Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 28
Tempos de Calmaria


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas :3 Quem veio aproveitar os poucos minutos livres que ta tendo no fim de semana para atualiza o/ Bem, era o mínimo depois desse golpe que eu levei da semana de provas '-' Não importa, mas ok kkk Espero que curtam ♥



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No dia seguinte, as coisa mudaram...bastante. Quando Castiel chegou, atrasado, todo mundo reparou a mudança. Ele não tinha voltado para o estilo totalmente bad boy de antes. E nem continuou com o visual conhecido da época maldita, conhecida também por Debrah. Não, era muito distinto. Ele estava com roupas um pouco mais claras, mas de algum jeito ainda mais radicais.

  E outro que se libertou um pouco foi Nathaniel. Eu cheguei a estranhar ao vê-lo entrando na sala com uma camiseta de malha, comum. Ele, que estava sempre social, mesmo na escola. Quando perguntei, ele disse que achava que um pouco de conforto não mataria ninguém.

  – Seu amigo está melhor? – Ele me perguntou, ajeitando o cabelo loiro contra o vento.

  – Castiel? Não sei. Não falei com ele. Devia vir assim mais vezes.

  – Normal? É, quem sabe?

  Nathaniel parecia tranquilo, ocupado em prestar atenção no pátio. Sorri, esperançosa. Tinha tempos que a gente não ficava tão despreocupado. Até mesmo tive a ideia.

  – Quer sair esse fim de semana?

  – Não dá, compromisso da minha mãe.

  – Que saco. Acho que eu ainda vou dar uma volta por lá.

  – Lá aonde?

  – O shopping.

  – Você não foi lá desde que voltou, certo? Mudou bastante. Aquela lanchonete gostosa continua no mesmo lugar, no entanto.

  – Sorte minha então. Se mudar de ideia...

  – Sem chance. Acredite, adoraria te acompanhar, mas...

  – Tranquilo. Bem, eu já vou indo. Até mais.

  – Tchau.

  Deixando a escola, ajustando as alças da mochila, eu o reconheci parado na calçada. Apertei o passo para alcançá-lo, chamando seu nome. Apesar de tudo, Castiel parecia o mesmo rabugento de sempre. E eu não sabia até onde isso era bom ou não, mas pelo menos parecia ser o normal.

  – Ei.

  – Que foi?

  – Gracioso como é de costume. Mudou de estilo, ficou bom.

  – Algumas coisas simplesmente não vão embora se a gente não muda.

  – Não faz ideia de como eu sei disso tudo.

  – Sabe?

  – Sei. Não vem ao caso. Estamos bem de novo?

  – Bem? A gente já esteve bem?

  – Já passou da hora de você assumir que gosta de mim, querido. É só uma amizade.

  – Pois bem, eu sou assim com meus amigos.

  – Ok, eu vou aceitar antes que eu leve uma patada. Quanto à pergunta...

  – Estamos.

  Sorri, aliviada. Então, eu ainda tinha conseguido ganhar aquela guerra. Ele parecia não se importar muito. Acenei para ele em despedida e fui para casa, eufórica. Quando é que uma simples resposta de Castiel me deixaria tão agitada? É só que, era estranho, vê-lo assumindo, mesmo que não abertamente, que éramos amigos.

  Entrei em casa quase correndo, desesperada pelo meu computador. Eu tinha, muito, que escrever alguma frase feliz para marcar aquele momento. Liguei a tela e, enquanto o programa abria, guardei a mochila. Então, voltei e me sentei na cama, pensativa.

  Só que eu não consegui criar nada. Estava ali, travado dentro de mim. Abaixei a tela, estranhando. Mas talvez eu tenha entendido o motivo. Eu estava feliz. E eu não precisava tirar aquilo de dentro de mim. Pelo contrário, eu queria aquilo ali, bem perto de mim. Sorri, olhando a cidade pela janela.

  – Eu sou muito boba... – Mas não parei de sorrir. Podia ser só Castiel, só um “estamos”, mas era a segunda vitória do dia. E pensar que um cara tão irritado pudesse ceder por mim, parecia que eu era realmente encantadora. Fui procurar algo para comer, cantarolando.

 

  Sábado de manhã, sol quente, uma brisa maravilhosa para equilibrar a temperatura. E nada como uma voltinha de ônibus, perdida em pensamentos e em músicas. Iris tinha me dado um cupom de desconto alguns dias atrás, dizendo que estava para vencer e não tinha com o que gastar. Então aceitei, pensando que minha mãe faria bom uso. Acabou que ele foi para minha bolsa.

