Meu quarto nunca foi tão frio e sem luz. Bill nunca parava em casa, sempre na casa do Damiam... É eles começaram um namoro.

No começo, todos da escola estranharam tal “viadagem” da parte de Damiam, já que todos o rotulavam como “cabra-macho” da escola. Como Gustav falou, eu sabia que ele era gay. E então, virou moda ser bissexual na minha escola. Aff, gente sem personalidade.

Mas, como ele pode levar o meu irmão junto? Agora eu não tinha mais motivação pra nada. Não gostava nem de olhar para o Bill que ficava triste. É, foram 2 semanas de tortura.

Damiam queria alguma coisa, e eu daria a ele, se em troca ele me devolvesse meu irmão.

Resolvi descer do meu quarto um pouco, afinal era sábado e eu planejava chamar os G’s para um rolé, mas certa pessoa me fez tremer de raiva.

-Oh, seja bem vindo! – Minha mãe falou com um sorriso. – Huum, você é bonito, hein? Bill tem muita sorte.

-Eu me considero um sortudo por ter o seu filho, Dona Simone. –A BESTA falou educadamente, puxando um Bill inseguro para o seu lado.

-Quer água? Coca-cola? –Minha mãe olhou pra mim com um sorriso de aprovação. – Tom! Olha quem veio nos visitar!

Minha vontade era de pular no pescoço daquele merda e arrancá-lo com os dentes, mas concluí que o Bill ficaria com muita raiva de mim.

-Oi Tom! – Damiam falou gentil, apertando a minha mão. – Quanto tempo que não te vejo rapaz! Bill estava te achando até estranho esses dias, certo amor? –Ele olhou para Bill que estava com a cabeça encostada em seu peito.

-Talvez ele só não precise se preocupar mais comigo. – Ele falou com um tom sombrio e magoado, olhando para as mãos de Damiam que estavam em suas coxas.

-Cheguei com as bebidas. – Minha mãe entrou na sala com dois copos de coca-cola. – Damiam, você pode me ajudar com algumas caixas que estão no carro? É que o Tom anda meio doente esses dias, se não for incômodo...

-Nenhum incômodo, Dona Simone! – De onde veio aquela educação toda? Ele deve ter feito curso ou alguma coisa parecida... – Onde estão?

-Vem comigo! – Minha mãe deu uma corridinha até a garagem, junto com Damiam, conversando animadamente sobre o jogo do campeonato inglês de ontem à noite.

O silêncio se instalou na sala.

Bill estava do outro lado do sofá, mexia os pés nos passos do rebolation, mas de um jeito bem devagar, como se fazia nos tutoriais, sua cabeça pendia para frente, deixando seus cabelos caírem entre seu rosto, não me deixando ver sua expressão. Só conseguia ver um pequeno sorriso em seus lábios, como se estivesse satisfeito com alguma coisa.

-Bill... – Falei baixo para não assustá-lo, mas foi em vão, ele levantou a cabeça rapidamente, arregalando os olhos pelo susto.

-Sim? – Sua voz saiu esganiçada e triste, fazendo meu peito se apertar.

-Você está feliz? – Sussurrei tentando olhar para seu rosto em vão, já que seus cabelos o cobriam completamente agora.

Ele não respondeu, deu um suspiro pesaroso, se jogando para trás, batendo as costas na cabeceira do sofá. Respirei fundo.

-Qual é o problema? Pensei que o Damiam fosse importante pra você. – Falei sem raiva nenhuma, afinal, se foi o Damiam que o Bill escolheu, eu o respeitaria, por mais que me doesse.

-Ele... – Bill começou, mas não conseguiu terminar, me deu um olhar sugestivo, como se ele quisesse que eu entendesse algo. – Você...

-Hum? – Tentei ajudá-lo, me mostrando interessado, virando no sofá para sua direção.

-Não adianta eu ter ele sem ter você. – Falou em uma só respirada, deixando uma lágrima cair por sua bochecha esquerda. Sua boca agora possuía um bico de choro. – Você não dá mais atenção pra mim...

-Você vive com o Damiam. – O interrompi meio irritado. – Quer que eu segure vela nos seus encontros? Você sabe também que o Damiam nunca foi um bom ‘namorado’. Eu não gosto dele.

-Bom namorado? – Bill perguntou, soltando um longo soluço. Suspirei, escolhendo as palavras.

-Sabe Bill, você não é o primeiro (a) namorado (a) do Damiam... Ok, ninguém sabe disso, mas... – Olhei para o teto com uma expressão pacífica.  – Lembra daquela época? Aquela época que eu andava com ele?

Bill se encolheu, puxando as pernas contra seu tronco.

-Não gosto daquela época.

-Sim, eu sei.  – Me aproximei um pouco mais dele, mas não cheguei muito perto, só um pouco para eu poder sussurrar.  – Eu fui um estúpido, não acontecerá aquilo novamente.

