My Gift escrita por Letilopes


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!
Me desculpem o atraso, essa One era para ter sido postada no natal.Na verdade , eu escrevi esta One a meses atrás e como o natal estava longe, decidi esperar.
Boa Leitura!



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O céu estava limpo e a brisa gelada fazia com que meus pelos se arrepiassem. Uma bela noite de natal. Meu vestido preto simples e meu casaco já não eram suficientes para afastar o frio, mas não me importei e continuei a observar o céu sem nuvens. Levei a garrafa gelada em minha mão de encontro aos meus lábios , senti o álcool descer rasgando pela minha garganta .Eu adorava essa sensação, não pela ardência em si, mas pelo fato de me fazer sentir algo novamente. Me fazer sentir viva.

Escutei passos atrás de mim e senti uma presença ao meu lado , nem ao menos precisei olhar para saber quem era, assim que o cheiro de cravo da índia invadiu minhas narinas , eu soube.

-O que você quer de presente, Little Dampir?-Perguntou.

-O que eu quero ninguém pode me dar, Adrian. - Minha voz saiu fria e ao mesmo tempo dolorosa. - Já faz um ano. - Apoiei meus cotovelos na sacada da varanda, uma garrafa de cerveja jazia em minha mão direita e meus olhos estavam fixos nas luzes coloridas dos pisca piscas colocado nas casas da corte.

-Eu sei.

-Como eles podem estar tão felizes...?-Perguntei com certa raiva. Como eles poderiam estar comemorando, enquanto ele estava daquele jeito. Enquanto eu estava sem ele.

-Não os culpe, Rose. Ninguém teve culpa. -Adrian pousou a mão sobre meu ombro, me fazendo finalmente olhar para ele .Seus cabelos estavam com o típico bagunçado proposital, seus olhos verdes brilhavam e sua expressão era serena.

-Ele não vai...-Ralhei de uma forma inaudível olhando nos olhos verdes a minha frente.

-Desde quando você desiste ? Você é mais forte do que isso. -Falou ele , segurando meu queixo para que eu não desviasse o olhar. Minha boca se abriu , mas nada saiu dela. Ele tinha razão. Eu estava desistindo! Desistindo do meu camarada. -Tenha esperança , little Dampir.

-Já passou muito tempo. -Minhas palavras saíram embargadas e logo, as lágrimas que eu segurei por um ano desceram pelo meu rosto. Lágrimas que segurei desde que os médicos da corte disseram que o amor da minha vida, poderia não acordar mais. - Eu sinto falta dele.

Meu corpo foi subitamente puxado para um abraço forte. Deixei as lágrimas caírem. Despejei minhas frustrações. Minha angustia, raiva, saudade e toda a esperança no abraço. Adrian acariciava meus cabelos carinhosamente e sussurrava palavras de consolo ao pé do meu ouvido. Meus soluços eram altos e a camisa de Adrian se manchava com minha maquiagem desfeita pela umidade do meu rosto. E pensar que há um ano meus cabelos estavam sendo afagados por outro homem...

Lembranças dançaram em minha mente. O ataque a corte, a gritaria e agitação dos morois, meu ultimo beijo com Dimitri. O pequeno e casto toque de nossos lábios antes da batalha, toque este, que dança em minhas memórias há mais de um ano. Lembro-me do desespero de Lissa e Christian vendo sua pequena Anne correndo desesperada para alcançar seus pais, enquanto os strigois apareciam de todos os lados. Foi quando o invencível Guardião Belikov entrou em ação...Invencível?! Pelo menos, era assim que todos pensavam. Era assim que eu pensava mesmo depois do que aconteceu na St Vladimir, afinal, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Pois é , eu estava errada!

Um Strigoi ruivo foi atrás de Anne e quando ele estava a ponto de pega lá, Dimitri entrou no caminho e foi atirado com força contra uma pilastra do outro lado do salão de festas, batendo a cabeça contra ela. Recordo-me também da minha estaca entrando no coração do Strigoi que o atacou e dos muitos outros que entravam no meu caminho. O grito de agonia que rompeu minha garganta no momento que me ajoelhei ao lado do meu Camarada, a visão que tive em míseros segundo, foi o suficiente para me atormentar durante todas as minhas noites por um ano. A cabeça dele sangrava e seus olhos estavam desfocados, seu sangue fazia uma poça vermelha pelo chão encerado do salão da corte. A única evidência de que ele estava vivo, era seu peito, que subia e descia lentamente. Depois tudo se torna um borrão, só me lembro de estar parada em frente a cama de hospital que Dimitri se encontrava , ouvindo as palavras do médico.

-O guardião Belikov perdeu muito sangue e quebrou duas costelas. - Com um breve suspiro, continuou. - Infelizmente a pancada que ele sofreu na cabeça foi muito forte, causando-lhe uma concussão...

- E agora?

- Guardiã Hathaway, o Guardião Belikov não irá acordar tão cedo...Talvez nunca mais acorde.

Foi neste momento que nada mais passou a ter sentido para mim, nada. Nem mesmo meu trabalho com Lissa como Guardiã, meu sonho. Nada mais importava. É estranho pensar em como fiquei dependente de uma única pessoa, de seus sorrisos preguiçosos pela manhã, seu sotaque acentuado ao ser provocado, seu abraço caloroso sempre que me via passar pela porta, seu amor e sua amizade. Ele confiava plenamente em mim e eu nele. E tudo isso desabou diante dos meus olhos.