  Eu queria rever o shopping. Fora parte da minha infância, mesmo que agora estivesse bem diferente. E tinha a lanchonete gostosa, a sorveteria, a loja de presentes. E a loja de música que Viktor gostava de visitar. Se é que ainda estava lá. Pisquei, descendo no meu ponto.

  – Vejamos...

  A entrada estava diferente. Pelo menos as lojas tinham mudado, mas o resto continuava o mesmo da minha memória. Novas lojas de roupas, uma de lingerie, uma ótica. Virando pelos corredores, depois de subir a escada, uma loja de videogames e outra de bijouterias. Umas lojinhas de presentes, abarrotadas de pelúcias e chaveirinhos. Aquele lugar parecia até maior do que eu tinha a capacidade de absorver.

  O último ponto, a lanchonete. Sorri, vendo o letreiro iluminado de rosa. E ao ver o senhor que atendia um casalzinho jovem. Era o mesmo dono de sempre. Sorri, pensando no que comer mais tarde. Saí de perto, voltando a andar sozinha pelo shopping.

  Meu plano era levar algum presentinho para os amigos. No caso, como eu não nadava em dinheiro, decidi levar só para os mais próximos. Rosa, Alexy, Nath, Vio e Lys. Bom, talvez Castiel. Só talvez, se eu encontrasse algo que fosse agradá-lo.

  – Começando pelo Alexy.

  Não tinha nada que agradasse Alexy mais que roupa. Bem, talvez suas músicas eletrônicas, mas aquilo não contava. Entrei numa das lojas, passando pelos modelos masculinos. E achei uma camiseta bem divertida, com uns dizeres meio obscenos. Era bem a cara dele. Tive que levar. E depois fui caçar algo para Nath. Livros, não tinha como errar. Eu poderia levar um da loja do meu pai, mas já estava ali mesmo. Oito minutos dentro de uma fotografia foi meu título escolhido. Parecia bom, pelo menos.

  – Agora algo para Lysandre. Um bloco de notas?

  Eu até ia levar o bloquinho novo, mas vi algo interessante. Dispositivo anti-esquecimento de objetos. Um controlinho e um conjunto de adesivos, que você colava nas chaves, ou em qualquer coisa, e ai se perdesse, apertava o controle que os adesivos apitariam. Estranho e útil. Gostei, levei.

  Peguei um chaveirinho para Violette e outro para Castiel. Acho que foi sorte encontrar um chaveiro com o símbolo do Winged Skull. Ou talvez fosse o universo conspirando a meu favor.

  Eu estava pronta para fazer minha pausa e ir comer na minha querida lanchonete, quando esbarrei em alguém no corredor. Eu ia pedir desculpa, quando notei o cabelo azul escuro. Podia ser qualquer uma, mas ninguém usava tanta presilha no rabo de cavalo.

  – Lety?

  – Hum? Oh, meu Deus, Anna. Quanto tempo. Ai, eu senti tanta falta sua.

  Lety era minha amiga na antiga escola. Era meio que a Rosalya de outro estado, só que menos diva. Ah, e um pouco menos...resolvida, por assim dizer. Antes mesmo que eu conseguisse pensar em qualquer coisa, ela se jogou em mim num abraço, e com aquele olhar brilhante de uma criança que ganhou uma boneca.

  – Como vai?

  – Bem. Eu vim dar um passeio por aqui. Eu sabia que estava por aqui, mas não achei que fosse tão perto. E ai, como está a escola nova? Alguém bonito? Aposto que sim.

  – Respira. E é normal, eu acho. Só que por aqui eu já tinha alguns amigos.

  – É, aquele loirinho de quem você falava, não é? Nathan?

  – Nathaniel.

  – Sim, eu sabia que era por ai. Bom, você precisa me contar da sua vida. Eu até pensei em te ligar algumas vezes, mas eu sempre achava que ia incomodar, ou me perdia em sorvete e esquecia.

  – Terminou com alguém?

  – Lembra do Mike, não é? Eu cansei dele, sempre o mesmo, todo dia. Ai eu tentei ficar com o Jake, mas também não funcionou. E o Jared só quis sair uma vez, acho que ele se cansou de mim. E então teve o Aaron, o Charlie, Josh.

  – Isso tudo em alguns meses?

