Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 22
O Grande Dia


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas do meu core, como vão vocês? Eu estou exausta com essa vida de universitária :o Eu já esperava, mas enfim...venho lhes trazer o dia em que tudo vai começar a desandar hahaha. Divirtam-se < 3



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  – Lysandre. – Chamei, aproveitando o frescor da noite do lado de fora. Estávamos indo embora, mas achei melhor repetir os agradecimentos. Ele sorriu para mim, depois de encarar as estrelas. – Espero poder retribuir um dia.

  – Te ver sorrir pagou.

  – Oh, nossa. Bom, boa noite.

  Fui na direção do carro do meu pai, sentindo o sorriso aparecer sem querer. Podia ser a vontade de retribuir o favor, como ele disse eu já tinha feito. Ou podia ser só felicidade, mesmo. Abri a porta do carro e me sentei, tirando os saltos.

  – Foi uma bela noite. Pena que acabou.

  – Realmente. Eu tirei tantas fotos dela que vou precisar de umas três horas para copiá-las no computador.

  Podia ter sido complicado enfrentar a noite sem Viktor por perto, mas a alegria da minha mãe fazia tudo ter valido a pena. Com a cabeça escorada na janela do carro, eu fui observando os postes na rua. Eu mesma não podia reclamar. Tinha sido, de fato, uma bela noite.

  Chegamos em casa, eu subi direto para o quarto e tirei o vestido vermelho. Estava tão cansada que simplesmente deitei de calcinha e sutiã, com o rosto todo maquiado, e simplesmente dormi. Lembro de ouvir os saltos da minha mãe batendo no assoalho, jogando o cobertor sobre mim e deixando o quarto.

  A maior vantagem da tal festa ter passado era que, agora, eu só precisava me concentrar no show da escola. E com a data se aproximando, eu estava começando a enlouquecer. Alexy e Violette estavam trabalhando nos cartazes para a divulgação, Rosalya e Leigh confeccionavam os figurinos, eu supervisionava os ensaios da banda para garantir que Castiel não mataria Nathaniel, além de acertar com Faraize o empréstimo do palco usado na entrega de diplomas.

  – Você precisa respirar. – Kim comentou, entregando a garrafa d’água que eu pedira para ela comprar. Agradeci, voltando a checar o que mais eu precisava fazer. Só tínhamos três dias agora.

  – Rosa, as roupas estão prontas?

  – Leigh está acabando os detalhes. Falando nisso, não devíamos conseguir uma cortina para o palco? Nem que seja só para efeito visual.

  – Uhum, a ideia é boa. Pode conseguir isso para mim? Te passo o dinheiro direitinho.

  – Eu consigo o pano mais barato, só vou precisar do dinheiro mesmo para a vara.

  – Ok, então agora só falta a barraca de bebidas e anotarmos os visitantes. Melody vai cuidar disso. Acho que está tudo pronto.

  – Pode apostar que está. – Rosalya me deu um sorriso, na tentativa de transmitir confiança. E confesso ter ficado satisfeita. Era a primeira vez que eu tomava a frente de um projeto daquela proporção. E tinha tudo dado certo, até então.

  – Você pode descansar agora, linda. Vi e eu acabamos com os cartazes, Peggy vai gravar tudo, Kim vai cuidar da barraca, os meninos vão tocar super bem, Melody anotará tudo e a Rosa já jogou seu poder purpurinado de moda em todos. Fim.

  – Valeu, Alexy. Bom, eu vou me dar um prêmio e vou embora mais cedo, tomar um sorvete no caminho da academia. Até amanhã, galera.

  E, depois disso, os três dias passaram voando. Quando eu mal notei, já estava no dia do show, com todo mundo ansioso. Kim estava colocando garrafas dentro de uma caixa de isopor com gelo, Melody já estava no portão, com a prancheta em mãos. Passei por ela e fui para o porão. Rosa tinha me pedido para ir ajudá-la com os meninos.

  – Rosalya, você é louca ou só finge? Não vou usar um negócio desses. – Nathaniel reclamava, com o suposto traje em mãos.

  – Anna, minha linda. Explica para esses três que eles precisam se vestir logo.

  – Oi, gente. Parem de birra e andem logo, não temos muito tempo.

  – Você não consegue nem me imaginar com isso.

  – Foi seu irmão quem ajudou a fazer. Andem logo.

  Os três, muito relutantes, concordaram em se vestirem. O mais mal humorado, como era de se esperar, era Castiel. Rosalya me disse para prender o cabelo dele enquanto ela ia prender a franja de Lysandre. Sentei Castiel numa cadeira e parei atrás dele, passando o pente pelo cabelo pintado. Era muito sedoso, cheguei a estranhar.

