Aurora Goldwin and The Rise of Night escrita por Nightshade


Capítulo 14
O Amor Vem Me Visitar




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O início da viagem de trem foi longo e entediante. Eu descobri várias coisas sobre o Jason; ele era um meio-sangue romano, e namorava uma filha de Afrodite, chamada Piper, que eu não me lembrava de ter visto no Acampamento, mas já ouvira falar dela. Thalia, por outro lado, era uma Caçadora de Ártemis e nunca namoraria.

Depois de mais ou menos uma hora, comecei a sentir sono, mas me forcei a permanecer acordada; não queria ter outra visita de Nix. Mas o sono me alcançou e eu apaguei bem em cima de Nico.

Meu sonho era realmente estranho; estranho do tipo que eu sabia que estava sonhando, mas nada acontecia. Eu estava caminhando na escuridão, como se eu estivesse caminhando em um campo muito enevoado, mas a névoa fosse densa e negra. Uma voz ecoava ao meu redor, embora eu não conseguisse compreender o que ela dizia.

Ótimo, pensei, outra visita de Nix.

— Não, criança, posso dizer que depois de nossa conversa, essa Titã da Noite não irá lhe incomodar por um tempo. - a voz era calma e profunda, suave como uma brisa. Como a de Richard.

Relaxei.

— Morfeu? - perguntei, parando no lugar - Por que está aqui? - e então algo surgiu em minha mente - Por que meu pai não veio?

A voz riu levemente, e uma mão tocou meu ombro gentilmente.

Me virei e vi um homem alto. Ele tinha os cabelos grisalhos, cortados de certa forma curtos. Tinha rugas ao redor dos olhos, mas eu não poderia dizer se era da idade ou por que sorria muito. Tudo nele me fazia sentira calma, só não sabia se porque ele era o deus dos sonhos ou se porque ele parecia com Richard, meu padrasto e também filho dele. Seus olhos me lembravam um caleidoscópio, todas as cores do arco-íris dançando sobre a íris azul-violeta. Ele vestia terno.

Mas eu só conseguia me perguntar por que Apolo não me visitou em sonho...

— Por que você está aqui e não Apolo? - despejei.

— Minha querida, Apolo é o que mais sofre com o reerguer ne Nix. E Zeus não permite muito contato entre deuses e seus filhos. - ele me olhou simpaticamente.

Tentei engolir o nó em minha garganta.

— Então, o que o senhor quer?

— Por que não conversamos em um ambiente mais agradável. - ele fez um gesto com a mão, e o nevoeiro se dispersou, revelando uma rua calma. Ninguém estava lá. Apenas uma rua com lojas aos lados. Uma loja de flores, outra de quadros, uma de música... e uma cafetaria. O sol brilhava no céu azul. Aquele lugar era perfeito.

Mas tudo se desfocava quando eu me movia, como uma miragem.

Morfeu me levou até uma mesa com duas cadeiras que ficava ao lado de fora da cafetaria. Ele puxou a cadeira para mim, como um cavalheiro... como Richard fazia com minha mãe e comigo. Me sentei.

Ele me olhou por um tempo.

— Você lembra mais o meu filho do que Apolo. - ele disse.

Estranhei, já que minhas feições não eram parecidas com as de Richard.

— O seu jeito e aspecto. - Morfeu sorriu - Me lembram ele.

Sorri.

— Bem, - ele começou a mudar de assunto - Zeus só permitirá que eu fale o suficiente.

— Sim? - me inclinei na mesa.

— Há um jeito de derrotar Nix. Com uma espada coberta com um pouco do Rio Dourado. - ele disse.

— E o que é isso? - perguntei.

— Desculpe-me, mas não posso lhe dizer. - ele suspirou - Mas posso lhe dar isso. - ele tirou algo de seu bolso e pôs em minha mão.

A principio achei que era um colar, mas a longa corrente de ouro segurava um brilhante e pequeno frasco de vidro, com um sol de ouro incrustrado ali.

— Você precisa encher esse frasco com o Rio Dourado. - disse Morfeu - Mas não fique gananciosa como muitos antes de você, isso poderá ser sua ruína.

— Só isso? - me levantei.

— Sim, temo que nosso tempo tenha acabado. - sorriu - Fico feliz que goste de minha benção.

— Sim. - o olhei, pensei em perguntar porque ele havia me dado, mas achei melhor não.

Morfeu me levou até a livraria daquela rua. Olhei para a janela da livraria; podia ver Ariana conversando com Jason e Thalia, enquanto Nico me olhava adormecida em seu ombro. Eu sabia, de alguma forma, que a livraria era o portal para fora do mundo dos sonhos e de volta para a realidade.

Segurei a maçaneta da porta e olhei para Morfeu. Ele me olhava, com as mãos nos bolsos.

— Diz que eu mandei 'oi' para o meu pai? - pedi.

— Sim, Aurora. - ele assentiu.

— Adeus, Morfeu. - falei.

— Adeus, Aurora Goldwin. - disse ele, e então eu passei pela porta.

***

Eu acordei, já me sentando. Sentindo meus músculos tensos.

— Eu já ia te acordar. Nós chegamos. - disse Nico, com o rosto vermelho devido a nossa proximidade. Eu também sentia meu rosto quente.

— Então, Columbus. - falei - Para onde vamos agora?

— Uma funcionaria me deu os horários, e aparentemente o trem que segue mais próximo em direção ao oeste vai para o Colorado. Mas temos uma hora de sobra. - disse Ariana - Podemos passar o tempo na cidade.

— E descobrir algo mais sobre esse titã. - acrescentou Thalia.

— Acho que isso foi uma pista falsa, Thalia, não há nenhum titã se erguendo aqui. - falei - Caso contrário, Morfeu teria me dito algo.

— Quando você falou com Morfeu? - perguntou Nico.

— Em meu sonho. - respondi simplesmente.

Bem, havia um restaurante italiano perto da estação, então fomos todos em direção a ela, mas uma voz me parou.

— Com licença. - e eu senti uma mão em meu ombro.

Me virei, e vi um garoto lindo, mas lindo mesmo. Ele era alto, tinha a pele pálida e seus cabelos eram pretos, na altura do queixo provavelmente, mas arrumados para que ficassem alinhados para trás. Ele usava uma camisa polo azul e calças brancas. Mas então percebi uma coisa... ele usava óculos escuros e uma bengala para andar. Ele era cego.

— Desculpe interromper, mas eu preciso ir para Beaumont Street e, bem, não posso ler as placas. Se incomoda de me ajudar a chegar lá? - perguntou o garoto.

Me senti derreter.

— Não, claro que não. - sorri, mesmo que ele não pudesse ver. Me virei para os outros - Encontro com vocês depois, pessoal.

Lancei um breve olhar a Nico; sua expressão era um misto de raivosa e suspeita.

O garoto segurou a minha mão e começamos a andar. As mãos dele eram suaves.

— Então, qual o seu nome? - perguntei.

— Eros. - ele respondeu, rindo - Meio estranho, né?

Eros...

— Original. - falei.

— Então, Aurora, o que a trás à Columbus? - ele perguntou.

Estaquei no lugar.

— Quem é você? - perguntei, mas minha voz falhou levemente.

O garoto sorriu.

— Já ouviu a expressão "O amor é cego" ?

— Sim. - respondi.

— Bem, não é verdade. - ele tirou os óculos e largou a bengala, que desapareceram no ar - Mas achei que poderia interpretar essa expressão.

Os olhos dele eram vermelhos, como se fossem formados por um conjunto de balões de formato de corações que vendem no dia dos namorados.

Eu estava de frente para o cupido. 


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