Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira
A noite fria caía em Seattle. A família Benson aquecia-se com cobertores na sala de estar, sentados todos juntos no sofá. Eddie recostado a Freddie e Nick recostado a Sam. Isabelle sentada na poltrona ao lado com Bolinha no colo e o celular na mão, teclava com Alison, enquanto o resto da família permanecia entretida com um filme na televisão.
De repente, a primogênita do casal Benson se sobressaltou, contente:
— Vocês não vão acreditar! O ICarly foi convidado para participar de uma sessão de perguntas e respostas na webicon. O webshow não para de fazer sucesso!
— Que sensação de dejavu – observou Freddie.
— Vai ser em Seatlle? Faz tempo que essa feira nerd não é mais feita aqui – indagou Sam.
— Não, será em Nova York – informou Isabelle.
— Então você não vai – decretou Sam.
— Por que não?
— Quer que eu desenhe o fiasco da sua última viagem?
— Assim que você quer ser minha amiga, né mãe? Parece mais uma inimiga, uma madrasta, uma bruxa má – indignou-se Isabelle, passando, com Bolinha no colo, para o seu quarto, batendo a porta com força.
— Um dia essa menina ainda vai arrebentar essa porta, vou descontar do salário dela o conserto – disse Sam.
Nick cutucou Eddie e cochichou para o irmão:
— Mamãe tá estressada, melhor vazar daqui.
Os gêmeos saíram em disparada para o quarto comum a ambos.
Freddie sentou-se mais próximo da esposa e falou, carinhosamente:
— Eu sei que você é dura por excesso de zelo à nossa filha, por se preocupar muito com ela nessa fase difícil da adolescência. Mas, num ponto Belinha tem razão: Você precisa ser mais amiga dela para mantê-la perto.
— O que quer dizer? Faço de tudo para ser uma boa mãe.
— Sei disso. Mas, proibir ela de tudo não é o caminho.
— O que sugere? Que eu deixe-a viajar sozinha de novo, para fazer bobagem de novo?
— Claro que não. Devemos dar um voto de confiança a ela, mas concordo com a liberdade vigiada.
— Não estou te acompanhando nerd.
— Um de nós pode viajar com o grupo ICarly, como Spencer sempre fez conosco.
— Seria uma boa ideia se eu não tivesse milhões de coisas para fazer no restaurante e se você não tivesse que trabalhar.
— Na verdade, eu não tenho! Tô com férias pendentes e as coisas estão mais tranquilas na empresa. Posso pegar essas férias e acompanhar as crianças à Webicon. O que acha?
— Acho ótimo! Não sei o que seria de mim sem você para me ajudar com as crianças, eu perco a paciência fácil.
— Que paciência, amorzinho?
— Nerd chato – disse Sam, dando um leve soco no braço do marido, mais para provocá-lo que para machucá-lo.
— Doeu – choramingou ele, quase rindo – Agora quero um beijo para compensar.
Sam beijou os lábios do marido e levantou-se apressada, dizendo:
— Preciso dar a boa nova à Belinha antes que ela alimente ainda mais rancor a meu respeito.
O dia da viagem chegou. Os adolescentes estavam eufóricos. Todos os pais confiaram os filhos a Freddie, já conhecendo a fama de responsável do bom moço.
Isabelle, Alison, Cris, Rick e Freddie embarcaram no avião, cujo tempo de vôo estimado seria de quase 5h.
Isabelle dormiu boa parte do vôo, recostada ao ombro do pai, que a cobriu com um cobertor e acariciava a cabeça da filha, satisfeito. Desde que Isabelle entrou na adolescência, havia reduzido significativamente a dose de carinho com os pais.
Alison mexia no celular, via filmes, comia, andava até onde estavam os meninos, inquieta.
Cris e Rick entretinham-se em jogos online e pouca atenção davam a Alison que já não suportava o tédio.
O piloto anunciou que estavam prestes a pousar em Nova York e todos prestaram atenção, inclusive tendo Isabelle despertado.
Foram direto para o hotel, todos queriam dormir para descansar da viagem, com exceção da Isabelle, que por já ter dormido, estava cheia de fome. A menina pediu um lanche no quarto enquanto os demais dormiam.
Freddie acomodou-se na cama ao lado da cama dividida pelas meninas. Antes de deixar se levar pelo sono, ligou para Sam a fim de avisar que chegaram bem.
Os meninos ficaram nas camas do quarto conjugado.
No dia seguinte, todos foram contentes para a webicon. Freddie não conteve a emoção ao ver o lugar que lhe trazia tantas lembranças da sua adolescência. Seu paraíso nerd! Lembrou-se de cada momento do ICarly no local, de Sam, de Carly, de Gibby, das perguntas embaraçosas feitas pelos fãs, das torcidas organizadas por Creddie ou Seddie... Viu que precisava alertar a nova geração ICarly a respeito.
Os adolescentes não se importaram muito com os alertas de Freddie, pensando que os fãs viviam de conjecturas e que responderiam apenas o que não fosse comprometedor.
