Tempo escrita por Samazing


Capítulo 1
Capítulo único — Tempo.


Notas iniciais do capítulo

Olá, minha primeira fanfic Jerza, não me matem. Especial de ano novo, espero que gostem. ♥



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O som do relógio nunca lhe pareceu tão incômodo. Era sempre assim quando se tratava do último dia do ano. A mesma sensação de solidão e inquietude. Ao contrário das outras datas comemorativas, o Ano Novo lhe causava uma pontada de saudades. O Natal, por exemplo, lhe parecia perfeito ao lado de seus amigos da Fairy Tail, mas o Ano Novo era diferente. Por mais bobo que isso parecesse, era diferente por conta de seu único desejo que fazia todos os anos antes da virada. Um único desejo para que seu ano seguinte fosse melhor e ao lado dele.

Talvez esse fosse o seu segredo mais profundo. Não que gostava dele, porque sobre isso, ela acreditava que algumas pessoas já haviam percebido. Sabia que, no fundo, não era boa assim em disfarçar as coisas, mas que ele era o seu desejo, ninguém fazia a menor ideia. Inúmeras vezes, tentava passar a imagem de alguém racional, que não acreditava em superstições bobas, entretanto, não era bem assim, principalmente quando se trava de Jellal. Ele era seu maior desejo.

Não precisava ser sua namorada ou qualquer coisa do tipo, sabia que se contentaria apenas com a presença dele ao seu lado, todos os dias. Sentia sua falta a cada mísero segundo de seu dia e era isso que a fazia sentir-se tão sozinha, mesmo com todos os seus amigos ao seu lado. Já estava acostumada com suas sumidas repentinas, mas nunca se acostumara com sua ausência. E nunca se acostumaria. Chegava a ser irônico que, a primeira amizade que fizera na infância tinha tornado-se a mais distante, porém, de alguma forma, uma das mais queridas. Embora fosse mais que amizade, ao seu ver, ao contrário do que Jellal demonstrava.

Onze e cinquenta e dois. Passava a odiar ainda mais o barulho dos ponteiros do relógio movendo-se no seu pulso. Quanto mais perto de meia noite, pior, porque sabia que o ano seguinte chegaria e, com isso, criaria falsas esperanças novamente. Não tinha ideia do porquê de continuar com toda aquela besteira. Do telhado da guilda, conseguia observar as pessoas nas ruas. Roupas tradicionais, barraquinhas de comidas, brincadeiras, crianças correndo de um lado para o outro. Certamente, a virada do ano era um grande evento em Magnólia, e algo bastante esperado em todos os anos. Conseguia ouvir o som das risadas, mesmo que longínquas, tal como os gritos de felicidade.

Olhou para o relógio mais uma vez. Onze e cinquenta e quatro. O ponteiro continuava a mover-se sem qualquer pena e a ruiva voltou a observar o movimento na rua. Todos pareciam tão felizes. Não que não estivesse feliz, mas estava desapontada. Talvez esse fosse o termo correto. Desapontada com Jellal, por não estar ali, mas, acima de tudo, desapontada consigo mesma por insistir em continuar com tudo aquilo.

Os ponteiros continuavam a mover-se e a fazer o contínuo tic-tac. Entretanto, em poucos segundos, o som passou a ser confundido com o barulho de sapatos batendo contra o chão. Virou-se, imaginando que alguém da guilda teria a encontrado, entretanto, parecia que finalmente tudo aquilo havia valido a pena. Olhou para o relógio, onze e cinquenta e cinco. De repente, o som do relógio não lhe incomodava mais, tampouco a frequência com que batiam ou a velocidade com que as horas passavam. Jellal estava bem a sua frente.

Fazia exatos seis meses e três dias que não se viam. Seus olhos piscaram seguidamente alguma vez, para que ela tivesse certeza de que sua presença não fosse uma miragem ou algo do gênero. Jellal, por sua vez, aproximou-se da ruiva, colocando seu casaco sobre o corpo dela, aproveitando-se da proximidade para sentar-se ao seu lado. Ficaram em silêncio por alguns segundos, apenas sentados um ao lado do outro.

— Não está com frio? — A voz masculina fez-se presente.

Nenhuma resposta, apenas mais alguns segundos em silêncio. Ele não olhava para ela e ela não olhava para ele. Mas ele tinha uma certeza. Conhecia Scarlet bem o suficiente para saber que ela estava chorando. Não sabia o motivo exato, mas foi o suficiente para envolvê-la em seus braços em um abraço apertado. Ele também sentia falta de Erza, mais do que ela podia imaginar.

— Por que você está assim?

— Não é nada. — Ela respondeu, subtamente se afastando. — Eu não estava chorando, tá bom? Era só... Um cisco no meu olho! — Bela desculpa, Erza.

Queria poder ficar naquele abraço por mais tempo, certamente, mas sabia que não devia e, acima de tudo, que não podia, afinal, ele via as coisas de um ângulo diferente.

— Eu não disse que você estava chorando. — Jellal proferiu, em seguida, formou meio sorriso nos lábios.

Erza balbuciou algumas palavras, mas nada compreensível, o que levou a optar pelo silêncio, seguido de um suspiro, enquanto desviava seu olhar para a rua, que ainda parecia animada.

— Eu senti sua falta, Erza.

Mais alguns segundos de silêncio. Na verdade, ela estava apenas digerindo a informação inesperada. Até, por fim, voltar seu olhar para ele novamente.

— Eu também senti sua falta, Jellal. — E, dessa vez, um pequeno sorriso formou-se em seus lábios.

Moveu-se, até que pudessem ficar frente a frente. As mãos dele seguiram até os fios de cabelo escarlate da menina, movendo-os com certa destreza. Livrou toda a testa dos fios avermelhados e ambos foram capaz de ouvir o som dos fogos. Meia noite. Mas, naquele momento, ela não se importava, tampouco ele. Com um sorriso presente no rosto, Jellal aproximou-se ainda mais dela, deixando um selar na sua testa. E ela se deu conta de que, finalmente, seu pedido havia sido atendido.

— Eu não vou mais ficar longe por tanto tempo, ok?

Um aceno de cabeça foi o suficiente para responder sua pergunta.

— Eu trouxe uma coisa para você quando estava vindo para cá. — Entregou-lhe um embrulho ao qual ela nem havia percebido anteriormente.

Ela ficou animada assim que percebeu que o embrulho era de uma loja de doces, que ficava próxima à guilda. E, como uma boa amantes de doces, não poderia ter ficado mais feliz ao ver a torta de morango na pequena embalagem. Não havia doce que gostava mais do que torta de morango, o que significava que Jellal havia acertado em cheio.

— Podemos dividir! — Ela disse, animada feito uma criança.

E ele, por sua vez, não podia recusar um pedido feito por ela. Erza estava feliz. Não sabia o que seria das próximas horas, tampouco o que aconteceria no dia seguinte, mas a presença de Jellal naquele momento lhe parecia o suficiente. Foi quando ela percebeu que não era culpa do relógio, nem sequer do tempo, na verdade, ambos estavam ao lado dela o tempo todo, afinal, se Jellal não tivesse ficado longe por tanto tempo, ele não teria percebido a falta que Erza faz na sua vida.


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Notas finais do capítulo

Olha, alguém que leu até o final. Espero que tenha gostado e espero que 2016 seja um ótimo ano para você. Feliz ano novo. ♥



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