

— Não gravam nada!

— Como sabe?

— Minha avó Marissa já foi síndica e me contou.

— E se outro prédio vizinho tiver câmera?

— O carro tem película, não dá para ver quem está dentro.

— Mentira tem perna curta, uma hora vão descobrir.

— Quando descobrirem já vou ter tirado a minha carteira.

— Belinha, não posso concordar com isso.

— Nem por mim?

— Eu já fiz besteiras demais por você e você nunca esteve nem aí pra mim.

— Isso não é verdade.

— Belinha, todo mundo pode perceber que eu te amo e você nem liga pra mim.

— Você me ama, Cris?

Antes que o garoto pudesse responder, pessoas saiam de suas casas para ver de onde veio o estrondo.

— Rápido, por aqui – disse Isabelle, abrindo a porta do carro e puxando Cris pela mão.

Os dois saíram correndo e perderam-se na noite escura.

— Belinha, era melhor a gente ter esperado a polícia...

— E acabar na cadeia! É isso o que quer? Daí adeus o nosso futuro em Havard.

Cris sorriu e Isabelle perguntou:

— Qual a graça?

— Você planeja um futuro para nós, juntos, em Havard.

— Eu não disse bem isso, eu... eu...

— Não precisa explicar, Belinha. Temos que dar um jeito de voltar para casa agora. Você tem dinheiro?

— Sabia que eu tinha esquecido de algo – falou Isabelle, batendo na testa.

— Eu não me esqueço. Tenho o suficiente para o táxi até o nosso prédio. Vamos – puxando a garota pela mão.

— Cris, agora temos um segredo, não é?

— Tendo em vista as circunstâncias. Sim, Belinha, temos um segredo.


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