As Aventuras Bizarras de Beta Fisk escrita por Gapashi


Capítulo 14
Delta, o Buraco Negro


Notas iniciais do capítulo

** BÔNUS x2 **



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Quando as aulas acabaram, já era noite. Alice não queria entrar no bosque esse horário, apesar de Beta repetir várias vezes que era seguro. Por fim, optaram por dormir no 632. O quarto estava vazio, já que Beta havia transferido tudo para o pentágono. Alice jogou a mochila no pé da cama e deixou o corpo cair na cama.

— Que dia cansativo. Ainda mais por causa daquela corrida que demos.

Beta sentou-se ao lado de Alice na cama e apoiou-se na mão que estava do outro lado da garota.

— Aqueles socos que o Sigma levou são memoráveis. - os dois riram.

— Será que Mona está bem? Será que ela conseguiu lidar com o seu irmão, Beta?

— Sigma é o Fogo, por isso é tão intenso. Mas, Elimona pode ser pior do que ele no quesito de gênio forte.

Alice encarou aqueles olhos castanhos por alguns segundos. Sabia que não devia perguntar sobre nada que acontecera entre os dois, mas sua curiosidade, como sempre, era maior. Respirou fundo e escolheu as palavras corretas para dizer.

— O que aconteceu entre você e Mona? - Alice indagou. Pôde ver o peito de Beta subir e descer com certa intensidade.

— Um caso que...não deu muito certo. É só o que precisa saber. - Beta fez menção de que ia beijá-la, mas Alice parou-o com o dedo em seus lábios.

— Conte-me tudo, Beta Fisk. E é bom você não desviar do assunto. Entendeu? - disse Alice lutando para manter a expressão dura enquanto Beta beijava cada um de seus dedos.

— Tudo bem, eu conto. Mas, antes, eu quero um beijo.

Alice sentou na cama e beijou a bochecha de Beta.

— Você chama isso de beijo?

— É um beijo na bochecha, ué.

— Eu quero aqui. - ele apontou para os lábios, os olhos expressando divertimento. Alice deu-lhe um selinho. Beta continuava insatisfeito. - Você não entendeu, eu...

— Eu entendi. Você é muito guloso. - Alice sentou-se no colo de Beta e segurou seu rosto entre as mãos. - Você quer um beijo assim.— Alice tocou os lábios do deus com os seus, abrindo-os lentamente. Suas mãos fizeram o caminho do pescoço para a nuca, provocando arrepios em Beta. Suas línguas dançavam vagarosamente, aproveitando cada estímulo. As mãos de Beta subiram pelas coxas de Alice, passando por suas nádegas, até depositarem-se na lombar dela. Naturalmente, Alice soltou um gemido. Beta sorriu e subiu ainda mais as mãos, no intuito de abrir o sutiã dela. Então, Alice parou suas mãos e tirou os lábios dos de Beta. - Agora, você vai me contar toda a história. - e saiu do colo de Beta.

— Uma mulher qualquer já teria cedido às minhas carícias. - Beta soltou um sorriso malicioso e, pela primeira vez, Alice sentiu-se impotente e medrosa diante de Beta. - E é por isso que você não é uma mulher qualquer. É por isso que você é o meu sol.

— Não tente mudar de assunto. - Alice puxou a orelha de Beta.

— Tá bom! Tá bom! - Beta protestou com uma expressão de dor. - Eu conto. - Alice o soltou e sentou-se em cima do travesseiro. - Nós éramos calouros. À primeira vista, Elimona me odiou. Toda vez que me via, ela entortava o nariz. E eu não fazia questão de ser amigo dela nem me incomodava o fato de ela me odiar.

— Como você soube que ela te odiava se vocês nem se falavam? - indagou Alice.

— Eu consigo sentir o que as pessoas sentem. Todas as pessoas do mundo, ao mesmo tempo. Se eu me concentrar em uma, ouço até o que esta pessoa está pensando, descubro seu nome, onde mora... Toda a ficha da pessoa. Mas, você está desviando do assunto.

