Cartas para Heartifilia escrita por Jinxed


Capítulo 3
2. Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo certo? AnaLu às suas ordens!
Eu demorei um pouco para postar um capítulo novo, eu sei disso e peço desculpas. Como eu avisei nas notas do capítulo anterior, eu fui viajar e passei dez dias sem meu laptop, não tendo um lugar bom para escrever e nem uma internet descente.
Quando eu cheguei, tive que ficar naquela correria de volta às aulas e acabei ficando sobrecarregada e sem tempo nem para pensar em postar.
Mas enfim, estou de volta e teremos capítulo novo a cada 10 dias, um pravo que eu acho bom tanto para mim quanto para vocês.
Nos vemos lá embaixo!



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O barulho dos saltos ecoava nos corredores compridos e bem iluminados. A albina andava sem hesitação, com a postura perfeita e um sorriso no rosto. Depois de alguns anos tentando se adaptar a sua nova vida, Yukino começou a se sentir bem sempre que um plano dava certo, não interessava a quem ele ferisse. A segunda porta à esquerda estava com a pintura velha, e antes de bater e entrar, ela começou a cutucar as partes que estavam descascando.

—Entre, querida – Apenas aquela voz era capaz de fazer cada parte de seu corpo estremecer. Apesar de terem uma relação quase familiar, Yukino tinha consciência de que deveria ter muito cuidado com Minerva, que apesar de ser muito amável com a garota, era capaz de mandarem sumir com ela em um estralar de dedos.

A cadeira estava virada para a janela, mas era possível ver parte de seu cabelo. Yukino era quase capaz de imaginar o sorriso malicioso nos lábios da mulher, enquanto falava de forma arcaica.

—Então, conseguiu executar o plano com êxito? – Minerva virou a cadeira e cruzou as pernas sobre a mesa de vidro em frente a ela. Havia uma ansiedade incomum em sua voz, mas a julgar por sua expressão, ela tentava ao máximo manter a compostura e não demonstrar sua falta de confiança em Yukino.

—C-consegui, na verdade, não foi tão difícil quanto pensei que seria. –Era quase impossível manter a pose de autoconfiança em frente a alguém como Minerva. A albina começou a cutucar o esmalte nas unhas, mesmo que esse já quase não existisse mais.

—Eu conheço Sting muito bem, criança. Creio que foi bem fácil fazê-lo cair em sua lábia, Yukino, afinal não é difícil se sentir atraído por alguém como você. – A garota arregalou os olhos e corou. – Quero que me conte sua experiência.

—Claro, mas primeiro, posso fazer uma pergunta? –Yukino levantou a cabeça, e olhou nos olhos escuros de Minerva. A morena concordou com a cabeça. – Por que você odeia tanto Lucy Heartfilia?

Minerva respirou fundo, fechou os olhos e se encheu de nostalgia. Por um momento, ela pareceu triste, mas logo essa tristeza se transformou em raiva.

—Ela tirou tudo o que eu tinha. Se não fosse por mim, ela nunca seria o que é hoje. –Yukino a entendia, conhecia esse sentimento melhor que ninguém. O sorriso sádico no meio das chamas ainda assombrava suas noites. – Costumávamos ser boas amigas na faculdade, ambas não sabíamos exatamente o que fazer e achamos amparo uma na outra. 

A morena descansou a cabeça na palma aberta, e projetou o corpo para frente.

—Não querendo me gabar, mas eu era melhor que ela na maioria das aulas. Ensinei a ela tudo que ela sabe sore costura e moda, e todo o planejamento da loja e das primeiras coleções dela foram feitas por mim.

Yukino abriu a boca. Lucy havia se tornado uma das melhores estilistas de Fiore à custa de Minerva? Aquilo não parecia do feitio da loira, definitivamente não. Yukino não parava de pensar que talvez a morena estivesse forçando os fatos, ou talvez preferisse acreditar que Lucy havia roubado a fama que deveria ser dela.

—Além disso, ela tirou de mim uma das únicas coisas que realmente importava para mim naquela época: Sting. Resumindo a história, eu quero que ela pague na mesma moeda. –Minerva sorriu um pouco triste por voltar em toda aquela história. – Agora, acho que me deve uma história, não e?

...

Natsu tinha certeza de que ela não se lembrava dele, afinal, como uma pessoa tão ocupada quanto ela teria tempo de se lembrar de uma boa ação idiota do passado? O rosado socou a mesa onde trabalhava em sua próxima carta para Lucy Heartfilia, seus dedos estavam sujos de tinta e seu chão coberto de papéis amassados, repletos de ideias descartadas.

Havia dias que as palavras pareciam fluir e ele não encontrava dificuldade em escrever, nesses dias ele se sentia bem, como se tivesse poder sobre alguma coisa. Nesses dias, ele estava disposto a sair e encontrar seus amigos, ele estava feliz.

—Droga. –Ele sussurrou.