  – Você me conhece, eu não gosto de ficar sozinha. E eu já estava endoidando, há quase duas semanas sem dar um beijo que fosse. Então vim trocar de ares.

  – E de cardápio.

  – Isso, garota. Você continua pensando rápido.

  – É, não é muito difícil imaginar. Até que por aqui tem uns carinhas bonitinhos e tal, mas...oh nossa.

  – O que? Uau, ele é maravilhoso. Acha que está acompanhado?

  – Parece que sim, ele está com aquelas duas esquisitas.

  – Vem, vamos tentar a sorte. – Ela me puxou na direção do loiro imensamente convencido andando com as duas garotas. E o sorriso debochado virou um de alegria ao me ver. Ou pelo menos assim eu imaginava.

  – Anna, quanto tempo, não?

  – Já o conhecia?

  – Dake, hey. Hum, esse é o Dake, Lety.

  – Prazer.

  – Todo meu.

  Com um corpo que qualquer garota invejaria, Lety praticamente pulou para o espacinho ao lado de Dake, sorridente. E ele não se incomodou, óbvio. As duas meninas perto dele sim, mas ele não. Aliás, ele foi até um pouco sem educação com elas. Não que fosse da minha conta.

  – Hum, não querem comer algo? – Comentei, vendo minha amada lanchonete no fim do corredor. – Aquele lugar é ótimo.

  – Vamos.

  Confesso que era estranho ver Dake tão vestido, com a calça jeans escura e uma camiseta que marcava os músculos de seus braços. Aliás, que braços. Ele se sentou e tirou a carteira do bolso de trás. Eu pedi um sanduíche e um refrigerante. Lety pediu o mesmo. E lá se foi ele, com a pose sempre feita, falar com o senhor da lanchonete.

  – Como conheceu esse deus grego?

  – Foi um rolo de férias. A gente se conheceu na praia.

  – Se importa?

  – Hum, não.

  – Certeza?

  Concordei. Eu não era o tipo de menina que acha que um cara não pode se interessar por ninguém que eu conheça se ele já esteve comigo. Acontecia. Ainda mais quando Lety tinha um porte físico parecido com o meu, só mais baixa. Mesmo assim, ela não parecia muito convencida.

  – É sério.

  – Não depende só de você.

  Estranhei a resposta, mas Dake voltou com nosso lanche. E ele parecia bem satisfeito com o lugar. Lety usava seu poder de sedução sobre ele, mas pelo menos não me esqueceram ali perto. Na verdade, Dake fazia questão de me incluir no assunto.

  Ele pediu licença, em algum momento, para ir ao banheiro. Lety suspirou e sorriu tristonha.

  – Vou continuar na seca.

  – Por quê?

  – Ele quer você de novo. Até que seria um casal interessante.

  – Ele mora na Austrália. Chance nula de sermos um casal.

  – Distância não existe para quem ama.

  – É, ok. De todo jeito, pelo menos você tentou.

  – Quem precisa tentar é você agora. Ele está totalmente na sua e você vigiando o velho da lanchonete.

  – Dake está totalmente na de qualquer uma que respire.

  – Uhum. Você pensa rápido, menos nisso, né? Nunca consegue perceber o claro na sua frente.

  – Não precisa esculhambar.

  – Dica número um. Uma menina dando em cima e ele preocupado com você significa que ele te prefere.

  – Okay, doutora Lety.

  – É verdade. Eu sempre te disse do jeito que os meninos lá da escola te olhavam, como alguns até coravam quando você sorria para eles...Mas você não acredita.

  Dake voltou antes que eu pudesse me defender. Não que tivesse muito que eu pudesse dizer, eu sabia que ela tinha razão. Podia não admitir, mas ela tinha. Só não achava que era o tanto que ela provavelmente exagerava. Dake parecia me achar grande coisa. Um ou outro menino da escola me encarava muito. E era só isso.

  – Gente, olha só a hora. – Ah, não. Olhei para Lety, tentando decifrar o sorriso dela. – Eu preciso mesmo ir, ainda preciso me arrumar para voltar. Foi ótimo te ver, Anna. E você, Dake, prazer.

  – O prazer foi todo meu.

  – Tchau.

  E vi o rabo de cavalo azul indo embora, com os trilhões de prendedores coloridos brilhando sob as luzes do shopping. Pensei em ir também, mas Dake sorriu e me perguntou se eu não queria dar mais uma volta. Aceitei, não ia me doer.

  – Então, sua amiga sempre fala tanto?