-Tenho insegurança, tenho medo de você se afastar de mim

novamente. – Bill sussurrou olhando para a TV desligada. – A Zuzk e a Yuki não são nem um pouco comparadas com você.

Vi meus olhos marejarem e meu peito doer mais ainda, não queria falar sobre aquilo, mas era necessário.

-Eu prometo, hum? Serei seu irmão pra sempre. – Ele me deu um sorriso triste e desviou o olhar para a TV – Então... Nessa época, o Damiam apareceu com uma menina. Ela era linda, tinha cabelos castanhos claro e os olhos cor de mel, um pouco mais claro que o nosso. Sempre usava um batom rosa claro e sombra prata, realçando seu rosto pequeno... – Tom olhou pro teto, lembrando da menina risonha que conhecera. – Ela era super engraçada e... Ela parecia muito com você.

Bill tirou os cabelos dos olhos, olhando agora para mim, interessado, mas triste ainda.

-Comigo?

-Sim, ela era uma boa aluna, insegura e tinha um irmão chamado Went, ele era mais novo que ela e não dava a mínima bola pra ela, os pais trabalhavam em uma empresa e sempre viajavam, então ela era completamente sozinha.

Pela expressão de Bill, penso que ele estava lembrando no passado. Como todos falam “O passado me condena”. Nunca devia ter feito aquilo com o Bill, ter o ignorado e o humilhado...

- O nome dela era Helena. – Eu continuei, tirando Bill de seus pensamentos. – E Ela amava o Damiam, pois ele começou a incluir ela nos grupos e dava atenção a ela, carinho, presentes... O Damiam demonstrava afeto por ela, e por um momento, eu pensei que ele estivesse realmente apaixonado.

Bill não tirava os olhos do meu rosto, estava realmente interessado, mas parecia que tinha medo do final da história. Ok, ele tinha razão, mas eu tinha que continuar.

-Um certo dia, eu... Eu estava na escola procurando o Damiam com a Helena, que tinha chegado mais cedo esse dia, pois tinha brigado com o irmão. Nós... – Eu estava pensando se devia continuar se era a coisa certa.

-O... que você viu, Tomi? – Bill esganiçou, arregalando um pouco os olhos marejados.

-Damiam estava... Ele estava... – Comecei a gaguejar, então respirei fundo e soltei o ar. – Ele estava beijando outra menina, beijando uma menina qualquer...

O silêncio se instalou e vi uma lágrima escapar dos olhos de Bill, que ainda olhava para mim, desnorteado.

-Helena... – Vi minha boca fazer um bico, como se eu fosse chorar. – Ficou totalmente desnorteada, decepcionada, triste... Ela entrou em depressão, ficou anoréxica... Quase morreu.

-Então... Aqueles dias, no hospital... – Bill murmurou, olhando para baixo.

-Sim, eu acompanhava ela todos os dias. Faltei aula, quase perdi de ano. – Sussurrei com um meio sorriso ao lembrar-se do que veio depois disso.

-Foi então que você me pediu ajuda... Em Alemão. – Bill levantou os olhos dando um sorriso, compreendendo tudo. – Você... Você se aproximou de mim por causa disso.

-Sim. – Falei dando um sorriso um pouco mais feliz. – A Helena me fez olhar você de um jeito diferente, um jeito afetuoso. O que eu estava fazendo com você... Isso é imperdoável. Eu via a Helena sem irmão, sem os pais... Vi que você estava passando pela mesma coisa.

-Você... – Ele não continuou, só olhava para mim com um sorriso bobo.

-Sabe, a Helena depois que saiu do hospital sumiu, não deixou nenhum bilhete ou recado, endereço... Nada. Só sei que ela foi uma influencia na minha vida, queria poder agradecê-la, tê-la abraçado e dito que tudo ficaria bem... Não sei onde ela está agora. – Dei um meio sorriso.

-Haam... –Bill murmurou. – Tudo por causa do...

-Damiam. – Terminei pra ele. – Por isso que eu não queria que você ficasse com ele, por isso que não gosto dele.

-Por que... Não me contou antes?

-Porque... Eu só percebi agora que você está... Realmente gostando dele. – Sussurrei. Porque doeu tanto falar aquilo?

Ficou silêncio por um momento.

-Está errado, eu amo outra pessoa. – Murmurou bem baixo, quase inaudível.

                                               7- Freedom.

-Nossa, estavam realmente pesadas, não sei se você agüentaria caro Tom! – Damiam falou, soltando uma risada estrondosa. Ele parecia uma lhama engasgada, argh!

-Poxa, você me dizia Damiam, não precisava fazer esse esforço todo! – Minha mãe falou com o rosto preocupado.

-Nada disso! Não podia deixar a senhora na mão, e afinal, foi uma boa malhação. – Os dois riram e minha mãe foi fazer o almoço.

-Hum... Vou pro meu quarto. – Falei tentando ser legal. – Bom, Bill me chama quando o almoço sair, ok?

