As Aventuras Bizarras de Beta Fisk escrita por Gapashi


Capítulo 6
Olhos de universo


Notas iniciais do capítulo

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Beta não sabia como aquilo havia acontecido. Alice estava encolhida em seus braços, respirando em seu pescoço. Ela tinha uma expressão tão serena quando dormia... As batidas do coração de Beta estavam tão altas que ele tinha medo que ela pudesse ouvir. Lembrou-se de quando a viu pela primeira vez. Seus cabelos dourados brilhavam com a luz do sol que entrava pela janela. Ela encarava o chão enquanto subia as escadas de madeira do dormitório. Será que as pessoas acreditam em amor à primeira vista? O garoto em si não acreditava. Mas, ao conhecer Alice, sua crença foi desfeita. Passou a mão pelo rosto sardento da garota, desenhando cada linha.

– Você é linda. - Beta colocou uma mecha do cabelo de Alice atrás da orelha. - Queria ter coragem para lhe dizer isso. Mas, você acharia estranho. E essa é a desvantagem do amor à primeira vista.

Alice se mexeu, espreguiçando-se. Beta recolheu a mão para dentro do cobertor. Ela abriu os olhos e sorriu.

– Bom dia. - Alice ainda estava grogue de sono. - Você dormiu bem?

– Dormi. - Acalme-se, Beta. Acalme-se. – Nunca havia dormido tão bem desde que adquiri a insônia.

Alice escondeu o rosto no peito de Beta.

– Eu teria que sair daqui, já que não somos um casal. Mas, aqui está tão quentinho e eu estou com tanta preguiça...

– Pode ficar o quanto quiser. - Beta sorriu. Seu coração batia loucamente. - Eu também estou com preguiça.

– Meu Deus, Leonard, que casal fofo. - Elimona assustou ode dois. Ao seu lado estava Leonard.

– Seus precoces. - Leonard segurava uma xícara de café. Alice pôs-se de pé quase imediatamente. Beta sentou.

– Vocês já estavam acordados? - Beta penteou o cabelo com os dedos.

– Sim. - Elimona contornou o sofá. - Stephanie já foi embora. Eu a levei até o campus, pois ela tinha um compromisso. - ela abriu um sorriso perverso - Somos apenas nós e vocês, casal precoce.

– Não somos um casal, Elimona. Eu já lhe disse isso. - Beta reafirmou.

– Sei... - ela descruzou os braços. - Vou fazer algumas panquecas.

– Eu te ajudo. - Alice a seguiu até a cozinha. Estava com tanta vergonha e tão nervosa pelo flagra que não sabia o que fazer. Mas, algo a incomodava. E tomou coragem para perguntar. - Por que, Elimona?

– Por que o que? - ela abriu a porta da geladeira de inox, procurando pelos ovos.

– Por que insiste em nos chamar de casal?

A garota de cabelos negros curtos apertou as bordas da bancada de mármore. Mordeu os lábios e ignorou Alice, virando de costas para a menina.

– Ei, eu...

– Pode não parecer, mas eu me importo com o Beta. - Elimona sorriu com o canto da boca. - Sou completamente apaixonada por ele.

– Ora, e por que você não fala pra ele? Talvez ele te corresponda.

A garota encarou a pia por um tempo.

– Eu e Beta já namoramos. - Alice ficou surpresa e expressou indignação. - Sei o que pensa. Mas ele nunca esteve confortável ao meu lado. Beta nunca dormiu comigo. Nunca sequer transou comigo. É claro que ele me tratava com muito carinho, mas eu queria mais que isso. E a intranquilidade dele me deixava nervosa. - Elimona encarou Alice com um sorriso amarelo - A insônia dele me deixava irritada, além de achar que eu não era o bastante. Nós brigamos muito antes que ele pedisse por um fim de tudo aquilo, pois ele me amava e não queria que eu sofresse.

– Nossa, Elimona. - Alice apertava as mãos, repreendendo-se. - Eu nunca quis lhe causar nenhum mal.

– Não me fez mal, de forma alguma. Mas eu percebi que os sentidos dele respondem à sua presença. E, quando vi vocês dormindo juntos, fiquei muito feliz. De verdade. Foi a primeira vez que vi Beta tranquilo. E é por isso que chamo vocês de casal. Eu quero pensar assim, pois eu o amo, e quero vê-lo feliz e tranquilo. - ela sorriu. - E você, Alice, proporciona isso à ele.

– Eu...acabei de conhecê-lo. Mas, - Alice sorriu de volta - eu tentarei me aproximar dele e fazê-lo feliz. Como amiga, é claro. Farei isso por você, Elimona.

– Só Mona. E obrigada. Vamos logo fazer essas panquecas. - as duas soltaram gargalhadas como duas boas amigas. - Ah, e apenas te dando uma dica: você não vai conseguir ser apenas amiga de Beta.

Alice corou e encarou o chão. Pior que o que Mona havia dito podia ser verdade. O que não sabiam é que Beta ouvira tudo. Com os braços cruzados, ele se apoiava na parede. Após alguns segundos, saiu daquela posição e seguiu para o banheiro.

A manhã passou rápido. Logo, o almoço também foi rápido. Alice ficou impressionada com a quantidade de ingredientes que a casa possuía. Tinha de tudo um pouco. Assim, a garota, querendo demonstrar suas habilidades culinárias, fez uma lasanha de espinafre com calabresa. Ouviu muitos elogios e Beta foi quem mais comeu. À tarde, enquanto Beta lavava a louça, os outros três jogavam bola debaixo da casa. Depois de um tempo, estranharam a demora de Beta. Alice se ofereceu para ir procurá-lo na casa, sabendo que poderia se perder. Chamou o sujeito pelo nome ao redor da casa, mas nada veio em resposta. Assustou-se ao chegar na sala. A porta que dava para o quarto de Beta estava destrancada. Hesitante, Alice aproximou-se devagar do corredor. Por dentro, ele era circular e branco. Não parecia ser de plástico, nem de metal. Eram de um material diferente de todos que Alice já havia visto. Avançou corredor adentro, dando um passo de cada vez. Uma luz azulada escapava pela fresta aberta da porta do quarto. Silenciosamente, Alice pôs-se a observar. Beta conversava com uma mulher holográfica estranha. Ela tinha chifres enrolados como os de capricórnios e dedos compridos. Seus olhos caprinos encararam Alice e, com seus dedos finos, ela apontou para a fresta na porta. Beta virou assustado e com os olhos arregalados, aqueles olhos que Alice havia sonhado: os olhos de universo. Alice sentiu seu sangue congelar nas veias quando Beta pronunciou seu nome com uma voz composta.

– Alice?!

Alice já não via mais nada claramente, apenas sentiu o frio do chão e percebeu que havia caído. Ouviu Beta chamá-la ao fundo, mas estava perdendo a consciência. Tudo do que se lembrava eram os olhos de universo.


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Notas finais do capítulo

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