— Desculpe. - Alice sorriu.

— Continuando... Eu não fazia questão de tê-la como amiga, mas, queria saber por que ela me odiava tanto. Então, descobri que o meu cabelo a incomodava. Quando resolvi perguntar por que meu cabelo era tão odioso, Mona havia começado a namorar com um engenheiro bem galã pro meu gosto. Ele tinha um estilo bem bad boy, com direito a jaqueta de couro e topete engraçado. Entretanto, um dia, eu estava voltando do cinema, quando eu vi Elimona ser agredida pelo namorado. Não pensei duas vezes e parti pra cima dele. Eu o ameacei. Disse que se ele se aproximasse dela de novo, não ia hesitar em quebrar o nariz dele.

"Foi assim que nós dois nos conhecemos. Mona é uma mulher com personalidade forte e muito carinhosa com os amigos. Mas, ela acabou se apaixonando por mim. Toda vez que ela pedia para ficar comigo eu recusava, porque não era e não sou apaixonado por ela. Porém, um dia ela parou de pedir e perguntou se podíamos tentar ficar juntos. Eu estava cansado de falar não para Mona. Isso estava destruindo-a por dentro. Então, aceitei ficar com ela. Tudo era bom no começo, mas, mais tarde vieram as brigas constantes e ela ficava nervosa porque eu não dormia, nem com ela e nem sozinho. Isso começou a nos machucar. Portanto, resolvi acabar com o relacionamento, pois ainda queria sua amizade.

"Assim passamos as férias. Separados. Então, veio o começo de um novo ano, novas possibilidades, novos amigos e - Beta olhou para Alice. - novos amores."

— Entendi... Obrigada por contar.

— Você é uma criatura bem curiosa. - Beta resolveu deitar em sua própria cama.

— Sigma pareceu mudar completamente quando Mona lhe deu uma bronca. Será que...?

— Sim. Mona é para Sigma o que você é para mim. Mas, acredito que ele ainda não tenha falado nada. Já estava na hora dele encontrar o sol dele. Agora, não teremos mais problemas com Sigma atacando mulheres. Agora ele vai se comportar.

— Tomara.

******************************************************************

— Xeque-mate! - gritou Leonard levantando do banco. Omicron, Mi e Ni o aplaudiram sonoricamente. Gama fez uma careta. - Professor, já é a quinta vez seguida que o senhor perdeu no xadrez. Vamos parar por aqui. Preciso de um banho.

Sigma e Mona entraram na sala, os dois rindo. O grupo de homens pôs-se a encará-los, curiosos.

— Boa-noite. - disse Mona.

— Boa-noite. - apenas Leonard respondeu.

— Eu nunca vi o mano Sigma... - começou Mi.

— ...chegar em casa com uma mulher. - completou Ni.

— Deixem o cara em paz. - Omicron defendeu o irmão.

— Somos só amigos. - Mona declarou.

— Da última vez que você disse "somos só amigos", você foi parar na cama com esse amigo. - Leonard encarou Sigma. Não queria ver Mona sofrer de novo.

— Leo! Que falta de educação!

— Só estou te protegendo, Elimona.

— Para você falar isso, quer dizer que o último homem com quem ela ficou a fez sofrer muito. - disse Gama. Leonard assentiu.

— Leonard, pare! - Mona protestou.

— Quem quer que seja esse cara não viu o quão maravilhosa Mona pode ser. - Sigma quis conquistar a confiança de Leo.

— Ele viu, só não deu valor. - Leonard estava com os punhos fechados. - Mas, por que você não fala isso pra ele?

— Leonard! - Mona fez seu último protesto.

— Ele é o irmão mais velho da família.

Beta?! — Sigma indagou com certa raiva.

— Sim. Beta.