-Ei, Tom! – Bill chamou meio pensativo. Esperei ele falar. – Ér... Ham, Porque você não... Ér, Assim, se você querer claro... – Ele respirou e falou. – Esqueça, eu te chamo quando o almoço sair.

-Tudo bem. – Eu sei o que ele queria. Queria que eu ficasse com ele na sala, mas foi repreendido pelo olhar reprovador de Damiam. Idiota eu sou, devia ter ficado...

Mas era tarde demais, e agora eu precisava pensar em uma coisa: Qual é a do Bill? Ele disse que amava outra pessoa, mas nunca me disse nada... Preciso descobrir sim.

                                        *****************

Estava escuro e Bill se mexia na cama, fazendo um barulho irritante não me deixando dormir. Resolvi ir lá ver qual é o problema.

-Ei, qual é o problema? – Sussurrei, deitando do lado dele, fora das cobertas.

-Ér... Tom vá dormir. – Ele falou, irritado.

-Estou te incomodando? – Perguntei divertido. Bill não estava realmente irritado, queria que eu fosse embora porque eu lembrava alguma coisa triste pra ele. É eu conheço muito bem meu irmão.

-Está. – Afaguei o seu maxilar e ele gemeu, aprovando o ato. Depois balançou a cabeça, voltando a ficar “irritado”. – Ei, eu mandei você dormir.

-Maninho qual é o problema? Sei que você não está com sono. – Ele engoliu em seco. – E está pensativo demais desde hoje de manhã. E o que você disse ali na sala...

-Eu tava brincando. – Ele interrompeu com a voz alterada. Ele estava mentindo, sem sombra de dúvidas.

-Não se brinca com amor, Bius. – Falei seu apelido infantil carinhosamente, voltando a massagear suas têmporas, passando as mãos em suas bochechas. – Conte-me.

-Eu... – Ele estava quase em pânico, estava com medo de alguma coisa. Eu tinha que o reconfortar.  – Gosto do Damiam.

-Eu sei que você gosta dele, hum? Mas você disse que amava outra pessoa. – Murmurei, encarando seus olhos que tentavam focalizar alguma coisa no escuro, evitando os meus. – Não vai me contar?

Ele suspirou fundo e olhou pra mim. Esbocei o melhor sorriso que tinha, chega minha bochecha doeu.

-Chega mais perto, Tommi? – Ele sussurrou com uma voz sedutora, estreitando um pouco os olhos e soltando um gemido de aprovação quando coloquei meu rosto perto do seu. Senti o aparelho entre as minhas pernas pulsar.  – Seu cheiro é tão agradável... Eu estava com saudades, Tommi.

Ele deu um sorriso gracioso e fez um bico com os lábios. TÁ, ELE FEZ ISSO PORQUE MESMO? Eu não queria acreditar naquilo, ele queria que eu o beijasse? Tipo, beijar? Na boca?

Um ser normal ia tipo me puxar e me dar um chupão, tipo as meninas da minha escola faziam isso, via nos filmes, mas ele não, ele só fez um biquinho esperando que eu desse o primeiro passo. Aquele biquinho era tão convidativo...

Toquei meus lábios nos dele bem devagar, dando um beijo estalado. Um beijo de nerd, sabes? Nunca pensei que ia fazer isso na minha vida, mas... Foi o beijo mais gostoso que dei na minha vida.

Não sei, os lábios de Bill pareciam ter alguma cola super-bonde com gosto de bolo de baunilha que só mamãe consegue fazer e café com leite do jantar passado, a textura, a cor rosada... Era tudo muito bom. Ele era bom.

Ele separou os lábios dos meus com o rosto vermelho, olhando para baixo. Tinha um sorriso satisfatório nos lábios, olhava para tudo, menos para mim.

-E então? Falta você me dizer alguma coisa? – Sussurrei amoroso, dando outro sorriso enorme. Ele riu nervoso, finalmente fitando minha face totalmente feliz.

-Boa Noite, Tommi! – Ele deu uma gargalhada e virou pro outro lado, suspirando alto.

Eu suspirei decepcionado e deitei na minha cama.

ESPERA AÍ! VOLTA A FITA!

Primeiro, o Bill fez um bico para eu beijar ele, enfim, isso significa... Ah! Vocês sabem o que significa! Ele... Ele quer praticar incesto agora? Ele é um cara comprometido! (Com um jegue, mas comprometido)

Segundo eu... EU BEIJEI MEU IRMÃO! Será que eu vou pro inferno? Senhor Deus Pai todo poderoso, não me mande pro inferno, eu não calculei os meus atos! Só que o pior de tudo foi...

EU GOSTEI E QUERO MAIS!

Não quero não. TOM KAULITZ! Primeiro: Pare de gritar, segundo: Você não quer nada com seu irmão, ele é apenas seu irmão, nada mais! E terceiro: Eu sei qual é o seu problema... Falta de mulher!

Então no dia seguinte eu arranjaria uma mulher bem gostosa, era isso, falta de mulher. Tinha que ser isso.