Freddie ainda observava o local e os adolescentes quando foi abordado por uma mulher que trazia um menino, que aparentava algo em torno de 10 anos, pelas mãos:
— Você não é o Freddie do primeiro ICarly?
— Sou eu mesmo. Como me reconheceu?
— Eu era uma grande fã de ICarly, estive na apresentação de vocês aqui, anos atrás. Hoje trago meu filho para ver os seus filhos.
— Que bacana! Mas, não são todos meus filhos, só a loirinha linda ali – apontando para Isabelle.
— Ah sim, a Belle. Meu filho adora a sua filha, jura que vai se casar com ela quando crescer.
Freddie riu e disse:
— Ainda vai ter que crescer muito, carinha – bagunçando os cabelos do menino, que olhou irritado.
— Vamos, mamãe – pediu o garoto.
— Claro, querido. Prazer em revê-lo Freddie Benson. Lembranças para Sam! Eu sempre fui Seddie.
Freddie acenou e sorriu. Isabelle aproximou-se do pai:
— Tá dando trela para desavergonhada? Deixa a mamãe saber disso!
— Não é nada disso, Belinha. É só uma velha fã do ICarly original. Até mandou lembranças à sua mãe e disse que shippava Seddie.
— Velha mesmo, tá acabada! A mamãe é muito mais bonita e jovem, você não acha?
— Sua mãe é a mulher mais linda que eu já vi. E você é a menina mais linda que já vi. Ambas são as meninas dos meus olhos. Agora, vamos para a conferência que não tarda em começar – disse Freddie, olhando o relógio digital de pulso.
— Espera! Mamãe disse que há um Milk Shake maravilhoso de bolo gordo aqui.
— Claro! Você não poderia deixar de prová-lo, vou comprar um para você.
Pai e filha foram comprar a bebida e logo foram se encontrar com os demais membros do ICarly, que já aguardavam a chamada para a conferência.
Não tardou para o apresentador anunciar:
— Agora, com vocês, os apresentadores desse famoso web show que já foi sucesso pelas mãos de seus pais e agora repetem o sucesso por suas mãos: Belle, Cris, Rick e Ali!
O grupo folgou ao ver que não haviam placas levantadas com shippers, como havia narrado Freddie.
As perguntas começaram inocentes. Uma menina com óculos grossos e cabelos ruivos e cacheados levantou-se e perguntou:
— Todos vocês são filhos de ex-ICarly’s?
Alison respondeu:
— Não! Na verdade, apenas Isabelle e Cristopher são filhos dos ex-ICarly’s. Eu e Richard entramos nessa para ajudar nossos amigos.
Um garoto de aparelho nos dentes e cabelos lisos oleosos tomou o microfone e perguntou:
— Belle, sua família também te chama por esse apelido ou você tem outro?
Isabelle logo respondeu:
— Minha família e amigos próximos me chamam de Belinha, que é um apelido de infância. Eu cresci, mas o apelido ficou. É uma forma carinhosa de me chamarem.
Uma menina loira e gordinha tomou a palavra, para Richard:
— Rick, é verdade que você é muito tímido?
Richard respondeu:
— Alguns me imaginam tímido, tanto que, de fato, não sou muito sociável e prefiro trabalhar atrás das câmeras, mas, a verdade é que quando criança fui diagnosticado com autismo leve. Venho me tratando há anos e os médicos garantem que houve uma grande melhora do meu caso, a ponto de eu estar aqui hoje falando com vocês. Creio que era mais inteligente quando criança, mas tenho mais amigos hoje e prefiro assim.
O público soltou um “uau”, seguido de aplausos.
Isabelle passou a mão nas costas do amigo, sussurando no ouvido dele:
— Parabéns pela coragem, Rick!
Richard sorriu em resposta à Isabelle, cochichando no ouvido da moça:
— Você me ajudou muito nesse processo, obrigado!
A próxima pergunta veio de um menino franzino para Cris:
— Você não tem ciúme de todo esse chamego da sua namorada com o Rick?
Cris arregalou os olhos e devolveu a pergunta:
— Desculpa, eu não entendi. Eu não tenho namorada. O que quer dizer?
— Todo mundo sabe que você namora a Belle – disse o garoto franzino, como se fosse óbvio.
Gritos de Celle começaram a surgir do público.
Freddie começou a ficar nervoso nos bastidores, lembrando em como isso acabou mal anos antes.
Isabelle tomou a palavra:
— Eu não namoro ninguém e não existe Celle!
— Então existe Rickelle! – comemorou um fã, sendo seguido por muito, que bradavam o nome do shipper no ar.
Freddie não se conteve e entrou no palco, temendo o pior. Pegou o microfone das mãos da filha e começou a pedir a silêncio.
Todos pararam de gritar nomes de shippers e olharam para Freddie.
— Olha, é o Freddie Benson do ICarly original – disse um fã, admirado.
— É ele mesmo – disse outra fã.
Os murmúrios começaram novamente e Freddie pediu atenção mais uma vez, ciente de que estava na hora do discurso.
Isabelle olhava incrédula para o pai, pedindo a Deus para que ele não a fizesse pagar mico. Os demais adolescentes estavam curiosos.
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