- É melhor entrarmos, você está congelando. - Levantei meus olhos e encontrei as esferas verdes de Adrian me encarando com preocupação. - E a Sidney vai me matar me vir aqui. - Não pude deixar de rir. Sidney se preocupava exageradamente com o Adrian, o que é compreensível, já que ela viveu entre os humanos que são mais propensos a doenças. Só que ela realmente exagerava.

- Então vamos, não quero ter que enfrentar a fúria da Srtª Ivashkov.

A noite seguiu tranquila. Meus pais não se desgrudavam e abe não parava de comer, Lissa e Sidney brincavam com Anne e Andrew - filho de Sidney e Adrian. Os garotos – mais especificamente, Adrian e Christian discutiam sobre um assunto puxado por Eddie ( ele adora uma boa briga)- o possível envolvimento de seus filhos no futuro. E as Belikovas...Todas –tirando Yeva que havia desaparecido- , estavam quietas em seus cantos, assim como eu, mesmo com as tentativas falhas de Olena em nos animar. Sua esperança era admirável, desde o momento que ela chegou à corte até este natal- um ano depois do ocorrido- ela continuava esperançosa. Mas eu sabia que por trás disso havia uma mãe desesperada com a possibilidade de perder seu filho.

Dimitri deveria estar aqui conosco. Ele ficaria radiante ao saber que sua família havia se mudado para corte e que estávamos, quase todos, passando o natal juntos pela primeira vez.

Faltava menos de meia hora para meia noite, as crianças já estavam exaustas e Yeva ainda não tinha aparecido. Comecei a caminhar em direção a porta e fui impedida por Olena.

-Onde vai Rose?

-Eu quero estar com ele.- Foi tudo o que precisei dizer para que ela saísse do meu caminho. Ultimamente todos estavam com medo de me deixar sozinha, como se a qualquer momento eu fosse surtar.

Durante o caminho para o hospital, não pude me impedir de sentir raiva ao ver todas as casas iluminadas e pessoas nas calçadas comemorando, era como se esfregassem na minha cara que estavam felizes e eu não. Que eu não merecia a felicidade delas. Estava começando a pensar da mesma maneira.

O hospital estava vazio, apenas algumas enfermeiras estavam de plantão. Ninguém tentou me parar, já estavam acostumadas a minha presença. Eu visitava Dimitri todos os dias e sempre lia um ou dois capítulos dos livros de faroeste que ele gostava. E não conseguia parar de me perguntar: Como ele gosta daquilo?! A cada página que se passava, eu torcia para que ele se levantasse abrisse os olhos e me encarasse, esperando pacientemente o momento em que me cansaria da história, atiraria o livro nele e diria que precisava de um novo robi .

Faltavam poucos minutos para a meia noite. Me dirigi ao quarto de Dimitri e me sentei em uma cadeira ao lado de sua cama, pegando suas mãos frias . Seus olhos estavam fechados e seus cabelos espalhados pelo travesseiro, seus lábios brancos e seu corpo coberto por um cobertor cinza.

-E ai camarada.- Minha voz saiu como um sussurro.- Não acha que está na hora de levantar? –Sem esperar ouvir uma resposta, continuei. - Hoje é natal, sabia?- As lágrimas desciam pelo meu rosto. – Por que você não se levanta? –Levei suas mãos aos meus lábios e depositei um beijo nelas. Entrelacei minha mão direita à dele e com a com minha mão livre acariciei seu rosto.

“ O que você quer de presente Rosemaire?” –Essa frase. Era estranho as pessoas me fazerem esta pergunta justamente hoje que fazia um ano que Dimitri estava desacordado. Era mais do que obvio o que eu queria.

A alguns anos atrás , enquanto ainda estávamos na academia ,Dimitri me fez essa mesma pergunta. E o irônico é que na época ele era o que mais queria também, só não podia expressar em palavras como o queria, e ele sabia disso. Agora, eu podia dizer exatamente o que queria, mas novamente, não podia ter.

-Eu quero que você acorde Dimitri.

Deitei minha cabeça em seu peito, fechei meus olhos e me deixei ser embalada pelas batidas de seu coração. Permiti-me ficar ali por um tempo, somente ouvindo seu coração que um dia bateu com tanto vigor ter batidas lentas e compassadas, até que os estrondos dos fogos de artifício invadiram o silêncio do hospital. Era meia noite. Levantando- me da cadeira, beijei suas pálpebras, sua testa, suas bochechas, seu queixo e finalmente, seus lábios frios.

-Feliz natal, camarada!

Com um ultimo beijo em seus lábios, segui para a saída. Antes que pudesse passar pela porta a respiração de Dimitri se tornou descompassada e acelerada, corri até ele e segurei suas mãos , chamando desesperadamente uma enfermeira. Então, aconteceu o que eu esperava a mais de um ano...

- Dimitri ?- O chamei hesitante, encarando seus olhos , agora abertos.

-Feliz natal, Roza!- Sussurrou roucamente.

Ele havia voltado. Meu amor. Meu presente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Por favor deixem seus comentários.
Feliz natal ( atrasado) e Feliz ano novo!! Bjs