******************************************************************

Alfa trancou a porta, todas as janelas da casa e a porta de seu quarto. Levar uma vida humana não era fácil. Entrou no banheiro e, enquanto tirava a roupa, o cheiro de suor subiu ao seu nariz, fazendo-a expressar nojo. A água quente era jorrada com pressão do chuveiro, massageando Alfa. Após um banho relaxante e dentes bem escovados e refrescantes, Alfa deitou-se na cama e pôs-se a pensar em Beta, em todos os seus irmãos e, por fim, em Leonard. Pensou em como ele era bom para ela. Pensou em todo o esforço que ele fizera para econdê-la. Pensou, também, em como era possível amar tanto alguém.

— Está com a guarda baixa, querida irmã.

Alfa sentou rapidamente na cama. Conseguia ver muito bem na escuridão, pois era parte dela. Mas o que viu não lhe agradou. Nem um pouco. O homem à sua frente tinha um sorriso maníaco no rosto. Seus olhos pratas brilhavam na escuridão. O cabelo rosa e desgrenhado não deixava dúvidas de quem era.

— Foi Beta quem lhe mandou me caçar, não é? - Alfa não tirava os olhos da corrente feita com o material que podia prendê-la. Apesar de trêmula, ela demonstrou firmeza na voz. - Delta.

— Ora, não precisa cuspir meu nome desse jeito. - Delta mexeu a corrente. - Escute, vamos facilitar as coisas. Você se rende e eu te trato bem.

— Nunca! - a escuridão ao redor de Delta tornou-se trevas e o prendeu em uma bola escura e densa. Alfa saiu correndo e as portas não a impediram. Manejando com prática as trevas, ela destrancou todas e saiu para a rua. Não demorou muito para que Delta saísse de sua prisão e a alcançasse. A neve não incomodava nenhum dos dois. Se Delta me pegar, é o fim. Ele me prenderá em um buraco negro e, nesse ritmo, é o que vai acontecer. A não ser...

Alfa transformou-se em uma nuvem de trevas e subiu aos céus. Inutilmente, Delta tentou sugá-la para dentro de um dos elos da sua corrente.

— Você não conseguirá me capturar nessa forma, irmão. Até mais Delta, o Buraco Negro. - e Alfa sumiu de vista. Delta abriu um sorriso e voltou para a pequena casa numa área pobre. Pegou a garrafa de vodka russa na geladeira, ligou a televisão da sala e sentou-se na poltrona. O grupo musical Loituma estava cantando seu sucesso, Ievan Pollka, em um canal com muita audiência. Delta pegou o celular e rediscou para o primeiro número de sua lista de chamada. Durante os barulhos de chamada, Delta bebeu quase todo o conteúdo da garrafa.

— Não é uma boa hora para ligar, Delta! - a voz do outro lado do telefone estava sussurrante e falava sua língua nativa.

— Eu a encontrei.

— E conseguiu prendê-la?

— Não. - Delta deu mais um gole. - Ela virou trevas.

— Seu incompetente!

— Mas, de uma coisa você vai gostar de saber. - outro gole - Alfa está indo em direção à sua localização, irmãozinho

— Ótimo! Pelo menos alguma coisa você conseguiu. Venha imediatamente para cá. E, no caminho, reúna a família. Precisamos de toda ajuda possível.

— Entendido.

A conversa foi cortada por parte do homem do outro lado da linha. Delta virou a garrafa , mas, nela não havia mais nada. Ele colocou a garrafa em cima da televisão ligada e dirigiu-se para a saída da casa. De um dos elos de sua corrente, Delta tirou o fogo que armazenara desde a luta com Sigma, há muitos anos, um fogo infinito.

— Bora, rapazeada. - disse ele com o fogo na mão. Ele encostou no batente da porta e o fogo se espalhou. - Beta está nos convocando.

Delta deixou o lugar. De longe, dava-se para ver a casa queimando, caindo aos pedaços. Não demorou para o fogo se alastrar e acabar com a vida e a moradia do povo pobre daquela região. Esse era o sinal que Delta prometera dar quando fosse reunir a família. Esse era o sinal para mover tropas para deter Alfa. Esse era o sinal para o começo da caçada.


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Notas finais do capítulo

** BÔNUS x2 **



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