Esse não era um desses dias. Hoje, ele se sentia impotente como se não tivesse habilidade nenhuma e todo o tempo que perdeu escrevendo durante sua vida fosse em vão. Hoje ele não queria fazer nada, mantinha as janelas fechadas e as portas trancadas já que ele não queria ser incomodado por ninguém, sendo sua única companhia uma lata de cerveja.

Lucy foi a primeira pessoa que se atreveu a falar com o garoto desde a internação de seu pai, que havia sido diagnosticado com piromania. Seu caso só foi descoberto quando ele causou seu primeiro incêndio, que acabou deixando uma vítima fatal, uma mulher que não tinha nenhuma relação com ele. Estava indo trabalhar, foi o que a polícia disse quando acharam o que havia sido um carro.

Natsu ficou desolado ao saber da condição do pai, e sabia que parte daquilo havia sido sua culpa. Ele nunca conheceu a mãe, que de acordo com Igneel, havia sido uma paixonite boba de adolescência, que os dois não estavam prontos para nada do que aconteceria depois que o rosado nascesse. Pelo jeito, ela estava menos preparada do que o pai do garoto.

Igneel deu a Natsu a melhor educação que alguém poderia ter, ótimos conselhos e muito amor, mas o rosado cresceu revoltado com o fato de sua mãe ter abandonado a família. Passava noites fora de casa, andava com más companhias e causava problemas por onde passava. Ninguém na vizinhança acreditava que aquele era mesmo o filho de alguém tão educado e gentil quanto Igneel.

O garoto só notou o quanto sua vida estava errada quando soube que não teria mais o pai ao seu lado. Ele tinha 16 anos e não havia aprendido quase nada sobre a vida, não tinha ideia de como se cuidar sozinho, mas não havia nenhum familiar vivo para brigar por sua guarda.  A última coisa que o rosado queria era ir parar em um orfanato naquela idade.

Pediu perdão ao pai por todas as besteiras que havia feito e prometeu à seu velho que um dia um dia ainda o faria muito orgulhoso. Igneel sabia que quando Natsu se decidia a fazer alguma coisa, deveria acreditar, então acabou aceitando assinar sua emancipação.

Desde esse dia, ninguém nunca mais andou do mesmo lado da calçada que ele e nunca mais sorriram para ele desejando um bom dia. Na escola, não tinha amigos e até mesmo os professores o evitavam.  E ele não ficava triste com isso, muito pelo contrário, estava muito bem assim. Para ele, bastava ter uma vista para observar e alguma melodia para ouvir que tudo estava bem, a única companhia da qual precisava era a de um caderno e alguma coisa que escrevesse.

Uma pessoa decidiu que a solidão do garoto era curiosa, já que era nova na cidade e não havia ouvido falar no incidente.  Aquela garota esquisita passou dias observando Natsu, sorrindo e dizendo bom dia para ele no corredor. Um dia, ele resolveu olhá-la para ter certeza de que aquilo não era uma brincadeira de mau gosto. Quando seus olhos se encontraram, ela sorriu.

—Por que você é tão sozinho? –Ela perguntou. A curiosidade da garota incomodava o rosado um pouco.

—Sou o tipo de pessoa que não gosta de lidar com pessoas, sabe? –Ele respondeu, com um sorriso amarelo e tentando passar sua irritação através da fala. Ela pareceu não entender e Natsu revirou os olhos.

—Bom, eu vejo que você gosta de uma coisa. –Ela apontou o caderno do garoto, aquele que sempre carregava para cima e para baixo. – Me pergunto o que você tanto escreve...

—E eu me pergunto de onde vem sua curiosidade? Não conheceu ninguém interessante e decidiu falar com o esquisitão? –Ela arregalou os olhos, assustada por ter deixado o garoto tão nervoso. –Desculpe. – Ele soltou sem nem pensar.

—Eu não acho você esquisito. –Ela afirmou, olhando para o horizonte. Natsu conhecia bem aquele brilho que Lucy trazia no olhar, era algo que ele costumava ter: Esperança. – Na verdade, a esquisitice é até um pouco poética, acho. As pessoas estranhas tem algo que as outras não têm.

—O que? –O rosado perguntou curioso.

—Não sei, quando eu descobrir te falo. –Ela disse sorrindo e levantou, tirando da bolsa um pacotinho de presente. –Toma, fica pra você. –Ela estendeu o embrulho. Ela um caderno azul escuro, com a frase “Wonderland is near”. Natsu deu risada assim que reparou que existiam pessoas tão estranhas quanto ele.

O rosado nunca se esqueceu do gesto da garota, e nunca jogou o caderno fora, mesmo com todas as folhas estarem usadas. Talvez o País das Maravilhas estivesse bem perto mesmo, ele apenas precisaria de coragem para encontrar a entrada. Com um lapso de criatividade, pegou um papel novo e começou a escrever.


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Notas finais do capítulo

Ei, olha eu aqui de novo!
Espero que tenham gostado do capítulo!
Vai sair sem deixar um cometário? Que feio!
Nos vemos em breve.



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