  – Na maioria das vezes. Pelo menos são boas conversas. Só cansam um pouco.

  – Nem me diga. E eu aqui louquinho pra passar um tempo com você. – Ele me agarrou por trás enquanto estávamos parados perto de uma vitrine, roçando o nariz na minha nuca. Ri, me afastando um pouco.

  – Achei que quisesse a Lety.

  – Ciúme? Eu quero é você todinha pra mim.

  – Você não disse que ia comprar algo?

  – Ah, os óculos escuros. Verdade. Os meus estão bem velhos.

  Meio a contragosto, ele aceitou me soltar e entrar na ótica ali perto. Fui atrás dele, olhando os modelos que ele ia deixando de lado. A maioria custava mais do que eu juntaria se trabalhasse o mês inteiro pro meu pai. Para ele, era só uma questão de gosto. Se ele quisesse, ele pegava e levava. Eu devia ter imaginado a condição dele quando vi todas aquelas tatuagens muito bem feitas. Aquilo tinha seu custo.

  – Quer algum?

  – Hum? Não, imagina. Isso aqui custa mais que minha casa.

  – Para de bobagem, escolhe um.

  – Não mesmo, valeu.

  – Teimosa. Tudo bem, só um.

  Ele foi pagar sua mais nova aquisição, enquanto eu continuava fitando os que ele tinha dispensado. Ele era louco de querer que eu comprasse um daqueles. Deixamos a loja, enquanto eu olhava o relógio.

  – Hum, eu preciso ir numa loja antes de ir embora...

  – Então vamos.

  – É que...

  Ele não me ouviu. Bom, o jeito seria levá-lo até a porta da loja e ter a esperança de que ele decidisse esperar do lado de fora. Claro que não deu tão certo assim. Quando ele viu que eu ia comprar uma lingerie, ele colou nas minhas costas, sorrindo.

  Ignorei metade dos palpites que ele me deu. A outra metade eu só olhava descrente para ele e voltava a olhar os modelos. Parecia divertí-lo. Principalmente quando ele parava atrás de mim e sussurrava no meu ouvido para eu levar algo. Cretino.

  Até que o conjunto vermelho que ele indicou era mesmo bonito. E já que eu estava ali pensando em Rosalya, não me faria mal levar algo para mim. E para ela também, o plano original. Eu escolhi uma roxa para ela e fui vestir a vermelha. Eu sempre tinha que checar se o número do sutiã serviria.

  Estava tudo bem, eu até tinha acertado na cor. O vermelho contrastava bem com o tom de pele bem claro. Sinceramente, eu nunca me senti tão gostosa só por uma roupa de baixo. Cheguei a fazer pose na frente do espelho.

  – Deixa eu ver.

  Eu nem raciocinei. Dake entrou no provador, assobiando. Virei-me, a tempo apenas para notar que ele acabara de me prensar no espelho e estava me dando um daqueles beijos maravilhosos dele. Maravilhosos e pervertidos. Recobrei os sentidos e fiz o que me foi possível. Meti-lhe um soco no rosto.

  – Ai, princesa, vai com calma.

  – Minha nossa. Tudo bem? – Agarrei a cortina do provador e olhei para fora, vendo-o sorrindo.

  – Direita bem forte,em? Vai ficar roxo.

  – Desculpa.

  – Só me avisa qual seu próximo fetiche.

  Revirei os olhos e voltei a me vestir. A vendedora parecia achar graça da cena que acabara de acontecer. Ela me disse que sempre tinha algum casal estranho por ali. E eu até ia tentar explicar que Dake não era meu namorado, mas deixei pra lá. Era melhor ela achar que ele era mesmo. Peguei minha sacola e fui embora, totalmente sem graça.

  – É sempre um prazer te ver, princesa, mas está ficando tarde.

  – Está mesmo. E eu preciso ir. Desculpa pelo soco.

  – Eu ganho pelo menos um beijo de desculpas, não?

  Não me custava nada. Ou pelo menos eu não tinha mais nada a perder. Ele sorriu, satisfeito, e me tascou mais um daqueles beijos dele, segurando minha nuca. Perdi até o ar. Pena que ele era um cafajeste, mas tudo bem. Despedi-me, pegando meu ônibus e voltando para meu lar. Coloquei os fones nos ouvidos e enterrei aquela história de provador dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

Fazer o que se o Dake é meu guilty pleasure? E vocês, gostam dele? Até mais vê-los ♥



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