  – Anda logo.

  – Para quieto que eu consigo me apressar, garoto.

  Eu tinha a vantagem de estar atrás dele, então podia ficar empurrando sua cabeça ao meu bel-prazer. Só não o fiz porque ele não precisava ficar ainda mais nervoso antes do show. Fiz o penteado até com certa maestria e o liberei, chamando Nathaniel. Era estranho ver o, até então bom moço, vestido daquela forma. Fazia eu me lembrar da época de criança.

  – Anna. – Ele ia dizer algo, mas Rosa o atrapalhou, finalmente libertando Lysandre para ir se preparar. – Tem um presente para você também. Toma.

  Ela me estendeu a caixa, com o sorriso tão grande e branco que poderia me cegar. Aceitei, já imaginando o que seria. Tirei o vestido vermelho da embalagem e sorri.

  – Vai se vestir, anda.

  – Eu não sou da banda, fofa.

  – E quem você acha que vai chamar a banda para o palco? E depois se despedir do público? Anda, eu vou arrumar seu cabelo.

  Eu tinha exatamente dez minutos. Sai correndo pela escola, na direção do banheiro. Depois de sete minutos, calcei as botinhas e voltei para o porão. Já tinha gente entrando na escola. Kim piscou para mim e colocou a caixinha para o dinheiro no seu balcão. Fui para o meu posto, olhando através da cortina enquanto Rosalya prendia meu cabelo. Ela olhou o relógio e soltou meu cabelo, sorrindo para mim.

  Subi ao palco. Parei de frente para o microfone em que Lysandre cantaria, abaixando-o um pouco. Sorri, vendo a expectativa de todos.

  – Boa tarde. Gostaria de agradecer por todos que vieram prestigiar nosso evento. Obrigada. Agradecimentos especiais à diretora Shermansky e aos professores, que nos deram a permissão e a ajuda com material, e aos alunos que nos ajudaram na organização. Bem, sem mais delongas, eu vos apresento nossa banda. Nathaniel na bateria, Castiel e Iris com as guitarras e Lysandre nos vocais. Aproveitem.

  Sai do palco, aplaudindo junto à multidão os quatro adolescentes. Fui assistir ao show, prestando atenção em Nathaniel. Pelo menos por um tempo. Quando Lysandre reajustou o microfone e soltou a voz, eu não atendia por mim mesma. Minha atenção se perdeu toda nele.

  Não era só a voz, tão magnífica quanto eu me lembrava. Era a presença de palco, o sorriso de lado que ele dava de quando em quando, as luzes iluminando os olhos diferentes.

  Tive que me forçar a fechar a boca algumas vezes. Depois de duas horas, quando Lysandre agradecia a presença de todos, eu consegui piscar. Eles saíram do palco, enquanto eu ia agradecer mais uma vez e me despedir do público.

  – Garotos, foi...ah!

  – Obrigado, Rosa.

  – Eu nem tenho palavras para descrever.

  E eu falava a verdade. Nenhuma palavra parecia boa o suficiente. Ver o sorriso no rosto de cada um ali me deixou tão satisfeita que eu abri os braços e fiquei esperando um abraço. Todos ali me deram um abraço coletivo, sorrindo.

  – Ok, eu vou lá para fora. Boa, galera.

  Pedi licença e saí, satisfeita com o ar fresco do corredor. E mais ainda com o do pátio. Parei perto da porta, com as mãos na cintura. Observando as pessoas saindo da escola, eu notei uma pessoa que caminhava contra o fluxo. A garota se aproximou, parando depois de esbarrar com um homem que caminhava para a saída.

  – Licença.

  – Ei. – Cumprimentei, tentando não observar muito o rosto da garota. Me parecia familiar, mas não identifiquei de onde. E ela também parecia não me conhecer. Podia ser coisa da minha cabeça.

  – Alguma chance de você me dizer onde eu posso encontrar Castiel? Precisava muito falar com ele.

  – Hum, qual seu nome?

  – Oh, perdão. Debrah. Então, Castiel...

  – Eu o deixei no porão, mas não sei se ele ainda vai estar lá.

  – Obrigada.

  – De nada. – Ela passou por mim, subindo o corpete que usava. Debrah. Eu já tinha ouvido esse nome. Era como se fosse uma mancha minúscula na minha mente, mas eu sabia que estava lá. Só não sabia o motivo. Desisti de me lembrar, sacudindo a cabeça.

