–Carter, senta logo essa bunda no banco, moleque! Os novatos já estão chegando!

Meu primo Steven. Irmão de Callie, monitor de Grifinória, um esquentado de primeira. Eu gosto de meu primo, ele compreende a minha dor. Caliel vive importunando o cara e ele, nervoso como é, chega até a perder cabelo de tanto que briga com ela.

–Não fala assim com o garoto! Você é só um monitor, não é patrão dele.

–Me deixa em paz e volta logo para o seu lugar, sua víbora! A sonserina é naquela mesa ali, viu?

–Quietos! Quanto mais velhos pior! Senhorita Füssair, me faça o favor de voltar imediatamente para o seu devido lugar. Delano, isso é culpa sua! Sempre metido em briga. Se algo mais acontecer durante o processo de seleção, vou lhe avisando que terá Dentuça á sua espera.

Nossa, Indina consegue ficar ainda mais feia quando se irrita. Eu nem fiz nada e ela já vem me culpando… eu aposto que se alguma coisa vier a acontecer comigo, a culpada será ela, não o Dentuça.

–Vamos, todos nos seus lugares. Os o primeiro ano já estão esperando, vou mandá-los entrar assim que Madame Indina me trouxer o chapéu. Obrigada.

–É por isso que eu adoro a Professora Miranda. Até a Indina corre atrás dela feito capacho.

Steven tem razão. Professora Miranda Paddock é a predileta de todos os alunos de Hogwarts. Indina a venera. Parece até cachorro perdigueiro quando está perto dela. Mas não é só admiração. Eu acho que muita gente tem medo dela também. Paddock consegue ser bem assustadora quando quer. Os alunos que têm a má sorte de serem apanhados fazendo algo fora do regulamento são levados para a sala dela, e muitos saem de lá pálidos e quase desmaiando. E olha que ela já faz isso há muito tempo! Ela pode não aparentar ter mais de quarenta anos, mas já chegou até a dar aulas a minha avó!

–Olha lá, os alunos novos já estão entrando.

São bastantes. Coitados, parecem nervosos. E com razão, afinal de contas eles vão ter que levar com o fedor de Dentuça durante sete longos anos.

Um deles é bem estranho. Se eu não soubesse diria que tem a minha idade. Magrelo, muito mais alto que os outros e –

Espera…

Aquilo ali é um pato?

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A escola em peso se encontrava no local. O burburinho e a pequena confusão foi aumentando gradualmente, enquanto a Professora Paddock conduzia os primeiro-anistas para a frente da mesa principal, onde o chapéu seletor decidiria a que casa cada um deveria pertencer.

Em pouco tempo o caos começou a reinar. O único aluno que aparentava estar minimamente quieto era Gaetano Fiore, com a cara já enterrada no livro de Herbologia.

Os pequenos olhavam para seus futuros colegas, alguns com olhares de reprovação, outros admirados, outros ainda assustados. Os que prestavam atenção aos detalhes puderam ver Lyra Winchester colando uma pastilha elástica no cabelo de um colega qualquer, Caliel Füssair se transformando sorrateiramente num pequeno rato e se esgueirando para debaixo da mesa dos grifinórios (provavelmente prestes a aprontar alguma coisa), e ainda uma coruja anã, de uma cor tão negra quanto carvão, bicando a cabeça de Quinn Delano.

–Silêncio alunos!- proferiu Miranda Paddock. Mas sem sucesso. A algazarra continuava. A professora inspirou fundo.

–EU DISSE SILÊNCIO!- assim que ouviram o grito todos se acalmaram numa questão de segundos. Apenas era audível o som da coruja negra que continuava bicando a cabeça de Quinn, a qual tratou rapidamente de afugentar a ave.

A professora se virou para os mais novos.

–Bem-vindos a Hogwarts. Espero que se sintam bem recebidos. Antes de começarmos com a cerimônia de abertura, vocês terão que passar pelo processo seletivo que ditará a que casa pertencerão. Como já vos devem ter dito, existem quatro casas: Grifinória, Sonserina, Lufa-Lufa e Corvinal. Durante o ano as vossas ações serão avaliadas. Ganharão pontos por vossas boas ações e perderam pontos pelas más. No fim do ano, todos os pontos serão somados e a casa que tiver a maior pontuação ficará com a taça, a qual representa uma grande honra e previlégio. Agora, o processo é bem simples. Quando eu chamar o vosso nome, vocês vão se sentar nesse banco e eu irei colocar esse chapéu nas vossas cabeças. Ele dirá a que casa pertencem.- um pequeno murmúrio se instalou entre os mais novos, e no fundo salão se ouviu um bocejo grave e exagerado, seguido de um “baque” sonoro. Provavelmente o dono do bocejo levou com a bengala de Ayin, o zelador.

O chapéu velho e remendado, que até então se encontrava em cima da mesa principal, abriu um grande rasgão que se assemelhava muito a uma boca feia e torta, bem perto da aba larga. Então começou a sussurrar uma cantiga meio grunhida, e quando terminou, Miranda Paddock se chegou na frente uma vez mais.

–Primeiramente gostaria de chamar para o processo seletor, o senhor Thomas Jackson. Vamos garoto, você sabe que eu não mordo.- um menino magrinho e acanhado se postou ao lado da Professora Paddock, com um patinho amarelo na sua cola.- O senhor Jackson tem treze anos e está ingressando tardiamente na nossa escola devido a algumas… circunstâncias especiais. Ele irá frequentar o terceiro ano juntamente os colegas de sua idade, mas receberá também um acompanhamento escolar extracurricular. Se fizer o favor, senhor Jackson…-o garoto se sentou no banco e Paddock logo tratou de colocar o chapéu cheio de remendos na sua cabeça.

O trapo velho não tinha nem tocado na ponta dos cabelos de Thomas ainda e já estava dando sua sentença.

–GRIFINÓRIA!