  – Anna. Anna.

  – Oi. Oh, Lysandre. Que foi?

  – Nada. Digo, eu queria te agradecer. Tinha algum tempo que eu não me apresentava assim. E fiquei muito feliz. Obrigado.

  – De nada, Lys. Foi uma dor de cabeça organizar tudo, mas acabou sendo divertido. E gratificante.

  – Então, eu queria retribuir. Eu te acompanho até sua casa, tudo bem?

  – Ok, pode ser.

  Eu não achava que ele precisava mesmo fazer aquilo, mas Lysandre tinha uma pontinha de teimosia que eu não conseguiria eliminar. Se eu negasse, ele só ia insistir que era o mínimo que ele podia fazer. O caminho não era longo, mas demoramos um bom tempo nele. Acabei me empolgando falando sobre o show e ele também não viu o tempo passar. Só quando eu quase esbarrei no portão do prédio foi que eu lembrei que estava indo para casa. Ele se despediu e me deixou sozinha.

  Estava tudo bem, mas aquela sensação não me deixava. Debrah. De onde eu a conhecia? Subi as escadas e fui para meu quarto. Ia aproveitar minha maior aliada no momento, a internet.

  Pesquisei pelo nome, mas sem o sobrenome, foi difícil encontrar qualquer coisa. Nathaniel me mandou uma mensagem, tirando-me daquela decepção da falta de informação.

  “Já foi embora?”

  “Lysandre insistiu para me trazer. Nath, você conhece alguma Debrah?”

  “Que pergunta é essa?”

  “Só responde, criatura.”

  “Já conheci uma”

  “Era da escola?”

  “O que você tá caçando?”

  “Uma menina hoje estava procurando o Castiel. E eu achei que a reconheci.”

  “Acho difícil.”

  “É, pode ser só coincidência. Obrigada.”

  “Ei, sobre o show...valeu. Nunca achei que ia gostar tanto de tocar assim.”

  “Seu talento está escondido. Eu lembro quando você tocava violino.”

  “Tentei tocar, correção.”

  “Não era tão ruim, vai. Enfim, eu vou tomar um banho. Se eu cansei, imagino você.”

  “É, estou morto. Beijo.”

  Travei o celular e deixei o computador em cima da cama, indo para o banheiro. Mesmo depois do que Nathaniel dissera, a sensação de conhecer a tal menina não me largou. Ao menos eu consegui ignorar aquele pensamento e ir fazer o que eu queria no resto do dia. Dormir.

  Sabe quando a gente tem um sonho tão ruim que nem sabe mais se era só sonho? Tive vários naquela noite. Começou com aqueles simples em que a gente acha que vai cair da cama. Depois eu sonhei com o acidente de Viktor, com a notícia. E, logo em seguida, sonhei com a tal menina. Debrah. Ela segurava nas mãos um colar meu. E de repente ela começava a apertar o tal colar. E quanto mais ela apertava, mais parecia que um par de mãos invisíveis me sufocava.

  Acordei às quatro da manhã, com o corpo todo trêmulo, ofegante. Estava com vontade de chorar, mas nem isso eu conseguia. Levei uma mão ao pescoço, sentindo o suor escorrendo. Acabada, fiquei de pé. Fui ao banheiro, lavei o rosto, desci até a cozinha, tomei água. A sensação dos dedos invisíveis continuava lá. Que maldição de sonho fora aquele?

  Sem qualquer vontade de voltar a dormir, eu deixei meu copo na pia e atravessei o corredor do primeiro andar, abrindo a porta quase proibida. Eu tinha tanta vontade de me manter longe dali, mas hoje parecia ser o único lugar onde me abrigar.

  – Vik, o que foi isso? – Perguntei, tirando a poeira de um retrato dele. Meu irmão era tão bonito. Não que importasse naquele minuto. Só servia para tentar me distrair daquele sonho horroroso.

  Coloquei o retrato de volta na caixa e fui procurar outros objetos nas caixas. Dvds de aniversários, livros, agendas antigas, álbuns de fotografias. A pasta de partituras do meu irmão. O susto foi sendo afastado pela sensação nova. Nostalgia, saudades. Não tinha nome o que eu sentia quando o via.

  Deixei tudo nas caixas e saí do quarto, suspirando. Eu precisava dormir de novo, para descansar. Meus olhos começavam a ficar pesados de novo. Fechei a porta e subi para o meu quarto, com muito menos lembranças do que aquele.


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Notas finais do capítulo

E ai povo, gostando?



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